Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 30 de novembro de 2021

Angola – 36.ª edição da FILDA, Feira Internacional de Luanda

Arranca hoje em Luanda, depois de vários adiamentos devido à pandemia da Covid-19, a 36ª edição da Feira Internacional de Luanda (FILDA), com mais de 500 expositores em representação de 15 países


A FILDA deste ano, que deveria ter tido lugar em 2020 mas que foi sendo adiada devido a condicionantes geradas pela Covid-19, tem lugar na Zona Económica Especial Luanda-Bengo e conta com Portugal e China como países com maior número de expositores, 17 e 11, respectivamente.

Este certame decorre até 04 de Dezembro.

Alemanha, África do Sul, China, Argentina, Estados Unidos da América, França e Índia são, além de Portugal, China e Angola, que está nesta edição com perto de cinco centenas de empresas, alguns dos países representados na FILDA.

Ao longo dos dias do certame, haverá dias temáticos, com destaque para o Dia da Sonangol, da CPLP ou ainda de Angola, entre outros.

A entrada custa 2 mil Kz e o horário vai, diariamente, das 10:00 às 18:00. In “Novo Jornal” - Angola


China - Exportação de agroalimentares de Portugal com novas regras a partir de 2022

A exportação de produtos agroalimentares de Portugal para a China vai passar a ter novos requisitos a partir do próximo ano, nomeadamente, ao nível da fiscalização e informação exigida, verificando-se a inclusão de novos alimentos na categoria de “alto risco”

Segundo a informação divulgada pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), as novas regras são aplicáveis à China continental, excluindo as regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong e os produtos agroalimentares exportados para este mercado passam a ser organizados em duas categorias.

A primeira diz respeito aos produtos de alto risco, abrangendo carne e produtos de carne, produtos aquáticos, lácteos e apícolas, óleos e gorduras comestíveis, ovos e produtos de ovos, invólucros animais, ninhos de pássaros e derivados, produtos de trigo recheados, cereais comestíveis, produtos das indústrias de moagem de grão e malte, vegetais frescos e desidratados, condimentos, frutos secos e sementes, grãos de café e cacau não torrados, alimentos com finalidades dietéticas, alimentos saudáveis e feijão seco. Anteriormente, apenas eram considerados produtos de alto risco as carnes, produtos aquáticos, lácteos, ninhos de pássaros e derivados.

Entre a documentação agora exigida inclui-se uma carta de recomendação da autoridade competente, a lista de estabelecimentos que pretenderem ser habilitados, documentos de identificação dos estabelecimentos, como a licença comercial, declaração de conformidade emitida pela autoridade competente, “informando que o estabelecimento visado cumpre com o estipulado pela legislação chinesa aplicável”, e o relatório de auditoria e supervisão da autoridade competente. Adicionalmente, poderá também ser exigida a planta da fábrica, plano de armazenamento da cadeia de frio e o mapa de fluxo da produção.

As entidades envolvidas na cadeia produtiva devem ser igualmente registadas, nomeadamente, as que têm influência no “processamento, embalamento e armazenamento de produtos”. De acordo com o mesmo comunicado, os estabelecimentos portugueses de carne de porco, produtos aquáticos e lácteos, que estavam habilitados a exportar para a China, continuam aptos até 1 de Janeiro, mantendo-se os seus números de registo válidos após esta data.

Os estabelecimentos destas categorias que pretendam dar início a novos processos de habilitação devem entrar em contacto com a Direção Regional de Alimentação e Veterinária ou com Direção Regional de Agricultura e Pescas.

Por sua vez, a Administração Geral das Alfândegas da China (GACC) ficará responsável por registar os produtores portugueses, que operam nas restantes categorias, e que realizaram exportações para este mercado desde Janeiro de 2017. Neste caso, as empresas devem fazer parte da lista que a DGAV enviou à GACC em 31 de Outubro, sendo que a mesma pode ser actualizada até ao final de Novembro.

Já a segunda categoria, agora definida, inclui os restantes produtos agroalimentares, como bebidas, que são importados pela China, os denominados de baixo risco. Os produtores que se insiram nesta categoria devem registar-se no novo sistema ‘China Import Food Enterprises Registration’.

“Todos os estabelecimentos portugueses que pretendam iniciar exportações de produtos desta categoria para o mercado chinês a partir do dia 1 de Janeiro de 2022, bem como todos os estabelecimentos anteriormente registados no antigo sistema […] deverão proceder ao registo automático no novo sistema”, precisou a DGAV.

Todos os “produtores do produto final, bem como outras entidades intermediárias envolvidas na cadeia produtiva” devem ser registados, assim como os que exportem matérias-primas ou produtos para a China.

A estes requisitos somam-se ainda exigências ao nível da rotulagem dos produtos, como a obrigação de incluir os novos números de registo nas embalagens exteriores e interiores.

Conforme explicou a DGAV, podem ser utilizados autocolantes em conformidade com a legislação chinesa, com exceção para os produtos de carne, aquáticos, frescos ou congelados, saudáveis e com fins dietéticos.

Neste caso, os produtos devem ter embalagens com rótulos impressos “no momento da sua produção”, não sendo assim permitidos autocolantes. In “Ponto Final” - Macau


Portugal - Estudo da Universidade de Coimbra revela como a doença de Parkinson pode ter origem no intestino

Cientistas da Universidade de Coimbra (UC) revelam como a doença de Parkinson pode ser desencadeada no intestino e daí progredir para o cérebro. Os resultados do estudo acabam de ser publicados na Gut, revista internacional de referência na área da gastroenterologia, e representam mais uma peça fundamental do complexo “puzzle” daquela que é a segunda doença neurodegenerativa mais frequente no mundo e com tendência para aumentar nas próximas décadas.

O estudo decorreu durante os últimos cinco anos no Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC-UC), e foi financiado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) em mais de meio milhão de euros.

A equipa, liderada por Sandra Morais Cardoso, docente da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), e por Nuno Empadinhas, investigador do CNC-UC, estudou, em ratinhos, os efeitos da ingestão crónica de BMAA, uma toxina produzida por cianobactérias e outros micróbios, e que se pode acumular, por exemplo, em alguns animais aquáticos como bivalves, mariscos e peixes.

Partindo de estudos anteriores, que apontam para a existência de vários “tipos” de doença de Parkinson, os cientistas da UC demonstram, pela primeira vez, que a ingestão crónica desta toxina microbiana ambiental elimina grupos muito específicos de bactérias que protegem a mucosa intestinal e que regulam a imunidade ao nível dessa barreira essencial. A partir daqui, inicia-se uma cadeia de eventos que se propaga até uma região específica do cérebro, danificando sobretudo as mitocôndrias, organelos que, entre outras funções, atuam como fábricas de energia das células.

«Caracterizámos os efeitos desta toxina, desde a erosão seletiva do microbioma intestinal à alteração da imunidade no íleo (região específica do intestino), até à degeneração específica dos neurónios que produzem dopamina no cérebro.

Curiosamente, a alteração da barreira e imunidade intestinal levou a que o marcador cerebral clássico da doença surgisse primeiro no intestino», explica Sandra Morais Cardoso, clarificando ainda que «a propagação é lenta e progressiva e pode ocorrer através do sangue ou do nervo vago (que liga o intestino ao cérebro), até chegar à região do cérebro associada à doença de Parkinson, onde afeta as mitocôndrias desses neurónios, que acabam por morrer». 

Considerando que o diagnóstico clínico da doença de Parkinson só ocorre quando surgem os primeiros sintomas motores (tremores, rigidez muscular e movimentos lentos), este estudo indica que a doença pode, em alguns casos, ter surgido no intestino muitos anos antes.

Sandra Morais Cardoso e Nuno Empadinhas explicam que decidiram testar esta hipótese, pois «muitos doentes apresentam sintomas intestinais vários anos antes do diagnóstico clínico e também porque parece existir uma associação direta entre tóxicos ambientais e o aparecimento desta doença descrita há cerca de 200 anos, mas cuja origem é ainda desconhecida». Os resultados do estudo agora publicado «não representam uma cura, mas reforçam a possibilidade de haver casos de Parkinson que surgem primeiro no intestino. Por outro lado, confirmam que um metabolito produzido por certas bactérias pode, inadvertidamente, desencadear processos neurodegenerativos específicos desta doença».

Esta investigação, referem, «confirma que existe uma comunicação direta entre bactérias e mitocôndrias, ou seja, apesar de esta toxina ser produzida por algumas bactérias e atacar outras que, neste caso, são sentinelas da imunidade na mucosa intestinal, também ataca mitocôndrias do intestino e do cérebro». E concluem, «a toxina tem, portanto, ação antibiótica e terá tido origem nas guerras entre bactérias durante os muitos milhões de anos de evolução, mas que ao contrário dos antibióticos que usamos para combater bactérias que nos causam infeções, tem um efeito nocivo colateral duplo: ataca bactérias benéficas e mitocôndrias».

Por outro lado, observa Nuno Empadinhas, este estudo alerta para um potencial perigo de ingestão crónica de BMAA em dietas ricas em alimentos de origem aquática, nos quais os níveis da toxina são desconhecidos. Refere que «a bioacumulação de BMAA deve ser uma preocupação» e defende que, «em prol da segurança alimentar e saúde pública, esta toxina específica, que muito raramente produz sintomas de intoxicação aguda, deve ser incluída em programas de monitorização, pois confirma-se que, quando consumida de forma crónica, pode danificar o microbioma e barreira intestinais, desencadeando doença».

Questionados sobre se, e como, é possível bloquear o circuito agora demonstrado, impedindo assim que a doença se propague para o cérebro, Sandra Morais Cardoso e Nuno Empadinhas admitem que sim, mas que será «um desafio multidisciplinar que, para além da identificação dos alvos moleculares da toxina e de estratégias para a inativar, passa por restabelecer e manter a comunidade de bactérias protetoras, com o intuito de fortalecer e preservar a barreira intestinal». Fica a nota de que, finalizam, «se esta estratégia puder ser acionada nas fases iniciais da doença (antes das alterações motoras), poder-se-á impedir a sua progressão». Universidade de Coimbra - Portugal

 

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

CPLP - Interesse do Brasil no Acordo de Mobilidade “é um estímulo” para outros Estados-membros

O embaixador de Cabo Verde em Lisboa defendeu nesta segunda-feira que o interesse manifestado pelo Brasil no Acordo de Mobilidade da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é “um estímulo adicional” à vinculação de outros Estados-membros.

“Eu creio que a circunstância de termos um país com a importância que tem o Brasil, por onde está situado, pela visibilidade que tem, é um estímulo adicional e também um sinal para todos os outros Estados-membros” da importância do acordo, afirmou Eurico Monteiro em entrevista à Lusa, quatro meses após a aprovação da proposta, que foi a grande bandeira da presidência cabo-verdiana, na XIII cimeira de chefes de Estado e de Governo da CPLP, em julho, em Luanda.

O Acordo de Mobilidade na CPLP já foi ratificado por Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Portugal e Moçambique – sendo que a ratificação por três países é a condição exigível para a sua entrada em vigor na ordem jurídica internacional.

Para o diplomata, que liderou as negociações do acordo em Lisboa, como representante da então presidência cabo-verdiana da organização, que antecedeu a atual, de Angola, o interesse do Brasil demonstra que “de um extremo ao outro há, de facto, uma vontade política muito grande e que [o acordo] não é um problema de pequenos Estados, não é apenas um interesse dos pequenos Estados, não é do interesse de Portugal, é um interesse de todos”.

O evento que o Brasil realizou no dia 11 deste mês, em Lisboa, a Jornada Agostinho da Silva – 25 anos de CPLP, uma iniciativa da Câmara de Deputados e do Senado brasileiro, é mais uma demonstração desse interesse, que deve “alargar a leitura que, eventualmente se pode estar a fazer, do Acordo de Mobilidade e sobre a sua substância” considerou.

No encontro, líderes do Senado e da Câmara dos Deputados defenderam o interesse do acordo e apelaram à ratificação do mesmo.

Porém, o diplomata cabo-verdiano também admitiu que, nos últimos tempos, houve também um interesse crescente do Brasil pela CPLP em geral, organização da qual é Estado-membro desde a sua criação.

A pandemia e o facto de a CPLP contar hoje com mais de 30 países observadores associados são dois fatores que Eurico Monteiro considerou poderem ter influenciado esse maior envolvimento do Brasil na comunidade.

“Hoje quando se chega à conclusão que pode estar numa plataforma política, como é o nosso caso, que tem não só nove Estados-membros, mas onde estão 40 Estados [contando com os países observadores associados], tem a noção que o seu discurso ganha uma outra dimensão. É mais ouvido, também está mais bem informado, tem maior capacidade de influência política dos outros Estados. Isto é também coisa boa”, realçou.

Por outro lado, a pandemia mostrou a importância da mobilidade, quando forçou a que ela não existisse. “Percebemos a importância da mobilidade na saúde, na educação, nos negócios e na cultura”, frisou.

Além disso, “veio dar maior importância à cooperação técnica” e houve, no isolamento, uma maior aproximação, através das diversas reuniões em várias plataformas, que “reforçou a coesão do grupo”, salientou.

No início de julho, o atual ministro das Relações Exteriores do Brasil, Carlos França, visitou oficialmente Portugal, e a sede da CPLP, em Lisboa, e, numa entrevista à Lusa, afirmou que o Brasil queria reforçar o seu papel na organização, assegurando que o pagamento das suas contribuições em atraso seria prioritário para o país, nos próximos dois anos. In “Mundo Lusíada” – Brasil com “Lusa”

 

Timor-Leste – Conselho dos Combatentes da Libertação Nacional pede a Governo que coopere com a Indonésia para encontrar restos mortais dos líderes timorenses


Díli – O Presidente do Conselho dos Combatentes da Libertação Nacional (CCLN), Vidal de Jesus ‘Riak Leman’, pediu ao Governo que continuasse a cooperar com o Governo da Indonésia para que apurem o paradeiro dos restos mortais de Nicolau Lobato, David Alex ‘Daitula’, Mau Hudo, entre outros.

O presidente referiu ainda que o CCLN e o Governo timorense têm a mesma preocupação em procurarem os restos mortais dos líderes timorenses.

“Procurar os restos mortais dos líderes nacionais é da competência do nosso Governo. Sabemos que os nossos governantes continuam em cooperação [com a Indonésia] e realizaram encontros com os generais indonésios para discutirem esta questão”, disse à Tatoli, em Caicoli, Díli.

O presidente recomendou ainda ao Governo timorense que continue a procurar o corpo dos líderes nacionais. “Se o Governo da Indonésia guarda os corpos de Nicolau Lobato, Daitula, Mau Hudo, espero que um dia os entregue ao Estado timorense”, realçou.

Já Alarico ‘Daitula’, filho de ‘Daitula’, se mostra insatisfeito com o facto de ainda não terem sido encontrados os restos mortais do pai e de os governantes não ouvirem os seus pedidos.

“Mesmo assim, sinto-me satisfeito com a vitória de Timor-Leste, mesmo com a morte do meu pai e de outros timorenses durante a guerra”, referiu.

Alarico Daitula agradeceu ao pai por ter conseguido salvar o povo da ocupação indonésia.

O filho pediu ainda ao Governo que continuasse a procurar os restos mortais do seu pai e de outros combatentes. Domingos Freitas – Timor-Leste in “Tatoli”


 

Portugal - Universidade de Coimbra realiza ensaio clínico pioneiro com dispositivo médico para treinar o cérebro de crianças em casa

Uma equipa multidisciplinar de cientistas da Universidade de Coimbra (UC) vai realizar o primeiro ensaio clínico em Portugal com um tratamento inovador para crianças e adolescentes que sofrem de Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) ou Perturbação do Espectro do Autismo (PEA), a ser realizado em casa.


Esta nova abordagem de tratamento foi desenvolvida no âmbito do projeto europeu STIPED, que envolve a colaboração científica entre 10 universidades, clínicas e empresas de toda a Europa, incluindo a UC, e baseia-se em métodos de estimulação cerebral inovadores, eficazes,  seguros e fáceis de realizar, «através da estimulação transcraniana por corrente contínua (em inglês, tDCS), uma técnica não invasiva que fornece ao cérebro correntes diretas de baixa amplitude em regiões do cérebro que se pensa estarem comprometidas naquelas perturbações», explica Miguel Castelo-Branco, coordenador da equipa portuguesa e professor na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC).

Com um financiamento global de seis milhões de euros, verba atribuída pelo programa de investigação e inovação Horizonte 2020 da União Europeia, o projeto teve uma primeira fase de investigação em ambientes clínicos e académicos e foi recentemente aprovado pelas entidades reguladoras em vários países europeus para ser testado como dispositivo médico em casa.

Em Portugal, antes de iniciar este primeiro ensaio a partir de casa, a equipa de Miguel Castelo-Branco realizou vários estudos e três ensaios clínicos em laboratório, no Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional (CIBIT) do ICNAS, e em ambiente hospitalar, envolvendo cerca de uma centena de crianças e adolescentes saudáveis e com PHDA e PEA.

Após a conclusão do primeiro teste clínico com o novo dispositivo biomédico, os cientistas da UC pretendem realizar novos ensaios, estando, por isso, recetivos ao contacto de famílias e potenciais voluntários. Os interessados em participar no projeto STIPED podem inscrever-se através da página: https://voluntarios.cibit.uc.pt/stiped/.

O projeto STIPED, que junta médicos, psicólogos, matemáticos, engenheiros e especialistas em bioética, tem como grande objetivo encontrar alternativas para substituir «as opções terapêuticas tradicionais, baseadas em medicação, que no caso do autismo são meramente sintomáticas e com efeitos secundários frequentemente severos», salienta Miguel Castelo-Branco.

Trata-se de um conceito completamente novo de terapia para perturbações neuropsiquiátricas crónicas em pediatria, que aposta no «tratamento personalizado, no uso de um dispositivo biomédico de tratamento domiciliário (uma touca de elétrodos) e num serviço de telemedicina que permite o controlo remoto da segurança, das configurações de estimulação e a monitorização contínua dos sintomas clínicos», enfatiza o consórcio do projeto.

Mais informação sobre o projeto está disponível em: https://www.stiped.eu/ e um vídeo explicativo aqui apresentado. Universidade de Coimbra - Portugal


Brasil - ESG no setor portuário

São Paulo – O que parecia ser apenas um esforço de retórica condenado a se limitar a conferências ou cursos dirigidos a executivos, agora, assume ares de política de governo para o setor portuário com a decisão da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) de assumir as práticas compreendidas no conceito ESG. E o que significa ESG? Trata-se da sigla em inglês para Environmental, Social e Corporate Governance que engloba boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa. 

Hoje, ser reconhecido por cuidar do meio ambiente, promover sustentabilidade e adotar conduta ética tornou-se padrão a ser seguido no mundo corporativo e público. O tema engloba políticas de diversidade para o ambiente de trabalho e projetos para reduzir a desigualdade social. Essa preocupação tornou-se ainda mais premente depois da situação de conflagração em que o planeta passou a viver com a pandemia de coronavírus, a ponto de muitos investidores terem aumentado sobremaneira seus investimentos nas chamadas empresas ESG, que se preocupam com questões ligadas à responsabilidade social. Segundo especialistas, até 2025, os projetos que priorizam esses conceitos deverão atingir um terço do mercado internacional.

Esse tema tem completa sinergia com o setor portuário, que, por sua natureza, está ligado diretamente ao meio ambiente, além de absorver grande número de trabalhadores. Nesse sentido, a Antaq vem se destacando pela série de fiscalizações que tem realizado em Santos e em outros portos, por meio das operações denominadas Descarte e Relíqua, com o objetivo de vistoriar a movimentação de produtos perigosos. A Antaq tem ainda executado ações voltadas à coibição do uso de água de lastro dos navios, que poluem mares e rios. São operações que envolvem Polícia Federal, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), Receita Federal, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), companhias docas, Capitania dos Portos, Corpo de Bombeiros e Exército Brasileiro.

De se destacar também é o estudo que a Antaq tem desenvolvido para identificar os impactos causados pelas mudanças climáticas nos portos brasileiros. Esse estudo vai ajudar a identificar as necessidades de prevenção e mitigação dos principais riscos a que os portos estão sujeitos com as mudanças climáticas.

A esse estudo deve-se agregar as atividades de educação ambiental que aquela agência faz na região amazônica, procurando envolver prefeituras, empresários e comunidades ribeirinhas na coleta seletiva em embarcações que navegam naqueles rios. Essa postura é especialmente importante para que seja revertida a imagem desfavorável que o País tem passado para a comunidade internacional, hoje muito ligada a queimadas e desmatamentos ilegais e ocupação irregular de terra.

Deve-se levar em conta ainda que o conceito ESG não constitui apenas uma questão ideológica, mas de sobrevivência para as empresas de um modo geral. Afinal, as grandes corporações e os fundos de investimentos mundiais já deixaram uma mensagem explícita de que não querem associar seus recursos a empresas que não tenham comprometimento com regras de inclusão social, causas ambientais e de respeito à ética e às boas regras comportamentais.

Portanto, o conceito ESG hoje pode ser usado para dizer quanto um negócio vale quando busca formas de minimizar seus impactos no meio ambiente, procura construir um mundo mais justo e responsável para as pessoas em seu entorno e trata de manter os melhores processos administrativos. Em outras palavras: no setor portuário, tornam-se cada vez mais fundamentais ações que levem em conta as noções de sustentabilidade, procurando suprir as necessidades dos seres humanos, sem comprometer o futuro das próximas gerações. Liana Martinelli 

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Liana Lourenço Martinelli, advogada, pós-graduada em Gestão de Negócios e Comércio Internacional, é gerente de Relações Institucionais do Grupo Fiorde, constituído pelas empresas Fiorde Logística Internacional, FTA Transportes e Armazéns Gerais e Barter Comércio Internacional. E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br

 


domingo, 28 de novembro de 2021

Canadá - Luso Canadian Charitable Society lança leilão de Natal para angariar fundos para manter programas de apoio

A Luso Canadian Charitable Society lançou segunda-feira (22) um leilão de Natal que pretende angariar fundos para ajudar a organização a apoiar pessoas com deficiências. Até 10 de dezembro as pessoas podem leiloar “artigos divertidos e únicos” e as receitas revertem a favor dos programas que o Luso disponibiliza a estes utentes


Para participar neste leilão não precisa de sair de casa porque está tudo à distância de um clique. Basta visitar a página do Luso e estes são alguns dos artigos disponíveis: pacote para assistir a jogos dos Raptors no valor de $14500; uma viagem a Portugal para duas pessoas com golfe incluído no valor de $9000 e bilhetes para duas pessoas visitarem as atrações de Niagara Parks no valor de $300.

Na quarta-feira (24) estavam disponíveis na página cerca de 73 artigos de todos os valores. Bacalhau, azeite e camisas do Benfica eram alguns dos produtos com um menor valor de licitação. A organização recomenda que visite a página várias vezes durante as próximas semanas porque vão ser adicionados novos artigos com frequência.

Com a pandemia as organizações sem fins lucrativos têm vivido dias difíceis e todas as ajudas são bem-vindas. Se quer surpreender os seus familiares e amigos nesta quadra festiva esta pode ser a oportunidade certa. “Este ano, mais do que nunca, as famílias do Luso precisam do nosso apoio e agradecemos-lhe por ajudar aqueles que mais precisam”, diz o Luso num comunicado de imprensa enviado à nossa redação.

Para quem estiver interessado em doar artigos para o leilão basta contactar o Luso através do 905-858-8197 ou do e-mail info@lusoccs.org. O leilão termina a 10 de dezembro às 21H. O Luso tem localizações em Toronto, na região de Peel e em Hamilton. Joana Leal – Canadá in “Milénio Stadium”


Portugal - Equipa da Universidade de Coimbra vence a grande final europeia do EIT Health Innovation Days 2021

MyCare, uma plataforma de estudantes para promover a melhoria da saúde mental na fase de prevenção e tratamento, proposta por uma equipa da Universidade de Coimbra (UC), acaba de vencer o 1º prémio na competição internacional EIT Health Innovation Days.

A sessão final da competição teve lugar este sábado, 27 de novembro, onde foram apresentados os 10 melhores projetos selecionados de entre os vencedores das 26 fases regionais que decorreram em outubro e novembro em outras tantas localidades europeias. Os finalistas, em 4 minutos, apresentaram o problema, a solução e o conceito de negócio na forma de apresentação oral (“pitch”) e responderam a questões colocadas pelo júri da fase final.

Avaliados todos os projetos, a solução MyCare foi a grande vencedora. Esta plataforma de estudantes pretende promover a melhoria da saúde mental na fase de prevenção e tratamento, promovendo a literacia e combatendo o isolamento através de uma solução integrada de promoção de atividades sociais e acesso facilitado a apoio especializado e a serviços de tratamento na área da saúde mental.

A equipa é constituída por Milena Alves (estudante de licenciatura da Faculdade de Economia da UC), Kevin Leandro (estudante de doutoramento da Faculdade de Farmácia da UC e a desenvolver trabalho de investigação no CNC), Jefferson Silva de Lima (estudante de doutoramento da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC e a desenvolver trabalho de investigação no CISUC) e Susana Paixão (investigadora doutorada do Centro de investigação CEGOT, da Faculdade de Letras da UC, e docente no Instituto Politécnico de Coimbra – IPC).

Além do apoio no desenvolvimento do projeto e o prémio de 500 euros que já tinha ganho anteriormente, na fase regional – Coimbra Innovation Days –, a equipa vai receber apoio e mentoria de especialistas do EIT Health, por forma a desenvolver o conceito de negócio, e terá a oportunidade de se deslocar à EIT Health Summit, que decorrerá em maio de 2022, em Estocolmo (Suécia).

«É um orgulho para nós sabermos que uma equipa multidisciplinar da UC conseguiu, pela primeira vez, ganhar este prémio europeu numa área tão relevante. Numa altura em que se iniciaram as comemorações do centenário do nosso grande escritor José Saramago, recordo-me de uma das pequenas frases do Livro dos Conselhos que apareciam na contracapa dos seus livros: “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.”. A equipa de Coimbra analisou com atenção a realidade que nos rodeia, no que diz respeito à saúde mental, e reparou numa área específica que carecia de melhoria e na qual acharam que poderiam acrescentar valor», afirma Cláudia Cavadas, Vice-Reitora da UC para a investigação e doutoramentos.

«Aprofundaram o seu conhecimento sobre este problema, auscultando no terreno as partes interessadas, e propuseram uma solução que achamos bastante inovadora e original. É também muito importante saber que um júri europeu tenha reconhecido o mérito desta equipa e deste projeto, dando-lhes agora a oportunidade de crescer e amadurecer o conceito. O sucesso da equipa é naturalmente devido ao seu empenho e dedicação, mas também à qualidade da sua formação, à equipa de apoio desta iniciativa e ainda ao ambiente de partilha, multidisciplinaridade, investigação e inovação que a UC tem promovido junto de toda a sua academia», acrescenta a Vice-Reitora da UC.

Innovation Days

O Innovation days é uma iniciativa desenvolvida na Universidade de Coimbra no âmbito do programa europeu EIT Health e que este ano contou com a colaboração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, a Direção-Geral da Saúde e a Câmara Municipal de Coimbra.

Os participantes frequentaram, numa fase preliminar, o evento Coimbra Innovation Days onde receberam formação na área do design thinking e comunicação, procurando encontrar soluções, em trabalho de equipa, a desafios reais, que este ano se focaram na área da saúde mental. A equipa vencedora, premiada com 500 euros, juntamente coma as equipas vencedoras das demais 26 localidades onde decorreu a iniciativa, teve a possibilidade de competir na final do evento internacional Innovation Days.

Além de possibilitar aos estudantes e investigadores a passagem da teoria à prática, contactando com problemas reais da área da saúde e experimentando a metodologia de design thinking, a iniciativa permite-lhes o contacto com colegas internacionais (aderindo à EIT Health Alumni Network) e o desenvolvimento de competências fundamentais para a sua carreira futura. Universidade de Coimbra - Portugal

 

Que é Feito da Mariquinhas?


 








Vamos aprender português, cantando

 

Que é Feito da Mariquinhas?

 

Que é feito da Mariquinhas?

Há muito que ninguém a vê passar

foi nas suas tamanquinhas

a casa já está pronta pr’alugar

quem é que se lembrou de a pôr a andar?

Não se riam as vizinhas

que dizem que foi desta p'ra pior

só não sabem, coitadinhas

quem ri por último é quem ri melhor

 

Vendeu o espelho e a colcha com barra

ao preço dumas uvas miudinhas

mas se ela deixou lá uma guitarra

um dia há-de voltar a Mariquinhas

 

Que é feito da Mariquinhas?

Ninguém sabe onde páram as amigas

correram as capelinhas

não há sinal daquelas raparigas

e vai um bairro inteiro p'rás urtigas

e a saga continua

ainda vai no adro a procissão

quem lá vai não se habitua

a falta que ela faz não tem perdão

 

Rifou as bambinelas mais a jarra

os móveis e as cortinas às pintinhas

mas se ela deixou lá uma guitarra

um dia há-de voltar a Mariquinhas

 

A rua cada vez está mais bizarra

custam couro e cabelo umas ginjinhas

o Fado que gostava de algazarra

perdeu a Rosa, o Chico e a Mariquinhas

 

Lisboa já não é como a cigarra

espantaram os boémios alfacinhas

mas se deixaste lá uma guitarra

adeus, até à volta, Mariquinhas

 

Marco Oliveira – Portugal


Composição:

(Letra) Marco Oliveira e Ana Sofia Paiva – Portugal

(Música) Marco Oliveira – Portugal



"Contar histórias sobre a Mariquinhas é uma tradição no fado.

Escrevemos esta letra no pico da especulação imobiliária, em que as pessoas foram

despejadas dos bairros antigos para as suas casas serem transformadas em albergues

de alojamento temporário completamente descaracterizados.

As tradições passaram a ser um negócio e claro, correram com as Mariquinhas do século XXI.

Mas eu acho que isto não fica assim e a canção diz isso mesmo."


sábado, 27 de novembro de 2021

São Tomé e Príncipe - Universidade pública vai lecionar curso de Agronomia

São Tomé – A formação superior em Engenharia Agronómica vai ser administrada na universidade pública de São e Príncipe, – anunciou a ministra da Educação e Ensino Superior, Julieta Rodrigues, no âmbito de um acordo institucional assinado com o Ministério da Agricultura.

O curso perspectivado há vários anos, a luz deste acordo, vai ser ministrado nas instalações do Centro de Aperfeiçoamento Técnico Agro-Pecuário (CATAP), que será convertida num polo orgânico da Universidade de São Tomé e Príncipe.

Na cerimónia que ocorreu no gabinete do ministro da Agricultura, o acordo foi rubricado pelos ministros da Agricultura, Pesca e Desenvolvimento Rural, Francisco Ramos e Julieta Rodrigues, ministra da Educação e Ensino Superior.

Falando na ocasião, a titular da pasta da Educação afirmou que justifica-se a viabilização do curso à luz da procura dos jovens são-tomenses, uma vez que a pandemia do Covid-19 veio reconfigurar as necessidades internas, as quais acresce do facto do actual Governo ter elegido a agricultura como um dos eixos para o desenvolvimento de São Tomé e Príncipe.

Além de ciência agronómica, este protocolo institucional, abre, igualmente, caminho para a Universidade Pública ministrar outros cursos no ramo da agricultura, assim como das pescas e da economia azul.

Por sua vez, o ministro da Agricultura ao saudar a iniciativa, disse que este protocolo viabiliza perspectivas de uma coabitação entre o centro de competências da agricultura familiar e sustentada da CPLP, ali instalado, e a faculdade de ciências agrárias revertendo no desenvolvimento de São Tomé e Príncipe assim como de um mundo mais forte na competência agroalimentar para a CPLP. Manuel Dênde – São Tomé e Príncipe in “STP-Press”

 

França - Ministro da Educação promete apoio à língua portuguesa

O ministro francês da Educação, Jean-Michel Blanquer, visitou o espaço dedicado a Portugal no salão “Partir Etudier a l’Étranger”, qualificando a língua portuguesa como “magnífica” e prometendo apoiar o seu desenvolvimento em França

“A língua portuguesa é uma língua muito importante em todo o mundo […] É importante também em França, não só porque há muito franceses de origem portuguesa, mas também porque temos muitas relações com Portugal e é uma língua magnífica, com uma literatura muito bonita, portanto apoiamos muito o desenvolvimento da língua portuguesa”, disse o ministro em declarações à Agência Lusa.

O governante francês inaugurou o salão “Partir Etudier a l’Étranger”, onde vários países tentam atrair os alunos franceses para estudarem nas suas universidades. Portugal é o convidado de honra deste salão, tendo trazido nove politécnicos (Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Leiria, Portalegre, Porto, Setúbal, Viana do Castelo e Viseu) e sete universidades (Aveiro Évora, Minho, Porto, Trás-os-Montes e Alto Douro, Universidade Europeia e Universidade Católica) até à capital francesa.

Para o ministro, a aprendizagem de línguas estrangeiras em França tem sido uma preocupação constante, sendo apontado como um calcanhar de Aquiles aos estudantes e à mão de obra francesa.

O governante prometeu constituir até ao final do ano o Conselho Superior das Línguas em França que terá como missão melhorar a aprendizagem de línguas em França e o português será uma das línguas visadas.

“Temos um plano a longo prazo para constituir um Conselho Superior das Línguas e estamos atentos ao desenvolvimento de certas línguas em França e a língua portuguesa faz parte desses esforços”, garantiu hoje o ministro.

De forma a chamar a atenção do governante para a importância da língua portuguesa, a secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes, que também marcou presença neste salão, ofereceu-lhe o “Nouvel Atlas de La Langue Portugaise”, das edições Imprensa Nacional Casa da Moeda.

“É para que perceba que a língua portuguesa não é uma língua rara, mas é uma das línguas mais faladas no mundo, por isso, uma língua de oportunidades”, disse a governante portuguesa.

Em 2019, uma reforma introduzida pelo Governo francês fez com que a língua portuguesa tivesse menor preponderância na nota final dos alunos do ensino secundário, criando assim o receio de um potencial decréscimo de alunos interessados em aprendê-la.

Como resposta, Portugal mobilizou-se, juntando o apoio dos restantes embaixadores de países lusófonos acreditados em Paris e o tema foi mesmo assunto do jantar entre o primeiro-ministro português, António Costa, e o Presidente francês, Emmanuel Macron, aquando da visita do chefe de Governo português a Paris, em maio de 2019.

Esta mobilização levou o Governo francês a recuar nessa decisão e a introduzir projetos-piloto em diferentes territórios onde há maior densidade de falantes de português como a Guiana francesa ou em Île-de-France, onde está a maior comunidade de emigrantes portugueses, fazendo com que a língua contasse para a média final. In “Bom dia Europa” – Luxemburgo com “Lusa”


Macau - A minúcia das aguarelas de Bernardino de Senna Fernandes

A obra de Bernardino de Senna Fernandes, artista macaense que deixou várias peças de pintura e desenho, vai estar em exposição na galeria do projecto Hold On To Hope, da Associação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau (ARTM). A exposição é inaugurada no dia 4 de Dezembro


Dia 4 de Dezembro, pelas 15h30, é inaugurada a exposição de pinturas de Bernardino de Senna Fernandes, na galeria do projecto Hold On To Hope, da Associação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau (ARTM), na Antiga Leprosaria de Ká-Hó.

Bernardino de Senna Fernandes foi um artista macaense, que, além de ser ‘designer’ de profissão, dedicou-se à pintura e ao desenho e deixou várias obras de teor paisagístico, nomeadamente de Macau e Lisboa, onde fez várias exposições.

Falecido aos 91 anos de idade, Bernardino de Senna Fernandes deixou várias das suas obras em colecções particulares, inclusivamente uma pequena colecção de 27 pinturas a aguarelas e a óleo que vão estar expostas nesta exposição na ARTM. A Galeria do projecto Hold On To Hope, em conjunto com Jorge de Senna Fernandes, filho do artista, são os organizadores deste evento que espera difundir os trabalhos do artista.

“Decidimos fazer isto agora porque já há tempos que os meus amigos e conhecidos me tinham falado nisso, nomeadamente o pessoal da galeria da ARTM”, começou por explicar Jorge de Senna Fernandes, acrescentando: “Eles disponibilizaram o espaço para fazermos a exposição. E como o meu irmão tinha cá uma série de quadros, de obras do meu pai, eu resolvi fazer agora a exposição”.

Esta não é a primeira exposição de Bernardino de Senna Fernandes, sendo que a primeira aconteceu em 1982, organizada pela associação dos antigos alunos do liceu. “Já desde essa altura que havia uma série de pessoas que tinham comprado quadros, inclusive de Macau e que fizeram uma certa pressão para fazermos agora outra exposição sobre as obras do meu pai, e como consegui reunir as condições, decidi ir em frente”, sublinhou.

Relativamente aos trabalhos expostos, são 27 obras, algumas das quais já foram expostas no passado, porém outras vêem a luz do dia pela primeira vez, depois de terem estado anos guardadas. “São todas obras de pintura. Umas são aguarelas, umas a óleo e outras a Ecoline, que é um tipo de tinta concentrada”, assinalou.

A temática das pinturas, aponta, é Macau e Lisboa. “O meu pai, depois de fazer um registo daquilo que queria pintar, chegava depois a casa e concluía o trabalho. Ele ia à rua com o seu bloco, fazia os seus apontamentos ou tirava fotografias. Engraçado porque hoje em dia usa-se mais as fotografias e já não se vê pessoas por aí a desenhar”, comentou.

As obras, que vão estar todas à venda, já têm vários interessados, estando algumas já reservadas: “Temos potenciais compradores, porque isto aqui é uma coisa quase particular, porque todas aquelas pessoas com quem eu me dou algumas querem ficar com os quadros, já andaram a planear o que querem. Conheço muitas pessoas que já há anos que compram muitos quadros ao meu pai”.

Quanto à sua obra preferida, Jorge de Senna Fernandes, responde que não consegue escolher. “Aquilo é tudo muito pessoal. Eu acho que ele tem quadros muito giros. Ele tem uma forma de pintar muito diferente daquelas muito exactas. Da maneira como trabalha, as pessoas reconhecem o sítio onde é, mas não é tipo fotografia, ele dá sempre o seu toque pessoal, mas consegue identificar-se a situação, onde é que aquilo se está a passar, é muito pessoal”, descreveu. Jorge de Senna Fernandes recorda o quão minucioso o seu pai era nos seus trabalhos e na sua vida em geral. “Todas as pessoas diziam isso”, concluiu. A exposição vai estar patente na galeria da ARTM até dia 11 de Janeiro e é de entrada livre. Joana Chantre – Macau in “Ponto Final”


Cabo Verde - Dino d’Santiago edita álbum que é uma homenagem aos ‘badiu’ de Santiago


Lisboa – No novo álbum, Dino d’Santiago enaltece, mais do que nunca, o ‘batuku’ e o funaná, sons de Cabo Verde “que resistiram à opressão”, tal como os ‘badius’, símbolo de resistência e resiliência, que homenageia com o trabalho hoje editado.

“O ‘Badiu’ é uma homenagem a essas pessoas resistentes, que se apropriaram do nome [‘badiu’], a partir do final do século XX, como símbolo de resistência e de resiliência”, contou o músico em entrevista à agência Lusa.

Essas pessoas, explicou, são as que foram levadas dos territórios onde se situam hoje a Gâmbia e o Senegal e, posteriormente, da Guiné-Bissau para a ilha de Santiago, em Cabo Verde, escravizadas pelos portugueses.

“Eles ficam na Cidade Velha e, da Cidade Velha, após vários ataques piratas, conseguem fugir para o interior de Santiago e, nessa fuga, tornam-se os vadios, ‘badius’, com sotaque do Norte [de Portugal], que era a população portuguesa que habitava Cabo Verde na altura, que fazia parte da corte”, contou.

Os ‘badius’ foram quem “conseguiu manter a tradição dos ritmos que saíram directamente de África e não se aculturaram tanto como os que ficaram reféns e foram depois vendidos para outros países, outros mercados”.

‘Badiu’ era um termo depreciativo, mas acabou por se tornar “um símbolo de resistência”.

Outra coisa que mudou foi a maneira como eram vistos os ritmos do funaná e do ‘batuku’, que só com a independência de Cabo Verde, em Dezembro de 1974, “deixaram de ser considerados música do diabo e profana, usada para o adultério, por terem movimentos corporais femininos”.

“O irónico é que essas mulheres cantavam louvores a Deus, sonhos perdidos, saudade”, disse Dino D’Santiago sobre o funaná e ‘batuku’, que “foram sempre música dos camponeses”.

Estes dois ritmos cabo-verdianos têm estado presentes nos álbuns de Dino d’Santiago, mas, em “Badiu”, o músico decidiu enaltecê-los “ainda mais”, por serem “sons que resistiram à opressão, até hoje”.

O músico lembra que, antes dele, outros enalteceram estes ritmos, levando-os para vários lugares do mundo, como os Tubarões, os Bulimundo, os Ferro Gaita, Lura, Mayra Andrade, Orlando Pantera ou Tcheka.

“Eu já sou de uma fase de mistura, de nação crioula que junta o mais tradicional com o mais contemporâneo e global”, disse.

Dino d’Santiago sentiu “necessidade de contar essa história, qual a sua origem” e, para a fotografia de capa do álbum, escolheu algo que “também representa esta resistência e resiliência, o simples pano de terra”, que “tem uma história incrível”.

“É um pano 100% algodão que vinha com as pessoas escravizadas que vinham da Guiné, e tornou-se tão valioso em Cabo Verde que as famílias portuguesas consideradas poderosas eram as que o tinham”, contou o músico, recordando que o pano de terra “era usado como moeda de troca, para comprar pessoas escravizadas ou pagar multas ao tribunal”.

Com o passar dos anos, este pedaço de tecido “foi entrando na cultura cabo-verdiana, amarrado à cintura na prática do batuku, ou usado em cerimónias como casamentos, baptismos e velórios”.

Segundo Dino d’Santiago, o processo de produção de um pano de terra “é demorado” e este “só é feito por encomenda, não há produção em série”.

Já o processo de criação de “Badiu” aconteceu durante quatro semanas numa casa na zona de Sintra, onde Dino d’Santiago juntou produtores, a família, músicos e técnicos, que iam “estando em sintonia com outros produtores noutros locais”.

Dessa residência artística surgiram 37 canções. “Dessas, escolhemos o sumo que honrava o badiu”, disse.

O “sumo” são 12 canções, nos quais Dino d’Santiago aborda temas como “o aquecimento global, as guerras, as fugas dos refugiados, as mortes dos mares”.

“Todas essas narrativas fizeram parte do disco, ao mesmo tempo que havia uma crença maior, o Lucas [filho do músico, que nasceu este ano], que simbolizava a esperança e a responsabilidade de ter que fazer de tudo para que ele cresça num mundo mais justo e mais unido”, afirmou.

Dino d’Santiago gosta de trabalhar “em comunhão”: “Acho que todos os discos devem nascer assim” e, em “Badiu”, além de produtores como Branko, Toty Sa’Med, Tristany, Sirscrach ou Valete, contou também com participações vocais de pessoas que admira e que olham para a vida da mesma forma que ele, e para a arte e a cultura “com o respeito que elas merecem ter”.

Em alguns temas juntou à sua voz as vozes de Slow J, “que tem feito um trabalho incrível no hip-hop português”, Lido Pimenta, “activista e artista plástica esplendida da Colômbia”, Rincon Sapiência, “que tem feito um trabalho incrível no Brasil de transportar as vozes negras para um lugar de fala e contar a nossa história, enraizá-la”, da avó, “antes de ela falecer”, e de Nayela, “uma feminista nata africana”.

Para Dino d’Santiago, a música só faz sentido se lhe “sair do âmago”, se “reflectir” o que vê e a forma como sente a vida.

“Quem me dera que não tivesse que ser tão activista”, disse, referindo que a música que cria “vai ser activista até não precisar de ser, e o sonho é não necessitar mais de ser”.

Quando se lhe pergunta se acha isso possível, responde que acredita “mesmo, profundamente” que sim.

“Consigo vislumbrar essa nação crioula e aculturada a sentir-se feliz por isso. Nos momentos em que estou a cantar vejo a mistura acontecer à minha volta, ninguém está a reparar na cor de pele do outro, é só alegria”, afirmou.

O músico sobe ao palco do Coliseu dos Recreios, em Lisboa, em Abril de 2022, mas, até lá, conta fazer “algo bonito” em Cabo Verde, de forma a “retribuir o amor” que tem recebido da terra onde nasceram os pais, “dois badius, do interior de Santiago”. In “Inforpress” – Cabo Verde com “Lusa”




Esquinas

 

Aqui toda a gente sente

Terra não é só lugar onde se nasceu

é também o chão que trazemos na mente

aqui toda gente é parente

mesmo quando se nasceu doutro ventre

chamamos mãe ao mesmo continente

es trazenu morna pa kici nôs dor

ken ki flau na strangeru ka importa nôs cor

si tudu fin di mês es ta danu korti

sô sakedu na kurva pa dispista morti nu bai!

 

Pé na strada nu manti sô si nôs eh forti

ka nu dexa nôs fidju pa sorti

bô eh luz ki ta mostran nha norti

ta limia kaminhu di nôti, más um skina pa nu dobra

 

Juro se eu não morro goat eu deixo gota pro meu nigga

porque eu não sou do bairro, eu sou da raça que os habita

quando eu canto fado soa a mais do que uma vida e eu não sei explicar

juro se eu não morro goat eu deixo gota pro meu nigga

se eu voltar pra minha terra eu sou da raça lusa vinda

do outro lado do mundo o tempo passa e multiplica, eu já não sei voltar

 

Meu povo vem da lama como Dalai

e fez todo o meu drama virar minha light

mundo é minha Alfama, tou no meu bairro

e por onde eu passar é minha esquina

meu povo vem da lama como Dalai

vai calar quem duvidou,

diz na terra onde eu nasci que o que eu fiz foi por amor!

 

Pé na strada nu manti sô si nôs eh forti

ka nu dexa nôs fidju pa sorti

bô eh luz ki ta mostran nha norti

ta limia kaminhu di nôti, más um skina pa nu dobra

 

Nas curvas do bairro nem todo tuga é luso

Nas curvas do bairro nem todas as quinas são vanglória

Nas curvas do bairro aceno ao corpo negro com quem cruzo

Nas curvas do bairro nossos corpos são também pátria

 

Pé na strada nu manti sô si nôs eh forti

ka nu dexa nôs fidju pa sorti

bô eh luz ki ta mostran nha norti

ta limia kaminhu di nôti, más um skina pa nu dobra

 

Dino d'Santiago e Slow J