Arranca hoje em Luanda, depois de vários adiamentos
devido à pandemia da Covid-19, a 36ª edição da Feira Internacional de Luanda (FILDA),
com mais de 500 expositores em representação de 15 países
A
FILDA deste ano, que deveria ter tido lugar em 2020 mas que foi sendo adiada
devido a condicionantes geradas pela Covid-19, tem lugar na Zona Económica
Especial Luanda-Bengo e conta com Portugal e China como países com maior número
de expositores, 17 e 11, respectivamente.
Este
certame decorre até 04 de Dezembro.
Alemanha,
África do Sul, China, Argentina, Estados Unidos da América, França e Índia são,
além de Portugal, China e Angola, que está nesta edição com perto de cinco
centenas de empresas, alguns dos países representados na FILDA.
Ao
longo dos dias do certame, haverá dias temáticos, com destaque para o Dia da
Sonangol, da CPLP ou ainda de Angola, entre outros.
A
entrada custa 2 mil Kz e o horário vai, diariamente, das 10:00 às 18:00. In “Novo
Jornal” - Angola
A exportação de produtos agroalimentares de Portugal para
a China vai passar a ter novos requisitos a partir do próximo ano,
nomeadamente, ao nível da fiscalização e informação exigida, verificando-se a
inclusão de novos alimentos na categoria de “alto risco”
Segundo
a informação divulgada pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV),
as novas regras são aplicáveis à China continental, excluindo as regiões
administrativas especiais de Macau e Hong Kong e os produtos agroalimentares
exportados para este mercado passam a ser organizados em duas categorias.
A
primeira diz respeito aos produtos de alto risco, abrangendo carne e produtos de
carne, produtos aquáticos, lácteos e apícolas, óleos e gorduras comestíveis,
ovos e produtos de ovos, invólucros animais, ninhos de pássaros e derivados,
produtos de trigo recheados, cereais comestíveis, produtos das indústrias de
moagem de grão e malte, vegetais frescos e desidratados, condimentos, frutos
secos e sementes, grãos de café e cacau não torrados, alimentos com finalidades
dietéticas, alimentos saudáveis e feijão seco. Anteriormente, apenas eram
considerados produtos de alto risco as carnes, produtos aquáticos, lácteos,
ninhos de pássaros e derivados.
Entre
a documentação agora exigida inclui-se uma carta de recomendação da autoridade
competente, a lista de estabelecimentos que pretenderem ser habilitados,
documentos de identificação dos estabelecimentos, como a licença comercial,
declaração de conformidade emitida pela autoridade competente, “informando que
o estabelecimento visado cumpre com o estipulado pela legislação chinesa
aplicável”, e o relatório de auditoria e supervisão da autoridade competente.
Adicionalmente, poderá também ser exigida a planta da fábrica, plano de
armazenamento da cadeia de frio e o mapa de fluxo da produção.
As
entidades envolvidas na cadeia produtiva devem ser igualmente registadas,
nomeadamente, as que têm influência no “processamento, embalamento e
armazenamento de produtos”. De acordo com o mesmo comunicado, os
estabelecimentos portugueses de carne de porco, produtos aquáticos e lácteos,
que estavam habilitados a exportar para a China, continuam aptos até 1 de
Janeiro, mantendo-se os seus números de registo válidos após esta data.
Os
estabelecimentos destas categorias que pretendam dar início a novos processos
de habilitação devem entrar em contacto com a Direção Regional de Alimentação e
Veterinária ou com Direção Regional de Agricultura e Pescas.
Por
sua vez, a Administração Geral das Alfândegas da China (GACC) ficará
responsável por registar os produtores portugueses, que operam nas restantes
categorias, e que realizaram exportações para este mercado desde Janeiro de
2017. Neste caso, as empresas devem fazer parte da lista que a DGAV enviou à
GACC em 31 de Outubro, sendo que a mesma pode ser actualizada até ao final de
Novembro.
Já
a segunda categoria, agora definida, inclui os restantes produtos
agroalimentares, como bebidas, que são importados pela China, os denominados de
baixo risco. Os produtores que se insiram nesta categoria devem registar-se no
novo sistema ‘China Import Food Enterprises Registration’.
“Todos
os estabelecimentos portugueses que pretendam iniciar exportações de produtos
desta categoria para o mercado chinês a partir do dia 1 de Janeiro de 2022, bem
como todos os estabelecimentos anteriormente registados no antigo sistema […]
deverão proceder ao registo automático no novo sistema”, precisou a DGAV.
Todos
os “produtores do produto final, bem como outras entidades intermediárias
envolvidas na cadeia produtiva” devem ser registados, assim como os que
exportem matérias-primas ou produtos para a China.
A
estes requisitos somam-se ainda exigências ao nível da rotulagem dos produtos,
como a obrigação de incluir os novos números de registo nas embalagens
exteriores e interiores.
Conforme
explicou a DGAV, podem ser utilizados autocolantes em conformidade com a
legislação chinesa, com exceção para os produtos de carne, aquáticos, frescos
ou congelados, saudáveis e com fins dietéticos.
Neste
caso, os produtos devem ter embalagens com rótulos impressos “no momento da sua
produção”, não sendo assim permitidos autocolantes. In “Ponto
Final” - Macau
Cientistas
da Universidade de Coimbra (UC) revelam como a doença de Parkinson pode ser
desencadeada no intestino e daí progredir para o cérebro. Os resultados do
estudo acabam de ser publicados na Gut, revista internacional de
referência na área da gastroenterologia, e representam mais uma peça
fundamental do complexo “puzzle” daquela que é a segunda doença
neurodegenerativa mais frequente no mundo e com tendência para aumentar nas
próximas décadas.
O
estudo decorreu durante os últimos cinco anos no Centro de Neurociências e
Biologia Celular (CNC-UC), e foi financiado pela Santa Casa da Misericórdia de
Lisboa (SCML) e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) em mais de
meio milhão de euros.
A
equipa, liderada por Sandra Morais Cardoso, docente da Faculdade de Medicina da
Universidade de Coimbra (FMUC), e por Nuno Empadinhas, investigador do CNC-UC,
estudou, em ratinhos, os efeitos da ingestão crónica de BMAA, uma toxina
produzida por cianobactérias e outros micróbios, e que se pode acumular, por
exemplo, em alguns animais aquáticos como bivalves, mariscos e peixes.
Partindo
de estudos anteriores, que apontam para a existência de vários “tipos” de
doença de Parkinson, os cientistas da UC demonstram, pela primeira vez, que a
ingestão crónica desta toxina microbiana ambiental elimina grupos muito
específicos de bactérias que protegem a mucosa intestinal e que regulam a
imunidade ao nível dessa barreira essencial. A partir daqui, inicia-se uma cadeia
de eventos que se propaga até uma região específica do cérebro, danificando
sobretudo as mitocôndrias, organelos que, entre outras funções, atuam como
fábricas de energia das células.
«Caracterizámos
os efeitos desta toxina, desde a erosão seletiva do microbioma intestinal à
alteração da imunidade no íleo (região específica do intestino), até à
degeneração específica dos neurónios que produzem dopamina no cérebro.
Curiosamente,
a alteração da barreira e imunidade intestinal levou a que o marcador cerebral
clássico da doença surgisse primeiro no intestino», explica Sandra Morais
Cardoso, clarificando ainda que «a propagação é lenta e progressiva e pode
ocorrer através do sangue ou do nervo vago (que liga o intestino ao cérebro),
até chegar à região do cérebro associada à doença de Parkinson, onde afeta as
mitocôndrias desses neurónios, que acabam por morrer».
Considerando
que o diagnóstico clínico da doença de Parkinson só ocorre quando surgem os
primeiros sintomas motores (tremores, rigidez muscular e movimentos lentos),
este estudo indica que a doença pode, em alguns casos, ter surgido no intestino
muitos anos antes.
Sandra
Morais Cardoso e Nuno Empadinhas explicam que decidiram testar esta hipótese,
pois «muitos doentes apresentam sintomas intestinais vários anos antes do
diagnóstico clínico e também porque parece existir uma associação direta entre
tóxicos ambientais e o aparecimento desta doença descrita há cerca de 200 anos,
mas cuja origem é ainda desconhecida». Os resultados do estudo agora publicado
«não representam uma cura, mas reforçam a possibilidade de haver casos de
Parkinson que surgem primeiro no intestino. Por outro lado, confirmam que um
metabolito produzido por certas bactérias pode, inadvertidamente, desencadear
processos neurodegenerativos específicos desta doença».
Esta
investigação, referem, «confirma que existe uma comunicação direta entre
bactérias e mitocôndrias, ou seja, apesar de esta toxina ser produzida por
algumas bactérias e atacar outras que, neste caso, são sentinelas da imunidade
na mucosa intestinal, também ataca mitocôndrias do intestino e do cérebro». E
concluem, «a toxina tem, portanto, ação antibiótica e terá tido origem nas
guerras entre bactérias durante os muitos milhões de anos de evolução, mas que
ao contrário dos antibióticos que usamos para combater bactérias que nos causam
infeções, tem um efeito nocivo colateral duplo: ataca bactérias benéficas e
mitocôndrias».
Por
outro lado, observa Nuno Empadinhas, este estudo alerta para um potencial
perigo de ingestão crónica de BMAA em dietas ricas em alimentos de origem
aquática, nos quais os níveis da toxina são desconhecidos. Refere que «a
bioacumulação de BMAA deve ser uma preocupação» e defende que, «em prol da
segurança alimentar e saúde pública, esta toxina específica, que muito
raramente produz sintomas de intoxicação aguda, deve ser incluída em programas
de monitorização, pois confirma-se que, quando consumida de forma crónica, pode
danificar o microbioma e barreira intestinais, desencadeando doença».
Questionados
sobre se, e como, é possível bloquear o circuito agora demonstrado, impedindo
assim que a doença se propague para o cérebro, Sandra Morais Cardoso e Nuno
Empadinhas admitem que sim, mas que será «um desafio multidisciplinar que, para
além da identificação dos alvos moleculares da toxina e de estratégias para a
inativar, passa por restabelecer e manter a comunidade de bactérias protetoras,
com o intuito de fortalecer e preservar a barreira intestinal». Fica a nota de
que, finalizam, «se esta estratégia puder ser acionada nas fases iniciais da doença
(antes das alterações motoras), poder-se-á impedir a sua progressão». Universidade
de Coimbra - Portugal
O
embaixador de Cabo Verde em Lisboa defendeu nesta segunda-feira que o interesse
manifestado pelo Brasil no Acordo de Mobilidade da Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa (CPLP) é “um estímulo adicional” à vinculação de outros
Estados-membros.
“Eu
creio que a circunstância de termos um país com a importância que tem o Brasil,
por onde está situado, pela visibilidade que tem, é um estímulo adicional e
também um sinal para todos os outros Estados-membros” da importância do acordo,
afirmou Eurico Monteiro em entrevista à Lusa, quatro meses após a aprovação da
proposta, que foi a grande bandeira da presidência cabo-verdiana, na XIII
cimeira de chefes de Estado e de Governo da CPLP, em julho, em Luanda.
O
Acordo de Mobilidade na CPLP já foi ratificado por Cabo Verde, São Tomé e
Príncipe, Portugal e Moçambique – sendo que a ratificação por três países é a
condição exigível para a sua entrada em vigor na ordem jurídica internacional.
Para
o diplomata, que liderou as negociações do acordo em Lisboa, como representante
da então presidência cabo-verdiana da organização, que antecedeu a atual, de
Angola, o interesse do Brasil demonstra que “de um extremo ao outro há, de
facto, uma vontade política muito grande e que [o acordo] não é um problema de
pequenos Estados, não é apenas um interesse dos pequenos Estados, não é do
interesse de Portugal, é um interesse de todos”.
O
evento que o Brasil realizou no dia 11 deste mês, em Lisboa, a Jornada
Agostinho da Silva – 25 anos de CPLP, uma iniciativa da Câmara de Deputados e
do Senado brasileiro, é mais uma demonstração desse interesse, que deve
“alargar a leitura que, eventualmente se pode estar a fazer, do Acordo de
Mobilidade e sobre a sua substância” considerou.
No
encontro, líderes do Senado e da Câmara dos Deputados defenderam o interesse do
acordo e apelaram à ratificação do mesmo.
Porém,
o diplomata cabo-verdiano também admitiu que, nos últimos tempos, houve também
um interesse crescente do Brasil pela CPLP em geral, organização da qual é
Estado-membro desde a sua criação.
A
pandemia e o facto de a CPLP contar hoje com mais de 30 países observadores
associados são dois fatores que Eurico Monteiro considerou poderem ter
influenciado esse maior envolvimento do Brasil na comunidade.
“Hoje
quando se chega à conclusão que pode estar numa plataforma política, como é o
nosso caso, que tem não só nove Estados-membros, mas onde estão 40 Estados
[contando com os países observadores associados], tem a noção que o seu
discurso ganha uma outra dimensão. É mais ouvido, também está mais bem
informado, tem maior capacidade de influência política dos outros Estados. Isto
é também coisa boa”, realçou.
Por
outro lado, a pandemia mostrou a importância da mobilidade, quando forçou a que
ela não existisse. “Percebemos a importância da mobilidade na saúde, na
educação, nos negócios e na cultura”, frisou.
Além
disso, “veio dar maior importância à cooperação técnica” e houve, no
isolamento, uma maior aproximação, através das diversas reuniões em várias
plataformas, que “reforçou a coesão do grupo”, salientou.
No
início de julho, o atual ministro das Relações Exteriores do Brasil, Carlos
França, visitou oficialmente Portugal, e a sede da CPLP, em Lisboa, e, numa
entrevista à Lusa, afirmou que o Brasil queria reforçar o seu papel na
organização, assegurando que o pagamento das suas contribuições em atraso seria
prioritário para o país, nos próximos dois anos. In “Mundo
Lusíada” – Brasil com “Lusa”
Díli
– O Presidente do Conselho dos Combatentes da Libertação Nacional (CCLN), Vidal
de Jesus ‘Riak Leman’, pediu ao Governo que continuasse a cooperar com o
Governo da Indonésia para que apurem o paradeiro dos restos mortais de Nicolau
Lobato, David Alex ‘Daitula’, Mau Hudo, entre outros.
O
presidente referiu ainda que o CCLN e o Governo timorense têm a mesma
preocupação em procurarem os restos mortais dos líderes timorenses.
“Procurar
os restos mortais dos líderes nacionais é da competência do nosso Governo.
Sabemos que os nossos governantes continuam em cooperação [com a Indonésia] e
realizaram encontros com os generais indonésios para discutirem esta questão”,
disse à Tatoli, em Caicoli, Díli.
O
presidente recomendou ainda ao Governo timorense que continue a procurar o
corpo dos líderes nacionais. “Se o Governo da Indonésia guarda os corpos de
Nicolau Lobato, Daitula, Mau Hudo, espero que um dia os entregue ao Estado
timorense”, realçou.
Já
Alarico ‘Daitula’, filho de ‘Daitula’, se mostra insatisfeito com o facto de
ainda não terem sido encontrados os restos mortais do pai e de os governantes
não ouvirem os seus pedidos.
“Mesmo
assim, sinto-me satisfeito com a vitória de Timor-Leste, mesmo com a morte do
meu pai e de outros timorenses durante a guerra”, referiu.
Alarico
Daitula agradeceu ao pai por ter conseguido salvar o povo da ocupação
indonésia.
O
filho pediu ainda ao Governo que continuasse a procurar os restos mortais do
seu pai e de outros combatentes. Domingos Freitas – Timor-Leste in “Tatoli”
Uma
equipa multidisciplinar de cientistas da Universidade de Coimbra (UC) vai
realizar o primeiro ensaio clínico em Portugal com um tratamento inovador para
crianças e adolescentes que sofrem de Perturbação de Hiperatividade e Défice de
Atenção (PHDA) ou Perturbação do Espectro do Autismo (PEA), a ser realizado em
casa.
Esta
nova abordagem de tratamento foi desenvolvida no âmbito do projeto europeu
STIPED, que envolve a colaboração científica entre 10 universidades, clínicas e
empresas de toda a Europa, incluindo a UC, e baseia-se em métodos de
estimulação cerebral inovadores, eficazes,
seguros e fáceis de realizar, «através da estimulação transcraniana por
corrente contínua (em inglês, tDCS), uma técnica não invasiva que fornece ao
cérebro correntes diretas de baixa amplitude em regiões do cérebro que se pensa
estarem comprometidas naquelas perturbações», explica Miguel Castelo-Branco,
coordenador da equipa portuguesa e professor na Faculdade de Medicina da
Universidade de Coimbra (FMUC).
Com
um financiamento global de seis milhões de euros, verba atribuída pelo programa
de investigação e inovação Horizonte 2020 da União Europeia, o projeto teve uma
primeira fase de investigação em ambientes clínicos e académicos e foi
recentemente aprovado pelas entidades reguladoras em vários países europeus
para ser testado como dispositivo médico em casa.
Em
Portugal, antes de iniciar este primeiro ensaio a partir de casa, a equipa de
Miguel Castelo-Branco realizou vários estudos e três ensaios clínicos em
laboratório, no Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional (CIBIT)
do ICNAS, e em ambiente hospitalar, envolvendo cerca de uma centena de crianças
e adolescentes saudáveis e com PHDA e PEA.
Após
a conclusão do primeiro teste clínico com o novo dispositivo biomédico, os
cientistas da UC pretendem realizar novos ensaios, estando, por isso, recetivos
ao contacto de famílias e potenciais voluntários. Os interessados em participar
no projeto STIPED podem inscrever-se através da página: https://voluntarios.cibit.uc.pt/stiped/.
O
projeto STIPED, que junta médicos, psicólogos, matemáticos, engenheiros e
especialistas em bioética, tem como grande objetivo encontrar alternativas para
substituir «as opções terapêuticas tradicionais, baseadas em medicação, que no
caso do autismo são meramente sintomáticas e com efeitos secundários
frequentemente severos», salienta Miguel Castelo-Branco.
Trata-se
de um conceito completamente novo de terapia para perturbações
neuropsiquiátricas crónicas em pediatria, que aposta no «tratamento
personalizado, no uso de um dispositivo biomédico de tratamento domiciliário
(uma touca de elétrodos) e num serviço de telemedicina que permite o controlo remoto
da segurança, das configurações de estimulação e a monitorização contínua dos
sintomas clínicos», enfatiza o consórcio do projeto.
Mais
informação sobre o projeto está disponível em: https://www.stiped.eu/ e um vídeo
explicativo aqui apresentado. Universidade de Coimbra - Portugal
São
Paulo – O que parecia ser apenas um esforço de retórica condenado a se limitar
a conferências ou cursos dirigidos a executivos, agora, assume ares de política
de governo para o setor portuário com a decisão da Agência Nacional de
Transportes Aquaviários (Antaq) de assumir as práticas compreendidas no
conceito ESG. E o que significa ESG? Trata-se da sigla em inglês para Environmental,
Social e Corporate Governance que engloba boas práticas ambientais, sociais
e de governança corporativa.
Hoje,
ser reconhecido por cuidar do meio ambiente, promover sustentabilidade e adotar
conduta ética tornou-se padrão a ser seguido no mundo corporativo e público. O
tema engloba políticas de diversidade para o ambiente de trabalho e projetos
para reduzir a desigualdade social. Essa preocupação tornou-se ainda mais
premente depois da situação de conflagração em que o planeta passou a viver com
a pandemia de coronavírus, a ponto de muitos investidores terem aumentado
sobremaneira seus investimentos nas chamadas empresas ESG, que se preocupam com
questões ligadas à responsabilidade social. Segundo especialistas, até 2025, os
projetos que priorizam esses conceitos deverão atingir um terço do mercado
internacional.
Esse
tema tem completa sinergia com o setor portuário, que, por sua natureza, está
ligado diretamente ao meio ambiente, além de absorver grande número de
trabalhadores. Nesse sentido, a Antaq vem se destacando pela série de
fiscalizações que tem realizado em Santos e em outros portos, por meio das
operações denominadas Descarte e Relíqua, com o objetivo de vistoriar a
movimentação de produtos perigosos. A Antaq tem ainda executado ações voltadas
à coibição do uso de água de lastro dos navios, que poluem mares e rios. São
operações que envolvem Polícia Federal, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais (Ibama), Receita Federal, Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), companhias
docas, Capitania dos Portos, Corpo de Bombeiros e Exército Brasileiro.
De
se destacar também é o estudo que a Antaq tem desenvolvido para identificar os
impactos causados pelas mudanças climáticas nos portos brasileiros. Esse estudo
vai ajudar a identificar as necessidades de prevenção e mitigação dos
principais riscos a que os portos estão sujeitos com as mudanças climáticas.
A
esse estudo deve-se agregar as atividades de educação ambiental que aquela
agência faz na região amazônica, procurando envolver prefeituras, empresários e
comunidades ribeirinhas na coleta seletiva em embarcações que navegam naqueles
rios. Essa postura é especialmente importante para que seja revertida a imagem
desfavorável que o País tem passado para a comunidade internacional, hoje muito
ligada a queimadas e desmatamentos ilegais e ocupação irregular de terra.
Deve-se
levar em conta ainda que o conceito ESG não constitui apenas uma questão
ideológica, mas de sobrevivência para as empresas de um modo geral. Afinal, as
grandes corporações e os fundos de investimentos mundiais já deixaram uma
mensagem explícita de que não querem associar seus recursos a empresas que não
tenham comprometimento com regras de inclusão social, causas ambientais e de respeito
à ética e às boas regras comportamentais.
Portanto,
o conceito ESG hoje pode ser usado para dizer quanto um negócio vale quando
busca formas de minimizar seus impactos no meio ambiente, procura construir um
mundo mais justo e responsável para as pessoas em seu entorno e trata de manter
os melhores processos administrativos. Em outras palavras: no setor portuário,
tornam-se cada vez mais fundamentais ações que levem em conta as noções de
sustentabilidade, procurando suprir as necessidades dos seres humanos, sem
comprometer o futuro das próximas gerações. Liana Martinelli
__________________________________
Liana
Lourenço Martinelli, advogada, pós-graduada em Gestão de Negócios
e Comércio Internacional, é gerente de Relações Institucionais do Grupo Fiorde,
constituído pelas empresas Fiorde Logística Internacional, FTA Transportes e
Armazéns Gerais e Barter Comércio Internacional. E-mail: fiorde@fiorde.com.br.
Site: www.fiorde.com.br
A Luso Canadian Charitable Society lançou segunda-feira
(22) um leilão de Natal que pretende angariar fundos para ajudar a organização
a apoiar pessoas com deficiências. Até 10 de dezembro as pessoas podem leiloar
“artigos divertidos e únicos” e as receitas revertem a favor dos programas que
o Luso disponibiliza a estes utentes
Para
participar neste leilão não precisa de sair de casa porque está tudo à distância
de um clique. Basta visitar a página do Lusoe
estes são alguns dos artigos disponíveis: pacote para assistir a jogos dos
Raptors no valor de $14500; uma viagem a Portugal para duas pessoas com golfe incluído
no valor de $9000 e bilhetes para duas pessoas visitarem as atrações de Niagara
Parks no valor de $300.
Na
quarta-feira (24) estavam disponíveis na página cerca de 73 artigos de todos os
valores. Bacalhau, azeite e camisas do Benfica eram alguns dos produtos com um
menor valor de licitação. A organização recomenda que visite a página várias vezes
durante as próximas semanas porque vão ser adicionados novos artigos com
frequência.
Com
a pandemia as organizações sem fins lucrativos têm vivido dias difíceis e todas
as ajudas são bem-vindas. Se quer surpreender os seus familiares e amigos nesta
quadra festiva esta pode ser a oportunidade certa. “Este ano, mais do que
nunca, as famílias do Luso precisam do nosso apoio e agradecemos-lhe por ajudar
aqueles que mais precisam”, diz o Luso num comunicado de imprensa enviado à
nossa redação.
Para
quem estiver interessado em doar artigos para o leilão basta contactar o Luso
através do 905-858-8197 ou do e-mail info@lusoccs.org. O leilão termina a 10 de
dezembro às 21H. O Luso tem localizações em Toronto, na região de Peel e em
Hamilton.Joana Leal – Canadá in “Milénio
Stadium”
MyCare, uma
plataforma de estudantes para promover a melhoria da saúde mental na fase de
prevenção e tratamento, proposta por uma equipa da Universidade de Coimbra
(UC), acaba de vencer o 1º prémio na competição internacional EIT Health
Innovation Days.
A
sessão final da competição teve lugar este sábado, 27 de novembro, onde foram
apresentados os 10 melhores projetos selecionados de entre os vencedores das 26
fases regionais que decorreram em outubro e novembro em outras tantas
localidades europeias. Os finalistas, em 4 minutos, apresentaram o problema, a
solução e o conceito de negócio na forma de apresentação oral (“pitch”) e
responderam a questões colocadas pelo júri da fase final.
Avaliados
todos os projetos, a solução MyCare foi a grande vencedora. Esta
plataforma de estudantes pretende promover a melhoria da saúde mental na fase
de prevenção e tratamento, promovendo a literacia e combatendo o isolamento através
de uma solução integrada de promoção de atividades sociais e acesso facilitado
a apoio especializado e a serviços de tratamento na área da saúde mental.
A
equipa é constituída por Milena Alves (estudante de licenciatura da Faculdade
de Economia da UC), Kevin Leandro (estudante de doutoramento da Faculdade de
Farmácia da UC e a desenvolver trabalho de investigação no CNC), Jefferson
Silva de Lima (estudante de doutoramento da Faculdade de Ciências e Tecnologia
da UC e a desenvolver trabalho de investigação no CISUC) e Susana Paixão
(investigadora doutorada do Centro de investigação CEGOT, da Faculdade de
Letras da UC, e docente no Instituto Politécnico de Coimbra – IPC).
Além
do apoio no desenvolvimento do projeto e o prémio de 500 euros que já tinha
ganho anteriormente, na fase regional – Coimbra Innovation Days –, a
equipa vai receber apoio e mentoria de especialistas do EIT Health, por
forma a desenvolver o conceito de negócio, e terá a oportunidade de se deslocar
à EIT Health Summit, que decorrerá em maio de 2022, em Estocolmo
(Suécia).
«É
um orgulho para nós sabermos que uma equipa multidisciplinar da UC conseguiu,
pela primeira vez, ganhar este prémio europeu numa área tão relevante. Numa
altura em que se iniciaram as comemorações do centenário do nosso grande
escritor José Saramago, recordo-me de uma das pequenas frases do Livro dos
Conselhos que apareciam na contracapa dos seus livros: “Se podes olhar, vê.
Se podes ver, repara.”. A equipa de Coimbra analisou com atenção a realidade
que nos rodeia, no que diz respeito à saúde mental, e reparou numa área
específica que carecia de melhoria e na qual acharam que poderiam acrescentar
valor», afirma Cláudia Cavadas, Vice-Reitora da UC para a investigação e
doutoramentos.
«Aprofundaram
o seu conhecimento sobre este problema, auscultando no terreno as partes
interessadas, e propuseram uma solução que achamos bastante inovadora e
original. É também muito importante saber que um júri europeu tenha reconhecido
o mérito desta equipa e deste projeto, dando-lhes agora a oportunidade de
crescer e amadurecer o conceito. O sucesso da equipa é naturalmente devido ao
seu empenho e dedicação, mas também à qualidade da sua formação, à equipa de
apoio desta iniciativa e ainda ao ambiente de partilha, multidisciplinaridade,
investigação e inovação que a UC tem promovido junto de toda a sua academia»,
acrescenta a Vice-Reitora da UC.
Innovation Days
O Innovation
days é uma iniciativa desenvolvida na Universidade de Coimbra no âmbito do
programa europeu EIT Health e que este ano contou
com a colaboração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, a
Direção-Geral da Saúde e a Câmara Municipal de Coimbra.
Os
participantes frequentaram, numa fase preliminar, o evento Coimbra Innovation
Days onde receberam formação na área do design thinking e
comunicação, procurando encontrar soluções, em trabalho de equipa, a desafios
reais, que este ano se focaram na área da saúde mental. A equipa vencedora,
premiada com 500 euros, juntamente coma as equipas vencedoras das demais 26
localidades onde decorreu a iniciativa, teve a possibilidade de competir na
final do evento internacional Innovation Days.
Além
de possibilitar aos estudantes e investigadores a passagem da teoria à prática,
contactando com problemas reais da área da saúde e experimentando a metodologia
de design thinking, a iniciativapermite-lhes o contacto com colegas
internacionais (aderindo à EIT Health Alumni Network) e o desenvolvimento de
competências fundamentais para a sua carreira futura. Universidade de
Coimbra - Portugal
São
Tomé – A formação superior em Engenharia Agronómica vai ser administrada na
universidade pública de São e Príncipe, – anunciou a ministra da Educação e
Ensino Superior, Julieta Rodrigues, no âmbito de um acordo institucional
assinado com o Ministério da Agricultura.
O
curso perspectivado há vários anos, a luz deste acordo, vai ser ministrado nas
instalações do Centro de Aperfeiçoamento Técnico Agro-Pecuário (CATAP), que
será convertida num polo orgânico da Universidade de São Tomé e Príncipe.
Na
cerimónia que ocorreu no gabinete do ministro da Agricultura, o acordo foi rubricado
pelos ministros da Agricultura, Pesca e Desenvolvimento Rural, Francisco Ramos
e Julieta Rodrigues, ministra da Educação e Ensino Superior.
Falando
na ocasião, a titular da pasta da Educação afirmou que justifica-se a
viabilização do curso à luz da procura dos jovens são-tomenses, uma vez que a
pandemia do Covid-19 veio reconfigurar as necessidades internas, as quais
acresce do facto do actual Governo ter elegido a agricultura como um dos eixos
para o desenvolvimento de São Tomé e Príncipe.
Além
de ciência agronómica, este protocolo institucional, abre, igualmente, caminho
para a Universidade Pública ministrar outros cursos no ramo da agricultura,
assim como das pescas e da economia azul.
Por
sua vez, o ministro da Agricultura ao saudar a iniciativa, disse que este
protocolo viabiliza perspectivas de uma coabitação entre o centro de
competências da agricultura familiar e sustentada da CPLP, ali instalado, e a
faculdade de ciências agrárias revertendo no desenvolvimento de São Tomé e
Príncipe assim como de um mundo mais forte na competência agroalimentar para a
CPLP. Manuel Dênde – São Tomé e Príncipe in “STP-Press”
O ministro francês da Educação, Jean-Michel Blanquer,
visitou o espaço dedicado a Portugal no salão “Partir Etudier a l’Étranger”,
qualificando a língua portuguesa como “magnífica” e prometendo apoiar o seu
desenvolvimento em França
“A
língua portuguesa é uma língua muito importante em todo o mundo […] É
importante também em França, não só porque há muito franceses de origem
portuguesa, mas também porque temos muitas relações com Portugal e é uma língua
magnífica, com uma literatura muito bonita, portanto apoiamos muito o
desenvolvimento da língua portuguesa”, disse o ministro em declarações à
Agência Lusa.
O
governante francês inaugurou o salão “Partir Etudier a l’Étranger”, onde vários
países tentam atrair os alunos franceses para estudarem nas suas universidades.
Portugal é o convidado de honra deste salão, tendo trazido nove politécnicos
(Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Leiria, Portalegre, Porto, Setúbal, Viana
do Castelo e Viseu) e sete universidades (Aveiro Évora, Minho, Porto,
Trás-os-Montes e Alto Douro, Universidade Europeia e Universidade Católica) até
à capital francesa.
Para
o ministro, a aprendizagem de línguas estrangeiras em França tem sido uma
preocupação constante, sendo apontado como um calcanhar de Aquiles aos
estudantes e à mão de obra francesa.
O
governante prometeu constituir até ao final do ano o Conselho Superior das Línguas
em França que terá como missão melhorar a aprendizagem de línguas em França e o
português será uma das línguas visadas.
“Temos
um plano a longo prazo para constituir um Conselho Superior das Línguas e
estamos atentos ao desenvolvimento de certas línguas em França e a língua
portuguesa faz parte desses esforços”, garantiu hoje o ministro.
De
forma a chamar a atenção do governante para a importância da língua portuguesa,
a secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes, que também
marcou presença neste salão, ofereceu-lhe o “Nouvel Atlas de La Langue
Portugaise”, das edições Imprensa Nacional Casa da Moeda.
“É
para que perceba que a língua portuguesa não é uma língua rara, mas é uma das
línguas mais faladas no mundo, por isso, uma língua de oportunidades”, disse a
governante portuguesa.
Em
2019, uma reforma introduzida pelo Governo francês fez com que a língua
portuguesa tivesse menor preponderância na nota final dos alunos do ensino
secundário, criando assim o receio de um potencial decréscimo de alunos
interessados em aprendê-la.
Como
resposta, Portugal mobilizou-se, juntando o apoio dos restantes embaixadores de
países lusófonos acreditados em Paris e o tema foi mesmo assunto do jantar
entre o primeiro-ministro português, António Costa, e o Presidente francês,
Emmanuel Macron, aquando da visita do chefe de Governo português a Paris, em
maio de 2019.
Esta
mobilização levou o Governo francês a recuar nessa decisão e a introduzir
projetos-piloto em diferentes territórios onde há maior densidade de falantes
de português como a Guiana francesa ou em Île-de-France, onde está a maior
comunidade de emigrantes portugueses, fazendo com que a língua contasse para a
média final. In “Bom dia Europa” – Luxemburgo com “Lusa”
A obra de Bernardino de Senna Fernandes, artista macaense
que deixou várias peças de pintura e desenho, vai estar em exposição na galeria
do projecto Hold On To Hope, da Associação de Reabilitação de Toxicodependentes
de Macau (ARTM). A exposição é inaugurada no dia 4 de Dezembro
Dia
4 de Dezembro, pelas 15h30, é inaugurada a exposição de pinturas de Bernardino
de Senna Fernandes, na galeria do projecto Hold On To Hope, da Associação de
Reabilitação de Toxicodependentes de Macau (ARTM), na Antiga Leprosaria de
Ká-Hó.
Bernardino
de Senna Fernandes foi um artista macaense, que, além de ser ‘designer’ de
profissão, dedicou-se à pintura e ao desenho e deixou várias obras de teor
paisagístico, nomeadamente de Macau e Lisboa, onde fez várias exposições.
Falecido
aos 91 anos de idade, Bernardino de Senna Fernandes deixou várias das suas
obras em colecções particulares, inclusivamente uma pequena colecção de 27
pinturas a aguarelas e a óleo que vão estar expostas nesta exposição na ARTM. A
Galeria do projecto Hold On To Hope, em conjunto com Jorge de Senna Fernandes,
filho do artista, são os organizadores deste evento que espera difundir os
trabalhos do artista.
“Decidimos
fazer isto agora porque já há tempos que os meus amigos e conhecidos me tinham
falado nisso, nomeadamente o pessoal da galeria da ARTM”, começou por explicar
Jorge de Senna Fernandes, acrescentando: “Eles disponibilizaram o espaço para
fazermos a exposição. E como o meu irmão tinha cá uma série de quadros, de
obras do meu pai, eu resolvi fazer agora a exposição”.
Esta
não é a primeira exposição de Bernardino de Senna Fernandes, sendo que a
primeira aconteceu em 1982, organizada pela associação dos antigos alunos do
liceu. “Já desde essa altura que havia uma série de pessoas que tinham comprado
quadros, inclusive de Macau e que fizeram uma certa pressão para fazermos agora
outra exposição sobre as obras do meu pai, e como consegui reunir as condições,
decidi ir em frente”, sublinhou.
Relativamente
aos trabalhos expostos, são 27 obras, algumas das quais já foram expostas no
passado, porém outras vêem a luz do dia pela primeira vez, depois de terem
estado anos guardadas. “São todas obras de pintura. Umas são aguarelas, umas a
óleo e outras a Ecoline, que é um tipo de tinta concentrada”, assinalou.
A
temática das pinturas, aponta, é Macau e Lisboa. “O meu pai, depois de fazer um
registo daquilo que queria pintar, chegava depois a casa e concluía o trabalho.
Ele ia à rua com o seu bloco, fazia os seus apontamentos ou tirava fotografias.
Engraçado porque hoje em dia usa-se mais as fotografias e já não se vê pessoas
por aí a desenhar”, comentou.
As
obras, que vão estar todas à venda, já têm vários interessados, estando algumas
já reservadas: “Temos potenciais compradores, porque isto aqui é uma coisa
quase particular, porque todas aquelas pessoas com quem eu me dou algumas
querem ficar com os quadros, já andaram a planear o que querem. Conheço muitas
pessoas que já há anos que compram muitos quadros ao meu pai”.
Quanto
à sua obra preferida, Jorge de Senna Fernandes, responde que não consegue
escolher. “Aquilo é tudo muito pessoal. Eu acho que ele tem quadros muito
giros. Ele tem uma forma de pintar muito diferente daquelas muito exactas. Da
maneira como trabalha, as pessoas reconhecem o sítio onde é, mas não é tipo
fotografia, ele dá sempre o seu toque pessoal, mas consegue identificar-se a
situação, onde é que aquilo se está a passar, é muito pessoal”, descreveu.
Jorge de Senna Fernandes recorda o quão minucioso o seu pai era nos seus
trabalhos e na sua vida em geral. “Todas as pessoas diziam isso”, concluiu. A
exposição vai estar patente na galeria da ARTM até dia 11 de Janeiro e é de
entrada livre. Joana Chantre – Macau in “Ponto
Final”
Lisboa
– No novo álbum, Dino d’Santiago enaltece, mais do que nunca, o ‘batuku’ e o
funaná, sons de Cabo Verde “que resistiram à opressão”, tal como os ‘badius’,
símbolo de resistência e resiliência, que homenageia com o trabalho hoje
editado.
“O
‘Badiu’ é uma homenagem a essas pessoas resistentes, que se apropriaram do nome
[‘badiu’], a partir do final do século XX, como símbolo de resistência e de
resiliência”, contou o músico em entrevista à agência Lusa.
Essas
pessoas, explicou, são as que foram levadas dos territórios onde se situam hoje
a Gâmbia e o Senegal e, posteriormente, da Guiné-Bissau para a ilha de
Santiago, em Cabo Verde, escravizadas pelos portugueses.
“Eles
ficam na Cidade Velha e, da Cidade Velha, após vários ataques piratas,
conseguem fugir para o interior de Santiago e, nessa fuga, tornam-se os vadios,
‘badius’, com sotaque do Norte [de Portugal], que era a população portuguesa
que habitava Cabo Verde na altura, que fazia parte da corte”, contou.
Os
‘badius’ foram quem “conseguiu manter a tradição dos ritmos que saíram
directamente de África e não se aculturaram tanto como os que ficaram reféns e
foram depois vendidos para outros países, outros mercados”.
‘Badiu’
era um termo depreciativo, mas acabou por se tornar “um símbolo de
resistência”.
Outra
coisa que mudou foi a maneira como eram vistos os ritmos do funaná e do
‘batuku’, que só com a independência de Cabo Verde, em Dezembro de 1974,
“deixaram de ser considerados música do diabo e profana, usada para o
adultério, por terem movimentos corporais femininos”.
“O
irónico é que essas mulheres cantavam louvores a Deus, sonhos perdidos,
saudade”, disse Dino D’Santiago sobre o funaná e ‘batuku’, que “foram sempre
música dos camponeses”.
Estes
dois ritmos cabo-verdianos têm estado presentes nos álbuns de Dino d’Santiago,
mas, em “Badiu”, o músico decidiu enaltecê-los “ainda mais”, por serem “sons
que resistiram à opressão, até hoje”.
O
músico lembra que, antes dele, outros enalteceram estes ritmos, levando-os para
vários lugares do mundo, como os Tubarões, os Bulimundo, os Ferro Gaita, Lura,
Mayra Andrade, Orlando Pantera ou Tcheka.
“Eu
já sou de uma fase de mistura, de nação crioula que junta o mais tradicional
com o mais contemporâneo e global”, disse.
Dino
d’Santiago sentiu “necessidade de contar essa história, qual a sua origem” e,
para a fotografia de capa do álbum, escolheu algo que “também representa esta
resistência e resiliência, o simples pano de terra”, que “tem uma história
incrível”.
“É
um pano 100% algodão que vinha com as pessoas escravizadas que vinham da Guiné,
e tornou-se tão valioso em Cabo Verde que as famílias portuguesas consideradas
poderosas eram as que o tinham”, contou o músico, recordando que o pano de
terra “era usado como moeda de troca, para comprar pessoas escravizadas ou
pagar multas ao tribunal”.
Com
o passar dos anos, este pedaço de tecido “foi entrando na cultura
cabo-verdiana, amarrado à cintura na prática do batuku, ou usado em cerimónias
como casamentos, baptismos e velórios”.
Segundo
Dino d’Santiago, o processo de produção de um pano de terra “é demorado” e este
“só é feito por encomenda, não há produção em série”.
Já
o processo de criação de “Badiu” aconteceu durante quatro semanas numa casa na
zona de Sintra, onde Dino d’Santiago juntou produtores, a família, músicos e
técnicos, que iam “estando em sintonia com outros produtores noutros locais”.
Dessa
residência artística surgiram 37 canções. “Dessas, escolhemos o sumo que
honrava o badiu”, disse.
O
“sumo” são 12 canções, nos quais Dino d’Santiago aborda temas como “o
aquecimento global, as guerras, as fugas dos refugiados, as mortes dos mares”.
“Todas
essas narrativas fizeram parte do disco, ao mesmo tempo que havia uma crença
maior, o Lucas [filho do músico, que nasceu este ano], que simbolizava a esperança
e a responsabilidade de ter que fazer de tudo para que ele cresça num mundo
mais justo e mais unido”, afirmou.
Dino d’Santiago gosta de trabalhar “em comunhão”: “Acho que todos os discos devem
nascer assim” e, em “Badiu”, além de produtores como Branko, Toty Sa’Med,
Tristany, Sirscrach ou Valete, contou também com participações vocais de
pessoas que admira e que olham para a vida da mesma forma que ele, e para a
arte e a cultura “com o respeito que elas merecem ter”.
Em
alguns temas juntou à sua voz as vozes de Slow J, “que tem feito um trabalho
incrível no hip-hop português”, Lido Pimenta, “activista e artista plástica
esplendida da Colômbia”, Rincon Sapiência, “que tem feito um trabalho incrível
no Brasil de transportar as vozes negras para um lugar de fala e contar a nossa
história, enraizá-la”, da avó, “antes de ela falecer”, e de Nayela, “uma
feminista nata africana”.
Para
Dino d’Santiago, a música só faz sentido se lhe “sair do âmago”, se “reflectir”
o que vê e a forma como sente a vida.
“Quem
me dera que não tivesse que ser tão activista”, disse, referindo que a música
que cria “vai ser activista até não precisar de ser, e o sonho é não necessitar
mais de ser”.
Quando
se lhe pergunta se acha isso possível, responde que acredita “mesmo,
profundamente” que sim.
“Consigo
vislumbrar essa nação crioula e aculturada a sentir-se feliz por isso. Nos
momentos em que estou a cantar vejo a mistura acontecer à minha volta, ninguém
está a reparar na cor de pele do outro, é só alegria”, afirmou.
O
músico sobe ao palco do Coliseu dos Recreios, em Lisboa, em Abril de 2022, mas,
até lá, conta fazer “algo bonito” em Cabo Verde, de forma a “retribuir o amor”
que tem recebido da terra onde nasceram os pais, “dois badius, do interior de
Santiago”. In “Inforpress” – Cabo Verde com “Lusa”
Esquinas
Aqui
toda a gente sente
Terra
não é só lugar onde se nasceu
é
também o chão que trazemos na mente
aqui
toda gente é parente
mesmo
quando se nasceu doutro ventre
chamamos
mãe ao mesmo continente
es
trazenu morna pa kici nôs dor
ken
ki flau na strangeru ka importa nôs cor
si
tudu fin di mês es ta danu korti
sô
sakedu na kurva pa dispista morti nu bai!
Pé
na strada nu manti sô si nôs eh forti
ka
nu dexa nôs fidju pa sorti
bô
eh luz ki ta mostran nha norti
ta
limia kaminhu di nôti, más um skina pa nu dobra
Juro
se eu não morro goat eu deixo gota pro meu nigga
porque
eu não sou do bairro, eu sou da raça que os habita
quando
eu canto fado soa a mais do que uma vida e eu não sei explicar
juro
se eu não morro goat eu deixo gota pro meu nigga
se
eu voltar pra minha terra eu sou da raça lusa vinda
do
outro lado do mundo o tempo passa e multiplica, eu já não sei voltar
Meu
povo vem da lama como Dalai
e
fez todo o meu drama virar minha light
mundo
é minha Alfama, tou no meu bairro
e
por onde eu passar é minha esquina
meu
povo vem da lama como Dalai
vai
calar quem duvidou,
diz
na terra onde eu nasci que o que eu fiz foi por amor!
Pé
na strada nu manti sô si nôs eh forti
ka
nu dexa nôs fidju pa sorti
bô
eh luz ki ta mostran nha norti
ta
limia kaminhu di nôti, más um skina pa nu dobra
Nas
curvas do bairro nem todo tuga é luso
Nas
curvas do bairro nem todas as quinas são vanglória
Nas
curvas do bairro aceno ao corpo negro com quem cruzo
Nas
curvas do bairro nossos corpos são também pátria
Pé
na strada nu manti sô si nôs eh forti
ka
nu dexa nôs fidju pa sorti
bô
eh luz ki ta mostran nha norti
ta
limia kaminhu di nôti, más um skina pa nu dobra