“Chasing Sounds” é o nome do projecto que valeu o prémio da Architecture MasterPrize para instalações e estruturas aos arquitectos de Macau João Ó e Rita Machado. A estrutura em bambu, que esteve instalada em Hong Kong, servia de palco e criava uma ligação entre músicos e plateia. Gonçalo Lobo Pinheiro, fotojornalista de Macau, foi outro dos vencedores
Fotografia: Gonçalo Lobo Pinheiro
João
Ó e Rita Machado, arquitectos de Macau da Impromptu Projects, venceram o prémio
da Architecture MasterPrize para instalações e estruturas. O projecto vencedor
tem como nome “Chasing Sounds”, uma estrutura em bambu que esteve no Hong Kong
Zoological and Botanical Gardens. Tinha a forma de onda sonora e queria fazer a
ligação entre a música e a plateia.
Estes
prémios norte-americanos foram criados em 2015 pelo Farmani Group, como uma
iniciativa do IDA – International Design Awardspara reconhecer e celebrar o
design multidisciplinar inteligente e sustentável desde 2007.
Os
vencedores deste ano foram anunciados ontem. Este prémio significa “o
reconhecimento do percurso que temos vindo a traçar ao longo destes anos”,
comentou Rita Machado ao Ponto Final, acrescentando que “dá uma visibilidade
maior ao trabalho que temos vindo a desenvolver”.
“Há
prémios maiores e outros menores, este é um prémio relativamente grande no
norte da américa e bastante conceituado”, salientou João Ó. “Chasing Sounds”
ganhou o prémio na subcategoria de instalações e estruturas, uma secção na qual
se “integrava perfeitamente”, indicou o arquitecto de Macau.
Este
projecto nasce de uma colaboração entre a Impromptu Projects e o Art Promotion
Office, de Hong Kong. O organismo público da região vizinha convidou também
outras 16 equipas de arquitectos de Hong Kong para a mostra colectiva que
aconteceu no Hong Kong Zoological and Botanical Gardens.
Para
“Chasing Sounds”, os arquitectos colaboraram também com o grupo Hong Kong New
Music Ensemble. Rita Machado explicou que a banda queria que fosse desenhado um
coreto onde pudessem actuar. “Chegámos à conclusão de que não queríamos que o
espectáculo deles fosse um momento estático, em que estivessem apenas os
músicos e a plateia numa ligação passiva, queríamos que os músicos estivessem
localizados ao longo da estrutura que desenhámos e o público fosse ao encontro
da música e dos diferentes músicos que iriam actuar em diferentes pontos da
estrutura. Vem daí o nome ‘Chasing Sounds’, que é neste sentido da procura do
som e da música”, assinalou a arquitecta. A estrutura “coloca a plateia em
acção com a própria música”.
Outra
característica estética do projecto é a sua semelhança a uma gaiola
aberta. É assim que, no site da
Impromptu, os arquitectos descrevem “Chasing Sounds”: “Uma gaiola aberta
específica deste local, com uma estrutura assimétrica em forma de gaiola, disposta
em três grandes volumes – variando em altura, comprimento e largura – até duas
grandes áreas de relva adjacentes. O espaço intersticial ou negativo criado
entre estes volumes é de facto o espaço arquitectónico que permeia a
experiência imersiva”. “A nossa métrica foi sempre criar um percurso aberto e
livre, tanto para visitantes como para músicos. É um aspecto muito interactivo,
não estamos fechados no espaço”, completou João Ó.
“Nesta
jaula aberta, não há entradas nem saídas, nem dentro nem fora. Estes limites
são esbatidos para dar lugar a um fluxo contínuo de formas envolventes,
convidando os visitantes a navegar livremente pelo espaço e descobrir por si
próprios os sons produzidos pelos músicos do Hong Kong New Music Ensemble e
outros artistas convidados que, por sua vez, estão espalhados por todo o
espaço”, pode ler-se ainda no site da equipa de arquitectos de Macau.
O
arquitecto focou-se nas condicionantes de colocar a peça neste jardim zoológico
de Hong Kong. “Toda aquela parte do jardim zoológico tem uma cisterna de água
por baixo, que faz parte da rede de água de Hong Kong. O problema é que não
podíamos ir em profundidade”, notou. Por isso, o grupo só tinha 60 centímetros
para o bambu penetrar a relva. A isto, juntaram-se as exigências do Governo de
Hong Kong no que toca à protecção do público em caso de ventos fortes. “Há uma
panóplia de condicionantes que as pessoas não vêem, mas esse é exactamente o
nosso trabalho, tornar uma peça simples e visualmente bonita e elegante,
contornando esses problemas todos”, comentou.
“Chasing
Sounds” foi construída em Dezembro de 2020 e desmontada em Julho deste ano. “Os
nossos projectos em bambu são sempre efémeros”, ressalvou, acrescentando que
“esse lado de efemeridade está sempre na equação” nos seus projectos.
No
último espectáculo da Hong Kong New Music Ensemble, os músicos tocaram ao mesmo
tempo que se ouvia o som dos bambus a serem desmontados. “Conseguimos integrar
a presença dos mestres de bambu que iam desmontando a peça enquanto os músicos
tocavam”, indicou Rita Machado, frisando que “o próprio som que as peças iam
fazendo com a desmontagem estava integrado no som dos músicos”. “Achámos
importante juntar os mestres a este espectáculo de música”, concluiu.
Gonçalo Lobo Pinheiro foi o “best of best” na categoria
de fotografia de arquitectura
Pela primeira vez nos seis anos de existência do Architecture MasterPrize, a organização decidiu acrescentar uma categoria para a fotografia de arquitectura. Gonçalo Lobo Pinheiro, fotojornalista do Ponto Final, arrecadou o prémio “Best f Best”.
Lobo
Pinheiro recebeu o prémio na subcategoria de paisagem urbana com a fotografia
“Glitz and Grit”, de 2018, que mostra o hotel e casino Grand Lisboa, no centro
de Macau, ladeado de outros edifícios menos glamorosos na Rua Nova à Guia. A
fotografia foi captada para uma reportagem sobre a inequidade em Macau que foi
publicada pelo jornal The Guardian.
A
imagem venceu o Latin American Fotografía 8 e o Umbra International
Photography. Foi finalista e escolha de editores no National Geographic Travel
Photo Contest, em 2019, e ainda arrecadou Silver no One Eyeland Photography
Awards e um segundo lugar no Chromatic Photography Awards. Ficou em terceiro
lugar no Fine Art Photography Awards e recebeu ainda três Menções Honrosas em
outros tantos concursos. Foi escolha de editor no The Independent Photographer
e no Life Frame, ambos em 2019.
“Tenho
sido muito feliz com esta imagem. Só tenho de estar feliz e muito agradecido
com mais esta distinção. É um privilégio, enquanto português, vencer um prémio
com uma fotografia de Macau, local onde resido desde 2010. Acabo por, de certo
modo, representar os dois territórios nesta que é a primeira edição deste
prémio”, referiu o fotógrafo, citado num comunicado. Para Gonçalo Lobo
Pinheiro, “Glitz and Grit” ilustra “o que é a paisagem urbana de Macau, esta
mistura entre o velho e o novo, entre a opulência e o frugal”. André Vinagre
– Macau in “Ponto Final”
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