Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 31 de maio de 2021

Internacional - Estudo revela que o medo da compaixão ampliou o impacto nocivo da Covid-19 na saúde mental

O medo da compaixão ampliou o impacto prejudicial da Covid-19 na saúde mental, aumentando os níveis de depressão, ansiedade e stress, revela um estudo realizado no âmbito de um projeto internacional pioneiro sobre resiliência psicológica durante a pandemia, liderado por Marcela Matos, da Universidade de Coimbra (UC).

Este consórcio, que explora a compaixão, a conexão social e a resiliência ao trauma durante a pandemia de Covid-19, ou seja, os fatores que podem aumentar ou atenuar o risco de problemas de saúde mental neste contexto, conta com a participação de cientistas de 21 países da Europa, Médio Oriente, América do Norte, América do Sul, Ásia e Oceânia.

Neste estudo em particular, já publicado na revista científica “Clinical Psychology and Psychotherapy”, o universo da amostra foi constituído por 4057 indivíduos de ambos os sexos da população geral, recrutados nos 21 países participantes.

De acordo com a coordenadora, Marcela Matos, os resultados obtidos mostram que «o medo da autocompaixão, medo da compaixão em relação aos outros e medo de receber compaixão dos outros estão associados a maiores níveis de depressão, ansiedade e stress e menor sensação de segurança e ligação aos outros», isto é, clarifica, «pessoas que têm mais medo e resistências em relação a serem sensíveis ao seu próprio sofrimento e ao dos outros e a tentarem aliviar ou prevenir sofrimento e que estão menos disponíveis para receber suporte e compaixão por parte de outras pessoas tendem a apresentar mais sintomas depressivos, de ansiedade e de stress e a sentir-se menos seguras e conectadas/ligadas às outras pessoas».

A investigadora do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC) da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC) explica que, embora a compaixão possa ser um fator protetor, em oposição, «o medo da compaixão aumenta a vulnerabilidade ao sofrimento psicossocial e pode ampliar o impacto da pandemia na saúde mental».

Outra conclusão do estudo «extremamente relevante», segundo Marcela Matos, é o facto de «estes medos da compaixão e da autocompaixão amplificarem o efeito nefasto da pandemia nos níveis de depressão, ansiedade e stress. Isto significa que quanto mais medo as pessoas tiverem de ser compassivas em relação a elas mesmas e em relação aos outros e mais resistências tiverem em receber compaixão por parte dos outros, maior é o impacto do medo do vírus na sua saúde mental».

Por outro lado, acrescenta, «percebemos também que o medo de receber compaixão por parte de outras pessoas, isto é, estar menos disponível/recetivo para receber suporte, ajuda e compaixão de outras pessoas na nossa vida, é um importante fator de risco que agrava o impacto nefasto da pandemia/medo do vírus na sensação de segurança e ligação aos outros».

Face aos resultados obtidos, que são transversais aos 21 países que participaram no estudo, a investigadora defende que as autoridades de saúde pública «devem adotar intervenções e comunicações focadas na promoção da compaixão e da ligação aos outros para reduzir os medos da compaixão e, assim, promover a resiliência e o bem-estar mental durante e após a pandemia COVID-19».

A especialista do CINEICC recomenda ainda que «intervenções psicológicas de promoção/tratamento da saúde mental focadas na compaixão e baseadas em evidência empírica (como a terapia focada na compaixão ou o treino da mente compassiva), em formato individual, grupal ou na comunidade, sejam usadas para reduzir o medo da compaixão e promover a motivação e as competências compassivas e, portanto, ajudar a proteger contra dificuldades de saúde mental durante e após a pandemia». Universidade de Coimbra - Portugal

 

Espanha - Ana Luísa Amaral venceu o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana

É a maior distinção da poesia em português e espanhol. O prémio reconhece que a obra de Ana Luísa Amaral contribui de forma significativa para o património cultural dos países ibero-americanos.

Depois de Sophia de Mello Breyner e de Nuno Júdice, a poetisa é a terceira autora portuguesa a conseguir o galardão.

O Prémio Rainha Sofia é atribuído pelo Património Nacional Espanhol e pela Universidade de Salamanca, no valor de 42 mil euros.

Ana Luísa Amaral tem dezenas de títulos de poesia publicados e já conquistou várias distinções.

É considerada uma das mais importantes vozes da literatura portuguesa das últimas três décadas. In RTP” - Portugal

 

Brasil - Ferrovias: é preciso investir

São Paulo – Apesar dos muitos problemas causados pela pandemia de coronavírus, não se pode dizer que as exportações tenham sofrido revezes ou deixaram de crescer, pelo menos no setor do agronegócio, responsável pelo superávit que se registra na balança comercial. Um exemplo disso é que os portos do Arco Norte do País aumentaram sua participação nas vendas de soja e milho para o exterior, sendo responsáveis por quase 35% dos embarques em 2020, conforme estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Como se sabe, o Arco Norte, na concepção portuária, abrange sete portos, seis na região Norte e um no Nordeste: Porto Velho-RO, Miritituba-PA, Santarém-PA, Barbacena-PA, Itacoatiara-AM, Manaus-AM e Itaqui-MA. São terminais bem localizados, mais próximos de grandes mercados, como Estados Unidos, Europa e Ásia (via Canal do Panamá), e, portanto, constituem uma alternativa atraente na comparação com os portos do Sul, pois uma viagem de navio, partindo de lá, fica de três a cinco dias mais curta.

No total dos embarques de grãos, o Arco Norte, em 2020, ficou com 31,9%, registrando um crescimento de 3,5% em relação a 2019. Já os portos do Sul e Sudeste foram responsáveis por 68,1% dos embarques, com a liderança do porto de Santos, responsável por 42,2 milhões de toneladas, ou seja, 32% de um total de 132,7 milhões de toneladas exportadas, 1,22% a mais que em 2019.

Obviamente, o Arco Norte não consegue assumir uma parcela maior na exportação de grãos não só por falta de investimentos na ampliação de sua capacidade portuária como em razão de problemas no setor logístico. Um desses problemas é o impasse que se verifica no processo de licenciamento ambiental da rodovia BR-158, que atravessa o País de Norte a Sul, começando em Redenção, no Pará, para terminar em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, perto da fronteira com o Uruguai.

O outro é a precariedade da via férrea. Para piorar, o leilão da EF-170, mais conhecida como Ferrogrão, cotada para ser a principal rota de escoamento do agronegócio, foi suspenso em março pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), à espera de novos estudos, já que o traçado previsto cortaria área de uma floresta protegida, o Parque Nacional do Jamanxim, no Pará, e ainda passaria por cima de terras indígenas

Quando concluída, a ferrovia terá elevada capacidade de transporte e competitividade no escoamento da produção pelo Arco Norte, substituindo em grande parte a tarefa que hoje cabe à rodovia BR-163, famosa pelas paralisações de tráfego ocasionadas por atoleiros. Com a ferrovia, obviamente, haverá um alívio nas condições de tráfego naquela rodovia, diminuindo também os custos com a sua manutenção.

Aliás, esse projeto, que foi para o Tribunal de Contas da União em junho de 2020, é considerado prioritário, já que mais de 70% da safra mato-grossense são escoados pelos portos de Santos e de Paranaguá, a mais de dois mil quilômetros da origem. Isso mostra a sua importância dentro do sistema logístico de cargas do País, condição excepcional para atrair investidores interessados em sua concessão, entre os quais estão empresas que necessitam utilizar prioritariamente essa via férrea, como Cargill, ADM, Bunge, Louis Dreyfus, EDLP, Amaggi e outras.

Segundo dados da CNA, por falta de condições logísticas em direção aos terminais portuários da região amazônica, mais de US$ 4 bilhões são desperdiçados por ano porque cerca de 70 milhões de toneladas de grãos produzidos no Centro-Norte têm de ser exportados por portos do Sudeste. Com isso, a mercadoria, em vez de seguir para o Norte, acaba sendo obrigada a percorrer cerca de mil quilômetros a mais, o que ocasiona custos adicionais entre US$ 47 e US$ 60 por tonelada. Sem contar os custos com fretes marítimos, armazenagem e perda de tempo. Portanto, se este fosse um País sério, a Ferrogrão já estaria em funcionamento há muito tempo. Adelto Gonçalves – Brasil 

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Adelto Gonçalves, jornalista, é assessor de imprensa do Grupo Fiorde, constituído pelas empresas Fiorde Logística Internacional, FTA Transportes e Armazéns Gerais e Barter Comércio Internacional (trading company). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br

 

domingo, 30 de maio de 2021

PALOP - Abertas candidaturas para apoiar a criação artística contemporânea nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e Timor-Leste


Cidade da Praia – A Fundação Calouste Gulbenkian já abriu, até 07 de Julho, as candidaturas para apoiar o desenvolvimento de quatro pólos de criação artística contemporânea nas áreas das artes cénicas e música, nos PALOP e Timor-Leste.

Em comunicado a Fundação Gulbenkian, explica que esta iniciativa será desenvolvida em parceria com o Instituto Camões, salientando que a criação destes pólos visa promover a qualificação de recursos humanos e de instituições da sociedade civil ligadas às artes.

As candidaturas são destinadas a instituições/entidades com sede e actuação nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), nomeadamente, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

A mesma fonte adianta que, este concurso prevê apoios na investigação artística, na criação de novas produções/obras, na programação de produções/obras pré-existentes, bem como a iniciativas de carácter formativo e de capacitação ou acções específicas de envolvimento e desenvolvimento de públicos.

A nota informa ainda que só serão aceites candidaturas online e que o concurso decorre em duas fases e no final serão apoiados quatro pólos, cujo programa de actividades deve ter a duração de 30 meses.

A Procultura PALOP-TL é uma Acção do Programa Indicativo Multianual PALOP – Timor-Leste e União Europeia, financiada pela União Europeia, co-financiada e gerida pelo Camões, I.P. e co-financiada pela Fundação Calouste Gulbenkian.

Tem como objectivo contribuir para a criação de emprego em actividades geradoras de rendimento na economia cultural e criativa nos PALOP e em Timor-Leste.

Está enquadrada pelos princípios do Consenso Europeu em matéria de desenvolvimento nomeadamente, pelo reconhecimento de que a cultura favorece «a inclusão social, a liberdade de expressão, a formação da identidade, o empoderamento civil e a prevenção de conflitos» e pela intenção da União Europeia e dos seus Estados membros de fomentar a economia e as políticas culturais quando estas contribuam para alcançar o desenvolvimento sustentável. In “Inforpress” – Cabo Verde


 

Portugal - Consórcio disposto a comprar a Coelima

Um consórcio com sede em Guimarães quer comprar a têxtil Coelima, que soma mais de 250 trabalhadores e apresentou a insolvência em abril, lê-se na proposta que deu entrada no tribunal, a que a Lusa teve acesso


Entre outros pontos, a proposta que deu entrada no Tribunal de Comércio de Guimarães, no distrito de Braga, tem como condição a manutenção dos postos de trabalho, bem como a assunção dos direitos e antiguidade dos trabalhadores.

“Como demonstração séria do interesse deste consórcio na viabilidade da presente proposta, este consórcio apresenta ainda a disponibilidade de adiantamento imediato do montante que segundo a anterior administração provisória da insolvente será necessário para manter a empresa insolvente em funcionamento durante o mês de junho, cujo valor acresce a quantia de 200 mil euros”, lê-se na proposta.

No texto é ressalvado, no entanto, que “a manutenção dos postos de trabalho dos cargos de direção fica sujeita à condição de uma avaliação prévia das suas competências para o exercício das referidas funções e da necessidade da sua manutenção”.

O consórcio que pretende adquirir a Coelima, têxtil de Guimarães que completa 100 anos no próximo ano, é composto pelas sociedades RTL, SA e José Fontão & Cia, Lda.

Na proposta, os proponentes a investidores pedem a “transmissão definitiva do estabelecimento da insolvente (…) com todo o seu ativo”, o que inclui bens, marcas, maquinaria e carteira de clientes.

O consórcio compromete-se a pagar os créditos à Autoridade Tributária, Segurança Social e créditos bancários em prestações mensais.

São condições deste grupo de empresas que a Coelima se mantenha em funcionamento, a preservação da carteira de clientes, bem como da equipa que compõe o departamento comercial atual.

Também é exigido que a administração cessante apresente um conjunto de documentos “imprescindíveis para a elaboração de um plano de negócios” a elaborar em 30 dias após a receção.

“A presente proposta tem como fim único manter viva a empresa e a marca Coelima, empresa centenária, histórica e que alberga mais de 250 famílias através dos seus trabalhadores”, conclui a proposta.

A Coelima – Indústrias Têxteis apresentou-se à insolvência em 14 de abril, na sequência da quebra de vendas “superior a 60%” provocada pela pandemia e da não aprovação das candidaturas que apresentou às linhas de apoio devido à covid-19.

“A empresa decidiu avançar com o pedido de insolvência, fruto da situação criada pela pandemia, que provocou uma forte redução das vendas e uma pressão sobre a tesouraria insustentável”, adiantou, na altura, à agência Lusa fonte oficial da têxtil.

O anúncio da sentença de declaração de insolvência foi publicado em 22 de abril, com a empresa a apresentar um passivo de perto de 30 milhões de euros e cerca de 250 credores no final de 2020.

Na quarta-feira, a administração da têxtil Coelima anunciou que não vai apresentar um plano de insolvência com vista à recuperação da empresa, por não estarem “reunidas as condições que permitam assegurar a manutenção da exploração”.

“Ao longo das últimas semanas, a Coelima trabalhou ativamente no sentido de reunir os apoios necessários à sua recuperação e à viabilização da implementação de um plano de insolvência. Apesar de todo o empenho e trabalho desenvolvido, não foi possível à Coelima conseguir o compromisso das várias partes envolvidas tendo em vista a apresentação de um plano, pelo que a decisão sobre o futuro da empresa caberá aos seus credores”, avançou fonte oficial da empresa à Lusa.

Na petição de apresentação à insolvência, a têxtil, com 253 trabalhadores, tinha requerido ao tribunal que lhe fosse atribuída a administração da massa insolvente, tendo-se então “comprometido a apresentar um plano de insolvência que previsse a manutenção da exploração da atividade da empresa”.

Constituída em 1922 e uma das maiores produtoras de roupa de cama, a têxtil de Guimarães integra o grupo MoreTextile, que em 2011 resultou da fusão com a JMA e a António Almeida & Filhos e cujo acionista principal é o Fundo de Recuperação gerido pela ECS Capital. In “Bom dia Europa” – Luxemburgo com “Lusa”


Venezuela - “Ensino da língua portuguesa está no bom caminho”

O ensino da língua portuguesa marcha por “bom caminho” na Venezuela, sendo uma “grande oportunidade para investir nele”, disse a professora de Português como Língua Estrangeira, Lúcia Mascarenhas

“Daquilo que tenho visto, lido, dos números que tenho, a Venezuela está num ótimo caminho. Tem havido projetos, imensas iniciativas nos últimos anos e o número de alunos está a aumentar, já não são apenas os lusodescendentes, mas venezuelanos que não têm qualquer ligação de herança familiar com o português que estão a querer aprender”, disse à agência Lusa.

Durante dois dias, Lúcia Mascarenhas participou como convidada nas VIII Jornadas para Professores de Língua Portuguesa na Venezuela, um evento virtual que abordou as principais características da educação plurilingue e intercultural, potencialidades, conteúdos históricos e culturais, recursos e estratégias didáticas para o ensino da história e cultura.

“A Venezuela está num bom caminho e é uma excelente altura e uma grande oportunidade para investirmos nisso e para darmos a estes professores fantásticos e tão esforçados as ferramentas de que eles precisam”, afirmou.

Lúcia Mascarenhas explicou que “esperava uma recetividade menor”, mas encontrou “um entusiasmo muito grande, uma grande motivação”.

“Os professores estão ávidos de receber apoio, alternativas, (…) e acabei por mudar a minha formação de um dia para o outro, para poder dar de facto recursos até gratuitos, facilmente acessíveis, para os poder ajudar nisso”, referiu.

A docente explicou que os professores locais procuram um conhecimento mais atual, “perceber como é hoje Portugal, o que se passa, que tipo de conteúdos podem transmitir aos alunos”.

“Encontrei professores extremamente motivados, (…) um interesse profundo, um empenho enorme em fazer o seu trabalho da melhor forma possível. Fiquei muito contente e muito surpreendida”, frisou.

Segundo Lúcia Mascarenhas, “a Internet é o melhor dos recursos”, mas é possível obter um apoio maior através do centro de língua local.

“É muito importante haver uma sinergia, uma comunicação entre os professores de cá e os lá. Mais jornadas, mais iniciativas deste género, porque os professores querem ter formação, mas não totalmente teórica que depois na prática não lhes dá resposta, estão à procura de algo que transporte a cultura atual para a Venezuela”, notou.

Explicou que pode ser também “uma forma de a língua portuguesa, e de Portugal, ganhar uma nova imagem, mais jovem, mais atualizada” através dos novos alunos e que “Portugal é tradição, mas é muito mais do que isso, é tradição e modernidade”.

“Espero que os novos alunos possam conhecer e absorver esta nova modernidade que Portugal tem. Somos um país de empreendedores, temos projetos interessantíssimos, artistas fabulosos”, salientou.

Por outro lado, fez questão em dar os parabéns aos participantes nas jornadas pelo “excelente trabalho” que estão a fazer.

“Fiquei com vontade de falar mais, de os conhecer melhor. Parabéns, continuem o vosso trabalho, e vamos juntar forças, unir mais ainda a Venezuela e Portugal, e usar a língua portuguesa. Gosto muito de ver como as comunidades mantêm e alimentam a língua e a cultura portuguesa”, concluiu.

Lúcia Mascarenhas, 37 anos, nasceu em Lisboa e vive perto de Mafra. Tem uma licenciatura na FCSH – Universidade Nova de Lisboa em LLM – variante de estudos portugueses e alemães em 2005 e um mestrado em Ensino do Português como Língua Segunda e Estrangeira (2009)

Desde 2005 colabora com o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, com a Bolsa Fernão Mendes Pinto. Desde 2007 trabalha como tutora dos cursos ‘online’ de Português para Estrangeiros.

Colabora com a Porto Editora como autora/coautora de diversos projetos entre eles o Cultura e História de Portugal, vol. 1 (2013). In “Bom dia Europa” - Luxemburgo com “Lusa”


Na volta da maré









Vamos aprender português, cantando

 

Na volta da maré

 

O que pode uma voz se não souber uma canção?

O que pode um corpo nu se não tem quem abraçar?

O que pode um coração se o amor já terminou?

O que podem os meus olhos sem os teus?

O que posso eu depois do teu adeus?

 

O que procuram os homens quando olham para o mar?

O que esperam as mulheres na volta da maré?

O que escondem os seus olhos que já não sabem chorar?

A quem reza quem não acredita em Deus?

O que faço eu depois do teu adeus?

 

Tudo passou em vão

tudo chegou ao fim

voltei a chorar por mim

deixo ao coração a dor

deixo ir a leilão o teu amor

 

O que faço à saudade que ela não me faça a mim?

O que faço da tristeza pra não entristecer?

O que faço dos meus passos se já não tenho onde ir?

Em que lábios posso esquecer-me dos teus?

Que me resta a mim depois do teu adeus?

O que faço eu depois do teu adeus?

O que posso eu depois do teu adeus?

 

Joana Amendoeira – Portugal

 

Composição:

(Letra) Tiago Torres da Silva – Portugal

(Música) Fred Martins - Brasil 


sábado, 29 de maio de 2021

Guiné-Bissau - Dia Nacional da Música, uma data para recordar José Carlos Schwarz

Bissau – O músico nacional João Cornélio Gomes Correia afirmou que o Dia Nacional da Música, 27 de Maio, data em que faleceu o pioneiro da música moderna guineense, José Carlos Schwarz deve servir de reflexão para todos os músicos da Guiné-Bissau.

O ex-Director-geral da Cultura, numa entrevista exclusiva à ANG, no dia em que o país assinalou mais um ano do desaparecimento físico do músico, disse que, o que José Carlos e os colegas nomeadamente Ernesto Dabo, Aliu Bari e outros fizeram para a revolucionar a música guineense mereciam uma grande homenagem por parte dos músicos e não só.

“O José não era apenas o músico, mas também poeta, político e combatente da liberdade da pátria, daí que deve, sempre, ser recordado com grandes eventos para fazer os mais jovens saber quem foi este grande homem e segui-lo como sendo uma referência”, sublinhou.

Cornélio Gomes Correia disse que José Carlos morreu tão novo, com 27 anos de idade, mas que deixou grandes obras, ou seja, “como dizia o poeta Fernando Pessoa, o homem morre a obra nasce”.

Para o músico, o sentido das composições musicais de José Carlos não correspondia com a de alguém com a sua idade, e o exemplo dele deve servir para inspirar os mais novos.

Gomes Correia frisou que deve-se fazer um esforço para se voltar às origens ou seja aos anos 70 e 80, em que a música estava no seu apogeu, uma vez que, diz Cornélio, existia orquestras musicais por todos os lados do país e possuíam a sua autonomia financeira, sem depender do Estado.

João Cornélio considerou José Carlos um génio e que os seus feitos deviam ser ensinados nas escolas, enquanto património cultural e material para orientar os mais novos.

Segundo ele, apesar de a força dos músicos não ser relevante, está-se a tentar criar uma Escola de Música, como no passado.

Correia considera uma vergonha o facto de o país não dispor de nenhuma sala de espetáculos, salientando que o Espaço Lenox  e outros locais onde fazem shows representam uma alternativa e não espaços próprios.

Para Cornélio Correia entre os sectores que mais evoluíram no país está a área da música, não obstante a inexistência de uma escola, nem lojas de venda de instrumentos musicais.

“Mesmo com essas vicissitudes houve uma revolução e os músicos da nova geração estão a revelar-se muito bem, não ficamos para trás em relação aos cantores de outras paradas do mundo”, disse.

Cornélio Correia disse que tudo isso já foi demonstrado e confirmado com a recepção de músicos estrangeiros que fizeram shows no Estádio 24 de Setembro onde houve muita presença do público, mas que nenhum deles encheu aquele lugar como os artistas nacionais, casos de Charbel Pinto, As One, Klash, Justino Delgado, Rui Sangara, Eric Daro, o que, segundo Correia, demonstra que o público guineense está com os artistas nacionais.

“Têm qualidades e valores por isso merecem apoio e atenção do Governo, que deve criar instrumentos que protegem as obras dos artistas, e leis sobre a pirataria ajudando artistas a viverem do seu trabalho como acontece noutros países do mundo”, enalteceu.

Para o músico a importância da área da cultura e desportiva deve passar de discursos à prática e como sendo elementos fundamentais da unidade nacional devem ser priorizados com investimentos sérios, porque “quando a cultura e o desporto nos une só há uma Nação, um povo, todos comem num só cabaz, ninguém lembra se é do partido azul ou branco”.

O antigo DG da Cultura diz que apesar da sua importância, a cultura é simplesmente posta de lado, acrescentando que exemplo disso é que até agora não existe uma sede da Cultura, volvidos vários anos de independência.

Disse que não foi por isso que José Carlos e os seus camaradas batalharam enquanto Combatentes da Liberdade da Pátria, uma vez que usaram a música como arma de mobilização ou seja, o crioulo em que cantavam, para passar as mensagens não era compreendida pelos colonialistas portugueses, o que terá ajudado na consciencialização da população sobre a necessidade de se lutar para se obter a liberdade.

Gomes Correia referiu que já se passaram 44 anos desde a morte de José Carlos mas que a sua música se mantém actual como nunca e que, se estivesse vivo, teria 71 anos de vida e obra daquele que foi músico, poeta, politico e Combatente da Liberdade da Pátria.

“Apesar de morrer muito novo a sua maturidade não tinha nada a ver com a sua idade. Ele era um Génio", vincou João Cornélio Gomes Correia. In “Agência de Notícias da Guiné” – Guiné-Bissau

 

Cabo Verde - Dia Mundial da Energia: Mais de um terço das energias produzidas no Porto Novo provêm de fontes renováveis


Porto Novo – Porto Novo tem sido apontado pelo Governo como “um exemplo” em Cabo Verde a nível de investimentos nas energias renováveis, numa altura que “mais de um terço” das energias produzidas neste município provêm de fontes renováveis.

Os dados avançados pelo executivo apontam que Porto Novo, que alcançou, em 2020, a taxa de 100 por cento (%) em termos de cobertura com sistemas fotovoltaicos solares para a produção de água para a agricultura, está “no bom caminho”, em termos de aposta nas energias renováveis.

“Mais de um terço das energias produzidas neste município provêm de fontes renováveis, o que significa que Porto Novo está no bom caminho”, aponta o ministério que responde pelo sector das energias.

Entretanto, esta taxa está em vias de aumentar com a conclusão, dentro de três a quatro meses, dos investimentos em curso no quadro do projecto de bombagem e adução de água para o Planalto Norte, cujas estações funcionarão como base em energia solar.

Aliás, graças à aposta nas energias renováveis tanto para a electrificação das comunidades, como na produção de água para consumo, agricultura e para a pecuária, Porto Novo está em vias de conseguir mais um feito histórico, ou seja, o concelho a ter a “primeira comunidade azul” em Cabo Verde.

Trata-se do Monte Trigo, que foi, em 2012, a primeira aldeia em Cabo Verde electrificada a 100% com energias renováveis e, segundo o ministro do Mar, Paulo Veiga, este povoado, encravado no interior do Porto Novo, caminha “a passos largos” para ser, também, a “primeira comunidade azul” do País.

A edilidade porto-novense acredita, também, que Porto Novo está a assumir-se como “um exemplo” em Cabo Verde no que toca a investimentos nas energias renováveis, graças aos vários projectos realizados, em quase uma década, neste município.

Os investimentos já realizados no Porto Novo, nesses anos, contribuíram para a electrificação de várias comunidades rurais, para a dinamização da agricultura e pecuária, bem como para a promoção do sector pesqueiro, através da produção de gelo para a conservação do pescado.

A nível de produção de água para a agricultura e pecuária, as duas dezenas de sistemas (furo e nascentes) estão equipados com sistemas fotovoltaicos solares, assumindo-se este concelho o estatuto do “primeiro município” em Cabo Verde a ter uma taxa de 100% no que tange a equipamentos dos sistemas de produção de água com energias limpas.

Os projectos executados, até agora, no Porto Novo têm sido financiados através da União Europeia, da cooperação portuguesa, do GEF (Global Environment Facility), do Centro das Energias Renováveis e Eficiência Energética (ECREE) e ainda do Governo, através do programa de promoção de actividades socio-económicas rurais (Poser).

Em termos de perspectiva, este concelho, além do investimento de 70 mil contos no âmbito do projecto de abastecimento de água ao Planalto Norte, pode ainda, no quadro do projecto agro-industrial de Santo Antão, a cargo da empresa AquaSun Água e Energia, receber, a partir deste ano, um projecto estimado em mais de dois milhões de contos.

Trata-se de um projecto que consiste, entre outros investimentos, na montagem e operacionalização de um parque solar de 7,5 megawatts para a produção de água dessalinizada para a agricultura.

Dados avançados pelo Governo estimam que, até 2030, a ilha de Santo Antão deverá receber investimentos nas energias renováveis que ultrapassam um milhão de contos. Jaime Medina – Cabo Verde in “Inforpress”


 

Austrália - Dessalinizador com energia solar gera água potável com 100% de eficiência


Água potável com energia solar

Engenheiros australianos desenvolveram uma técnica economicamente viável para extrair água potável da água salgada usando energia solar.

Eles demonstraram que o mecanismo pode fornecer água doce a partir da água do mar, de água salobra ou mesmo água contaminada.

Cada dispositivo pode fornecer água potável diária suficiente para uma família de quatro pessoas a partir de apenas um metro quadrado de fonte de água.

"Nos últimos anos, muita atenção tem sido dada ao uso da evaporação solar para produzir água potável, mas as técnicas anteriores eram muito ineficientes para serem úteis na prática," disse o professor Haolan Xu, da Universidade do Sul da Austrália. "Superamos essas ineficiências e nossa tecnologia agora pode fornecer água potável suficiente para atender a muitas necessidades práticas por uma fração do custo das tecnologias existentes, como a osmose reversa."

Evaporador solar

A base do sistema é uma estrutura fototérmica - que gera calor a partir do Sol - altamente eficiente, montada na superfície de uma fonte de água. O material converte a luz solar em calor concentrando a energia precisamente na superfície para evaporar rapidamente a parte superior do líquido.

Parece muito simples, mas tentativas similares anteriores esbarraram na perda de energia, com o calor dissipando-se no ar ao passar do coletor para a fonte de água.

"Anteriormente, muitos dos evaporadores fototérmicos experimentais eram basicamente bidimensionais; eles eram apenas uma superfície plana e podiam perder de 10 a 20 por cento da energia solar para a água bruta e o ambiente circundante.

"Nós desenvolvemos uma técnica que não apenas evita qualquer perda de energia solar, mas na verdade extrai energia adicional do volume de água e do ambiente circundante, o que significa que o sistema opera com 100% de eficiência para a entrada solar e consome outros 170% de energia da água e do meio ambiente," disse o professor Xu.

Para alcançar tamanha eficiência, a equipe fugiu do tradicional sistema 2D, criando um evaporador tridimensional, com o formato de bastão. O material é incorporado em fibras comuns, o que aumenta sua área útil e ainda o torna compressível, facilitando o transporte.


Perda zero

Para os testes, os bastões de algodão embebido em material fototérmico foram colocados dentro de uma campânula de vidro, por sua vez posta ao Sol, sem usar concentradores ou lentes.

O resultado é que o calor excedente é levado para longe das superfícies superiores do evaporador, distribuindo calor para a superfície do bastão para favorecer a evaporação da água, resfriando assim sua superfície e alcançando perda zero de energia durante a evaporação solar.

Essa técnica de dissipação de calor significa que todas as superfícies do evaporador permanecem a uma temperatura mais baixa do que a água e o ar circundantes, de modo que energia adicional flui do ambiente externo - de mais alta energia - para o evaporador, de energia mais baixa.

"Somos os primeiros pesquisadores do mundo a extrair energia da água bruta durante a evaporação solar e usá-la para evaporação, e isso ajudou nosso processo a se tornar eficiente o suficiente para fornecer entre 10 e 20 litros de água doce por metro quadrado por dia," disse Xu. In “Inovação Tecnológica” – Brasil

 

Bibliografia:

Artigo: A Hollow and Compressible 3D Photothermal Evaporator for Highly Efficient Solar Steam Generation without Energy Loss

Autores: Ting Gao, Xuan Wu, Yida Wang, Gary Owens, Haolan Xu

Revista: Solar RRL

DOI: 10.1002/solr.202100053




 

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Cabo Verde - Especialista defende estratégias conjuntas para ensino da língua portuguesa em contexto de mobilidade

Cidade da Praia – A investigadora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa Ana Paula Laborinho apontou a necessidade de construção de estratégias conjuntas entre os Estados-membros da CPLP para conseguir o ensino da língua da portuguesa em contexto de mobilidade.

A especialista intervinha, enquanto conferencista, na VI Conferência Internacional sobre a Língua Portuguesa no sistema mundial promovida pelo Governo de Cabo Verde no âmbito da presidência pro-tempore da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), tendo com tema “Horizontes e perspectivas da língua portuguesa”.

Actualmente, a língua portuguesa é falada por cerca de 260 milhões de pessoas no mundo. A especialista prevê alguma dificuldade no crescimento da mesmo devido às dificuldades do ensino da língua portuguesa como língua estrangeira e de herança da comunidade.

Neste sentido, a professora e investigadora Ana Paula Laborinho salientou que há necessidade de se “fazer enormes esforços colectivos” visando o crescimento da língua de Camões no mundo.

“Temos muitas questões que me parecem muito relevantes. Por um lado, há uma consciência generalizada, mas que temos que impulsionar de que o português é uma língua que precisa ser aprendida, isto é, uma língua que se coloca no horizonte daqueles que têm interesse em aprender uma língua estrangeira”, disse.

“Por outro, se é verdade que cada vez mais há esse interesse, ainda há muito trabalho a fazer para passar dos tais meio milhão que aprendem o português como língua estrangeira para números mais significativos. Isto só é possível fazer efectivamente se houver uma estratégia concertada”, sustentou.

Por isso mesmo, realça a importância de construir estratégias conjuntas tendo em conta este objectivo que é o ensino da língua portuguesa em contexto de mobilidade ou em contextos internacionais.

Para já, afirma que a CPLP dispõe de um mecanismo, que é o Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), que, entretanto, na sua perspectiva, precisa ser reforçado e repensado para ter mais capacidade de fazer esta gestão decentralizada, multilateral da língua portuguesa.

“Nenhuma outra língua tem uma instituição multilateral que faça a sua gestão descentralizada e colectiva. Portanto, este é um triunfo da língua portuguesa, o IILP, que já tem um trabalho relevante com a sua plataforma destinada aos professores de língua portuguesa ou língua segunda”, explicou.

Contudo, Ana Paula Laborinho aponta como o grande desafio a questão da certificação internacional.

“É preciso, cada vez mais, apostar nisso porque sabemos que as outras línguas cresceram pela via das certificações internacionais”, realçou sugerindo também o aumento da produção e difusão científica na língua portuguesa, e incremento no programa de mobilidade de estudantes, de artistas, investigadores e circulação de bens e serviços, como forma de aumentar a necessidade de aprender o português. In “Inforpress” – Cabo Verde

 

Macau - Instituto Politécnico de Macau realizou um seminário do Encerramento dos Estágios da Licenciatura em Português


O Instituto Politécnico de Macau (IPM) organizou um seminário do Encerramento dos Estágios da Licenciatura em Português, com o objectivo de criar um espaço de diálogo entre as instituições do ensino secundário e ensino superior, particularmente no âmbito da Língua Portuguesa.

De acordo com o IPM, o curso de licenciatura em Português da Escola Superior de Línguas e Tradução compreende duas áreas de especialização, em que os estudantes podem optar pela vertente de Língua e Cultura, ou pelo Ensino. Nesse sentido, os alunos de especialização em Ensino têm de realizar um estágio de prática pedagógica supervisionada numa escola no território. Após a conclusão do estágio e do curso, os estagiários obtêm as qualificações necessárias para a docência da Língua Portuguesa em escolas do ensino secundário em Macau.

O seminário contou com a participação dos diferentes “actores” envolvidos no ensino do Português na RAEM, nomeadamente das escolas secundárias que acolheram os alunos estagiários da licenciatura. Foram analisados o exercício prático dos estágios e o ensino da Língua Portuguesa nas escolas secundárias e nas universidades, o que, segundo o IPM, permitiu estreitar as relações entre os dois níveis de ensino e estabelecer espaços de diálogo sobre o ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa.

No seminário, estiveram presentes o chefe do Departamento do Ensino Superior da DSEDJ, Roberto Carlos Xavier, o director do Centro de Difusão de Línguas da DSEDJ, Wong Chang Chi, a professora emérita da Universidade do Porto, Isabel Pires de Lima (por videoconferência), assim como directores, subdirectores e professores dos estabelecimentos de ensino que acolhem os estagiários da Licenciatura em Português, nomeadamente Escola Pui Ching, Zheng Guanying, Secundária Luís Gonzaga Gomes, Luso-Chinesa Técnico-Profissional, Escola de Talentos (Hou Kong) e Escola Xinhua. O seminário encerrou com uma comunicação de Shee Va, escritor e membro do Conselho Consultivo da Licenciatura em Português. In “Jornal Tribuna de Macau” - Macau


 

Moçambique - Comissão Nacional de Eleições quer ensino sobre democracia e eleições nas escolas

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique defendeu a integração de conteúdos sobre democracia e eleições nos programas escolares para as crianças e jovens do país visando o desenvolvimento do processo democrático

Em entrevista à Lusa, o presidente da CNE, Carlos Matsinhe, advogou que as crianças e os jovens moçambicanos devem começar a aprender sobre processos eleitorais desde cedo.

“Nós tivemos um encontro com a ministra da Educação e Desenvolvimento Humano [Carmelita Namashulua] há cerca de três semanas e uma das questões que levantámos foi, de facto, a necessidade de se começar uma educação sobre a democracia e eleições às crianças o mais cedo possível”, afirmou Matsinhe.

O presidente da CNE falava à margem de um debate sobre “Processos eleitorais em Moçambique: Lições, desafios e caminhos para a reforma”, inserido no seminário “Indução Temática da Nova CNE”.

Os conteúdos letivos em vigor nos ensinos primário e secundário já incorporam matérias sobre pleitos eleitorais e democracia, mas a CNE e o Governo moçambicano pretendem que a abordagem desses tópicos seja permanente, acrescentou.

Nesse sentido, prosseguiu, é necessário “melhorar e ampliar esses conteúdos, para que sejam uma parte integrante dos currículos, de forma permanente”.

A CNE e o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano decidiram criar uma comissão visando a avaliação da incorporação de matérias sobre democracia e eleições de forma sistemática, avançou Carlos Matsinhe.

O presidente da CNE enfatizou a necessidade de a inserção de conteúdos sobre escrutínios e democracia acontecer antes das eleições autárquicas de 2023 e gerais de 2024.

“O nosso desejo como CNE é garantir que durante este ano de 2021 ou 2022 se criem condições para uma maior educação cívica eleitoral não somente nas escolas, mas a todos os níveis, de tal maneira que a educação cívica eleitoral não seja apenas nos momentos de campanha eleitoral”, destacou.

O fraco exercício da cidadania e os elevados índices de abstenção nas eleições têm sido apontados em vários estudos como uma das fragilidades da democracia moçambicana. In “Milénio Stadium” – Canadá com “Lusa”



Moçambique - Vice-chefe da ONU lidera mobilização internacional em favor do país

Amina Mohammed junta-se a personalidades regionais e internacionais numa visita virtual para aumentar a mobilização de mulheres, incentivar a liderança feminina e promover o desenvolvimento sustentável no país africano de língua portuguesa


A subsecretária-geral da ONU junta-se a líderes femininas e organizações internacionais numa missão de solidariedade a Moçambique. 

A meta é envolver o grupo no enfrentar da crise e mobilizar mais apoio humanitário para o norte da nação, que enfrenta um conflito humanitário com a violência entre grupos extremistas e forças militares do país.

Progressos 

Na visita virtual de alto nível desta quinta-feira, Amina Mohammed reuniu-se com personalidades regionais e da Rede de Mulheres Líderes Africanas.

As Nações Unidas apoiam a maior mobilização feminina, o reforço da liderança e da representação do grupo para promover progressos e a implementação de respostas inclusivas e sustentáveis. A violência na província de Cabo Delgado teve início em 2017. 

No evento foram apresentadas mensagens de solidariedade das ex-presidentes do Malawi, Joyce Banda, da República Centro-Africana, Catherine Samba-Pandza e das Maurícias, Ameena Gurib-Fakim.

A ativista social moçambicana Graça Machel, antiga primeira-dama de Moçambique, uniu-se à antiga primeira-ministra Luísa Diogo na sessão com Mohammed.

Mais de 714 mil pessoas, a maioria mulheres e jovens, foram obrigadas a deixar as suas casas devido às ações de terroristas e extremistas em Cabo Delgado.


Subsistência 

Segundo o governo moçambicano, os extremistas praticam violações dos direitos humanos incluindo violência sexual e de género.

Milhares de crianças foram obrigadas a abandonar a escola e a crise humanitária ameaça os meios de subsistência das comunidades. 

Um dos maiores receios é que a situação afete mais jovens e prolongue a crise.

Em 24 de março, terroristas atacaram a vila de Palma, ao norte da capital de Cabo Delgado forçando dezenas de milhares a fugirem das suas casas.

A Comissão Económica para África, ECA, destaca a queda do rendimento per capita em 2019 para US$ 504 em Moçambique após a passagem dos poderosos ciclones Idai e Kenneth pelo país. 

Em 2020, o país prevê que haja uma queda de rendimento de 3,4% devido à pandemia. A Covid-19 empurrou mais 850 mil pessoas para a pobreza, aumentando a taxa nacional para 63,7% da população moçambicana. ONU News – Nações Unidas




quinta-feira, 27 de maio de 2021

Estados Unidos da América - Associação de falantes da língua portuguesa faz 50 anos

A organização sem fins lucrativos para falantes de português nos Estados Unidos, a Massachusetts Alliance of Portuguese Speakers (MAPS), prepara-se para celebrar os “50+1” anos com uma gala em 09 de outubro



No ano passado, a organização foi impossibilitada de celebrar 50 anos devido à pandemia de covid-19, pelo que a próxima gala será de celebração dos 50+1 anos.

O evento que visa celebrar mais de meio século da organização e homenagear os “Construtores da MAPS” vai ser realizado em 09 de outubro no Marriott Hotel de Cambridge, uma cidade vizinha de Boston.

Várias datas previamente anunciadas foram anuladas devido à pandemia de covid-19. A primeira gala de 50 anos tinha sido anunciada para 25 de abril de 2020.

“Foi muito difícil para nós termos de cancelar a nossa Gala no ano passado, mas sentimos que uma data tão importante merecia uma celebração em pessoa, não virtual”, disse o diretor executivo da MAPS, Paulo Pinto, citado num comunicado da organização sem fins lucrativos.

“Agora que a situação da pandemia melhorou bastante, estamos ansiosos para nos reunirmos com segurança para honrar a nossa história e as pessoas excecionais que construíram esta organização”, acrescentou.

A MAPS serve como ponto de contacto das comunidades imigrantes de língua portuguesa nos EUA com as autoridades, hospitais e centros de abrigo no estado de Massachusetts e localidades vizinhas, dá aconselhamento na área social e de saúde e educa e faz testagem para doenças sexualmente transmissíveis.

Numa entrevista à Lusa no final do ano passado, Paulo Pinto recordou várias campanhas e programas marcantes e benéficos para a comunidade lusófona no Estado de Massachusetts.

“É incrível que a nossa organização tenha ultrapassado imensos desafios ao longo de cinco décadas e sobrevivido e conseguido apoiar milhares e milhares de imigrantes, ajudando esses imigrantes e famílias a construírem vidas mais saudáveis e com mais sucesso através dos nossos esforços, programas e serviços”, disse Paulo Pinto à agência Lusa em dezembro.

Segundo a organização, entre 01 de julho de 2019 e 30 de junho de 2020, a MAPS serviu “quase 18000 membros das comunidades de língua portuguesa e outras e distribuiu mais de 142000 dólares em assistência financeira de emergência a mais de 350 famílias”.

Até janeiro deste ano, a organização tinha ajudado imigrantes que sofreram com a doença da covid-19 na compra de alimentos ou pagamento de aluguer, com a distribuição de ajudas no valor de mais de 250 mil dólares (cerca de 205 mil euros), provenientes de angariação de fundos e donativos de várias fundações.

A MAPS esteve presente em momentos de dificuldade, como uma rede de apoio e de ajuda a pessoas, famílias, pequenas empresas, negócios locais ou restaurantes, disse Paulo Pinto à Lusa.

Segundo o diretor executivo, uma das principais campanhas da MAPS nos últimos 50 anos foi a campanha de prevenção e testagem da doença sexualmente transmissível sida, a que a comunidade de língua portuguesa nos EUA não reconheceu imediatamente o valor.

O diretor executivo da MAPS recordou à agência Lusa a reação da comunidade portuguesa várias décadas atrás: “Tivemos ameaças de pessoas a telefonarem a dizer que nos iam fazer mal ou que iam destruir a nossa organização, porque estávamos a dar um mau nome à comunidade, porque estávamos a dizer que a nossa comunidade também tinha sida”.

“Hoje é um programa que é muito bem visto e reconhecido e a comunidade dá-nos imenso crédito pela nossa liderança”, contrapôs.

Paulo Pinto destacou também uma campanha dirigida para ajudar imigrantes a obter cidadania norte-americana, em colaboração com vários clubes portugueses ou associações e organizações portuguesas nos EUA.

O programa de cidadania ajudou imigrantes de 48 países no ano passado e a organização consegue ajudar entre 500 e mil pessoas por ano. “Ao longos dos 50 anos temos verdadeiramente ajudado milhares e milhares de pessoas a tornar-se cidadãos americanos”, disse o responsável. In “Bom dia Europa” – Luxemburgo com “Lusa”