Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 31 de março de 2022

Brasil - Restaurado Convento do Carmo, que foi residência de D. Maria I no Rio de Janeiro


Após quatro anos de obras que restauraram as antigas características arquitetônicas, o Convento do Carmo, no Centro do Rio de Janeiro (RJ), foi reinaugurado no último dia 24. A Procuradoria Geral do Estado (PGE) investiu R$ 30 milhões na recuperação do prédio, que foi residência de D. Maria I, rainha de Portugal, depois que a corte portuguesa mudou-se para o Brasil em 1808.

O local vai abrigar o Centro Cultural da Procuradoria, com biblioteca, salão de exposições e bistrô abertos ao público.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia federal vinculada à Secretaria Especial da Cultura e ao Ministério do Turismo, acompanhou de perto as intervenções. O imóvel foi tombado em 1964, com a inscrição no Livro do Tombo Histórico do Instituto.

Durante a cerimônia que marcou a conclusão das obras de restauro, PGE-RJ e Secretaria de Educação do estado assinaram um termo de cooperação para que alunos da rede estadual de ensino façam visitas guiadas ao bem cultural.

“Parabenizo a Procuradoria Geral do Estado pelo magnífico trabalho de recuperar e devolver à sociedade um dos mais emblemáticos ícones da nossa história. O Iphan participou de perto e é uma imensa satisfação ver realizada mais uma importante entrega”, celebra o superintendente do Iphan-RJ, Olav Schrader. “Aqui fica preservado para as futuras geraçōes o testemunho físico da época em que o Rio de Janeiro era capital de um Reino que se estendia pelos quatro cantos do mundo e na qual se criou os alicerces do Brasil independente. E, ao mesmo tempo, sua nova destinação enriquece a nossa cidade através de sua proposta cultural e educacional”, complementa.

“A PGE tem muito orgulho de ter recuperado esse patrimônio histórico e cultural da cidade. A conclusão da obra de reforma deste prédio, que viu o Rio de Janeiro nascer e foi residência da única mulher que assumiu o trono português, simboliza o renascimento do Centro da Cidade”, destacou o procurador-geral do Estado, Bruno Dubeux, referindo-se às atrações do Centro Cultural da PGE como mais uma opção de lazer cultural na cidade.


O restauro

Construído pelos frades carmelitas em 1620, o Convento do Carmo é um dos prédios mais antigos do Rio de Janeiro. Ao longo dos séculos a edificação em estilo colonial passou por transformações, como a construção de um terceiro andar e a retirada de uma ponte que conectava ao Paço Imperial, situado à frente.

O escopo da obra recém-inaugurada contemplou o restauro de esquadrias, pisos, forros e pinturas. Também foram incorporadas novas soluções de acessibilidade, bem como melhorias nas instalações prediais e intervenções visando o conforto ambiental e acústico. O resultado é um projeto contemporâneo que não perde de vista as características históricas do prédio.

No andar térreo, a obra resgatou a originalidade dos arcos que emolduram os dois grandes ambientes, onde serão instalados o bistrô e o salão de exposições. No primeiro andar, os aposentos que serviram à D. Maria I tiveram o piso completamente restaurado, com tábuas de pinho de riga trazidas em navios da Europa. Também foram recuperadas a cor das paredes e as pinturas que adornam o ambiente.

O restauro também revelou a estrutura das paredes internas do primeiro piso, com vigas de madeira entrelaçadas. O recurso evidencia a preocupação dos europeus com os abalos sísmicos que devastaram Lisboa em 1755. A obra também descortinou uma delicada pintura na parede que imita uma divisória em madeira. Trata-se da técnica artística conhecida como trompe l’oeil (em francês), que cria uma ilusão de ótica e transforma a figura em três dimensões. Há, ainda, paredes erguidas com pedras coladas com óleo de baleia.

As escavações feitas no prédio para a instalação de novos sistemas de água e esgoto desenterraram dezenas de achados arqueológicos utilizados no dia a dia pela família real portuguesa: louças francesas e inglesas, garrafas de vinho, talheres de prata, moedas, pentes, cachimbos e fragmentos de cerâmica. Esses utensílios da família real serão reunidos e organizados para uma exposição permanente no próprio convento, a ser inaugurada ainda este ano. In “Mundo Lusíada” - Brasil




 

China – Reforça presença em África nas áreas da defesa e segurança, defende analista

O militar e investigador Luís Bernardino afirmou que a China está a aumentar a sua presença na defesa e segurança em África, com “uma estratégia muito mais activa e dinâmica”, actuando a nível bilateral, mas também das organizações.

“Há uma combinação de factores que nos levam a considerar que há uma estratégia mais activa para a presença chinesa em África na área da segurança e da defesa”, disse Luís Bernardino na 2.ª sessão das Conferências de Primavera 2022, promovida pelo Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), evento dedicado à China, que decorre presencialmente e via ‘online’.

Esta estratégia que se desenvolve a nível bilateral e multilateral, ou seja, através de parcerias com os países, mas também “de uma maior intervenção ao nível das organizações, “nomeadamente dos Fóruns de Segurança da União Africana” e também da “presença em missões das Nações Unidas com maior visibilidade e maior impacto” nos países de África, na opinião do investigador do Centro de Estudos Internacionais (CEI) do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa já está a produzir os seus efeitos.

Deste modo, “é uma estratégia de baixo custo, baixo risco e alto rendimento, mas num quadro maior, com outras dinâmicas e outras dimensões, projetando aquilo que são os interesses chineses em África e como actor global”, reforçou.

Aposta no Djibuti

Luís Bernardino recordou que “em termos de segurança, a primeira base militar fora do espaço chinês com alguma relevância global foi [criada] no Djibuti”, mas hoje essa base “tem uma dinâmica crescente significativa e é a partir daí que se projecta o poder e influência [da China] para todo o resto do continente africano”.

Para o especialista em defesa, há um factor determinante para esta “mudança significativa”, é que os interesses económicos chineses, “essencialmente ligados à exploração dos minérios no continente africano”, cuja segurança era feita através dos países africanos onde estavam instalados “começou a correr mal, isto é, começaram a acontecer raptos e incidentes”.

“Começamos a ver uma presença maior militar chinesa, não só em termos da defesa dos interesses chineses, actuando muito à força de ‘companhias privadas’, porque são patrocinadas pela China, e inclusivamente grande parte dos militares que participam nestas empresas são das forças Armadas chinesas, que passaram à reserva, – porque [o país] tem reservas na ordem dos 10 a 12 milhões de militares – e que são destacados para estas operações, nomeadamente no continente africano”, acrescentou.

Através destas empresas de segurança, a China garante não só a segurança das suas explorações dos recursos no continente africano, mas também consegue “incrementar uma economia de Defesa”. In “Hoje Macau” - Macau

 

Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa - Com taxa de gravidezes indesejadas superior à mundial

Nova Iorque – A taxa de gravidezes indesejadas entre mulheres dos 15 aos 49 anos em países africanos lusófonos é superior à mundial, segundo um relatório hoje divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA).

No relatório “Vendo o Invisível: O caso de acção na crise negligenciada da gravidez não intencional”, hoje divulgado, o UNFPA apresentou dados em relação a gestações não planeadas, salientando que representam quase metade do total de gravidezes no mundo, totalizando 121 milhões por ano.

Enquanto a taxa mundial permanece em 64 gravidezes indesejadas por cada 1000, esse número é muito superior em países como Angola (120), Cabo Verde (102), Guiné-Bissau (99), Moçambique (88) e São Tomé e Príncipe (130).

Também no Brasil esse número é ligeiramente superior aos dados mundiais (67 gravidezes indesejadas por cada 1000 mulheres).

Entre os países lusófonos, a excepção é Portugal (21) e Timor-Leste (50), que ficaram abaixo da taxa mundial, neste relatório que compila dados de 2015 a 2019.

Tendência semelhante é encontrada no levantamento da taxa de natalidade por parte de mães adolescentes (15 a 19 anos), em que a média mundial ficou em 40 por cada 1000, mas que foi amplamente superada pelos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).

Angola atingiu uma taxa de 163 por cada 1000 adolescentes, Guiné-Bissau 84, 180 em Moçambique e 86 em São Tomé e Príncipe. Apenas Cabo Verde ficou abaixo da média mundial (12), segundo o relatório, que apresenta dados que vão desde 2004 até 2020.

Já o Brasil tem 49 gravidezes entre adolescentes por cada 1000 jovens, Timor-Leste 42 e Portugal sete.

Num âmbito mais global, o relatório alerta que mais de 60% das gestações indesejadas terminam em aborto, estimando-se que 45% destes actos sejam inseguros e causem 5% a 13% das mortes maternas. Os abortos inseguros provocaram a hospitalização de sete milhões de mulheres por ano, em todo o mundo.

Face ao casamento infantil aos 18 anos, a percentagem mundial fica em 26%, e em Angola sobe para os 30%, em Cabo Verde fica pelos 18%, 26% na Guiné-Bissau, 53% em Moçambique, 15% em Timor-Leste, 28% em São Tomé e Príncipe e 26% no Brasil, segundo dados de 2005 até 2020. O relatório não apresenta dados de Portugal nesse parâmetro.

Já a prevalência de métodos contraceptivos entre mulheres dos 15 aos 49 anos em países africanos lusófonos como Angola, Moçambique ou Guiné-Bissau, esta fica abaixo da percentagem mundial, segundo o UNFPA.

No relatório foi feita uma análise em relação ao uso de qualquer método contraceptivo por mulheres a nível mundial, em que a percentagem global ficou em 49% no corrente ano.

Contudo, essa percentagem em Angola ficou apenas em 16%, em Moçambique 27%, 33% em Guiné-Bissau, 38% em São Tomé e Príncipe e 44% em Cabo Verde.

Em Portugal (60%) e no Brasil (65%), a percentagem de prevalência de qualquer método contraceptivo entre mulheres dos 15 aos 49 anos ficou acima da média mundial.

Já Timor-Leste registou uma das menores percentagens face a países lusófonos (19%).

Os dados gerais têm, para a agência da ONU, “um grande impacto” na capacidade global para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável.

De acordo com os dados recolhidos, 257 milhões de mulheres que querem evitar uma gravidez não usam métodos contraceptivos modernos e seguros e quase um quarto não tem condições para recusar sexo. In “Inforpress” – Cabo Verde com “Lusa”

 

quarta-feira, 30 de março de 2022

Guiné-Bissau – Conselho de Ministros decidiu a nacionalização da empresa Armazéns do Povo detida maioritariamente por capitais portugueses

Bissau – O Presidente do Conselho de administração dos Armazéns do Povo SARL, Alfredo (Duca) Miranda, em declarações a Lusa, disse ser “estranha e ilegal”, a decisão do Governo guineense de nacionalizar esta empresa.

O Governo da Guiné-Bissau decidiu no último Conselho de Ministros, nacionalizar a empresa Armazéns do Povo, detida maioritariamente por capitais portugueses.

Os Armazéns do Povo, conglomerado de edifícios públicos, segundo Duca Miranda, foram vendidos pelo Estado guineense em 1992 e o grupo português Interfina comprou 55% das ações da empresa, a que se juntam mais participações de outros grupos lusos, perfazendo cerca de 96% de capitais portugueses.

O Estado guineense detém um total de cerca de 3% do capital da empresa, observou Miranda que não compreende a decisão do Governo do país em nacionalizar o grupo.

“Nós fomos surpreendidos pela aprovação de um decreto-lei, na última reunião do Conselho de Ministros, que teve lugar na quinta-feira passada, em que, efetivamente, pelo teor do decreto, o Estado decidiu nacionalizar a empresa Armazéns do Povo SARL”, afirmou Alfredo Miranda.

O presidente do conselho de administração precisou ainda que a empresa Armazéns do Povo investiu, nos últimos anos, mais de sete milhões de euros na modernização dos imóveis e ainda emprega, de forma direta, mais de 200 trabalhadores guineenses.

“A empresa Armazéns do Povo SARL é uma empresa de capitais portugueses, mais de 95% do capital é português”, observou Alfredo Miranda, para quem, talvez, seja pelo facto de a empresa se ter modernizado é que poderá suscitar “algum interesse de certas forças”.

O presidente da administração da Armazéns do Povo “não compreende” como é que se decide pela nacionalização de uma empresa privada “de capital maioritário estrangeiro”, e que representa cerca de 15% das exportações de Portugal para a Guiné-Bissau.

O grupo Armazéns do Povo, que se dedica ao comércio de produtos diversos de Portugal para a Guiné-Bissau, está, segundo Alfredo Miranda “em cumprimento de todas as normas” do país e até hoje não foi informado pelas autoridades da decisão da suposta nacionalização.

“O que a empresa pensa fazer é que se faça a justiça, que se cumpra a lei. Todos os documentos da empresa estão em dia, apresentamos o balanço regularmente”, afirmou Alfredo Miranda, realçando que a empresa faz reuniões regulares onde o Estado guineense pode participar como sócio que é.

Miranda notou ainda que o Estado guineense tem um representante permanente no conselho de administração da empresa Armazéns do Povo e que pode facultar todos os documentos, se for o caso, disse.

O presidente da administração também considerou estranho o facto de o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos “não cumprir com a lei” ao não pagar uma indemnização fixada pelo tribunal guineense e ainda mandar invadir as instalações da empresa.

Alfredo Miranda referia-se a um caso em que o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos foi condenado, “com a sentença transitada em julgada”, por ocupação ilegal das instalações da empresa.

“Estranhamente, a ministra da Justiça e dos Direitos Humanos rebentou os nossos cadeados e ocupou as nossas instalações. Pôs lá uma segurança privada. Isso foi na quinta-feira da semana anterior e nesta quinta-feira nós fomos surpreendidos com a decisão do Conselho de Ministros de nacionalizar a empresa”, sublinhou Alfredo Miranda.

Está no horizonte do grupo Armazéns do Povo, que abastece o mercado guineense, entre outros, com produtos de construção civil, eletrodomésticos, produtos alimentares, expandir-se para os países da sub-região africana onde a Guiné-Bissau está inserida, adiantou Miranda.

“E de repente surpreendem-nos com esta decisão que não sabemos como é que podemos posicionar sobre isto”, disse Alfredo Miranda notando, contudo, que a empresa poderá recorrer aos tribunais “se tiver de ser”.

O presidente da administração dos Armazéns do Povo considerou ser “muito mau” para a imagem do país o que se está a passar com a empresa.

Em declarações à RDP-África, o Embaixador de Portugal enalteceu o contributo da empresa Armazéns do Povo para o desenvolvimento económico da Guiné-Bissau através do emprego que proporciona sobretudo num importante sector da distribuição dos produtos.

José Rui Velez Caroço disse que o governo guineense decidiu nacionalizar a empresa Armazéns do Povo, numa altura em que tanto insistiram de que as relações luso guineenses conhecem o momento de melhoria da sua própria excelência em que se pretende, obviamente num salutar ambiente de negócios, continuar a investir.

O diplomata português, disse que, obviamente esse papel está a cargo dos empreendedores, dos investidores  e da iniciativa privada, os quais querem, como a título de exemplo dos Armazéns do Povo e de muitos outros que gostaram e estimularam e que possam investir no mercado da Guiné-Bissau. In “Agência de Notícias da Guiné” – Guiné-Bissau com “Lusa”

 

Projectos cabo-verdiano e português divulgam Travessia Aérea Atlântico Sul de há 100 anos


Lisboa – O projecto “Travessia 100”, de Cabo Verde, e o projecto “Lusitânia 100”, de Portugal, têm trabalhado de forma coordenada para a divulgação da Travessia Aérea do Atlântico Sul, que completa hoje, 30 de Março, 100 anos. 

Para celebrar o centenário da Travessia Aérea do Atlântico Sul, que se iniciou a 30 de Março de 1922, entre Portugal, passando por Cabo Verde, até o Brasil, o projecto de Cabo Verde, coordenado pelo jornalista, empreendedor e investigador sociocultural, Ildo Fortes, e de Portugal, coordenado pela Associação Lusitânia 100, prestou uma homenagem aos dois pilotos que efectuaram a travessia, hoje, no Monumento da Travessia em Belém, Lisboa. 

A viagem, efectuada há um século pelos oficiais da Marinha Portuguesa, o comandante Artur Sacadura Freire Cabral e o almirante Carlos Viegas Gago Coutinho, teve início a 30 de Março e terminou a 17 de Junho de 1922, no Rio de Janeiro (Brasil).

Em declarações à Inforpress, Ildo Fortes explicou que objectivos comuns dos dois projectos são a divulgação da travessia de 1922, dos seus intervenientes e dos “profundos impactos” sobre os respectivos países”.

O coordenador do projecto lembrou que em 2021 foram também organizadas, conjuntamente, cerimónias públicas evocativas do 99º aniversário da partida de Lisboa (30 de Março), e da chegada a Cabo Verde, 05 de Abril, em São Vicente, e 17 de Abril, em Santiago (Calheta de São Martinho), para, no dia e 18 de Abril, partirem para o Brasil, numa “etapa mais difícil”.

“No quadro da divulgação da travessia teremos ainda aulas abertas nas universidades, escolas secundárias e básicas para explicar aos mais jovens a importância desse acontecimento histórico para Cabo Verde”, contou Ildo Fortes.

A mesma fonte indicou que deve começar no dia 05 de Abril um programa semanal, na Rádio de Cabo Verde (RCV), fruto de parceria com a empresa RTC para a divulgação da parceria. 

Por ter sido a primeira ligação aérea entre a Europa e a América do Sul, tendo os aviadores passado por Cabo Verde, Canárias (Espanha) e Brasil, ficou sempre imortalizada, também pela utilização de um método inovador de navegação aérea desenvolvido pelos portugueses. 

“Tratando-se de um acontecimento marcante para Cabo Verde, os órgãos públicos da comunicação social, a RTC e a Agência Inforpress, têm sido parceiras importantes, a Embaixada de Cabo Verde, em Lisboa, e o gabinete do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, que têm dado um grande apoio institucional para implementação do projecto junto das autoridades portuguesas e cabo-verdianas”, frisou.   

As actividades comemorativas promovidas pela Marinha e a Força Aérea portuguesas da viagem a bordo do hidroavião Fairey III, batizado “Lusitânia”, e que percorreu 4.527 milhas em 62 horas e 26 minutos sobre o Oceano, começaram desde Janeiro e abarcam exposição itinerante, cerimónia militar, desfile aeronaval, palestras, conferências, teatro e concertos.

Para hoje, dia em que se assinala os 100 anos da primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul levada a cabo por Sacadura Cabral e Gago Coutinho, houve uma largada simbólica junto à Torre de Belém e ao Monumento Lusitânia e, no Centro Cultural de Belém, realizou-se um concerto pela banda de música da Força Aérea portuguesa. 

No dia 31 Março, no Museu do Ar, em Pêro Pinheiro, está programada a entrega aos capitães dos veleiros de uma moeda comemorativa, cunhada pela Casa da Moeda de Portugal, bem como o lançamento de uma emissão filatélica e de um livro institucional sobre a primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul. 

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) inscreveu o Relatório da 1ª Travessia Aérea do Atlântico Sul, no Registo da Memória do Mundo, a 27 de Julho de 2011, que a partir desta data é considerado Património da Humanidade. In “Inforpress” – Cabo Verde


 

Guiné-Bissau - ONG Tiniguena contra tentativa de transformar porto de Bissau em “cemitério” de navios velhos chineses

A Organização Não-Governamental (ONG) Tiniguena ameaça entrar na justiça contra o Estado guineense se permitir que se transforme o cais do porto comercial de Bissau em cemitério de desmanche de navios velhos chineses


Miguel de Barros, secretário executivo da Tiniguena, ONG que se destaca na proteção do ambiente, disse que aquela operação pode acarretar a “produção de lixo tóxico” no rio. Neste momento estão posicionados 15 barcos chineses no Cais de Pindjiguiti e no largo do ilhéu do Rei “prontos para desmantelamento”, num negócio que envolve um privado, mas com conhecimento do Estado guineense, referiu Miguel de Barros. Alguns daqueles navios velhos navegaram por mais de 30 anos nas águas da Guiné-Bissau, notou o activista.

Miguel de Barros disse ainda que a Tiniguena poderá avançar com uma providência cautelar nos tribunais do país caso a intenção se concretize para que os envolvidos no “negócio” sejam denunciados, responsabilizados e criminalizados.

A preocupação da Tiniguena é sobretudo pelo facto de a Guiné-Bissau não ter ratificado todos os instrumentos internacionais, nomeadamente o registo e minimização da existência de substâncias perigosas em navios, avaliação e seleção do estaleiro de desmantelamento à luz da convenção de Hong Kong e também não cumpre a implementação dos procedimentos e requisitos sobre a gestão de resíduos gerados pelo desmantelamento de navios.

Miguel de Barros questiona o porquê de os navios em causa não terem sido desmantelados nos respetivos países de origem, sabendo-se que a Guiné-Bissau não possui nenhum estaleiro para o efeito e nem capacidade de gestão de resíduos. “Em termos imediatos, apercebe-se que estamos perante um processo que encobre a ideia do desmantelamento, mas conscientes que não há condições efetivas para o fazer e o mais provável é que estes (e outros) navios acabarão por afundar no porto, com impactos negativos em termos de poluição, mas também com consequências no que concerne a disponibilidades de atracamento e aceleração da sedimentação dentro do porto”, observou o activista.

Miguel de Barros notou que não é a primeira vez que se tenta instalar na Guiné-Bissau “este tipo de negócio”, envolvendo, “de forma corrupta”, privados, “pessoas que utilizam a sua responsabilidade no Estado” para fazer “negócios obscuros” e instituições públicas. “Em 2005, numa vã tentativa de criação da zona franca na ilha de Bolama, tentou-se instalar o mesmo tipo de negócio sob falsas promessas de criação de emprego e angariação de divisas para o desenvolvimento” do país, destacou o ativista da Tiniguena.

A organização tem em marcha acções de sensibilização sobre impactos de actividades petrolíferas e das infraestruturas na zona portuária e costeira de Bissau.

Contactada pela agência Lusa, fonte da Autoridade de Avaliação de Impacto ambiental, instituição do Governo ligada ao Ministério do Ambiente, considerou crime “qualquer actividade” que vise o desmantelamento no país de navios velhos. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”



A CPLP quer descartar a Guiné-Bissau?

Amílcar Cabral deve estar a dar voltas na tumba, perante a indiferença dos líderes dos povos e países tidos, historicamente, como irmãos da Guiné-Bissau. Naquele país, está em curso um processo de institucionalização do caos, estimulado pelo próprio presidente da República, cujo desfecho será a transformação do país num estado falhado e, inevitavelmente, a sua entrada na órbita da francofonia, via Senegal. É em momentos assim que se confirma que a tão cantada (por alguns) "lusofonia" não passa de uma mistificação.

Um grupo de quatro partidos políticos guineenses acaba de emitir uma nota de repúdio à violenta tentativa do chefe de estado, Sissoco Embaló, de impedir a realização do congresso do PAIGC, que já devia ter ocorrido no mês que agora termina e que é visto como o arranque dos preparativos desse partido para as próximas eleições legislativas e presidenciais (2024). No fim da semana passada, forças policiais atacaram a sede do PAIGC, onde se realizava o seu comité central, para tomar decisões acerca do congresso da organização. O insólito ataque aconteceu na sequência de uma onda de sequestros, agressões e assédio de militantes e deputados do PAIGC, assim como de membros da sociedade civil, em todo o país.

Todas os dados apontam para a responsabilidade pessoal do presidente guineense nesse estado de coisas. A Guiné-Bissau é um estado semi-parlamentar ou semi-presidencial (como quisermos), mais próximo do modelo francês do que do português, mas o chefe de Estado não esconde a sua pretensão de ir além dos poderes que o modelo lhe permite. Sissoco parece particularmente nervoso com o crescimento da popularidade do PAIGC e do seu líder, Domingos Simões Pereira.

No passado dia 1 de fevereiro, o presidente não hesitou em recorrer a uma "inventona", forjando um golpe de estado que não consegue ser cabalmente explicado até agora (golpe de estado sem a participação de unidades militares é um mistério insondável), para resgatar a sua popularidade e, sobretudo, justificar as medidas repressivas que logo a seguir tomaria. Logo sete dias depois, a Rádio Capital, uma emissora independente localizada na capital do país, Bissau, foi atacada por homens armados, que destruíram os equipamentos da estação e agrediram vários funcionários e jornalistas. Seguiu-se uma manobra pantomínica, envolvendo o poder judicial, para impedir a realização do congresso do PAIGC, que deve reconfirmar Domingos Simões Pereira como seu líder.

O presidente guineense conta, na sua estratégia de marginalizar o PAIGC, com o apoio de Nuno Nabiam, que foi primeiro-ministro na sequência das eleições legislativas de 2019. As referidas eleições foram ganhas pelo PAIGC, mas sem maioria absoluta, permitindo a Nabiam, impulsionado por Sissoco, fazer uma espécie de "geringonça", tendo comprado os votos de três deputados eleitos pelo partido vencedor, o que, juntando os votos de mais outros partidos, lhe permitiu fazer maioria. Entretanto, atualmente, o presidente e o primeiro-ministro parecem estar de costas voltadas, por causa de uma história mal contada envolvendo um avião, drogas e outras "ninharias". Os observadores consideram, no entanto, que, perante o crescimento do PAIGC e do respetivo líder, Sissoco e Nabiam acabarão por entender-se novamente.

Enquanto isso, a CEDEAO resolveu enviar um contingente militar para a Guiné-Bissau, por pressão do Senegal. Tal força será composta por tropas senegalesas e nigerianas, o que leva os quatro partidos que se opõem ao presidente (PAIGC, UM, PCD e PSD) a considerar que isso visa "garantir as condições para que Umaro Sissoco Emabaló materialize a sua agenda autocrática e realize os compromissos assumidos no acordo de exploração do petróleo assinado com o Senegal".

E a CPLP? João Melo – Angola in Diário de Notícias


Aníbal João da Silva Melo - Poeta e jornalista angolano, nasceu a 5 de setembro de 1955 em Luanda, Angola.

Feitos os primeiros níveis de ensino no seu país, estudou Direito na Universidade de Coimbra e, em Luanda, na Universidade Agostinho Neto. Contudo, não concluindo este curso, licenciou-se em Comunicação Social na Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde tirou o mestrado em Comunicação e Cultura.

Regressado a Luanda, já como jornalista profissional, ingressou na Rádio Nacional de Angola (RNA) e assumiu a direção de diversos meios de Comunicação Social estatais, nomeadamente a "Agência Angola - Press Angop", o Jornal de Angola e o semanário privado Correio da Semana.

Homem ligado à atividade literária e artística, foi membro fundador da União de Escritores Angolanos. Nesta condição, foi secretário-geral entre 1992 e 1996 e Presidente da Comissão Diretiva entre 1996 e 1999.

Como outros escritores angolanos, nomeadamente Jofre Rocha, Jorge Macedo, Garcia Bires e Adriano Botelho de Vasconcelos, investiu na autenticidade afro-angolana, através do empenhamento ideológico-político.

Começando por se centrar nos temas tradicionais do imaginário africano, cantando depois o amor e os ideais da revolução, o autor João de Melo vai constituir-se como o primeiro poeta africano de Língua Portuguesa a "experimentar a poesia pictórico-visual", conforme textos dos seus livros O Caçador de Nuvens, de 1993 e Limites e Redundâncias. Caracterizada pela mistura de um realismo, aliás fortemente irónico e desvastador, com algumas "formações" surrealistas e experimentalistas, a sua poiesis, simultaneamente eco da voz de um sujeito militante e do coração de um sujeito lírico, surge então híbrida, tornando-se um marco das novas gerações literárias. Manifestando uma grande preocupação formal e linguística, os seus textos estabelecem uma relação fundamental entre a "ética e a estética".

Na verdade, o autor, assim como muitos outros das décadas de 80 e 90, assume uma postura de denúncia da corrupção e das contradições do poder, através de um sujeito de enunciação que, desiludido e desencantado com os seus referentes revolucionários, abandona o empenhado "canto social coletivo". Começando a percecionar a "crise das utopias" que vai enformar uma série de interrogações, estes jovens poetas são veículos de muitas angústias existenciais e geracionais.

Profundamente angolana, a poesia de João de Melo intertextualiza com a de outros poetas do mundo, nomeadamente Álvaro de Campos, Drummond de Andrade e Paulo Leminski.

Muito diversificada, a sua temática assenta nuclearmente no Mar e na Mulher, dois topus que se cruzam enquanto configuradores do erotismo: "Navego à vontade no teu dongo/aliso-lhe como se fosse uma mulher/?"

O tema da mulher e a sua relação com o mar aparece em João de Melo associado à figura mítica de "Kianda" (sereia), enquanto símbolo da busca da angolanidade: " /ah amada o azul terrível do mar/está todo nos teus olhos negros/eu oiço o grito da Kianda/e ximbico sem parar sem parar."

Um dos grandes nomes representativos da "res" poética, em Angola, é autor dos seguintes títulos de poesia: Definição (1985); Fabulema (1986); Poemas Angolanos (1989); Tanto Amor (1989); Canção do Nosso Tempo (1991); O Caçador de Nuvens (1993); Limites e Redundâncias,1991 (1997); Jornalismo e Política. Estudo (1991); Imitação de Sartre e Simone de Beauvoir.Contos (1998). É diretor da revista África 21 in “Porto Editora” – João de Melo (Angola) na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2022-03-30 18:12:27]. Disponível em https://www.infopedia.pt/$joao-de-melo-(angola)



 

terça-feira, 29 de março de 2022

Timor-Leste - Universidade Nacional de Timor Lorosa’e lançou cinco novos mestrados

Díli – A Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL) lançou, no passado dia 10 de março, cinco novos mestrados para o ano académico de 2022.

O Reitor da UNTL, João Martins, revelou que os cursos de mestrado são Medicina Tropical e Saúde Comunitária, Língua e Linguística Portuguesa, Matemática para professores, Oftalmologia e Estudos da Paz e Conflito.

Segundo o dirigente, a oferta formativa da universidade também vai contemplar um mestrado em Economia Aplicada, informando que “as inscrições estão abertas, de 14 de março a 16 de abril”, afirmou o responsável da UNTL, à margem do seminário sobre o currículo padrão nacional do ensino superior, na Universidade Oriental de Timor-Leste (UNITAL), em Becora, Díli.

Já o Reitor do Instituto de Tecnologia de Díli (DIT), Álvaro Menezes Amaral, afirmou que o seu instituto já apresentou uma proposta ao Ministério do Ensino Superior, Ciência e Cultura para a criação de um doutoramento na área da economia e gestão.

“O DIT está, neste momento, a apostar na área da economia e gestão, já oferecemos mestrado em Negócio e Administração. Precisamos, por isso, de um doutoramento nesta área”, frisou.

Segundo Álvaro Menezes Amaral, o instituto trabalha em parceria com algumas universidades australianas, espanholas e indonésias, no sentido de melhorar os recursos humanos.

Após aprovação, “as propinas semestrais poderão ser de mil dólares americanos. O plano de estudo é constituído por quatro anos (8 semestres). Alguns alunos, mediante o seu desempenho, poderão finalizar o curso em três anos”, concluiu. Isaura de Deus – Timor-Leste in “Tatoli”

 

Lusofonia - Países lusófonos devem aprofundar relações com Pequim, diz Observatório da China

O presidente do Observatório da China defendeu ontem que os países de língua portuguesa devem aprofundar o seu relacionamento com a China, rejeitando a ideia de que Pequim deixe os países em que investe presos à dívida

“Diz-se que a China tem a trapaça de deixar os países presos a dívida, (…) mas as importações de África foram, desde 2020, de 1,2 triliões, enquanto as exportações para África foram de 1,27, portanto valores equilibrados”, disse Rui Lourido, numa conferência sobre a China que decorre no Centro Científico e Cultural de Macau, em Lisboa.

Em declarações à Lusa à margem da conferência, o historiador reiterou que “não há essa perspetiva de os países ficarem presos na armadilha da dívida, até porque a China perdoou a grande parte das dívidas acumuladas dos países, não só de língua portuguesa como de outros em África”.

Na sua intervenção, o responsável começou por defender a necessidade de “desmistificar a campanha, a retórica anti-China que tem assoberbado” os ‘media’. “Desde a sua entrada na Organização Mundial do Comércio, a China contribui com cerca de 30% do crescimento mundial e o mundo estaria em recessão, não fosse o actual desenvolvimento da China. Vimos que, na pandemia, a própria China sustentou que o mundo desenvolvido não entrasse em descalabro”, disse Lourido, para quem a presença chinesa no comércio mundial “beneficiou milhões de pessoas em todo o mundo, especialmente em países em desenvolvimento”, mas também no mundo desenvolvido.

Referindo-se a África, o historiador lembrou que a China é já o quarto investidor e um dos maiores parceiros comerciais do continente e o principal parceiro de países como a África do Sul ou Angola. “O volume de comércio da China em África subiu cerca de 38% nos primeiros três quartos de 2021. O investimento direto na indústria africana cresceu cerca de 10% e o valor dos novos contratos assinados também aumentou cerca de 22%”, exemplificou.

Lourido sublinhou que Pequim “não se interessa só por tirar matérias-primas”, mas também pelo desenvolvimento dos países, investindo em “infraestruturas essenciais ao desenvolvimento do futuro económico desses países”, como a ferrovia, a energia, as telecomunicações ou mesmo escolas e unidades de saúde.

Além disso, os investimentos chineses criaram “mais de 4,5 milhões de empregos em África”, mas Pequim “não impõe a sua visão política (…) como fazem os Estados Unidos e a União Europeia”.

O investigador defendeu que todos os países lusófonos têm relações privilegiadas com Pequim, lembrando que entre 2014 e 2021 todos eles fizeram acordos económicos significativos com a China, alguns deles, como Portugal, parcerias estratégicas.

Para o responsável, os Estados lusófonos “devem aproveitar o desenvolvimento económico da China para a sua autonomia no contexto de África e, porque não, no contexto europeu”.

Entre os países de língua portuguesa, o Brasil é atualmente o principal parceiro da China, imediatamente seguido por Angola, sendo que a balança comercial com estes dois países “é desvantajosa para a China”. O terceiro país lusófono nas relações com a China é Portugal, seguido de Moçambique e Timor-Leste e, depois Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, disse o investigador.

Questionado sobre se os países lusófonos devem ter alguns cuidados nas suas relações económicas com a China, Rui Lourido lembrou que Pequim, nas suas relações internacionais, “tem a política do ganha-ganha, ou seja, é um ganho mútuo. Admitiu que países como Moçambique ou Angola devem ter preocupações com a sustentabilidade, no sentido de evitar a poluição e o desmatamento, mas sublinhou que isso ocorre com outros investidores também. “O capitalismo é igual em todos os países”, afirmou, alertando, no entanto, que os próprios países de língua portuguesa “são responsáveis e têm de exigir uma negociação, não só em pé de igualdade com a China, mas tendo em atenção ao comércio marginal que se aproveita disso”. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”


França - Semana cultural portuguesa em Viroflay dedicada ao artesanato


No sábado passado começou mais uma edição da Semana Cultural da Amicale Culturelle Franco-Portugaise Intercommunale de Viroflay (78), este ano dedicada ao “Artesanato português, da tradição à modernidade”.

O evento começou no sábado, dia 26 de março, às 17h00, com a inauguração da exposição que há nome ao evento: “Artesanato português, da tradição à modernidade”.

No domingo à tarde teve lugar uma conferência proferida por Elisete Mouillé sobre “L’art des Azulejos, histoire et techniques”.

Esta quarta-feira, dia 30 de março, vai ter lugar mais um momento forte da Semana Cultural: durante a tarde os alunos inscritos nas aulas de português daquela cidade vão visitar a exposição na companhia do professor Amadeu Nazaré, e à noite está prevista uma mesa redonda sobre o ensino da língua portuguesa em França, cuja convidada é Adelaide Cristóvão, Coordenadora do ensino de português junto da Embaixada de Portugal em Paris.

Destaque-se ainda a projeção de um filme documentário sobre o artesanato português no sábado, 2 de abril, às 15h30.

A exposição está patente ao público entre os dias 26 de março e 3 de abril, na sede da associação, na Sala Camões – 73 avenue du Général Leclerc, em Viroflay (78) – todos os dias, entre as 15h00 e as 18h00. Todos os outros eventos também têm lugar nesta mesma sala. Carlos Pereira – França in “LusoJornal”


 

Portugal - Startup Neuraspace lança-se ao espaço

A Neuraspace desenvolveu uma plataforma avançada de monitorização de detritos espaciais com inteligência artificial (IA) para permitir operações em órbita seguras e sustentáveis

Fundada em 2020, a startup tem como missão combater o lixo espacial. A empresa desenvolveu uma plataforma avançada de monitorização de detritos espaciais com inteligência artificial e plataforma de prevenção de colisões por satélite, para permitir operações em órbita seguras e sustentáveis.

A própria economia espacial está prestes a crescer de perto de 300 mil milhões para quase 1 bilhão de euros, alimentada pelo menor custo de acesso ao espaço, possibilitado pelo sucesso da diversificação de plataformas, e acelerado por várias operadoras bem financiadas que planeiam lançar dezenas de milhares de novos satélites, como refere a tech.eu.

Além do esperado aumento exponencial do número de satélites, estima-se que existam cerca de 1 milhão de objetos de detritos, com tamanhos entre 1cm e 10cm, em órbita terrestre. A probabilidade de colisões de satélites já está a aumentar drasticamente e assim continuará, tal como a consequente interrupção maciça de negócios e riscos de segurança.

Enfrentando este problema, a Neuraspace, com sede em Portugal, levantou 2,5 milhões de euros da Armilar Venture Partners. A empresa vai usar o financiamento para acelerar a comercialização da sua plataforma.

Nuno Sebastião, fundador da Neuraspace e cofundador e CEO do unicórnio Feedzai, afirmou que acredita “que muitos dos desafios enfrentados pela segurança e proteção do espaço hoje podem ser resolvidos aplicando muitas das lições que aprendemos ao transformar a Feedzai em uma empresa de bilhões de dólares. A Neuraspace fará pelo espaço o que a Feedzai está fazendo pelas finanças usando IA avançada e uma plataforma de operações de risco totalmente automatizada.”

Chiara Manfletti, diretora de operações da Neuraspace, acrescentou que o “objetivo é fornecer aos operadores de satélite a solução que os ajudará a desbloquear o valor extraordinário da economia do Novo Espaço. A Neuraspace ajudará a inaugurar uma nova era no espaço, e faremos isso junto com o ecossistema que queremos ver se desenvolver ao nosso redor”. In “Bom dia Europa” - Luxemburgo


segunda-feira, 28 de março de 2022

Portugal - Livro de contos de Dora Gago tem inspiração macaense e asiática

A docente, autora e investigadora Dora Gago acaba de lançar o seu último livro de contos: “Floriram por engano as rosas bravas”. Naquela que é a sua primeira obra integralmente inspirada nas vivências que teve em Macau e vários países da Ásia, e escrita no Oriente, Dora Gago homenageia Camilo Pessanha e Maria Ondina Braga. “É muito importante relembrarmos as vozes de quem nos precedeu, pois tal como refere Tiphaine Samoyault, ‘a literatura alimenta-se de literatura’”, disse ao Jornal Tribuna de Macau. Quanto ao lançamento no território, não é ainda conhecido local nem data 

Intitulado “Floriram por engano as rosas bravas” é o último livro de contos de Dora Gago, investigadora e professora na Faculdade de Artes e Humanidades da Universidade de Macau, que conta já com uma série de obras publicadas. O título, como a própria autora apontou, foi “roubado” da obra Clepsidra, de Camilo Pessanha.

“O poema ‘Floriram por engano as rosas bravas’ é um dos meus preferidos de ‘Clepsidra’ e desde que o li pela primeira vez, há talvez uns 30 anos, esse verso ficou-me gravado na memória. Terminada uma primeira versão destes contos, pensei que se enquadrava, pois remete para um desfazer de ilusões da vida em geral, do amor, para a efemeridade e transitoriedade, enfim, para uma série de temáticas que se entrecruzam nestes contos. Acima de tudo, a escolha deste título pretende homenagear Camilo Pessanha que, aliás, protagoniza um dos contos”, disse ao Jornal Tribuna de Macau.

A ideia para este livro de contos de inspiração macaense e asiática partiu da necessidade de registar “múltiplas vivências, aprendizagens e experiências” que foram marcando a vida de Dora Gago em Macau, um espaço “tão rico e cultural”. Além de Macau, também aquilo que viveu noutros países da Ásia faz parte desta obra. “Este é o primeiro livro integralmente inspirado e escrito na Ásia. No entanto, Macau e a Ásia já emergem, embora de forma ainda reduzida, no meu livro de contos ‘Travessias-contos migratórios’, publicado em 2014, e em alguns poemas do livro ‘A Matéria dos Sonhos’, de 2015”, explicou a autora.

Os 10 anos de vivências em Macau e as experiências que teve em viagens pela Ásia são o mote para os contos que integram a obra, em concreto, as pessoas que foi conhecendo e as “diversas notícias” que leu nos jornais do território. A título de exemplo, Dora Gago menciona os contos intitulados “o suicídio”, baseado num caso ocorrido em 2015, no Ocean Gardens; e “o anúncio”, que ficciona o assassinato de Kim Jong-Nam, ocorrido no aeroporto de Kuala Lumpur, em 2017. “No caso do conto intitulado ‘a terra prometida’, foi motivado por uma viagem a Chiang Rai, Tailândia, na qual visitei a aldeia das Karen, as mulheres girafa”, explicou a este jornal.

Além de Camilo Pessanha, a autora refere que homenageia ainda Maria Ondina Braga, que também viveu em Macau e cujo centenário se comemora este ano: “É muito importante relembrarmos as vozes de quem nos precedeu, pois tal como refere Tiphaine Samoyault, ‘a literatura alimenta-se de literatura’”.

A “viagem” da escrita deste livro em particular começou há já alguns anos, tendo agora culminado com a sua publicação pela editora Húmus. “O processo de escrita foi demorado, embora os contos sejam muito curtos e de uma estrutura aparentemente simples. O meu trabalho foi muito ao nível da contenção. Aliás, o Miguel Torga dizia que escrevia a tirar palavras do texto. Eu segui um processo semelhante. Escrevi o primeiro conto no início de 2016, por isso, posso dizer que demorou uns cinco anos”, contou Dora Gago.

“Neste livro de Dora Nunes Gago, estamos diante de 24 narrativas curtas (contos), organizadas numa estrutura bem significativa, pois o conto inaugural (“A chegada”) tem como contraponto no derradeiro conto (“A partida”), assumindo assim uma organização temporal e cíclica, podendo descortinar-se mesmo nesses contos de fronteira as funções respetivas de pórtico e de conclusão. A reforçar esta leitura estão afirmações espácio-temporais que vão ancorando estes contos numa determinada geografia e atmosfera, ao mesmo tempo que traçam o balanço crítico de experiência existenciais”, escreve José Cândido de Oliveira Martins no prefácio.

O eventual lançamento do livro em Macau ainda é uma incógnita: “Espero que sim, que o livro possa ser lançado em Macau, mas ainda não sei a data nem o local”.

Dora Gago encontra-se actualmente de licença em Portugal, onde já estão agendados um lançamento na Biblioteca Municipal de Alvito (Alentejo) a 2 de Abril e um outro a 29 de Abril, na Biblioteca Municipal de São Brás de Alportel (Algarve), a sua terra natal. Para já, o público em Macau pode adquiri-lo via online, no site da Húmus, Wook ou Bertrand. Catrina Pereira – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”



Brasil - Porto de Santos: enfim, o túnel

São Paulo – Uma das poucas figuras públicas do atual governo que merece credibilidade, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, garantiu que a construção de um túnel imerso é a alternativa escolhida para a ligação seca entre Santos e Guarujá, assegurando que a obra será viabilizada financeiramente por meio do processo de desestatização do porto de Santos, que deve ocorrer até o final do ano. Depois de quase um século de discussões inúteis sobre o tema da ligação seca – ponte ou túnel –, obviamente, é com certo desencanto que a população recebe essa informação, até porque faltam apenas nove meses para o fim do atual mandato presidencial.

Como se sabe, a primeira vez que se cogitou a possibilidade de se construir uma ligação seca entre os dois municípios foi em 1927, ainda ao tempo do governador Júlio Prestes (1882-1946), cujo mandato durou até 1930. Eleito presidente da República, Prestes foi impedido de assumir o cargo pela chamada Revolução de 1930 e o projeto deixado para as calendas gregas. Desde então, foram desenvolvidos mais quatro projetos, mas que, igualmente, não saíram do papel, causando apenas desperdício de recursos públicos.  O atual projeto, portanto, é o quinto de que se tem notícia.

O último projeto foi apresentado em 2019 e previa a construção de uma ponte com 85 metros de altura e 305 metros de largura entre os pilares, com uma extensão de 7,5 quilômetros, ligando a via Anchieta no quilômetro 64 à rodovia Cônego Domênico Rangoni no quilômetro 250. Estava orçado em R$ 2,9 bilhões e deveria ter tocado quase exclusivamente pela Ecovias, concessionária que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI). Contra esse projeto levantaram-se algumas autoridades e técnicos, observando que a simulação dessa ligação seca não levava em conta a expansão portuária.

Desta vez, porém, o novo projeto surge com maiores possibilidades de viabilização, já que, segundo os planos do Ministério da Infraestrutura, uma parcela da outorga a ser gerada pelo leilão de desestatização do porto será destinada para a construção do túnel e de mais duas obras de mobilidade na Baixada Santista. Além disso, com os arrendamentos portuários previstos (STS 10, STS 11 e STS 53) ainda para este ano, haverá investimentos estimados em R$ 30 bilhões.

Com maior estrutura para a recepção de cargas, Santos terá tudo para se tornar não só um grande hub port (porto concentrador) de contêineres como abrigará novos terminais de grãos e fertilizantes. Até porque haverá também investimentos que ampliarão a capacidade de recepção por ferrovia e de processamento. Além disso, com as previstas obras de dragagem que poderão aprofundar o canal do estuário de 15 para 17 metros, haverá a possibilidade de que meganavios atraquem no porto.

O que se espera é que esse projeto seja colocado em prática o quanto antes possível e que tenha continuidade em 2023, independentemente do governo que sairá das urnas em outubro. E que o Conselho de Autoridade Portuária (CAP) volte a ter o poder resolutivo que teve até há alguns anos, deixando de ser o órgão meramente consultivo em que se transformou.

Com o CAP constituído por quatro blocos – poder público (nos três níveis de governo), operadores portuários, classe trabalhadora e usuários dos serviços –, com um voto por bloco, a própria comunidade irá traçar os rumos do porto e fomentar seu desenvolvimento, trabalhando em conjunto com a administração portuária, não só apoiando e fiscalizando a gestão como cobrando soluções. Afinal, ninguém melhor do que a comunidade portuária conhece os problemas do porto.

Dentro desse esquema, com uma composição extremamente democrática no CAP, o que se espera é que desapareça de vez a influência político-partidária na administração do porto que tantos males já causou, ficando o Ministério da Infraestrutura liberado das questões locais, preocupado apenas em pensar e planejar os grandes eixos logísticos do País. Liana Martinelli - Brasil

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Liana Lourenço Martinelli, advogada, pós-graduada em Gestão de Negócios e Comércio Internacional, é gerente de Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG) do Grupo Fiorde, constituído pelas empresas Fiorde Logística Internacional, FTA Transportes e Armazéns Gerais e Barter Comércio Internacional. E-mail: lianalourenco@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br

 

Galiza - A língua própria que multiplica

A importância da língua para construir um imaginário coletivo é evidente e mesmo para muitas pessoas é a marca mais característica e definitiva. Assim, igualar língua e sentimento nacional (ou nacionalista) muitas vezes caminhárom de mãos dadas durante os séculos XIX e XX, os séculos das nações. Caminhárom juntos e em sentidos contrários, porque as nações sem Estado é claro que se constroem enfrentando a naçom do Estado, como mínimo. Um confronto que é o marco e a fonte da qual nascem as articulações das realidades administrativas plurilingues como há tantas por volta de todo o mundo, nomeadamente na Europa e no Estado espanhol.

Assim sendo, no pacto constitucional vigorante em Espanha institucionalizou-se a oficialidade do resto de línguas, embora nom de todas, juntamente com o castelhano, que sempre foi. Apesar desta novidade, que só tinha um breve precedente na legalidade republicana da década de 30, o castelhano continuou a ser a língua que toda a cidadania tem o dever de conhecer ficando o resto de línguas só com o direito de serem usadas, mas sem ser obrigatório o seu conhecimento. Ainda assim, em vários Estatutos de Autonomia, como é o caso do galego, reconheceu-se uma mínima diferença legal com o castelhano, é por isso que o nosso idioma foi caracterizado como “língua própria”.

Este conceito de língua própria foi usado pola vez primeira na Catalunha e ainda que nunca se chegou a concretizar numa definiçom jurídica nítida sim que valeu para fomentar políticas de discriminaçom positiva, embora na Galiza fossem sempre escassas, que se baseavam nesse conceito. É por isso que nom é de estranhar que desde o seu nascimento coletivos contrários ao galego como o anteriormente conhecido como ‘Galicia Bilingue’ -hoje com um nome que transparenta muito melhor os seus objectivos: ‘Hablamos Español’- atacárom o facto de o galego ser considerado ‘língua própria’ da Galiza e o castelhano nom. Apesar de as consequências jurídicas serem realmente quase imperceptíveis, apesar de levarmos mais de 40 anos em que a língua própria continua a perder espaços e presença, apesar de todo isto, pessoas ideólogas desse pensamento uniformizante como o caso do professor Blanco Valdés continuam a insistir na necessidade de que o galego perda esta sua característica de língua própria.

Apoiam a sua tese, precisamente, no facto de já nom ser majoritária nas camadas mais jovens da populaçom assim como na sua perda da condiçom de língua mais falada, tal e como indicava um inquérito da empresa Sondaxe recentemente. Tal e como indicam todas as demoscopias e pesquisas dos últimos anos e décadas. Estas pessoas e coletivos colocam o castelhano na Galiza num plano de língua assediada, que luita pola sua sobrevivência, totalmente irreal e afastado da realidade das nossas ruas. Isto é assim tam evidente que assim que deixárom de desfrutar da amplificaçom mediática do seu discurso diluírom-se com grande rapidez.

Coletivos e pessoas que procuram usar as línguas para dividir em vez de para multiplicar. Pessoas que sob um falso cidadanismo realmente acabam aderindo à visom mais tradicional e organicista da consciência nacional, neste caso da espanhola, que identifica naçom e língua. Pessoas que talvez nom sejam quem de explicar como um nacional irlandês fala hoje inglês igual que um nacional argentino fala castelhano. Frente a estes discursos da divisom compre construir o discurso multiplicador, esse em que a língua própria, a galega, é interpretada como português.

Uma focagem multiplicadora em que nom se negam as potencialidades das línguas, em que uma pessoa galega consegue falar galego (português), castelhano e desejavelmente também inglês. E isto independentemente da adscriçom nacional que deseje ter essa pessoa. Este é o caminho que deveríamos promover coletivamente, uma estratégia que salvaguarde o próprio, que o eleve dando-lhe caráter internacional, que nos ajude a olhar até Porto, Lisboa, Rio, Salvador, mas também até os PALOP, sem deixar de sermos nexo com Buenos Aires, México ou Caracas, nem com Madrid, Bilbao ou Barcelona. E quem nos dera poder incorporar, neste nosso mapa, também New York, Londres ou Sidney. Miguel Penas – Galiza in “Portal Galego da Língua” com “Nós Diario”

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Miguel R. Penas - Nascido em 1976, o compostelano Miguel R. Penas é Licenciado em História pola Universidade de Santiago de Compostela (USC). Desde 2001 trabalha profissionalmente no âmbito da comunicaçom, no campo privado, institucional e associativo. Foi dos fundadores do Portal Galego da Língua (PGL) e primeiro diretor da Através Editora. Atualmente é o presidente da AGAL.