Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Macau – Valério Romão vai fazer uma residência literária durante o mês de Novembro

O escritor português vai fazer uma residência literária em Macau, durante todo o mês de Novembro, co-organizada pela agência Capítulo Oriental e a Casa de Portugal, com o apoio da Fundação Oriente. Depois de uma breve passagem pelo território em 2017, no âmbito das celebrações dos 150 anos de Camilo Pessanha, Valério Romão prepara-se agora para explorar, sozinho, uma cidade “extremamente interessante do ponto de vista literário”



“Eu gostava muito de escrever qualquer coisa que tivesse a ver com Macau, não sei em que âmbito, não sei com que extensão, mas gostava de digerir essa experiência e transformá-la em qualquer coisa de literário. Ainda não sei bem, mas provavelmente proporcionar-se-á graças às experiências que terei aí”, começou por dizer Valério Romão ao Ponto Final. O escritor regressa a Macau no próximo mês com a expectativa de explorar um território “extremamente interessante do ponto de vista literário”. E é neste ambiente ‘suis generis’ que Romão espera recolher experiências para depois as transformar em matéria literária.

“Não sei exactamente o que vou encontrar, mas estou curioso para descobrir. A coisa do desterrado também é um bocado o sentimento clássico das pessoas que estão em Macau, porque às vezes vão para ficar uma semana e acabam por ficar dez anos, ou mais, sendo que Macau acaba por ser um enclave privilegiado onde as pessoas estão, e não estão. E em todos esses sentidos, eu acho que isso é extremamente interessante do ponto de vista literário, os pontos de passagem”, disse o escritor ao Ponto Final.

Para além da residência literária, Valério Romão irá participar numa série eventos ao longo do próximo mês, nomeadamente uma sessão pública no auditório do Consulado de Portugal, para falar da sua trilogia denominada, pelo próprio, de “paternidades falhadas”. O autor fará também uma visita à Escola Portuguesa, ao Instituto Politécnico de Macau e ao Departamento de Português da Universidade de Macau, para um encontro com alunos portugueses e estudantes da língua portuguesa.

“A minha expectativa agora, para além das coisas que vou fazer no âmbito da conferência de escritores e tradutores da Ásia-Pacífico, e das apresentações e conversas na Escola Portuguesa e na Faculdade, é estar mais em contacto e de forma mais próxima com a cultura chinesa e tentar imergir um pouco mais nesse mundo”, frisou Valério Romão.

“Vou tentar alargar o património de experiências, acho eu, e ser mais arrojado. Descobrir mais, estar mais sozinho. Eu quando fui aí [em 2017] fiquei uns dez dias, mas estava no âmbito das comemorações dos 150 anos de Camilo Pessanha, e de facto estava muito acompanhado. Estava sempre em grupo. Agora, sozinho, vou tentar estar mais exposto ao que está à minha volta”, acrescentou o escritor português ao Ponto Final.

Sobre o processo criativo, Valério Romão assume que tem dois momentos e que só depois de passar por uma fase embrionária, e de se lançar ao mundo, é que arranca para a recolha e materialização das experiências. “Tenho dois momentos. Há um momento em que eu não estou no processo criativo, ou estou mas embrionariamente, e estou lançado às coisas e ao mundo e aos outros. E depois o momento da recolha em que faço essa digestão, digamos”, assinalou.

Questionado sobre se pode acontecer em Macau uma súbita vontade de dar início ao processo criativo, o autor assume: “Pode e podemos chamar-lhe uma emergência criativa”. In “Ponto Final” – Macau

pontofinalmacau@gmail.com

CPLP - Luz verde aos EUA para concluir pedido para ser Observador Associado

O embaixador de Cabo Verde em Lisboa, que representa a presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), revelou que os estados-membros autorizaram que os EUA avance com o processo para se tornar num país observador da organização.

Reunidos em Comité de Concertação Permanente da CPLP, os embaixadores dos nove estados-membros da organização declararam a sua “não objeção relativamente à manifestação de interesse dos Estados Unidos de se tornar observador associado”, afirmou o diplomata de Cabo Verde, país que tem a presidência temporária daquela entidade, Eurico Monteiro, em declarações à Lusa, no final da reunião.

Isto representa uma luz verde aos EUA para avançar com a formalização do processo que tem de seguir até atingir o estatuto de observador associado.

“O que ficou deste CCP foi a não objeção ao pedido dos Estados Unidos, de modo a que possa avançar para as fases seguintes do processo”, adiantou o diplomata cabo-verdiano.

As fases posteriores “são a formalização do pedido e o cumprimento das exigências de documentais” que a CPLP requer para a entrada de um país para a lista de observadores associados.

Depois terá de haver uma outra luz verde, aprovação pelos Estados-membros, e a decisão final na próxima cimeira de chefes de Estado e de governo que decorrerá no próximo verão, em Luanda, capital de Angola.

Em meados do mês de setembro, os Estados Unidos da América deram o primeiro passo para se tornar observador associados da organização dirigindo à Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) um pedido por escrito nesse sentido, revelou, na altura, à Lusa o embaixador de Cabo Verde em Portugal.

“Acabamos de receber, de facto, um pedido dos Estados Unidos [da América] no sentido de ser observador da CPLP”, afirmou, na altura, à Lusa o embaixador de Cabo Verde.

Eurico Monteiro, adiantou, na altura que os Estados-membros iriam “analisar com muita atenção” o pedido.

O diplomata cabo-verdiano em Portugal considerou ainda que um país com “a dimensão dos EUA sempre ajuda a dar maior visibilidade à CPLP, maior prestígio e será sempre um parceiro” com o qual a organização poderá contar, “seguramente, nas diversas iniciativas e no reforço da cooperação com os Estados-membros”, bem como na “mobilização das energias”.

O estatuto de observador foi criado na segunda cimeira da organização, na cidade da Praia, em julho de 1998, como resposta ao desejo da CPLP de alargar as colaborações extra comunitárias.

Em 2005, no Conselho de Ministros da CPLP reunido em Luanda, foram estabelecidas as categorias de observador associado e de observador consultivo.

Os Estados que pretendam adquirir o estatuto de observador associado terão de partilhar os respetivos princípios orientadores, designadamente no que se refere à promoção das práticas democráticas, à boa governação e ao respeito dos direitos humanos, e prosseguir através dos seus programas de governo objetivos idênticos aos da CPLP, mesmo que, à partida, não reúnam as condições necessárias para serem membros de pleno direito daquela organização, segundo o ‘site’ oficial daquela comunidade.

Quanto às candidaturas, deverão ser “devidamente fundamentadas de modo a demonstrar um interesse real pelos princípios e objetivos da CPLP”, refere a organização, e serão apresentadas ao secretariado executivo que, após apreciação pelo comité de concertação permanente (composto pelos embaixadores dos nove Estados-membros), as encaminhará para o conselho de ministros, o qual recomendará a decisão final a ser tomada pela cimeira de chefes de Estado e de Governo.

Os observadores associados podem participar, sem direito a voto, nas cimeiras e no conselho de ministros, sendo-lhes facultado o acesso à correspondente documentação não confidencial, podendo ainda apresentar comunicações desde que devidamente autorizados para o efeito. Além disso, podem ser convidados para reuniões de carácter técnico.

Porém, qualquer Estado-membro da CPLP poderá, caso o julgue oportuno, solicitar que uma reunião tenha lugar sem a participação de observadores.

Atualmente, a CPLP conta com 18 países observadores associado e uma organização que OEI – Organização de Estados Ibero-Americanos.

Integram a CPLP Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tome e Príncipe e Timor-Leste. In “Mundo Português” – Portugal com “Lusa”

Sri Lanka - A herança portuguesa

A presença pioneira dos portugueses na Ásia no séc. XVI e XVII, catalisadora dos primeiros contactos entre a Europa e o Oriente, apresenta ainda nos dias de hoje marcas vivas dessa Era dos Descobrimentos



É o caso do Sri Lanka, antigo Ceilão, ou a afamada “Taprobana de Camões”, uma nação insular situada ao largo da extremidade sul do subcontinente indiano, que preserva desde a centúria quinhentista, época em que os portugueses foram os primeiros europeus a desembarcar neste território asiático, um singular legado luso.

Essa herança histórica remanesce na atualidade, desde logo, nos apelidos de mais de metade da população, estimada em cerca de 22 milhões de habitantes, como Perera, Fernandes, Sousa, Silva ou Fonseca.

Os elementos da cultura da Pátria de Camões no Sri Lanka estendem-se ainda à existência de uma comunidade de ascendência portuguesa, os “burghers”. Um grupo étnico que professa o cristianismo e fala um crioulo de raiz portuguesa, e que se encontra essencialmente concentrado nas cidades de Batticaloa e Trincomalee, na Província Oriental.

Ainda que esta comunidade não corresponda sequer a 1% da população total deste país asiático onde predomina a religião budista, hinduísta e islâmica, as raízes portuguesas encontram-se também presentes nas tradições musicais destes grupos étnicos, como a “Baila”, um estilo de música muito popular no antigo Ceilão.

A notável herança portuguesa na afamada “Taprobana de Camões” tem sido ao longo dos últimos anos metodicamente estudada pelo Professor Auxiliar da Universidade de Lisboa, Hugo Cardoso, investigador responsável do projeto “Documentation of Sri Lanka Portuguese”, financiado pela “Endangedered Languages Documentation Programme” da School of Oriental and African Studies da Universidade de Londres. Um trabalho de enorme alcance cultural sobre a presença pioneira dos portugueses na Ásia, que tem como principal objetivo criar um corpus anotado da língua, música e danças portuguesas no antigo Ceilão, que inclui inclusive materiais primários recolhidos em diversos arquivos e bibliotecas. Daniel Bastos – Canadá in “Milénio Stadium”

CPLP - Secretário Executivo recebeu Ministra dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau

O Secretário Executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), embaixador Francisco Ribeiro Telles, recebeu a Ministra dos Negócios Estrangeiros, da Cooperação Internacional e Comunidades da Guiné-Bissau, Suzy Barbosa, no dia 30 de outubro de 2019, na sede da CPLP.



Angola – "Combate à corrupção está a ser injusto", afirma Marcolino Moco

O antigo primeiro-ministro de Angola, Marcolino Moco, diz que o actual modelo de combate à corrupção e impunidade levado a cabo pelo Presidente João Lourenço é injusto.

Moco, que falava numa palestra sobre Ética e Discurso Político, afirmou que se deve encontrar um mecanismo jurídico ou político que se assemelhe ao que se passou na África do Sul.

Moco acrescentou que o que se está a fazer agora é mais vingança do que justiça e afirmou haver a percepção de arbitrariedade, pois “hoje é o (Augusto) Tomás, amanhã o general Zé Maria”.

"Quando eu olho para a decisão do caso Conselho Nacional de Carregadores (CNC) conclúo que se está a vingar do Tomás ou é bode expiatório de todos os problemas que houve porque o Zenu já saiu, o amigo dele já foi embora, Norberto Garcia ja saiu, é injusto que onde comeram todos só uns é que pagam", sublinhou.

O antigo primeiro-ministro concordou que há "responsabilidade individual nos últimos 15 anos”.

“Por exemplo o antigo Presidente foi o maior responsável porque foi ele quem introduziu a necessidade da acumulação primitiva do capital, só que acabou por ser feita por um grupo restrito ligado a ele, incluindo os seus filhos e os demais o acompanharam", concluiu Marcolino Moco.

O antigo chefe de Governo defendeu um sistema como o que lidou com o pós-Apartheid na África do Sul. Manuel José – Angola in “VOA Português”

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Península Ibérica - Cooperação cultural entre Galiza e Norte de Portugal recebe prêmio europeu



O projeto de dinamização cultural NORTEAR, que junta a Galiza (Espanha) e o Norte de Portugal, foi distinguido com o prêmio “Sail of Papenburg”, da Associação das Regiões Fronteiriças da Europa, segundo a Direção Regional de Cultura do Norte.

Em comunicado, a direção regional informou que a iniciativa foi distinguida na categoria de Melhor Projeto de Cooperação Transfronteiriça.

O galardão foi entregue no passado fim de semana, durante a Conferência anual da Associação das Regiões Fronteiriças da Europa (ARFE), que decorreu em Dresden, na Alemanha.

O NORTEAR visa a promoção e dinamização cultural comum entre as duas regiões e tem vindo a ser desenvolvido, desde 2015, através de diferentes projetos, envolvendo, além da direção regional, a Junta da Galiza e o Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Galiza – Norte de Portugal.

Na nota, é destacada a “colaboração continuada” das três entidades em “diferentes atividades, tendo em vista o conhecimento mútuo da cultura, da literatura e da criação artística em geral, em ambos os territórios”.

O projeto é cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), ao abrigo do Programa Interreg V-A Espanha – Portugal (POCTEP) 2014-2020.

Segundo a direção de Cultura do Norte, a iniciativa “tem já assegurado financiamento para a execução do NORTEAR II, mantendo os objetivos e as ações originais do NORTEAR”, o prêmio literário, a criação artística transdisciplinar sob o mote da obra literária vencedora, conversas, tertúlias literárias, encontros, residências de criação artística, intercâmbio de obras literárias, publicações e/ou exposições”.

A nova edição passa ainda a incluir “a produção de rotas literárias e documentários sobre uma série de escritores galegos para integração na plataforma Escritores a Norte, criada pela direção regional.

A Associação das Regiões Fronteiriças Europeias, com sede na Alemanha, é uma organização que tem como objetivo a representação dos interesses das regiões fronteiriças e transfronteiriças europeias quer a nível europeu, quer a nível nacional e regional.

O prêmio “Sail of Papenburg” pretende distinguir estratégias, projetos, programas e ações no âmbito de cooperação transfronteiriça que podem ser vistos como modelos.

“Ao mesmo tempo, motiva as regiões fronteiriças e transfronteiriças a contribuírem ativamente para uma melhor compreensão e melhores relações nas fronteiras entre as nações em toda a Europa”, refere a nota. In “Mundo Lusíada” – Brasil com “Lusa”

Macau - Cinema moçambicano em destaque na Fundação Rui Cunha

O IV Ciclo de Cinema Moçambicano vai ter início na próxima segunda-feira, dia 4 de Novembro. Ao longo de três dias serão mostrados cinco filmes cujo protagonista é Moçambique. Milagres Zacarias Cupula e João Viana, dois dos realizadores dos filmes que serão exibidos na Fundação Rui Cunha, estarão em Macau



São cinco os filmes que vão ser exibidos entre os dias 4 e 7 de Novembro na Fundação Rui Cunha. Os filmes serão exibidos a propósito do IV Ciclo de Cinema Moçambicano e, em comum, têm o país africano. Dois dos realizadores estarão em Macau para interagir com o público, João Viana e Milagres Zacarias Cupula.

“Vamos ter duas longas-metragens, dois documentários e uma animação”, começou por explicar ao Ponto Final Carlos Barreto, vice-presidente da Associação dos Amigos de Moçambique. A longa-metragem que vai abrir o festival no dia 4 de Novembro chama-se “O Comboio de Sal e Açúcar”, do realizador brasileiro Licínio Azevedo. A organização explica que se trata de “uma muito perigosa viagem de comboio por Moçambique devastado pela guerra” em que “os passageiros civis são protegidos e assediados por um grupo de soldados indisciplinados a bordo para combater um exército rebelde no mato”. O filme de Licínio Azevedo é exibido no dia 4 pelas 18 horas. Carlos Barreto diz que é “um excelente filme de acção”.

O dia seguinte começa com animação, com “Os Pestinhas e o Ladrão de Brinquedos”, um filme que é sobre o rapto de crianças, segundo explicou Carlos Barreto. Este filme foi nomeado como melhor animação de 2014 no Africa Movie Academy Awards. O filme de animação, de 12 minutos, passa às 18h30 e, logo depois, segue-se “200 Anos da Ilha de Moçambique”, um documentário que atravessa a história da ilha desde a chegada dos portugueses até à actualidade.

No dia 6 é exibido “Our Madness”, um filme de João Viana, quase sem diálogo, sobre Lucy, uma mulher que está internada num hospício em Moçambique que usa a música para recordar o seu marido e filho. O ciclo de cinema moçambicano fecha com “Na Linha da Frente: Os Fiscais do Parque Nacional da Gorongosa”, um documentário de James Byrne para a National Geographic que mostra os treinos difíceis que os fiscais do parque têm de ultrapassar. A entrada é livre para todas as sessões.

Nos dias 5 e 6, João Viana, realizador de “Our Madness”, e também Milagres Zacarias Cupula, responsável pelo documentário sobre a chegada dos portugueses a Moçambique, estarão presentes na Fundação Rui Cunha disponíveis para dialogar com o público sobre as suas obras. André Vinagre – Macau in “Ponto Final”




Milagres Zacarias Cupula, cinema dedicado a Moçambique

Em Macau para participar no IV Ciclo de Cinema de Moçambique estará o realizador Milagres Zacarias Cupula, responsável por “200 Anos da Ilha de Moçambique”, que vai passar na Fundação Rui Cunha. Nascido na vila de Mutuali, província de Nampula, no norte de Moçambique, começou a interessar-se pelo cinema desde cedo, tendo partilhado a atenção com a rádio. Mais tarde, estudou cinema no Instituto Vahocha, e em 2014 criou a sua editora de filmes, “Rec Sonhos África”, em Nampula. Além do filme que estará em exibição em Macau, realizou “Sangwa”. Mais tarde, estreou “Mapikoland – a última floresta sagrada” no X Festival Nacional de Cultura de Niassa. Após o lançamento do filme “Caça ao Tesouro”, recebe o convite para preparar a divulgação da imagem da Ilha de Moçambique, no âmbito da celebração do bicentenário, e fez ainda documentários televisivos: “Entrega de Barcos aos pescadores da Ilha de Moçambique”; “Documentário das potencialidades económicas da província de Nampula” e “Educação Bilingue nas províncias de Nampula e Zambézia”.


João Viana, colaborador de Paulo Rocha, Manoel de Oliveira e César Monteiro

O realizador de “Our Madness” nasceu em Angola, mas é filho de pais portugueses. Entre 1988 e 1994, licenciou-se em Direito em Coimbra e estudou cinema no Porto. Em 2007 escreveu ”Olhos Vermelhos” para Paulo Rocha e, mais tarde, acabaria por trabalhar com realizadores como Bonfanti e Joaquim Pinto, e cineastas como José Alvaro, Rob Rombout, Filipe Rocha, Sagueneil, Seixas Santos, Cesar Monteiro, Grilo, Biette, Manoel de Oliveira, Schroeter. Depois disso realizou “A Piscina”, “A Verdade Inventada”, “Alfama”, “O Acordeão”, “Tabarô” e “A Hora de Putsch”, por exemplo.


Cabo Verde - Escritor angolano propõe festival comum nas cidades de língua portuguesa

O escritor angolano Ondjaki propôs, na cidade da Praia, a criação de um festival que se realize nas cidades capitais africanas de língua oficial portuguesa, com um nome comum em todas elas.

“Temos alguns festivais em Angola, mas o que um dia penso que seria bonito é que um festival com o mesmo nome visitasse as capitais de língua portuguesa (em África), primeiro, mas depois se estendesse a outros países de África que falem qualquer língua”, sugeriu.

Ondjaki falava na cidade da Praia, no âmbito da sua participação na terceira edição da Morabeza – Festa do Livro, evento literário promovido pelo Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde.

Para o escritor angolano, um festival desse tipo poderia aumentar a interação cultural entre esses países, poderia haver novas publicações, originar novas traduções, contacto com criadores de língua portuguesa e troca cultural entre e dentro do continente africano.

Os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) são Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique e São Tomé e Príncipe.

Relativamente ao festival Morabeza, Ondjaki disse que é um evento grande e que está a crescer e considerou ser uma “ideia bonita” esse tipo de encontro acontecer em África, uma vez que os escritores muitas vezes encontram-se fora do continente.

“Penso que este encontro, nestas ilhas, em Cabo Verde, que fica no meio do mundo, como eu costumo dizer, para não dizer no centro do mundo, é uma excelente ideia. Por aqui pode passar gente vinda de África, da Europa, da América Latina, acho que é uma ideia muito bonita”, afirmou à Lusa.

No festival, Ondjaki apresentou uma performance de “escrita ao vivo” e ainda deu uma “entrevista de vida”, além da participação nas outras atividades.

Prosador e poeta, também escreve para cinema e teatro, Ondjaki nasceu em Angola, em 1977, e vive atualmente em Luanda.

É membro da União dos Escritores Angolanos, membro honorário da Associação de Poetas Húngaros e fundador da Associação Protetora do Anonimato dos Gambuzinos.

Está traduzido para francês, espanhol, italiano, alemão, inglês, sérvio, sueco, chinês e swahili. Recebeu os prêmios FNLIJ (Brasil, 2010, 2013); JABUTI juvenil (2010); e, em Portugal, o prémio José Saramago (2013).

Reescreve crónicas para jornais e, ocasionalmente, é professor de escrita criativa.

A terceira edição da Morabeza – Festa do Livro arrancou na cidade da Praia, com a presença, entre os convidados, logo no primeiro dia, de José Ramos-Horta, antigo Presidente da República de Timor-Leste e Prémio Nobel da Paz em 1996, que dará uma “entrevista de vida”.

O festival estende-se pela primeira vez à ilha do Fogo, com atividades em todos os três municípios até ao dia 03 de novembro.

A edição de 2019 da Morabeza conta com uma feira do livro com obras de autores internacionais e lusófonos, encontros com os autores, visitas a escolas, ‘showcooking’, sessões de literatura com crianças, pintura de murais e debates.

Além de Ondjaki, entre outros convidados para conversas com o público estão previstos Abdulai Sila, da Guiné-Bissau, Eurídice Monteiro, Fausto do Rosário, Germano Almeida, Manuel Veiga e Margarida Fontes, de Cabo Verde, Conceição Lima, de São Tomé e Príncipe, Mário Augusto e João Tordo, de Portugal. In “Mundo Lusíada” – Brasil com “Lusa”

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Brasil – Cerumenograma: uma nova fronteira no diagnóstico do cancro em humanos

Artigo que relata descoberta científica inovadora foi publicado no Scientific Reports Nature, veículo de comunicação dos mesmos editores da revista Nature



A cera de ouvido é um fluído biológico com a função de proteger os órgãos do sistema auditivo. Apesar da missão nobre, o material produzido pelas glândulas apócrinas costuma ser menosprezado pelas pessoas. Um estudo realizado no Laboratório de Métodos de Extração e Separação (Lames), ligado ao Instituto de Química (IQ) da Universidade Federal de Goiás (UFG), pode dar à secreção, também chamada de cerume, um status mais nobre. A pesquisa concluiu que o exame clínico da cera de ouvido pode levar à detecção de doenças como câncer em diferentes estágios. 

O grupo de cientistas envolvido na pesquisa ressalta que a grande inovação do trabalho está no fato de descobrir que a cera de ouvido contém o histórico do metabolismo de seres humanos que pode dizer se o indivíduo está doente ou saudável. Os detalhes do estudo estão no artigo científico Cerumenogram: a new frontier in cancer diagnosis in humans, publicado no Scientific Reports Nature, veículo de comunicação dos mesmos editores da revista Nature, de elevado fator de impacto na comunidade científica mundial.

A equipe de pesquisadores do Lames, liderada por Nelson Roberto Antoniosi Filho, tem a tradição de trabalhar com resíduos e rejeitos que geralmente não são valorizados. Já foram feitos estudos bem sucedidos com borra de café, sobras da indústria alimentícia, sobras da indústrias têxtil e automobilística, dentre outros. Houve o entendimento de que a cera de ouvido se enquadra nesse perfil por não ser muito utilizada do ponto de vista bioquímico.

O professor Antoniosi teve a ideia de investigar a cera de ouvida há mais de 20 anos, mas não conseguiu levar adiante devido à falta de tecnologia necessária. O cerume não foi uma escolha aleatória. "Por ser uma secreção, o cerume conta a história do metabolismo. Como o câncer é um processo metabólico um pouco diferenciado daquele que ocorre em células saudáveis, talvez haja a produção de substâncias diferentes das de um organismo saudável. Também pode ocorrer o aumento, redução ou até o desaparecimento dessas substâncias, que podem ser eliminadas na urina, no sangue, no suor, saliva ou no hálito, mas como esses meios já foram explorados por outros pesquisadores para diferentes situações, optou-se pela cera de ouvido", esclarece o cientista.



Pouco invasivo e rápido

O exame é feito a partir da coleta da cera de ouvido no laboratório com uma cureta. A amostra fica armazenada em um recipiente, que a isola do meio exterior, e é mantida a menos 20 graus Celsius (- 20⁰ C) até se fazer a análise. Se o exame for feito imediatamente não há a necessidade desta refrigeração. Na sequência, o material colocado em um frasco, que é selado e colocado em um compartimento sob aquecimento.

O aquecimento faz com que os compostos voláteis da cera de ouvido passem para a fase de vapor a qual é recolhida depois por uma seringa e introduzida dentro do equipamento (cromatógrafo a gás), no qual as substâncias são separadas e chegam a um outro aparelho (espectrômetro de massas), que revela quais são as substâncias presentes no material. É possível obter um perfil das substâncias presentes em indivíduos que têm câncer e em indivíduos que são sadios.

"Nós observamos que esses perfis são distintos e com base nessas diferenças conseguimos montar um banco de dados e dizer se uma pessoa está ou não com câncer, inclusive quando se encontram em estágios iniciais. O que é importante, já que há maiores chances de cura quando a doença é diagnosticada no começo", expõe Nelson Antoniosi.

Durante a realização da pesquisa, foram analisadas amostras de 50 indivíduos saudáveis e 52 com câncer, sendo 21 carcinomas, 4 sarcomas acompanhados de carcinomas, 10 leucemias, 11 linfomas, 3 mielomas com leucemia e 3 tumores do sistema nervoso central acompanhados de carcinomas.

O processo todo permite que em cinco horas seja verificado se o paciente tem ou não câncer. A análise pode ser feita em até sete dias a partir da data da coleta. "É bastante vantajoso, pois além de não ser invasivo, praticamente todas as universidades brasileiras possuem a tecnologia adequada e a instrumentação necessária para se fazer esse tipo de análise", pontua.

Para o professor, a cera de ouvido tem se mostrado ser o melhor meio para fazer o diagnóstico de câncer por ser um material que contém, em uma pequena quantidade de amostra, uma elevada concentração de substâncias de interesse. "A análise do cerume consegue identificar 158 substâncias metabólicas. Dessas, 27 discriminam a ocorrência de câncer".

Os resultados chamam a atenção da comunidade científica para a continuidade dos estudos. Em Goiás, o Hospital Araujo Jorge deverá firmar parceria com a UFG para a ampliação dos estudos. Em São Paulo, por solicitação do médico Luiz Juliano Neto, o hospital A.C.Camargo, referência internacional no tratamento e na pesquisa do câncer, também deseja firmar parceria em pesquisa com a UFG. Uma das maiores autoridades mundiais em câncer de cabeça e pescoço, o oncologista Luiz Paulo Kowalski, também do A.C.Camargo, demonstrou grande interesse em contribuir com as pesquisas, por meio da coleta de material e validação dos resultados em pacientes já diagnosticados.

Financiamento

O Laboratório de Métodos de Extração e Separação (Lames) é financiado por um conjunto de instituições de incentivo à pesquisa tais como Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Agência Nacional do Petróleo (ANP), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Fundação de Apoio à Pesquisa da UFG (Funape) e Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações  (MCTIC).

Ao todo são R$ 46 milhões investidos por agências ligadas aos governos federal e estadual. "Nós ainda atendemos a empresas farmacêuticas e da área de combustíveis. O Lames tem se tornado um laboratório autossuficiente do ponto de vista financeiro. Essa pesquisa em especial faz parte de um projeto do CNPq, que concede a minha bolsa de pesquisador, e de um projeto da Capes que concedeu bolsas a pesquisadores e pós-graduandos", detalha.

Time UFG

O artigo publicado no Scientific Reports Nature tem como primeiro autor o doutorando do Lames, João Marcos Gonçalves Barbosa. O grupo é composto por mais oito membros como Naiara Zedes Pereira (Lames/IQ/UFG), Lurian Caetano David (Lames/IQ/UFG), Camilla Gabriela de Oliveira (Hospital das Clínicas - HC/UFG), Marina Ferraz Gontijo Soares (HC/UFG), Melissa Ameloti Gomes Avelino (HC/UFG), Anselmo Elcana de Oliveira (IQ/UFG), Engy Shokry (Lames/IQ/UFG) e Nelson Roberto Antoniosi Filho (Lames/IQ/UFG). A farmacêutica Engy Shokry é a única que atualmente está fora da UFG, fazendo pesquisa fora do País.

O texto do artigo científico destaca que o câncer é a doença mais letal do mundo e que o desenvolvimento de novas formas de diagnóstico pode ajudar a reduzir essa mortalidade e elevar as chances de cura. Por isso a importância de se utilizar a cera de ouvido como uma nova biomatriz. Amostras de cerume foram coletadas de pacientes com câncer (grupo de câncer) e sem câncer (grupo de controle) e analisadas com a utilização de cromatógrafo a gás acoplado a espectrômetro de massas.

A indicação dos pesquisadores é de que o cerumenograma, nome dado à análise do cerume, venha a ser um exame rotineiro empregado no diagnóstico do câncer por ser não invasivo, rápido, de baixo custo e alta precisão. Versanna Carvalho – Brasil In “Jornal da Universidade Federal de Goiás”  

Confira a matéria produzida pela TV UFG:


Guiné-Bissau – Candidato presidencial demite governo

O candidato presidencial José Mário Vaz, um dos doze candidatos às eleições presidenciais do próximo dia 24 de Novembro, demitiu ontem à tarde o Governo liderado pelo primeiro-ministro Aristides Gomes.

José Mário Vaz que terminou o seu mandato no passado mês de Junho e que se encontra em igualdade de direito com os outros onze adversários, enviou à imprensa um “decreto presidencial” onde se justifica estar a Guiné-Bissau numa grave crise política e que está em causa o normal funcionamento das instituições.

José Mário Vaz que nas sondagens para a eleição presidencial não aparece entre os possíveis vencedores joga uma última cartada para tentar reverter a evolução dos acontecimentos.

Eurico Monteiro, embaixador de Cabo Verde, representante da actual presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) afirmou que os estados membros estão preocupados com o desenrolar do processo político na Guiné-Bissau.

A campanha eleitoral começa no próximo sábado, 02 de Novembro e vai decorrer até 22 de Novembro, participam 12 candidatos aprovados pelo Supremo Tribunal de Justiça. Baía da Lusofonia

CPLP - Quer avançar no projeto de mobilidade



Os representantes dos Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) reúnem-se para dar seguimento à discussão sobre a Mobilidade na CPLP, nos dias 29 e 30 de outubro de 2019, em Lisboa, de acordo com o mandatado pelo XXIV Conselho de Ministros da CPLP, reunido em julho de 2019, no Mindelo.

Esta Reunião Técnica Conjunta tem como objetivo avançar no projeto de Acordo sobre a Mobilidade na CPLP, tendo em consideração os parâmetros fixados em resolução, para apreciação na próxima reunião do Conselho de Ministros.


Canadá - Um clique chamado Amália

Cheguei a Toronto numa quarta-feira do mês de outubro de 1998. Dois dias depois, o ritual iniciático da minha entrada no coração da comunidade portuguesa – bica numa pastelaria portuguesa. Presente está ainda o cheiro da tinta dos jornais comunitários que folheei naquela manhã de outono. A pessoa que me acompanhava na peregrinação pelas romarias da saudade preveniu-me:

- Não valem nada, estão cheios de erros!

Não dei importância ao comentário. Sempre gostei de ser eu a desbravar caminho para tirar as minhas conclusões. Por isso, peguei num exemplar de cada título e levei-os para casa. Um até me foi extremamente útil, já que acabei por lá descobrir o anúncio da casa para onde fui viver: muito bem localizada, e com cujos senhorios mantenho estreitos laços de amizade.

Voltando à imprensa comunitária. Ao folheá-la, tenho de reconhecer que, numa primeira fase, fui obrigada a valer-me da ajuda de uma amiga para poder descodificar anúncios que eu, virgem na linguagem das diásporas, não conseguia perceber. Algumas profissões, como a de “briqueleiro” - só para dar um exemplo – eram-me totalmente desconhecidas. A forma como se descreviam as casas também me escapava ao entendimento que eu tinha da matéria. Retenho algum desse léxico que me recorda a candura com que tantos vivem a aventura da integração. A título de exemplo, um “basement desenterrado” que um dia vi para alugar numa transversal à Bathurst, o que só abona a favor da imaginação com que cada um se adapta à plasticidade de uma língua reinventada ao sabor das necessidades e do improviso.

Quanto aos erros, é verdade que encontrei alguns, semeados aqui e ali por entre linhas de prosa nem sempre bem alinhavadas. É também verdade que cheguei mesmo a brincar com os autores de alguns, numa saudável convivência de companheiros das mesmas estradas. Mas, à medida que fui ficando, e eu própria me deixei contaminar por algumas interferências. Comecei a mudar de opinião e aprendi a fazer leituras muito mais tolerantes do problema. Acabei mesmo por ter um enorme apreço e uma profunda admiração por todos aqueles que, longe da sua terra, teimam em continuar a usar a língua materna como veículo de comunicação, e a mantê-la viva nos periódicos que gratuita e semanalmente são distribuídos.

Sou agora parte desta família há vinte anos, tantos quantos os que se passaram sobre a morte de Amália Rodrigues. Convidada por Frank Alvarez para ser colaboradora de um jornal, que pretendia assinalar a passagem do milénio, precisava apenas de um clique que me fizesse tomar a decisão, sem nunca imaginar que fosse a diva a acioná-lo.

Toda a baixa portuguesa de Toronto calava o silêncio do luto carregado: nas fotografias exibidas nas montras da Dundas e College, nos jornais expostos nas bancas das papelarias, nos livros repescados das prateleiras, nas músicas que ecoavam do interior das casas especializadas em discos, CD e cassettes pirata. Repentinamente, até o S. José de azulejos se rendia à dor dos dois braços abertos àquela morte inesperada.

Nessa hora longe da Pátria, observei a comunidade rendida a uma mulher que, povo como nós, a todos representava na melopeia dos fados que chorosamente a celebravam. O país galgou as fronteiras da geografia e veio quedar-se ali para que, juntos, nos entregássemos à dor daquela partida. Fui para casa ouvir Amália, e dei por mim a escrever um texto para lhe prestar a minha homenagem. Nasceu assim a minha primeira crónica, aquela com que, desde então, passei a prestar a minha colaboração semanal no Milénio.

Se o caminho se faz caminhando, o da escrita não foge à regra. Dei por mim a passar do gatinhar para a passada segura, determinada a seguir em frente. Já não me imagino sem este pequeno exercício de reflexão sobre os pequenos nada do quotidiano. É a minha higiene mental, o pedaço de intimidade que reservo entre mim e o papel branco, na sua nudez natural, onde dou corpo e alma a mais um instantâneo da vida. Aida Batista – Canadá In “Milénio Stadium”

Cabo Verde – Directores de Política de Defesa Nacional da CPLP reúnem-se na cidade de Santa Maria, ilha do Sal

Espargos – Os directores de Política de Defesa Nacional da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) vão estar reunidos hoje, 29 de Outubro de 2019, no Sal,  visando o seguimento dos assuntos analisados na última reunião cumprida em Junho passado, em Angola.

Trata-se da XI reunião, cujo acto de abertura, a ter lugar num dos hotéis da cidade turística de Santa Maria, será presidido pelo ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, em substituição do titular da pasta da Defesa, Luís Filipes Tavares.

Os trabalhos, que se iniciam esta terça-feira, 29, pelas 09:00 e terminam quarta-feira, 30, com uma visita de cortesia dos directores de Política de Defesa Nacional, do director do CAE/CPLP e representantes ao presidente da Câmara Municipal do Sal, Júlio Lopes, serão acompanhados pelo director Nacional da Defesa, Coronel Armindo Sá Miranda.

O encontro visa fazer o seguimento dos assuntos analisados e aprovados na Xª Reunião dos Directores da Defesa Nacional da CPLP, realizada este ano em Angola,  e contará com representantes de Angola, Brasil, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

A reunião contará, também, com a participação da Direcção do Secretariado Permanente para os Assuntos de Defesa da CPLP e o Centro de Análise Estratégica da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CAE/CPLP).

Da agenda de trabalho, mediante uma nota a que Inforpress teve acesso, consta um conjunto de reflexões, designadamente sobre o futuro da componente de Defesa da CPLP, reflexão conjunta sobre o reforço da cooperação entre os Estados-membros e das respectivas capacidades nacionais no domínio das operações de paz das Nações Unidas.

Plano de Acção da Componente de Defesa da CPLP para implementação da Resolução 1325 (2000) do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre Mulheres, Paz e Segurança, “Mecanismo de resposta da CPLP a situações de catástrofes”, “Apresentação da terceira edição do colégio de Defesa da CPLP” e “Protocolo de cooperação da CPLP no domínio da Defesa”, são outros itens da agenda. In “Inforpress” – Cabo Verde

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

São Tomé e Príncipe - Prospecção de oportunidades através do Fórum Macau avança

Depois de dois anos de adesão ao Fórum Macau, São Tomé e Príncipe espera ter “muito brevemente” resultados concretos, indicou o director de Estudos e Políticas Económicas do Ministério das Finanças. Por outro lado, o secretário-geral adjunto do Secretariado do Fórum Macau destacou o “desenvolvimento acelerado do investimento bilateral” entre a China e os países lusófonos



São Tomé e Príncipe espera “muito brevemente” ter resultados concretos derivados da sua adesão ao Fórum Macau. Ginésio Valentim Afonso da Mata, director de Estudos e Políticas Económicas do Ministério de Planeamento, Finanças e Economia Azul, indicou que “já há equipas nos terrenos a fazer a prospecção das oportunidades que existem para poder operar”.

O país integrou a estrutura do Fórum Macau em 2017, estando agora a decorrer trabalhos de exploração. “As estratégias estão a ser montadas”, comentou, à margem da cerimónia de encerramento de um colóquio sobre o investimento para os países lusófonos. Organizado pelo Centro de Formação do Fórum, em colaboração com a Universidade de Macau, o evento decorreu entre os dias 14 e 27 deste mês, contando com 30 participantes.

Ginésio Afonso da Mata considerou que as duas semanas “foram bastante profícuas”, destacando para além dos conhecimentos académicos o contacto com a vertente cultural dos outros países. Explicando que o país enfrenta “diversos desafios”, apontou carências ao nível das infra-estruturas básicas, estradas, portos, aeroportos e energias, em particular as renováveis. “Encontramos aqui possibilidades de sinergias para poder ajudar a resolver estes problemas”, apontou.

Lembrando que São Tomé e Príncipe “é um pequeno Estado”, notou que, apesar de o mercado local ser exíguo, há “uma potencialidade enorme ao nível da vizinhança” devido à sua localização.

Por sua vez, o director-geral do Turismo de Cabo Verde espera que no espaço de dois anos o país consiga atingir a meta de um milhão de turistas, qualificando o destino para turismo sustentável e diversificado. “Cabo Verde é um país de rendimento médio mas que ambiciona chegar rapidamente a um país de rendimento avançado, fazendo com que todas as pessoas sejam beneficiadas desse desenvolvimento”, indicou.

Também se prevê que Cabo Verde tenha um terminal de cruzeiro em 2021. Este tipo de turismo exerce um impacto maior junto da ilha de São Vicente, mas o país está a trabalhar no sentido de qualificar outros portos que “ainda não têm capacidade para receber navios”. As condições consideradas básicas para o turismo existem, estando Cabo Verde à procura de desenvolver infra-estruturas no sentido de desenvolver a qualificação de serviços digitais, tecnologia e inovação.

Relativamente à contribuição dada pela participação na iniciativa do Fórum Macau para a captação de turistas, Francisco Sanches Coelho Tavares Martins explicou que “o turismo baseia-se muito naquilo que é o desenvolvimento do país, na qualificação dos destino, e a questão do investimento estrangeiro é fundamental para Cabo Verde e para o desenvolvimento do nosso turismo”.

O turismo “tem uma preponderância muito grande no PIB cabo-verdiano e a ideia é trazer a diversificação fora do mercado tradicional, daquilo que é o mercado da europa ocidental”, indicou, ao explicar que a maior parte dos ‘resorts’ no país são resultado de investimento estrangeiro. Cabo Verde está a tentar focar-se no turismo de natureza, expandido para além do “sol e praia”.

Desenvolvimento “célere” do investimento

Em 2003, o valor do investimento directo não-financeiro da China nos países lusófonos foi de cerca de 56 milhões de dólares americanos, valor que subiu para 7,3 mil milhões em 2017, frisou o secretário-geral adjunto do Secretariado Permanente do Fórum Macau para assegurar que o investimento “tem vindo a desenvolver-se de forma célere”.

No encerramento do colóquio, Ding Tian acrescentou que investidores da China criaram mais de 400 empresas nos países lusófonos, em negócios desde a agricultura aos transportes.

“O valor do investimento directo dos países de língua portuguesa na China inscreveu um aumento homólogo de 20% em 2016, e registou-se que mais de mil empresas investiram na China”, disse, apontando “o desenvolvimento acelerado do investimento bilateral” como um “suporte relevante para o incremento da industrialização”, bem como das “infra-estruturas e promoção socioeconómica” dos países participantes do Fórum.

Ao discursar no evento, André Filipe Freitas Esteves Brás dos Santos comentou que, nas semanas de formação, Macau foi “uma capital do espaço lusófono, onde tivemos a oportunidade de consolidar conhecimento e adquirir novos dentro das áreas económica, cultural, social e da cooperação para o desenvolvimento”. O gestor na empresa BCN-Branco Carvalho Neto e representante rotativo do colóquio considerou que a formação foi “muito profícua” para os participantes, apontando como um dos pontos altos do programa a participação na Feira Internacional de Macau.

“Existem diversas oportunidades de promoção de desenvolvimento em todos os PLP (países de língua portuguesa), fazendo a ressalva de que por vezes as oportunidades são numa escala económica muito inferior à generalidade dos investimentos chineses, nomeadamente as oportunidades que as nossas pequenas e médias empresas apresentam”, defendeu. Salomé Fernandes – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

Timor-Leste – "O português está a sobreviver muito mais do que se esperava”

O antigo chefe de Estado de Timor-Leste José Ramos-Horta sublinhou a "seriedade" de Portugal quando se optou pelo português como língua oficial no país, notando que a língua evoluiu muito mais do que se esperava



Numa resposta a uma pergunta durante uma "entrevista de vida" realizada no âmbito da terceira edição da Morabeza - Festa do Livro, promovido na cidade da Praia pelo Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde, Ramos-Horta referiu que o português é um dos três pilares da identidade timorense, a par da língua nacional tétum e da religião católica.

O antigo chefe de Estado lembrou que no último ano da missão civilizadora portuguesa apenas 7% dos timorenses falavam o português, mas que essa percentagem é atualmente de 30% dos pouco mais de 1,2 milhões de pessoas.

"O português está a sobreviver muito mais do que se esperava em Timor-Leste", considerou, frisando que, nos últimos dez anos, a língua de Camões "já se infiltrou muito" no tétum, a língua nacional oral.

"O Portugal antigo, antes do 25 de abril, fez muito pouco, ou quase nada, pelo português em Timor. Se hoje o português está a expandir em Timor, é graças à seriedade com que Portugal responde à nossa decisão estratégica de utilizar o português como língua oficial", enfatizou.

Neste sentido, entendeu que a literatura e o livro podem ligar os países que falam o português, não obstante Timor-Leste estar numa fase em que a produção literária em português e em geral ainda é muito limitada.

Ramos-Horta lembrou que a embaixada de Portugal em Timor-Leste, a Fundação Oriente e o Instituto Camões têm feito iniciativas ao longo dos anos, como feiras de livros e cinema de língua portuguesa.

"Não é nada de novo que nós não tenhamos feito. E verificamos que essas iniciativas como esta que está aqui a acontecer agora é muito útil também porque os livros são de preço acessível", sustentou, indicando que o livro mais comprado em Timor é o dicionário de língua portuguesa.

"Porque é muito útil, prático para os jovens que ainda estão a aprender o português", notou.

Ramos Horta afirmou que Cabo Verde é um "grande exemplo" de democracia e de boa governação e que cada vez que visita o país fica "impressionado" com os progressos materiais, culturais e económicos.

A edição de 2019 da Morabeza arrancou na sexta-feira à noite, cidade da Praia, e conta com uma feira do livro com obras de autores internacionais e lusófonos, bem como mesas de debate, visitas a escolas, 'showcooking', sessões de literatura com crianças, pintura de murais e debates.

Na cidade da Praia, a Biblioteca Nacional de Cabo Verde foi a escolhida para receber os encontros com os autores, mas o evento estende-se à ilha do Fogo, onde a programação divide-se entre Chã das Caldeiras, Santa Catarina, São Filipe e Mosteiros.

Entre outros convidados para conversas com o público está prevista a presença na Morabeza deste ano de Abdulai Sila, escritor da Guiné-Bissau, Eurídice Monteiro, Fausto do Rosário, Germano Almeida, Manuel Veiga e Margarida Fontes, de Cabo Verde, Conceição Lima, de São Tomé e Príncipe, Mário Augusto e João Tordo, de Portugal, e Ondjaki, de Angola. In “Notícias ao Minuto” - Portugal