Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 30 de setembro de 2023

Portugal - Museu do Terramoto de Lisboa vence prémio internacional e é a “Nova Atração Líder da Europa”

O Quake – Museu do Terramoto de Lisboa esteve entre os vencedores dos World Travel Awards do presente ano. A mostra ganhou o prémio de “Nova Atração Turística Líder da Europa de 2023”


“Vencer um prémio dos World Travel Awards é extremamente gratificante e motiva-nos a reforçar a importância desta missão de consciencialização sísmica da população. Prometemos entreter, ensinar e ajudar a proteger”, afirma Ricardo Clemente, um dos fundadores do Quake ao saber do galardão arrecadado, o de “Nova Atração Turística Líder da Europa de 2023”.

Considerados os “Óscares do Turismo”, os World Travel Awards premeiam atrações e destinos turísticos em diversas categorias e reconhecem o trabalho desenvolvido na indústria a nível global, de modo a estimular a competitividade e a qualidade da oferta.

O Quake – Museu do Terramoto de Lisboa oferece uma experiência imersiva que convida os seus visitantes a embarcarem numa viagem no tempo, até 1755, e a reviverem o evento mais dramático e transformador da cidade – o Grande Terramoto de Lisboa. O museu utiliza simuladores, video-mapping e tecnologia 4D interativa, para recriar da forma mais realista possível o ambiente do dia 1 de novembro, o próprio terramoto e a cidade depois do desastre. Os visitantes têm a oportunidade de passear pelas ruas da capital tal como eram no século XVIII e de se sentirem dentro de uma Lisboa diferente da atual.

Além de ser um programa lúdico para toda a família, a visita ao Quake é um momento educacional importante, que mostra a dimensão da catástrofe, ensina o que fazer para se preparar e como se deve proteger enquanto cidadão, para outro eventual terramoto com a mesma magnitude.

Desde a sua abertura, em abril de 2022, o Quake já recebeu mais de 150 mil visitantes portugueses e de outras nacionalidades. O museu já foi reconhecido com outros prémios como os THEA Awards (categoria Outstanding Achievement - Historical Experience) ou os Remarkable Venue Awards (categoria Most Innovative Venue). In “Sapo Lifestyle” - Portugal

III Encontro de Jovens Escritores Africanos de Língua Portuguesa acontece em Portugal

O III Encontro de Jovens Escritores Africanos de Língua Portuguesa decorre no próximo dia 7 de outubro na Universidade Lusófona, em Lisboa, Portugal, das 9h30 às 17h. O encontro é uma produção da Ser Mais Valia (SMV), uma associação que se dedica sobretudo à cooperação com os PALOP, através do seu projeto EscritAfricando e tem como objetivo apoiar jovens africanos que têm “o sonho de se afirmarem como escritores”

Segundo nota de imprensa, os trabalhos do encontro dividem-se entre uma “oficina sobre poesia” e apresentação de produções de jovens escritores africanos. Entre estas encontra-se a antologia EscritAfricando 22, resultante de candidaturas de jovens autores.

No mesmo dia e na parte de tarde, as atividades centram-se no encontro com os autores convidados Geni Brito, investigadora, o jornalista e escritor Gociante Patissa, o poeta Aurelino Costa e a escritora Kátia Casimiro.

De acordo com a organização, será apresentada, igualmente, a nova edição do Prémio EscritAfricando que dará origem, futuramente, a mais uma antologia de textos “a apresentar no próximo Encontro”.

A Ser Mais Valia (SMV) é uma associação que se dedica sobretudo à cooperação com os PALOP. O EscritAfricando é um projeto da SMV que visa apoiar os jovens africanos de língua portuguesa a realizarem o seu sonho de se tornarem escritores reconhecidos. Tiago Ribeiro – Cabo Verde in “A Nação”


Cabo Verde - Lura canta o lado positivo das cores do mundo

Ao sétimo álbum, a cantora Lura canta o lado positivo da multiculturalidade, insistindo na necessidade de aceitar o outro e aventurando-se por inovações musicais que incorporam composições de nomes como Agualusa, Dino de Santiago e Angelique Kidjo


“O nome que dei ao disco – Multicolor – tem a ver exatamente com isso, com as várias cores de que sou constituída, toda esta minha miscelanização; os encontros entre Cabo Verde, Portugal, com outras culturas, fazem de mim uma pessoa de várias cores e quando se fala de cor, também se fala da cor da pele”, disse em entrevista à agência Lusa.

A cantora de nacionalidade portuguesa e cabo-verdiana decidiu recorrer a “todos estes mundos e todos estes conceitos” que fizeram dela uma mulher “na procura da identidade”.

E sobre a sua dupla nacionalidade, sublinha o seu lado positivo: “Temos na vida demasiados motivos para o lado negativo e eu penso que esta minha dupla nacionalidade é algo positivo, que tenho de ver como enriquecedor”.

“É o que sempre fiz ao longo da vida, ver o lado positivo das coisas. África, por exemplo, foi sempre mostrada pelo seu pior lado, mas África tem coisas tão boas para mostrar. Eu considero-me africana, parte dos meus genes vem de África, outra parte da Europa e resultou na mulher que sou hoje”, afirmou.

Habituada a surpreender com algumas inovações que introduz em cada álbum, o sétimo, a ser lançado, conta com a produção de Agir e “uma sonoridade mais eletrónica, mais moderna”.

“Nós, artistas temos esta responsabilidade também de representar os tempos que vivemos. Digamos que tentei modernizar, sem perder nunca a minha identidade”, disse.

Lura concretizou o desejo de cantar em português e um desses temas é “Vou-me amar”, que “fala sobre a autoestima” e “foi um pouco inspirado em relacionamentos tóxicos, quer sejam relacionamentos amorosos, como profissionais, familiares e em geral”.

“É um pouco a apelar à importância de nos amarmos e estarmos atentos ao que é importante para nós e para o nosso bem-estar, antes de amar quem quer que seja”, acrescentou.

Lura convidou artistas que admira para este álbum, como Angelique Kidjo, uma cantora natural do Benim, premiada com vários Grammys e embaixadora da Boa Vontade da UNICEF, com quem divide um tema que fala sobre “empatia, a capacidade de aceitar os outros, independentemente das suas diferenças físicas e ideológicas”.

“É uma mulher que admiro imenso e já nos temos vindo a acompanhar mutuamente ao longo dos tempos. Partilhamos este tema ´Cetam` e acho que é a altura certa para falarmos sobre estas causas”, prosseguiu.

O álbum conta ainda com outras participações, como a da portuguesa Picas, de Dino de Santiago, de origem cabo-verdiana, com quem Lura já partilhou o palco, assim como do escritor angolano José Agualusa, para quem o futuro da música cabo-verdiana passa por Lura.

O disco vai ser agora apresentado em vários países europeus, estando previsto, para Lisboa, um “espetáculo minimalista, com três músicos em palco num concerto de inverno”, com data marcada para 13 de outubro, no Centro Cultural de Belém. In “Expresso das Ilhas” – Cabo Verde com “Lusa”


sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Angola - Contos inspirados em Agostinho Neto vistos no livro “A Idade da Memória”

Contos infantis inspirados na poesia do primeiro Presidente de Angola e Fundador da Nação, Agostinho Neto, são destacados no livro “A Idade da Memória”, numa co-autoria das escritoras Domingas Monte e Luísa Fresta, a ser apresentado, na Biblioteca Municipal do Governo Provincial de Luanda


Uma nota de imprensa da Mayamba Editora refere que o livro vai ser apresentado pelo poeta e crítico literário Hélder Simbad. No documento, a editora explica que o livro é um enriquecimento e subsídios sobre a vida e obra do Poeta Maior.

Recordar Agostinho Neto, ressalta, é trazer à memória a pessoa, o estadista, o guerrilheiro, o médico, mas também o poeta e momentos sublimes da História de Angola.  "Foi esta personalidade carismática, e sobretudo a sua poesia, que incentivaram a imaginação e a escrita de Domingas Monte e de Luísa Fresta (autoras) para darem vida ao livro ‘A Idade da Memória’”, lê-se.

Júlio Pinto pincelou de cor e movimento, com as suas ilustrações, o livro que agora sai do prelo da Mayamba, cujo lema da editora é: "Ler é desvendar o Mundo!”.

Domingas Monte, pseudónimo literário de Domingas Henriques Monteiro, nasceu em 1982, na província do Uíge. É licenciada em Línguas e Literaturas Africanas, pela Universidade Agostinho Neto. Mestre em Estudos Literários Culturais e Interartes pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

É actualmente a directora-geral do Instituto Nacional das Indústrias Culturais e Criativas (INICC) do Ministério da Cultura e Turismo. É docente da Faculdade de Humanidades da Universidade Agostinho Neto, desde 2011.

É presidente da Associação, "MweloWeto” (Nosso Portal). É autora dos livros "O Gelado de Múkua da Mamita”, "A Canção Kongo e Ovimbundu – Tradições e Identidades”, "O Sapo Azul” e "Kyese”, este último publicou, recentemente pela Mayamba Editora, em Julho do corrente ano. Leccionou na Faculdade de Humanidades, Artes, Educação e Formação de Professores, da Universidade Jean Piaget de Angola.

Domingas Monte é co-autora do romance interactivo "O Cruzeiro da Morte” e das antologias "Sonhos Sem Fronteiras” e "O Perfume”. Tem poemas publicados na colecção de crónicas e contos "El Dorado” e um conto na antologia de poesia e prosa "Arte de Viver”, ambos da Celeiro de Escritores do Brasil.

É Booktuber dos canais "Caminhos da Literatura – com Domingas Monte” e "Matabicho dos Pequenos”. Palestrante e formadora em "Leitura em Voz Alta” e "Escrita Criativa”. Domingas Monte concorda que nos dias de hoje as crianças estão a consumir muitos produtos culturais para adultos.

Porém, na sua perspectiva, a Literatura Infantil em Angola, não está em crise, porque tem havido muita produção, somente se precisa fazer chegar os livros às crianças e ensiná-las a compreender e a interpretar as obras, elevando-as num alto patamar, o que, de alguma forma, pode ajudar a modelar comportamentos e personalidades.

O primeiro livro infanto-juvenil que publicou chama-se "O Gelado de Múcua da Mamita”, em 2014. Resumidamente, fala de uma menina que cria laços de amizade com um imbondeiro que fala e que até lhe ensinou a grande receita do gelado de múcua que atraia muita gente à sua aldeia.”

No ano de 2018, Luísa Fresta, venceu a primeira edição do Prémio de Poesia no Feminino, "Um Bouquet de Rosas para Ti”, cuja designação do prémio foi inspirada no poema homónimo, "Um bouquet de Rosas para Ti”, do poeta Agostinho Neto, dedicado à esposa, Maria Eugénia Neto, escrito na cadeia da PIDE do Porto, no dia 8 de Março de 1955. O galardão é uma homenagem à esposa do Primeiro Presidente de Angola, celebra a mulher angolana, e, concomitantemente, o 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, e foi instituído em Março de 2017, no âmbito dos projectos culturais do Memorial Dr. António Agostinho Neto.

A primeira edição, 2018, distinguiu a obra "Março entre Meridianos” de Muhatu, pseudónimo literário de Luísa Clara Cartaxo Fresta, avaliado em um milhão de kwanzas.

Luísa Fresta nasceu em Braga, Portugal, no dia 21 de Agosto de 1964. Viveu a maior parte da sua juventude em Angola, país com o qual mantém laços de cidadania e envolvimento cultural e familiar, estando radicada em Portugal desde 1993.  Publicou em 2012 e 2013 um conjunto de crónicas sobre as décadas de 1960 e 1980 da vida em Luanda, através do Jornal Cultura, Jornal Angolano de Artes e Letras, com o qual colaborou regularmente até 2015 e publicou, pontualmente, em diversas revistas on-line, com destaque para a "Literatas”, Moçambique, e as brasileiras, "O equador das coisas”, "Samizdat” e "Subversa”.

Escreve regularmente desde 2013 para o portal "o Gazeta”, coordenado por Germano Xavier e desde 2014, tem publicado, sobretudo poesia, no portal "Entrementes”- revista digital de cultura. Escreve, desde 2016, no jornal digital "Artes&Contextos”.  Sobre cinema, essencialmente africano lusófono e francófono, mantém participações episódicas através de artigos de opinião. Luísa Fresta tem publicadas as seguintes obras: "49 Passos/ Entre os limites e o Infinito”, poesia, pela Chiado Editora, em 2014, e "Contexturas”, contos baseados em quadros de Armanda Alves, co-autora, com a chancela dos "Livros de Ontem”, em 2017. Manuel Albano – Angola in “Jornal de Angola”


Macau - Governo instado a formar bilingues e a alargar influência de plataforma

Ho Iat Seng teve encontros com mais três associações no âmbito da elaboração das Linhas de Acção Governativa para o próximo ano. Ma Chi Seng, em representação da Associação de Amizade de Membros da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, sugeriu que sejam formados mais quadros bilingues para que o sector do jogo se possa alargar ao mercado externo e propôs que o Governo amplie a “influência” da plataforma entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Do lado da Federação das Associações dos Operários, pedidos no âmbito laboral, enquanto a Associação Geral das Mulheres se focou nas políticas para incentivar o aumento da taxa de natalidade


O Chefe do Executivo teve encontros com mais associações no âmbito da elaboração das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o ano financeiro de 2024. Na Sede do Governo, Ho Iat Seng recebeu os representantes da Associação de Amizade de Membros da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês na Instância da Província de Macau, tendo abordado diversos temas.

O presidente da assembleia-geral da associação, Ma Chi Seng, apresentou ao Governo cinco sugestões, entre as quais apoiar o alargamento do sector do jogo ao mercado externo, “elevando o nível de serviços de transporte aéreo, formando mais pessoal bilingue no sector do jogo ou que domina mais línguas”.

O também empresário e deputado nomeado pelo Chefe à Assembleia Legislativa propôs ainda que o Governo alargue a “influência” da plataforma entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Neste ponto, sugeriu em concreto que aumente a frequência da organização de actividades e enriqueça o seu conteúdo. Ma Chi Seng disse também que o Executivo deve, através da plataforma, “promover o sector de turismo de lazer integrado”.

Do rol de opiniões que fez chegar ao líder da RAEM constavam o incentivo às pequenas e médias empresas (PME) para explorarem negócios na Zona de Cooperação Aprofundada, o reforço da cooperação regional no âmbito do “Turismo +” e do desenvolvimento do ensino integrado, “apoiando e encorajando as instituições de ensino superior de Macau a desenvolverem-se em Hengqin, cultivando o ensino patriótico junto dos jovens”.

Ho Iat Seng assegurou que a equipa governamental irá estudar e analisar as opiniões, elaborando as LAG “pragmaticamente”. Já o Secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, apontou que o Governo irá “promover eficazmente” o desenvolvimento dos projectos do segmento não jogo, persistindo em organizar mais actividades diversificadas de turismo, cultura e desporto, com vista a explorar mais a fonte de turistas. Disse também que divulgará o mais breve possível o “Plano de Desenvolvimento da Diversificação Adequada da Economia da RAEM”.

Políticas laborais e de incentivo à natalidade

Com o mesmo propósito, Ho Iat Seng reuniu-se com representantes da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), tendo trocado impressões sobre as políticas laborais, os recursos humanos e a formação profissional. O líder da RAEM salientou mais uma vez que em 2024 o Governo irá “manter várias medidas de benefícios à população”, sublinhando, contudo, que, segundo os dados estatísticos, “a taxa de inflação em Macau não teve um aumento significativo”.

Ho Iat Seng reconheceu também que há sectores que “enfrentam uma escassez de pessoal, especialmente na indústria de serviços hoteleiros”. Sobre esta matéria, garantiu que o Executivo “reforçará o apoio na formação profissional e nas competências de aptidão profissional, a fim de melhorar o sistema de serviços laborais”.

As sugestões levadas pela presidente da FAOM, Ho Sut Heng, abrangiam o foco na manutenção das medidas de apoio à população e alívio da pressão na vida dos residentes e o aperfeiçoamento de políticas laborais, por forma a assegurar os direitos dos trabalhadores. Além disso, propôs a optimização de várias medidas relacionadas com as condições de vida da população e a construção de uma “cidade habitável e adequada ao turismo” e a aceleração da conexão das políticas entre Hengqin e Macau.

Já no encontro com as representantes da Associação Geral das Mulheres de Macau, os assuntos abordados tiveram que ver com o desenvolvimento dos assuntos das mulheres e os seus direitos e com as políticas de natalidade.

A presidente da direcção da Associação Geral das Mulheres, Un Sio Leng, referiu que Macau se encontra num “período fulcral” para resolver os conflitos e problemas “profundamente arreigados no desenvolvimento social”. Assim, “perante o declínio da taxa de natalidade, de envelhecimento da população e do enfraquecimento da função da família, a sociedade carece de que o Governo crie, em várias vertentes, um sistema que proteja o desenvolvimento das famílias”. Neste sentido, propôs que o Executivo estude e defina metas de desenvolvimento familiar, “potenciando as vantagens articuladas de vários serviços públicos, com vista a elevar a eficiência das políticas em causa”.

Na réplica, Ho Iat Seng disse esperar que os diversos sectores apresentem mais sugestões em prol do aumento da taxa de natalidade no território. Afirmou também que as sugestões apresentadas servirão de referência para a elaboração dos trabalhos governativos para o próximo ano. In “Jornal Tribuna de Macau” - Macau


Brasil - Redescoberta espécie de azevinho que não era avistada há quase 200 anos

Foi em Igarassu, no estado brasileiro de Pernambuco, que uma equipa de cientistas redescobriu uma espécie de azevinho (Ilex sapiiformis) que há 186 anos não era avistada e que, por isso, se pensava estar extinta na Natureza.


Esse foi o resultado de uma investigação científica, liderada pelo ecólogo Gustavo Martinelli, que se apoiou na análise de espécimes antigos e em registos de avistamentos do último meio século.

Depois de seis dias em buscas no terreno, a equipa, no passado dia 22 de março, encontrou, por fim, quatro árvores de I. sapiiformis, numa área que em tempos fora mata atlântica, mas que agora é dominada por uma paisagem predominantemente urbana intercalada com plantações de cana-de-açúcar.

Pensava-se que esta espécie de azevinho teria mesmo sucumbido à extinção, mas não havia ainda evidência científicas incontornáveis que o confirmassem. Por isso, foi incluída na lista das espécies de animais e plantas perdidas mais procuradas pelos especialistas do projeto global ‘Search for Lost Species’, uma iniciativa da Re:wild e da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

Desde que o projeto arrancou em 2017 já foram redescobertas nove espécies que se pensava terem desaparecido para sempre.

Embora a redescoberta da I. sapiiformis dê alguma esperança aos botânicos e ecólogos, pois, afinal, a espécie não está extinta, Martinelli avisa que não é motivo para respirar de alívio. “Pode estar à beira da extinção, porque, pelo que sabemos, só existem quatro indivíduos da espécie”, afirma, citado em nota da Re:wild, acrescentando que o quarteto sobrevivente se encontra numa “área de floresta ripícola degradada, apesar de estar protegida por lei”.

Exemplares da I. sapiiformis foram recolhidos pela primeira vez em 1838, pelo naturalista George Gardner, tendo a espécie sido oficialmente descrita 25 depois por Siegfried Reissek. Pensava-se que a coleção de Gardner era o único avistamento confirmado da espécie, mas a análise de espécimes de coleções no Brasil revelou dois espécimes de I. sapiiformis que não tinham sido identificados: um recolhido em 1962 e outro em 2007.

Cruzando os registos históricos com os espécimes recolhidos, a equipa conseguiu redescobrir uma espécie vegetal que se pensava ter desaparecido completamente.

“Encontrar uma espécie da qual não se ouvia falar há quase 200 anos não é algo que aconteça todos os dias”, confessa Juliana Alencar, outra das investigadoras envolvidas nesta demanda.

Segundo informações divulgadas pela Re:wild, os quatro espécimes estão a ser acompanhados de perto por especialistas do Jardim Botânico do Recife, que todas as semanas regressam ao local onde foram encontrados. O objetivo é recolher sementes dessas árvores e plantar novos indivíduos para ajudar a recuperar a espécie.

E o trabalho não está terminado. A equipa pretende continuar a procura por outros indivíduos remanescentes de I. sapiiformis, e criar um programa de reprodução em cativeiro da espécie.

“Mesmo quando uma planta não tem avistamentos confirmados em 186 anos, pode, ainda assim, subsistir nos últimos vestígios do seu habitat natural algures, e esta árvore é um excelente exemplo da importância de continuar a procurar”, salienta Christina Biggs, do programa de espécies protegidas da Re:wild. Filipe Rações – Portugal in “Green Savers”


Moçambique – Inaugurado o Centro Cultural Moçambique-China

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, inaugurou o Centro Cultural Moçambique-China, o segundo maior de África com 20 mil metros quadrados, três salas para teatro, espectáculos musicais e eventos corporativos, com uma capacidade para 500 pessoas, outras para 412, destacando-se a maior para 1500 pessoas.


O edifício, localizado junto ao campus principal da Universidade Eduardo Mondlane, é fruto da cooperação bilateral entre Moçambique e China, onde os dois países assinaram, em 2015, um acordo de financiamento, para a construção, de 50 milhões de dólares, provenientes da China.

Numa sala cheia, composta por membros do Governo, académicos e artistas, Filipe Nyusi disse, na ocasião, que o edifício cuja primeira pedra foi lançada em 2018 é de todos e, por isso, deve ser bem conservado.

“A equipa que vai trabalhar neste centro deve-se capacitar para que tenha uma percepção mais completa sobre a infra-estrutura, com olhos postos no desenvolvimento institucional”, recomendou Nyusi, para depois acrescentar “aos artistas, exige-se de vós o sentido de pertença, capitalizando e explorando todas as capacidades deste centro, assim contribuindo, não apenas para a sua manutenção, como também de maneira previsível para a renda das vossas famílias e geração atrás de geração”.

Já o embaixador da China em Moçambique, Wang Hejun, afirmou que este investimento não começou “hoje”, uma vez que a relação cultural entre Moçambique e China vem muito antes da independência de Moçambique.

O centro não só vai servir para enriquecer a vida cultural do povo moçambicano, como também vai fornecer uma nova plataforma para China e Moçambique fortalecerem os intercâmbios culturais.

“Este espaço servirá também para os dois povos partilharem novas ideias e novos conceitos e melhorarem juntos através da comunicação, compreensão, respeito e apreciação mútuos, construindo, assim, uma estrada de intercâmbio civilizacional entre a China e Moçambique”, disse Hejum.

Em representação da classe artística, o músico Moreira Chonguiça referiu que o centro é algo há muito esperado, pois fazia falta aos artistas. Chonguiça disse que, com a inauguração, estão criadas as condições para os artistas fazerem a exposição da sua criatividade.

“Este evento é um marco na história da indústria cultural e criativa em Moçambique, um sector em franco desenvolvimento e que está associado ao empreendedorismo que, de forma activa, protege e preserva a cultura moçambicana”, enalteceu Chonguica.

Nyusi homenageia e reconhece feitos de Samora Machel na cultura

Se estivesse vivo, Samora Machel, o primeiro Presidente de Moçambique, completaria hoje, 29 de Setembro, 90 anos. A inauguração do Centro Cultural Moçambique-China foi feita, ontem, propositadamente em homenagem a Samora Machel, como forma de reconhecer os seus feitos pela valorização da cultura.

Na ocasião, o Presidente da República falou da vida e obra de Samora Machel, destacando que a sua trajetória foi cheia de desafios e missões, que soube sempre ultrapassar.

Nyusi disse que Machel, mais do que proclamar a independência do país, lutou para recuperar, desenvolver e dignificar a vivência, as tradições e os comportamentos, bem como lutou para a valorização das línguas nacionais.

“Para Samora, era inconcebível que um moçambicano digno de nome, sem conhecer, praticar e ter orgulho da sua cultura”, disse Nyusi e prosseguiu “Machel lutou pela valorização das nossas músicas, dança; valorizava a indumentária, as artes, entre outras manifestações culturais do povo moçambicano”.

O Chefe de Estado disse ainda que o primeiro Presidente de Moçambique entendeu que a cultura é a maneira de ser e estar e relacionar-se desde o nascimento até à morte dos indivíduos.

A homenagem de Nyusi prosseguiu e Graça Machel, viúva de Samora Machel, reconheceu os feitos do seu esposo na cultura, ainda em vida.

Graça Machel disse que o papel de Machel e também da Frelimo na cultura começou antes da independência, ainda na luta de libertação nacional.

“A Frelimo, na altura, decidiu claramente que a luta de libertação nacional não era apenas uma luta militar; era também uma luta para aprendermos a produzir, para aprendermos a valorizar a educação, mas, sobretudo, fazer da cultura um elemento de ligação entre todos os moçambicanos que vinham de todas as províncias moçambicanas, mas que não falavam a mesma língua. A primeira forma de união foram as manifestações culturais”, recordou Graça Machel. Julieta Zucula – Moçambique in “O País”


quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Brasil - Rosa Weber e a justiça social reprodutiva

O último voto da ministra Rosa Weber no STF poderá se tornar histórico. A ação foi proposta em 2017 pelo Psol e vinha se arrastando há seis anos, até a ministra Weber colocá-la na pauta. A ministra fazia questão de marcar sua posição como mulher na Suprema Corte, antes de deixar seu cargo por limite de idade. Se os demais ministros aceitarem dar seu voto pelo sistema eletrônico, a questão da criminalidade ou não do aborto será conhecida, numa previsão otimista, até dia 29, sexta-feira.

Entretanto, bastará um dos ministros pedir vista para ocorrer um adiamento. Numa previsão pessimista e mais provável, a decisão do STF sobre uma discutida descriminalização do aborto ficará para as calendas gregas. Isso porque tanto Nunes Marques como André Mendonça certamente pedirão vista e poderão esquecer de apresentar seus arrazoados sem levar em conta os prazos a serem observados.

A época não é das mais propícias à discussão à legalização do aborto nas 12 primeiras semanas ou nos três primeiros meses da fecundação. Em junho do ano passado, a Corte Suprema dos EUA acabou com o direito ao aborto ao deixar com os 50 Estados norte-americanos a decisão sobre a questão. Pelo menos a quase metade dos Estados norte-americanos já voltaram a proibir ou a restringir o aborto, alguns deles mesmo em caso de estupro ou risco de morte da gestante.

Esse retrocesso nos EUA foi possível pela nomeação de três ministros juízes conservadores na Corte Suprema, durante o mandato presidencial do presidente Donald Trump. Como o cargo de juiz da Corte Suprema é vitalício ou até a morte, os EUA têm, desde outubro de 2020, seis juízes ou magistrados conservadores e três liberais. Isso significa que a Justiça norte-americana será conservadora durante os próximos vinte ou trinta anos.

No Brasil, nem todos os políticos, juristas ou jornalistas concordam caber ao STF estatuir sobre o aborto. O crescimento da influência religiosa junto aos eleitores faz os políticos se manifestarem contra o aborto para satisfazer seus eleitores católicos, evangélicos ou espíritas conservadores. Ou então, como foi o caso de Dilma Rousseff, quando candidata, de se declararem favoráveis à competência do Legislativo sobre a questão, deixando aos deputados federais e senadores decidirem sobre a questão, evitando assim confronto e perda de votos.

Existem também comentaristas políticos de influência defendendo atualmente, por crença religiosa, a manutenção da ilegalidade do aborto na lei brasileira, exceto nos casos de estupro, risco de morte para a gestante e anomalia no feto. Por isso, criticam que possa haver uma decisão diferente por parte do Supremo Tribunal Federal.

Porém, a atual safra de parlamentares, empenhada em acabar com o casamento entre homossexuais, aprovado há doze anos, poderia ser mais rigorosa com o aborto, por influência dos evangélicos fundamentalistas aos quais se juntariam os católicos conservadores, ignorando mesmo a gravidez decorrente de estupro. Segundo publicaram os jornais, em setembro de 2020, a atual senadora Damares Alves tentou impedir que uma menina de dez anos, engravidada após estupro, fizesse aborto.

Nesse contexto, foi um marco muito importante em favor das mulheres, o voto da ministra Rosa Weber em favor da descriminalização do aborto e de uma justiça social reprodutiva. A esse respeito, existe um excelente trabalho da professora e doutora em Saúde Pública pela USP Fernanda Lopes, sob o título Justiça Reprodutiva: um caminho para Justiça Social e Equidade Racial e de Gênero, publicado no número 40 da Organicom Revista Brasileira de Comunicação Organizacional e Relações Públicas. Rui Martins – Suíça

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Rui Martins é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro sujo da corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A rebelião romântica da Jovem Guarda, em 1966. Foi colaborador do Pasquim. Estudou no IRFED, l’Institut International de Recherche et de Formation Éducation et Développement, fez mestrado no Institut Français de Presse, em Paris, e Direito na USP. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI

 

Macau - Demora na emissão de vistos por parte do Consulado português atrasa estudantes

Há quatro alunos de Macau que ainda estão à espera da emissão de visto por parte do Consulado-Geral de Portugal na RAEM para poderem estudar na Universidade do Porto, ao abrigo de uma colaboração entre a Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude e do IPOR. O Consulado já estará a acompanhar a situação


A demora na emissão de vistos para Portugal por parte do Consulado-Geral português na RAEM está a atrasar quatro alunos de Macau que querem estudar na Universidade do Porto. Com o arrastar da situação, os encarregados de educação desses alunos terão previsivelmente de comprar novos bilhetes de avião.

Rita Santos, que tem estado a acompanhar a situação depois das queixas que recebeu dos encarregados de educação, explicou ao Ponto Final que estes quatro alunos de Macau fazem parte de um grupo de 16 estudantes que, ao abrigo de uma colaboração entre a Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude e do IPOR, pretendem fazer um curso de língua portuguesa na Universidade do Porto. Onze dos estudantes já conseguiram o visto, mas há ainda quatro que estão à espera do Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong.

Assim, os encarregados de educação desses quatro estudantes, que já tinham comprado as passagens aéreas para Portugal, viram-se obrigados a alterar a data de ida, pagando uma taxa de entre 200 a 300 euros. Se o Consulado não emitir os vistos até hoje, terão mesmo de comprar novos bilhetes de avião, referiu a conselheira das comunidades portuguesas.

Segundo Rita Santos, as aulas na Universidade do Porto já começaram e estes quatro estudantes estão com receio de não poderem acompanhar as aulas caso a emissão de visto atrase ainda mais.

A conselheira indicou mesmo que os encarregados de educação já foram várias vezes ao Consulado português para resolver a situação, não tendo conseguido resposta por parte dos funcionários. Por outro lado, Rita Santos assinalou que tentou contactar Alexandre Leitão, mas sem sucesso, dado que o cônsul-geral português em Macau está de férias e incontactável. O Ponto Final também tentou obter esclarecimentos junto do Consulado, mas não obteve resposta até ao fecho da edição. Ainda assim, Rita Santos esclarece que recebeu resposta por parte do chanceler, Ricardo Silva, dizendo que vai contactar com as autoridades para ver se é possível accionar a emissão dos vistos em tempo útil.

Recorde-se que há cerca de três semanas o Cônsul-Geral português na RAEM disse que os vistos para os alunos que querem estudar em Portugal deveriam estar prontos até ao final deste mês, salientando que a demora no processo não impediria que nenhum aluno deixasse de garantir o seu curso nas universidades portuguesas. André Vinagre – Macau in “Ponto Final”


Timor-Leste – Aprovado o terreno para novas instalações de Escola Portuguesa de Díli

O Conselho de Ministros timorense aprovou conceder um terreno na zona de Caicoli, no centro de Díli, para a construção das novas instalações da Escola Portuguesa de Díli, anunciou o executivo

A referência à decisão faz parte do comunicado da reunião do Governo, explicando que foi tomada com base numa proposta do ministro da Justiça, Amândio de Sá Benevides, sem avançar detalhes adicionais.

“O terreno está localizado à frente do Tribunal de Recurso e tinha sido, no passado, concedido a uma empresa privada que ia ali fazer um hotel. Até à data, e depois de vários anos, nada foi feito, portanto o Governo decidiu entregar o terreno para a Escola Portuguesa de Díli”, disse Amândio de Sá Benevides à Lusa. “Trata-se de uma resposta a um pedido ao primeiro-ministro Xanana Gusmão feito pelo primeiro-ministro de Portugal, António Costa, durante a sua visita a Timor-Leste”, explicou.

Sá Benevides disse que a concessão do terreno, que permitirá a expansão das atuais instalações da Escola Portuguesa de Dili, confirma a importância que Timor-Leste dá à formação em língua portuguesa e à relação com Portugal. “O programa do Governo destaca a importância da educação e formação, em particular, da língua portuguesa. Isto confirma essa importância”, notou.

A questão do futuro da Escola Portuguesa de Díli, que se debate com carência de espaço e um crescente número de pedidos de novos alunos, tem vindo a ser debatida há vários anos, chegando a ser proposto um projeto de alargamento das actuais instalações, localizadas pelo do Cemitério de Santa Cruz.

O assunto foi debatido entre os chefes dos dois Governos durante a curta visita a Timor-Leste do primeiro-ministro, António Costa, em julho último.

Na altura, num discurso perante dezenas de alunos do Externato São José, António Costa destacou a importância da língua portuguesa em Timor-Leste, o único país lusófono no continente asiático.

O português “não é só mais uma língua, é a língua que faz a diferença”, defendeu António Costa. “É esta diferença que reforça a identidade de Timor-Leste, faz a identidade de Timor-Leste”, acrescentou na altura.

O primeiro-ministro defendeu ser “muito importante que este ensino da língua [portuguesa] prossiga e que se desenvolva”.

Em Díli, António Costa confirmou o apoio ao alargamento do projeto bilateral dos Centros de Aprendizagem e Formação Escolar (CAFE) – financiado conjuntamente por Portugal e Timor-Leste – a todos os postos administrativos no país. O primeiro-ministro português prometeu ainda reforçar o apoio à Escola Portuguesa de Díli.

Em Março, o director da Escola Portuguesa de Díli (EPD), Manuel Alexandre Marques, disse ter reafirmado, num encontro com o Presidente timorense, José Ramos-Horta, o empenho da instituição no ensino e divulgação da língua portuguesa e a vontade de expandir as actuais instalações, que estão sobrelotadas. “O Presidente recomendou que continuemos a trabalhar, a divulgar o português entre todos os nossos alunos, e que façamos do português também uma ferramenta de comunicação entre povos, fazer com que a língua portuguesa seja um veículo de comunicação com todos e entre todos”, explicou, depois do encontro com o chefe de Estado, José Ramos-Horta.

Marques Alexandre Marques, que assumiu funções este ano, recordou o papel importante da EPD no reforço das capacidades linguísticas em português da nova geração, afirmado que é essencial, para isso, ampliar a escola para responder à crescente procura. “Estamos com uma sobrelotação e também falámos sobre isso, sobre a vontade do Estado português de ampliar a escola. Estão a ser estudadas várias opções. Todo o processo está em estudo, inclusivamente pelo Governo para podermos melhorar a EPD que é uma escola de referência em Timor-Leste e vai continuar a ser”, explicou.

A questão do alargamento da EPD já tinha sido um dos temas em debate na agenda da visita que o secretário de Estado da Educação português, António Leite, efectuou este ano a Timor-Leste.

No caso da EPD, e como António Leite referiu à Lusa na altura, havia “três possibilidades em cima da mesa (…) partindo do princípio de que se vai alargar a escola”, estando a nova direcção a analisar o assunto antes de negociações mais amplas para que a decisão final seja tomada, disse António Leite. “No passado já houve um projeto [de ampliação]. Mas temos uma lista de espera de 600 crianças, o que tornaria a EPD uma das maiores escolas portuguesas no estrangeiro”, explicou. A EPD tem atualmente mais de mil alunos. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”


Timor-Leste debate papel da língua portuguesa no acesso ao conhecimento

O papel da língua portuguesa como instrumento de acesso ao conhecimento é o tema central das Jornadas Pedagógicas da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL), que até hoje promovem em Díli vários debates e seminários.


Promovidas no âmbito do projeto luso-timorense FOCO-UNTL e em articulação com a Embaixada de Portugal na capital timorense, a 8.ª edição das jornadas visam promover a pesquisa científica e divulgar a língua portuguesa tanto no contexto da UNTL como junto do público em geral.

A edição deste ano, subordinada ao tema “A língua portuguesa como instrumento de acesso ao conhecimento”, reúne um conjunto de especialistas que analisarão temas relacionados com os vários aspetos da língua portuguesa em Timor-Leste.

As jornadas são, anualmente, uma oportunidade para especialistas analisaram experiências, métodos e estratégias para tornar mais eficaz o ensino do português em Timor-Leste, onde ainda se depara com dificuldades de vária ordem.

Intervindo no arranque das jornadas, o reitor da UNTL disse que a ligação timorense ao português “tem mais de 500 anos”, com os fundadores de Timor-Leste a usarem essa língua para “o nome do país, para a declaração da proclamação da independência e para o hino nacional”. “Por isso é obrigação e responsabilidade de todos os timorenses aprenderem e celebrarem esta nossa língua”, afirmou João Soares Martins.

A ministra da Educação, que assumiu funções em julho, disse que o seu mandato “será dedicado a garantir a aprendizagem da língua portuguesa pelos filhos timorenses, nas cidades, mas também nas zonas mais remotas”. Dulce Soares sublinhou que a língua portuguesa “é um fio condutor de acesso a diferentes portas do conhecimento”, o que confirma, por isso, a sua importância no contexto de Timor-Leste.

O ministro do Ensino Superior, Ciência e Cultura, José Onório Pereira, desafiou a UNTL a “continuar a investir na formação de professores em português e no ensino da língua”, fomentando ao mesmo tempo “mais pesquisa e investigação académica” que fortaleça a riqueza da língua e cultura do país.

A embaixadora de Portugal em Timor-Leste disse que as jornadas são sinal do crescente trabalho científico em língua portuguesa, destacando o debate de abertura, um “manifesto em defesa da língua portuguesa”, para que “a língua de cultura possa ser também uma língua de ciência”.

Manuela Bairos disse que a língua portuguesa “é uma língua de convívio” com outras línguas, que se tornou parte do património de Timor-Leste e que “testemunha a diferença e a diversidade” dos contextos onde é utilizada.

O vice-decano da UNTL e responsável do projeto FOCO disse que o ensino da língua portuguesa em Timor-Leste continua a enfrentar grandes desafios, incluindo a perceção de que o poliglotismo é comum em Timor-Leste, quando muitos dos timorenses “não falam bem, escrevem bem ou trabalham bem” com nenhuma das línguas. In “Ponto Final” - Macau

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Brasil – Nações Unidas elogia decisão do país sobre o direito dos povos indígenas a terras ancestrais

O Supremo Tribunal Federal vota contra a teoria do “Marco Temporal”, ampliando as possibilidades de demarcação de territórios indígenas. O Escritório de Direitos Humanos da ONU considera a medida importante para impedir a continuidade do que considera “injustiças históricas” sofridas por esta população


O alto-comissário de Direitos Humanos da ONU, Volker Turk, classificou como “muito encorajadora” uma recente decisão do Supremo Tribunal Federal do Brasil, STF, a favor de um caso accionado por povos indígenas.

Através de mensagem transmitida pela porta-voz, Marta Hurtado, o chefe dos Direitos Humanos ressaltou que a decisão é importante para impedir a continuidade de injustiças contra esta população.

Superação de injustiças históricas

A determinação considerada histórica, tomada por nove dos 11 ministros do STF, foi contra o chamado argumento do "Marco Temporal".

De acordo com essa teoria jurídica, os povos indígenas que não viviam em suas terras ancestrais em 1988, quando a atual Constituição do Brasil foi aprovada, estariam impedidos de solicitar a demarcação das suas terras.

Hurtado disse que “limitar a demarcação dessa forma teria consequências extremamente graves, incluindo impedir que essas comunidades retornassem às terras das quais haviam sido expulsas e desfrutassem dos direitos humanos associados. Também teria perpetuado e agravado injustiças históricas sofridas pelos povos indígenas do Brasil.”

Novos obstáculos no Congresso

Segundo ela, o STF deve deliberar ainda sobre a questão da indemnização para aqueles que adquiriram terras indígenas de boa-fé.

De acordo com a porta-voz, o Alto Comissariado pede uma rápida resolução desta questão, destacando que é importante que o acesso efetivo dos povos indígenas às suas terras não seja impedido.

Hurtado afirmou que a entidade está preocupada com o facto de que um projeto de lei está sendo discutido no Congresso, que procura estabelecer por meio de legislação a mesma restrição temporal que foi rejeitada pelo STF. O projeto de lei também inclui outros obstáculos aos processos de demarcação de terras indígenas.

Proteção contra a violência

O Escritório de Direitos Humanos ressalta que, embora a demarcação de terras ancestrais seja essencial, “não é suficiente por si só para proteger de forma abrangente os direitos dos povos indígenas.”

O órgão afirma que é preciso haver “uma política ativa e sistémica para proteger os povos indígenas da violência, incluindo a violência realizada por aqueles que invadem ilegalmente suas terras.”

Segundo o Escritório, a clara necessidade de tal política é ressaltada por exemplos recentes de violência infligida por garimpeiros ilegais aos povos indígenas Yanomami, no estado de Roraima, num território que foi demarcado como terra indígena há mais de três décadas. ONU News – Nações Unidas


Portugal - Sala Projeto 1 do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra vence Prémio Nacional de Arquitetura em Madeira

A obra de remodelação da Sala Projeto 1, situada no Colégio da Artes da Universidade de Coimbra (UC), venceu o Prémio Nacional de Arquitetura em Madeira (PNAM) 2023. Paulo Providência, arquiteto e professor do Departamento de Arquitetura (DARQ) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), é o autor da obra.


«Este prémio é importante para a Universidade de Coimbra porque reconhece mérito ao Departamento de Arquitetura na promoção do projeto de reabilitação do Colégio das Artes, cuja sala de Projeto I é considerada exemplar pela construção em madeira, e pela correção acústica. Esse reconhecimento é extensível ao então diretor do Darq, professor Jorge Figueira, um importante incentivador do projeto», considera Paulo Providência.

Segundo o júri do PNAM, «esta distinção foi atribuída pela forma inventiva como usa a madeira como elemento estrutural, a partir da ideia de suspensão, modelando o espaço da sala de aula. A introdução de um mezanino divide a sala em dois, remetendo para a escala dos dois espaços das antigas enfermarias do século XX. Esta configuração gera, inferiormente, um espaço de menor pé-direito, dedicado à crítica e aulas teóricas, permitindo a continuidade espacial da sala, enquanto que o piso superior é reservado aos professores. A utilização da madeira na construção do mezanino respeita os materiais e técnicas construtivas que caracterizam o edifício, dando continuidade ao seu carácter construtivo».

O PNAM, organizado pela Associação das Indústrias da Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP) com a parceria e apoio da Ordem dos Arquitectos (OA) e da Confederação Portuguesa da Construção e Imobiliário (CPCI), tem como objetivo incentivar e promover a fileira florestal portuguesa através da inovação, valorização, promoção e utilização da madeira e seus derivados em edificações.

Esta iniciativa destina-se a premiar obras com carácter permanente, realizadas em Portugal, que evidenciem o uso da madeira como material relevante na Arquitetura e que sejam da autoria de Arquitectos inscritos na Ordem dos Arquitetos.

Para ficar a conhecer a obra vencedora aceda ao vídeo aqui. Universidade de Coimbra - Portugal


Angola - Recupera 36 peças de arte em leilão realizado em Portugal

O Estado angolano comprou, esta semana, em Lisboa, Portugal, 36 das 38 peças etnográficas nacionais de várias regiões do país colocadas em leilão pela Cabral Moncada Leilões


As peças, que faziam parte da colecção privada de artes do português Elísio Romariz dos Santos Silva, foram leiloadas esta segunda-feira pelos herdeiros do referido coleccionador privado que viveu em Angola durante vários anos.

De acordo com uma nota de imprensa da Embaixada de Angola em Portugal a que a Angop teve acesso, a recuperação das 36 peças vai enriquecer o acervo cultural angolano, salvaguardando ainda o património nacional.

O empenho da Embaixada de Angola em Portugal na recuperação do maior número de peças desta colecção, insere-se no esforço nacional para que as futuras gerações tenham contacto directo com o artesanato nacional elaborado nas décadas de 50, 60 e 70 e assim reforcem as suas raízes culturais.

Segundo a representação diplomática, uma das duas peças que não foi arrebatada por Angola devido ao elevado preço de licitação (110 mil euros) é uma máscara "Mwana Pó", que figura nos apontamentos impressos distribuídos aos licitadores como "A Escultura Tribal dos Povos Bantu".

Conforme dados oficiais, foi no Museu do Dundo que Elísio Romariz dos Santos Silva estabeleceu os contactos que lhe permitiram aprofundar o interesse pela cultura angolana, tendo participado na criação do Museu de Etnografia do Lobito.

O leilão foi promovido pela Cabral Moncada Leilões e incluiu ainda peças da Guiné-Bissau, Moçambique, Libéria, África do Sul e da República Democrática do Congo (RDC). In “Novo Jornal” – Angola com “Angop”

 


Unesco - Adopta nova área para o Património do Centro Histórico de Guimarães

Proposta de Portugal foi confirmada pelo Comité de Património Mundial da Humanidade na Arábia Saudita. A reunião adoptou candidaturas da Ucrânia para a inclusão da Catedral de Santa Sofia e anexos e o Centro Histórico de Lviv para a lista de patrimónios em perigo


Um total de 42 novos sítios foram inscritos na lista do Comité do Património Mundial da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco. A apreciação encerrou na segunda-feira em Riade, Arábia Saudita.

Uma das deliberações da reunião foi o aumento para o dobro da área do Centro Histórico de Guimarães, Portugal.

Estatuto de património da humanidade

A reclassificação da área, que há 22 anos faz parte do Património Mundial da Humanidade, foi o único caso de um país de língua portuguesa a ser analisado na 45ª sessão do Comité.

Quando o local foi inicialmente aprovado, em 2001, a Câmara Municipal de Guimarães previa duplicar a área classificada, “associando a Zona de Couros na lista indicativa para obter o estatuto de património da humanidade”.

Com a expansão deste ano, o local passa a incluir dois complexos monásticos e uma zona industrial, de acordo com a Unesco. A Zona de Couros e o rio local receberam o nome pelo curtimento artesanal de couro.

Em meados do século 20, a forma de artesanato deixou de ser praticada, mas “continuam havendo provas tangíveis, especialmente do século 19 e do início do século 20, da forma de curtumes, casas de trabalhadores e espaços urbanos”.

Para a agência da ONU, o alargamento da área é o coroar do “testemunho de um milénio de desenvolvimento urbano, arquitetónico e social português.”

Locais da Ucrânia adicionados na lista

A primeira parte da reunião, que aconteceu até 16 de setembro, analisou o estado de conservação de 263 sítios já inscritos na Lista do Património Mundial, alterando o estatuto de três.

Nesse processo, foram removidos da Lista do Património Mundial em Perigo as Tumbas dos Reis Buganda em Kasubi, Uganda, e adicionados locais da Ucrânia: a Catedral de Santa Sofia e os seus edifícios monásticos e o conjunto do centro histórico de Lviv.

Entre os 42 novos locais cadastrados à Lista do Património Mundial da Unesco constam 33 culturais e nove naturais, que elevam o total para 1199. ONU News – Nações Unidas


terça-feira, 26 de setembro de 2023

UCCLA - Lançamento público da plataforma Metamarfose


Terá lugar no dia 28 de setembro, pelas 14 horas, o lançamento público da plataforma online Metamarfose.

No espaço da Década do Oceano da ONU 2021-2030 e da Estratégia da CPLP para os Oceanos, a Metamarfose é uma plataforma que pretende promover o diálogo, a partilha e o intercâmbio de conhecimentos e práticas para a valorização e proteção do Oceano, entre municípios, organizações e atores locais.


Consulte o Programa

Aceda à reunião Zoom em:

https://us06web.zoom.us/j/85880414631?pwd=ATR1rWX3R2MhNeqOJKIaFNUy2t506k.1

ID da reunião: 858 8041 4631

Senha: 852155