Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Cabo Verde - Jovem nomeado Embaixador da Paz promete trabalhar na construção de um “mundo unido”

Cidade da Praia – O estudante universitário Alector Timas mostrou-se feliz com a nomeação como Jovem Embaixador da Paz e prometeu trabalhar na construção de um “mundo unido”, através das boas práticas dos Líderes e Embaixadores da Paz.

Segundo informou, recentemente participou no primeiro congresso internacional de formação para jovens líderes embaixadores de paz, que decorreu em Madrid, Espanha, tendo realçado que a sua nomeação foi feita no último dia do congresso, pelo Círculo Internacional de Embaixadores da Paz, da Suíça e França.

Durante o evento, conforme avançou, foram abordadas várias temáticas, como “A paz dentro de mim”, a “paz com quem vivo”, a “paz com o mundo”; participei em diversas oficinas com jovens de todo o mundo onde experimentei como é possível viver a Paz com os outros, começando por mim.

Uma oportunidade, prosseguiu, que lhe permitiu aprender diversas metodologias para dialogar, conhecer outras culturas e outras formas de agir/actuar, sempre em prol da Paz, ajuntando que os diferentes testemunhos dos líderes presentes no congresso foram muito importantes.

“Foi um momento muito importante para mim, não pelo título em si, mas pela oportunidade que tenho de poder mudar o mundo, um desejo que sinto desde pequeno. Pode parecer uma utopia, mas sei que só com o amor, raiz da Paz, é possível”, declarou, realçando que após esta nomeação será capaz de continuar a trabalhar na certeza de que o mundo unido será uma realidade.

Uma realidade, conforme revelou Alector Timas, será conseguida colocando na prática as dez boas práticas dos Líderes e Embaixadores da Paz.

As referidas boas práticas sugerem que os líderes devem ver todos como candidatos à paz, acolher a diversidade, estar pronto para gestos de reconciliação, estar ao serviço dos outros, acolher e trabalhar para aqueles que ninguém considera, os marginalizados, os chamados “mais pobres” da sociedade.

Sugere ainda que os mesmos devem acompanhar aqueles que têm dificuldades, empenhar-me em fazer uma pausa diária, viver e partilhar estratégias, apoiar acções e projectos de paz e juntar-se à rede dos construtores de paz.

Para além de honrar e promover o trabalho de homens e mulheres em prol da paz, quer a nível global, nacional e individual, os embaixadores podem participar, criar ou ajudar na criação de acções que conduzem ao caminho da paz.

Criam ainda uma ligação entre todas as associações e organizações que trabalham pela paz a nível nacional e internacional.

O Círculo Universal dos Embaixadores da Paz nasceu em 3 de Agosto de 2004 em Ambilly (França) e tem como objectivo “honrar e promover” o trabalho de homens e mulheres de todos os países que trabalham pela paz, no global, nacional e individual.

Em 2015 criou-se esta categoria de Jovens Embaixadores da Paz, mas é a primeira vez que Cabo Verde é distinguido. In “Inforpress” – Cabo Verde

Macau - Grande Baía pouco atractiva para os jovens, diz estudo



Um estudo intitulado “Ouvir as vozes dos jovens”, financiado pela Fundação Macau e organizado pela Associação dos Jovens de Macau oriundos de Jiangmen revelou que entre os jovens de Macau existe pouca vontade de desenvolver a sua carreia profissional numa das 11 cidades da Grande Baía.

Numa escala de 0 a 10, em que 10 representa uma probabilidade elevada de vir a desenvolver uma carreia profissional numa das cidades da região, os resultados revelaram que em termos numéricos, em média, a vontade dos jovens de Macau em partir para a Grande Baía situa-se num valor bastante baixo: 2,3. Segundo o mesmo estudo citado pelo jornal do Cidadão, a pouca vontade de trabalhar na Grande Baía deve-se sobretudo ao facto de os jovens considerarem que em Macau existem melhores oportunidades profissionais do que noutras cidades incluídas no projecto regional.

Além disso, segundo os 602 inquéritos efectuados por ocasião do mesmo estudo, comparativamente com os jovens do Continente, os de Macau consideram-se mais competentes em termos de visão global e de adaptação multicultural, mas menos competentes em termos linguísticos, de análise de dados e capacidade de aprendizagem.  Cerca de 30 por cento de entrevistados consideraram ainda que a competitividade profissional, a falta de amigos e a separação familiar são as principais causas que servem de impedimento para trabalhar na Grande Baía.

Mais oportunidades

Em relação à forma mais eficaz de promover a vontade de entrar no mercado de trabalho da Grande Baía, mais de 47 por cento dos entrevistados apontaram “mais oportunidades de fazer estágios”. Por outro lado, mais de 30 por cento dos jovens consideraram que a “facilidade de contrair empréstimos” e o “recrutamento por parte de empresas da Grande Baía” seriam alguns dos principais incentivos. Quanto às cidades de eleição na região, mais de 40 por cento dos jovens de Macau elegem Cantão e Zhuhai, ao passo que mais de 30 por cento escolhem Hong Kong e Shenzhen. Inam Ng – Macau in “Hoje Macau”

Nações Unidas - Secretário-geral da ONU destaca força dos jovens em mensagem de Ano Novo

António Guterres falou de desafios como o aquecimento global, divisões, incertezas, conflitos e guerras, mas afirmou que os jovens são fonte de inspiração e determinação para mudar o status quo e para fazer de 2020 um ano melhor para o futuro do planeta




O secretário-geral das Nações Unidas divulgou a sua mensagem de boas-vindas ao Ano Novo. Em mensagem de vídeo, gravada em quatro línguas, incluindo a sua língua materna, o português. António Guterres dedicou a mensagem à juventude.

O chefe da ONU afirmou que apesar das incertezas e dos desafios enfrentados pelo mundo, confia na força dos jovens para levar esperança e ajudar a promover as mudanças necessárias em 2020. ONU News – Nações Unidas


Guiné-Bissau - Missão da ONU realça experiência de organizar “eleições credíveis e pacíficas”

Previsão das autoridades eleitorais guineenses é divulgar os primeiros resultados das eleições presidenciais na quarta-feira, 01 de Janeiro de 2020



Na Guiné-Bissau continua a contagem de votos da segunda volta das eleições presidenciais. O processo iniciou-se no domingo logo após o fim da votação.

De acordo com a Comissão Nacional de Eleições, CNE, cerca de 760 mil pessoas foram chamadas às urnas para escolher o novo chefe de Estado entre os candidatos Domingos Simões Pereira e Umaro Sissoco Embaló.

Missões Internacionais

O Escritório Integrado de Consolidação da Paz na Guiné-Bissau, Uniogbis, lembrou que esteve presente em várias etapas do processo. A porta-voz da missão política, Júlia Alhinho, contou à ONU News, de Bissau, como foram as várias formas de apoio ao processo eleitoral guineense.

“Esse apoio tem-se traduzido sobretudo na mobilização de recursos que foram colocados num fundo gerido pelo Pnud (Programa da ONU para o Desenvolvimento). Também se traduziu na coordenação entre os vários atores e parceiros, incluindo atores políticos, na promoção entre esses atores políticos, e finalmente no apoio técnico aos órgãos de gestão eleitoral. Como se sabe, as eleições da Guiné-Bissau correm sempre bem e os órgãos de gestão eleitoral têm uma boa experiência de organização de eleições credíveis pacíficas. Acreditamos que assim vai continuar a ser.”

Observadores

O processo de contagem de votos iniciou-se logo após a ida às urnas e foi acompanhado de perto pelo público e observadores de missões internacionais no terreno.

Entre eles estiveram a representante especial do secretário-geral na Guiné-Bissau, Rosine Sori-Coulibaly, e o representante da ONU para a África Ocidental, Mohamed Ibn Chambas, que foram às mesas de votação e centros de acompanhamento da sociedade civil.

Os representantes das Nações Unidas seguiram o processo e interagiram com a população guineense, que deverá conhecer os resultados eleitorais na quarta-feira.

Em 2020, o Uniogbis deve encerrar o mandato no país onde atua para uma transição suave envolvendo o Governo da Guiné-Bissau em áreas que incluíram o apoio ao ciclo eleitoral de 2019. ONU News – Nações Unidas

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Japão - Um dos maiores cargueiros vai transportar minério de ferro do Brasil para a China



O NSU Carajás, um dos maiores cargueiros do mundo, foi entregue e vai nos próximos 25 anos transportar minério de ferro do Brasil para a China, avançou um armador japonês.

Num comunicado agora divulgado, a NS United Kaiun Kaisha, Ltd diz que o NSU Carajás é o primeiro navio de tipo "Valemax", com capacidade para transportar 400 mil toneladas, a ser construído no Japão e a entrar ao serviço de uma empresa japonesa.

O cargueiro, montado pela construtora naval japonesa Japan Marine United Corporation no estaleiro de Ariake, no sul do Japão, passou já com sucesso os testes em mar alto.

O NSU Carajás vai ser cedido à mineradora brasileira Vale S.A., a maior produtora mundial de minério de ferro, num contrato de 25 anos para o transporte de minério para a China.

O contrato foi assinado em 2016 e prevê o transporte de um total de 40 milhões de toneladas de minério do Brasil para a China.

O nome do cargueiro vem da maior mina de minério de ferro do mundo, situada na Serra dos Carajás, no estado do Pará, no norte do Brasil.

O navio foi desenhado com tecnologia de poupança de energia e amiga do ambiente, acrescenta o armador japonês.

O NSU Carajás tem por exemplo um catalisador que elimina o óxido sulfúrico dos gases de escape, já a pensar nos novos limites de emissões da Organização Marítima Internacional, que entram em vigor a 01 de janeiro, refere o comunicado

A Vale S.A. assinou recentemente vários acordos com portos chineses para a exportação e processamento de minério de ferro de maior qualidade, permitindo às siderúrgicas chinesas produzir uma maior quantidade de aço usando menos carvão, de forma a adaptar-se às várias medidas antipoluição que entraram em vigor na China. In “Sapo Timor-Leste” com “Lusa”



Brasil - A primeira casa de fado do Rio Grande do Sul abriu portas



A Casa de Fado Maria Lisboa abriu suas portas no último dia 19, no modelo soft opening, com uma programação muito especial.

O Alma Lusitana, grupo residente da casa, dividiu o palco com a fadista portuguesa Salomé Ferreira. A Maria Lisboa está localizada na Rua Olavo Bilac, 198, endereço que tradicionalmente recebe as edições do “Fado na Cidade Baixa” uma vez por mês, nas tardes de domingo.

“Esta é a primeira casa de fado do Rio Grande do Sul, e nosso objetivo é divulgar a cultura portuguesa”, afirma a produtora cultural Edna Souza, proprietária do espaço, juntamente com seu marido, o músico Jéferson Luz.

A Maria Lisboa, além das noites de fado, terá uma extensa programação cultural, com eventos ligados à literatura, à gastronomia e ao artesanato lusitano. A casa também terá uma cafeteria temática.

De acordo com Edna Souza e Jéferson Luz, durante os meses de janeiro e fevereiro, a Maria Lisboa funcionará no modelo soft opening para que os ajustes em toda a programação cultural e também na prestação de serviços sejam realizados. A inauguração oficial do espaço está programada para março.

O grupo Alma Lusitana, que lançou seu primeiro CD no segundo semestre deste ano, é formado pela cantora Alana Pereira e pelos músicos Jéferson Luz, na guitarra portuguesa, Diego Costa, no violão, e Maurício Montardo, no teclado.

Para acompanhar a programação da Maria Lisboa, acesse o Facebook @marialisboafados. In “Mundo Lusíada” - Brasil

Portugal - Instrumentista de Miranda do Douro transforma velhas latas em guitarras elétricas



Um instrumentista de Miranda do Douro aproveita antigas embalagens em lata, bem conservadas, para fazer guitarras elétricas e acústicas com uma sonoridade “única”, que depois utiliza nos concertos do grupo de música folk Galandum Galundaina.

Este projeto de Paulo Meirinhos foi inspirado em Francisco dos Reis Domingues (1909-1993), conhecido como “Tiu Lérias” de Paradela – Miranda do Douro, que construiu várias guitarras de lata e tocou-as de com grande maestria. Foi condecorado em 1972 pelo Presidente da República Portuguesa, Américo Tomás.

“A ideia de construir o ‘guitarro’ vem da mestria do senhor Francisco dos Reis Domingos, que há cerca de 70 anos construiu umas guitarras a partir de antigas latas do café e outras que encontrava, às quais juntava braços feitos de pau ou aproveitava os de velhas guitarras. Daí ter começado a procurar estes materiais para introduzir nas músicas do grupo Galandum Galundaina uma sonoridade mais harmónica, que vem deste género de instrumento e que fui estudando”, explicou à Lusa Paulo Meirinhos.

O “guitarro”, como assim é designado o instrumento musical, é composto por uma lata estilo ‘vintage’ que no passado serviu para transportar lubrificantes ou produtos alimentares, à qual se lhe acrescenta um braço com escala musical feito numa fábrica em Braga, e diversos componentes elétricos e eletrónicos, e que em conjunto emanam um som “único e característico”.

“Este é um instrumento, tido como tradicional nas Terras de Miranda, já acompanhava cantares e outras modas, oriundas deste rincão transmontano”, frisou o músico.

O legado deixado por Francisco dos Reis Domingues consta das recolhas do etnomusicólogo francês Michel Giacometti e de filmes dedicados à cultura do Nordeste Transmontano.

O grupo Galandum Galundaina já fez concertos em que utilizou o “guitarro” e os músicos garantiram que “conseguiram recursos diferentes paras as sonoridades pretendidas”.

“O acompanhamento musical deste instrumento é muito harmónico. No caso dos Galandum, temos em atenção um som mais melódico e, por isso, estamos a tentar fazer um equilibro”, observou à Lusa, Paulo Meirinhos.

O característico som da lata, que após amplificado, marca a diferença, principalmente nos sons mais agudos, em que “o torna agradável ao ouvido e harmónico no acompanhamento de outros instrumentos como a sanfona, as percussões ou até mesmo uma gaita-de-foles”.

“Com este instrumento conseguimos uma vibração ondulante, que é umas das características deste tipo de latas. Este som da lata é estranho que depois se entranha, já que não tem o timbre dos instrumentos feitos em madeira”, concretizou o instrumentista.

Paulo Meirinhos, que também se dedica ao estudo de outro tipo de instrumentos, espera agora que o “guitarro” tenha um presente e um futuro e que seja utilizado por outros músicos.

“No que respeita aos Galandum Galundaina, tentamos recuperar músicas e sonoridades de outros tempos e do cancioneiro tradicional mirandês. A recuperação do ‘guitarro’ é outro dos desafios e esperamos que outros grupos musicais sigam o mesmo caminho e deem a este instrumento uma nova vida”, vincou.

Para o músico e artesão, o facto de recuperar estas “velhas latas” é também mostrar um pouco do passado comercial e industrial de Portugal.

“Esta é também uma forma de reciclar e reutilizar antigos manteriais, que marcaram o seu tempo e que desta forma não acabaram no lixo, já que são objetos bonitos”, observou Paulo Meirinhos.

Para além da construção deste tipo de instrumento de cordas, o músico também constrói réplicas medievais como a rabeca e o rabel. Paulo Meirinhos também excuta os tradicionais pandeiros mirandeses, que têm várias formas e são introduzidos nas músicas de vários cancioneiros regionais, um pouco por toda a Península Ibérica, dadas as muitas semelhanças sonoras. In “Jornal do Luxemburgo” – Luxemburgo com “Lusa”

Índia – Vai solicitar o estatuto de observador na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

O primeiro-ministro português, António Costa, afirmou que o seu homólogo Narendra Modi lhe comunicou a decisão da Índia requerer o estatuto de observador na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Narendra Modi abordou o tema da CPLP na reunião que teve a sós com António Costa, que durou cerca de uma hora, tendo adiantando ao primeiro-ministro português que a Índia conta iniciar esse processo rapidamente.

O pedido do estatuto de observador da Índia na CPLP constitui mais um passo diplomático que rompe com uma antiga tradição de distância face a Portugal e à língua portuguesa desde a invasão de Goa pelas tropas da União Indiana em 1961.

“Estamos perante uma excelente notícia. Tenho a certeza que todos os países da CPLP irão acolher como muito positivo esse reconhecimento da parte da Índia sobre a importância geo-estratégica, política e cultural de um espaço que percorre todos os continentes e que reúne cerca de 260 milhões de habitantes”, declarou o primeiro-ministro.

De acordo com António Costa, com a dinâmica demográfica registada no Brasil e em África, a CPLP “será seguramente uma das comunidades que terá um maior crescimento ao longo deste século”.

Já no que respeita às relações entre a Índia e a União Europeia, o líder do executivo português transmitiu ao primeiro-ministro Modi “o empenho de Portugal” em elevá-las para um patamar superior.

“Tive a oportunidade de transmitir [a Narendra Modi] uma mensagem do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, no sentido de que há uma vontade de se estreitarem as relações entre a União Europeia e a Índia. Queremos fazer uma grande aliança dos maiores espaços democráticos a nível mundial para encarar os grandes desafios do futuro”, justificou o primeiro-ministro português.

António Costa colocou entre os principais desafios dos dois blocos o combate às alterações climáticas, a transição para a sociedade digital e o combate às desigualdades.

“São domínios onde temos muito a fazer em conjunto. Encontrei da parte do primeiro-ministro Modi uma grande abertura para retomar as relações mais próximas da Índia com a União Europeia, visto que desde 2014 que não ser realiza a cimeira”, acrescentou, durante uma viagem a Índia. In “Mundo Lusíada” – Brasil com “Lusa”

domingo, 29 de dezembro de 2019

Estados Unidos da América – Descendentes cabo-verdianos querem obter nacionalidade de origem por razões sentimentais

Boston – O cônsul de Cabo Verde, Hermínio Cruz, em Boston considera que os descendentes de imigrantes são “pessoas realizadas” que querem a nacionalidade cabo-verdiana por razões sentimentais, mesmo tendo “tudo” nos Estados Unidos.

O consulado de Cabo Verde em Boston tem recebido pedidos de nacionalidade por alguns norte-americanos que procuram as suas origens crioulas.

Para o cônsul, trata-se de uma forma que os americanos cabo-verdianos procuram para ter uma ligação mais forte à história dos antepassados, e para prestar homenagem aos avós ou bisavós, que chegaram em condições mais difíceis, mas conseguiram uma vida melhor.

“São pessoas realizadas, pessoas que não precisam do passaporte cabo-verdiano do ponto de vista de ter outra oportunidade na vida, porque têm tudo. Mas querem ter isso para dizer ‘eu também sou cabo-verdiano’”, disse o cônsul Hermínio Moniz, entrevistado pela Lusa.

O cônsul apresentou a comunidade cabo-verdiana, de cerca de 500 mil pessoas, como “muito bem integrada” nos Estados Unidos e que tira proveito “de todas as vantagens que a sociedade oferece, mas mantendo também a sua especificidade, cultura, música, tradição e língua”.

Por outro lado, Hermínio Moniz disse ser testemunha de que a diáspora cabo-verdiana mantém intactos alguns aspectos da cultura, falando em danças antigas, que “muito pouca gente conhece” em Cabo Verde e até mesmo a língua, o crioulo antigo, que parece estar “muito mais conservado” lá fora, “sem aquele dinamismo” da adopção de novas palavras.

“Por incrível que pareça, há certos aspectos da nossa cultura que estão muito mais preservados na diáspora do que em Cabo Verde”, considerou o cônsul.

O representante assegurou que há cabo-verdianos por quase todos os 50 estados norte-americanos, “sendo certo que a maior concentração se dá na área de Nova Inglaterra, por razões históricas”: a caça à baleia, no século XIX, foi o maior motor de imigração de cabo-verdianos para os EUA.

A tendência também mostra uma evolução de mais fixação cabo-verdiana na Florida e na Califórnia, onde se nota ainda mais a importância dos cônsules honorários, acrescentou Hermínio Moniz.

A missão diplomática em Boston é o único consulado de Cabo Verde nos Estados Unidos, dando a responsabilidade a esta equipa de representar e servir todos os estados do país, com excepção do distrito federal de Washington DC, onde está localizada a Embaixada, que, por sua vez oferece representação diplomática nos EUA, Canadá e México.

Os motivos para a existência de um único consulado cabo-verdiano nos Estados Unidos, para além da Embaixada em Washington, prendem-se com a indisponibilidade de meios e a dispersão da comunidade pela grande dimensão dos EUA.

Para colmatar a inexistência de outros consulados, usam-se as tecnologias para oferecer o “consulado online”, “consulados itinerantes”, “kit móveis” e a presença de cônsules honorários para “aumentar a eficácia da acção” e o alcance, explicou o responsável.

Os “kits móveis” vêm substituir os quiosques, instrumentos pesados e de dimensão considerável, para a colheita, preparação e processamento de passaportes noutros locais.

Os “consulados itinerantes” que a missão diplomática põe em prática consistem na deslocação de agentes consulares para diferentes áreas, por exemplo a Brockton, três vezes por semana, uma vez por semana a Boston e Pawtucket e uma vez por mês a New Bedford, explicou o responsável.

Não existe um estudo específico sobre o número e perfil dos imigrantes e descendentes cabo-verdianos nos EUA, mas “empiricamente”, grande parte trabalha em fábricas e, cada vez mais, os jovens seguem os níveis mais altos de educação, disse ainda o cônsul. In “Inforpress” – Cabo Verde com “Lusa”

França - Comunidade lusófona tenta salvar a língua portuguesa na rádio

A redação em português da Radio France Internationale (RFI), que emite para países africanos de expressão portuguesa, vai sofrer cortes, segundo um novo plano estratégico e uma petição já com mais de 200 assinaturas da comunidade lusófona em França.

“O medo é a redução da redação em português, que, a pouco e pouco, vai desaparecendo. Esta redação emite para os países lusófonos em África e parece que eles querem reduzir ao máximo a redação de português, até que um dia haja só Internet, sem emissões, e depois acabe”, afirmou Luísa Semedo, conselheira das comunidades portuguesas em França, em declarações à Lusa.

Luísa Semedo foi a autora da petição online “Não à Morte da RFI em português”, lançada em 24 de dezembro, depois de o consórcio público que detém a rádio, a France Medias Monde, ter anunciado no início da semana a intenção de cortar pelo menos 30 jornalistas nas redações da RFI em árabe, português e inglês, através de um plano de despedimentos voluntários.

“O plano de despedimentos voluntários ao qual a empresa não pode fugir tendo em conta a sua estrutura orçamental, e que será ainda negociado com os representantes do pessoal, vai ter impacto em 30 jornalistas e não haverá qualquer despedimento compulsório”, respondeu fonte oficial da France Medias Monde às questões da Lusa.

A mesma fonte acrescentou que “o projeto prevê a supressão de cerca de 20 postos de trabalho de jornalistas em árabe, sete ou oito em inglês e dois ou três jornalistas em português”.

A France Medias Monde agrega a RFI, que difunde rádio em diversas línguas para diferentes pontos do globo sempre com atualidade ligada à francofonia, a estação de televisão France 24, também difundida em várias línguas, e a rádio Monte Carlo Doualiya, em árabe, ouvida em várias regiões do Médio Oriente e do Norte de África.

Também os trabalhadores se questionam se este é o fim da redação em português para África da RFI.

Esta redação conta atualmente apenas com oito jornalistas fixos e quatro em regime de trabalho independente, tendo chegado a ter 15 jornalistas fixos.

A produção e emissão da rádio em português acontece diariamente e é ouvida desde São Tomé e Príncipe até Maputo, em Moçambique.

“Os efetivos são já muito limitados e é a condenação a curto prazo da redação. O projeto visa passar para uma redação de Internet, mas nem todas as partes do Mundo estão suficientemente desenvolvidas para cortar a difusão por onda curta e o FM”, afirmou Elisa Drago, representante do sindicato Force Ouvriére na Comissão de Trabalhadores da empresa e jornalista há mais de 30 anos na rádio francesa.

A petição recebeu até agora mais de 200 assinaturas, tendo entre os primeiros subscritores algumas das principais figuras das comunidades lusófonas em França, mas, segundo lembra Luísa Semedo, a responsabilidade de lutar pela manutenção do número de jornalistas em português na RFI não pode ficar apenas a cargo da sociedade civil.

“Se a France Medias Monde sentir que há do outro lado uma procura e que as pessoas se preocupam com isto e não é uma questão acessória, eles podem abrir os olhos. Isto pode vir da sociedade civil, mas também tem de vir da parte da diplomacia”, indicou a autora da petição. In “Bom dia Europa” – Luxemburgo com “Lusa”

Dias melhores










Vamos aprender português, cantando


Vivemos esperando
dias melhores
dias de paz, dias a mais
dias que não deixaremos
para trás
oh! oh!

Vivemos esperando
o dia em que
seremos melhores (melhores, melhores!)
melhores no amor
melhores na dor
melhores em tudo
oh! oh!

Vivemos esperando
o dia em que seremos
para sempre
vivemos esperando
oh! oh!

Dias melhores pra sempre
dias melhores pra sempre (pra sempre!)
oh! oh!

Vivemos esperando
dias melhores
(melhores! Melhores!)
Dias de paz
dias a mais
dias que não deixaremos
para trás
oh! oh!

Vivemos esperando
o dia em que
seremos melhores (melhores, melhores!)
Melhores no amor
melhores na dor
oh! oh!
Melhores em tudo, tudo, tudo, tudo

Vivemos esperando
o dia em que seremos
para sempre
vivemos esperando
oh! oh!

Dias melhores
pra sempre
dias melhores
pra sempre
dias melhores
pra sempre
dias melhores
pra sempre

Uh! uh! uh! oh! oh!
Pra sempre
pra sempre!
Pra sempre!

Jota Quest - Brasil


Moçambique - Desabamento de ponte no norte deixa sete distritos isolados

Sete distritos do norte da província de Cabo Delgado estão isolados devido ao desabamento hoje de uma ponte sobre o rio Montepuez na sequência do mau tempo na região, disse fonte da Administração Nacional de Estradas de Moçambique

A ponte, que data do tempo colonial, estava localizada na Estrada Número 380 e desabou durante a madrugada na sequência da chuva que cai na região, isolando os distritos de Meluco, Macomia, Muidumbe, Mueda, Nangade, Palma e Mocímboa da Praia, no norte de Cabo Delgado.

"Temos uma equipa no terreno para avaliar danos e depois deste trabalho teremos ideia do real impacto deste desabamento, incluindo as alternativas que vamos adotar para solucionar o problema", declarou fonte da Administração Nacional de Estradas de Moçambique na região à Lusa, remetendo mais detalhes para breve em comunicação oficial.

O mau tempo que se faz sentir em Cabo Delgado afetou um total de 510 casas na cidade de Pemba, na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, disse fonte do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) à Lusa.

"Deste número, 450 casas foram parcialmente destruídas e outras 60 foram totalmente devastadas. Mas este são dados preliminares", disse, na sexta-feira, a delegada do INGC em Cabo Delgado, Elisete da Silva.

Além de Cabo Delgado, o mau tempo atingiu uma parte de Nampula, mas em regime fraco e moderado, segundo o delegado do INGC naquela província, Alberto Armando, também em declarações à Lusa.

Num comunicado divulgado na quarta-feira pelo Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, a Direção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos alertou para a subida das bacias hidrográficas dos rios Monapo, Lúrio, Megaruma, Montepuez, Messalo, Rovuma e Mecuburi.

Em abril deste ano, alguns pontos da província de Cabo Delgado foram atingidos pelo ciclone Kenneth, que causou a morte a 45 pessoas e afetou outras 250 mil.

Um mês antes da passagem do Kenneth, o centro de Moçambique foi devastado pelo ciclone Idai, que provocou 604 mortos e afetou cerca de 1,5 milhões pessoas no centro do país, além de destruir várias infraestruturas.

Entre os meses de novembro e abril, Moçambique é ciclicamente atingido por ventos ciclónicos oriundos do Índico e por cheias com origem nas bacias hidrográficas da África Austral.

No total, 714 pessoas morreram durante o período chuvoso em 2018/2019, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth. In “Contacto” – Luxemburgo com “Lusa”

sábado, 28 de dezembro de 2019

Canadá - Jovens luso-canadianos gerem associação movidos pela “paixão por Portugal”



Uma associação portuguesa no Canadá é gerida por um grupo de jovens luso-canadianos pela sua “paixão e afinidade por Portugal”, o que os faz sentir “perto de casa”. “Há uma paixão pela casa, pelo fato de estarmos a ajudar a nossa comunidade e uma paixão por Portugal. Nós que integramos a direção, ou nascemos em Portugal, ou fomos criados lá, há uma afinidade com Portugal”, afirmou à agência Lusa, Carina Paradela, de 32 anos, presidente da direção do First Portuguese Canadian Cultural Centre (FPCC).

A dirigente falava durante um Mercado de Natal, evento que decorreu na associação, e que levou várias dezenas de visitantes ao FPCC, encontrando-se entre eles o presidente da Câmara Municipal de Toronto, John Tory.

Fundada há 63 anos, a coletividade de Toronto é gerida por quatro ‘jovens’ com idades compreendidas entre os 30 e os 40. No Canadá há 12 anos, Carina Paradela, uma auxiliar de educação na direção escolar de Toronto, natural de Santa Maria da Feira (Distrito de Aveiro), lamentou, no entanto, que por vezes a missão da direção “é um pouco difícil”.

“Talvez por sermos jovens, por vezes as mentalidades são um pouco difíceis de mudar. É normal, mas também se nota que a imigração está a mudar bastante. A juventude está a vir para cá, verificamos aqui esta mudança”, explicou.

A direção da coletividade tem sentido um “retorno positivo”, numa experiência no associativismo que descrevem de “muito interessante”, pois sentem-se “perto de casa”.

“Fazer parte de um movimento associativo faz-nos sentir um pouco mais perto de casa, é um dos principais motivos. Depois vemos que as pessoas gostam, procuram, sentem-se bem, acabamos por gostar e ingressar no movimento associativo”, justificou a dirigente.

Apesar de ser difícil de atingir a faixa etária mais idosa, os redes sociais têm facilitado a promoção dos vários eventos que o FPCC organiza anualmente, a alcançar as novas gerações de “filhos e netos”.

Com mais um ano de mandato, até novembro de 2020, altura em que findam os dois anos de exercício diretivo, Carina Paradela lança os objetivos.

“Devagarinho começamos um pouco a ver uma luz ao fundo do túnel. Queremos concluir o nosso mandato, depois vamos analisar. Já temos imensos eventos programados para 2020, os planos passam por dar continuidade ao trabalho feito até aqui, mas um dia de cada vez”, prometeu.

O First Portuguese Canadian Cultural Centre, localizado no número 60 da Caledónia Road, tem um dos principais focos na educação.

Além das cerca de 30 atividades culturais anuais, disponibiliza aulas de inglês para adultos, dispõe de uma escola de português para crianças e adultos, além de um centro de dia para idosos, um jardim de infância, entre outros serviços. In “Mundo Português” com “Lusa”

Macau - Reforça aposta na tradução e inteligência artificial com novo centro de investigação

Macau - O Instituto Politécnico de Macau (IPM) inaugurou um centro de investigação dedicado à tradução automática e à inteligência artificial, o primeiro com selo de Pequim nas regiões administrativas especiais.

Este centro vai "preencher uma lacuna no campo da investigação na tradução automática chinês-português", transformando-se numa "importante plataforma (...) para a cooperação multidisciplinar e interinstitucional", afirmou a nova secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, ao discursar na inauguração.

Ao Ieong U, que tomou posse a 20 de dezembro, lembrou que a construção de um centro internacional de inovação em ciência e tecnologia "é a tarefa principal" para a região da Grande Baía, um projeto de Pequim que integra Hong Kong, Macau e nove cidades da província de Guangdong.

O centro inaugurado hoje é o primeiro com reconhecimento do Ministério da Educação chinês e é inaugurado três anos após a criação do laboratório de tradução automática chinês-português-inglês, que já desenvolveu um sistema de tradução trilingue com reconhecimento de voz.

"Vamos desenvolver um sistema para outras línguas que se utilizam nos países ao longo da iniciativa Uma Faixa, uma Rota'", adiantou, em declarações aos jornalistas, o coordenador do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do IPM, Gaspar Zhang, dando como exemplo o italiano.

O novo centro vai, de resto, dar prioridade à criação de "uma grande base de dados linguísticos sobre a iniciativa 'Uma Faixa, uma Rota'", declarou o presidente do IPM, Im Siu Kei.

Desde a criação, em 2016, do laboratório de tradução automática chinês-português-inglês, inaugurado pelo primeiro-ministro português, António Costa, o IPM tem investido muito nas áreas do 'big data' e da inteligência artificial. In “Sapo Timor-Leste” com “Lusa”

Brasil – Concentra mais de 85% de ocorrências de sarampo nas Américas



O Brasil teve este ano 13 488 casos de sarampo, o maior número de ocorrências das Américas. O número equivale a mais de 85% do total de casos. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, a região teve mais de 15,8 mil notificações em 14 países.

O segundo país com mais número de casos de sarampo foram os Estados Unidos com 1276, seguidos pela Venezuela com 552 infecções.

Vacinas

Para combater o surto, a Opas despachou para o Brasil um lote de 23 592 milhões de doses de vacina, que também se aplica à caxumba e à rubéola, conhecida como a vacina tríplice.

Recentemente, o Brasil ultrapassou a média de 95% de cobertura com a primeira dose da vacina tríplice viral.

A imunização foi fornecida a 99,4% a crianças com idade de até um ano.  Para a Opas, o resultado quase universal deu-se através da cooperação da Organização Mundial da Saúde com o Ministério e as Secretarias de Saúde brasileiros.

Meta

O Ministério da Saúde do Brasil informou que foi a melhor campanha de vacinação contra o sarampo dos últimos cinco anos.

Entretanto, oito estados e o Distrito Federal estão ainda por alcançar o mínimo de 95% dessa meta. o Pará chegou a 85,4%, Roraima 87,9%, Bahia 88,9%, Maranhão 90%, Acre 91,4%, Piauí 91,9%, Distrito Federal 93,7%, São Paulo 93,9% e Amapá 94,9% da meta.

Em nível regional, a Colômbia teve 230 casos de sarampo, o Canadá 113 e a Argentina 85. Já o México registou 20 pacientes, Chile 11, Costa Rica 10, e o Uruguai nove, as Bahamas três e o Peru dois. Os países com menos casos foram Cuba e a ilha caribenha de Curaçao com uma notificação cada um.

A OMS recomenda que os países mantenham a cobertura de vacinas num mínimo de 95%. As principais recomendações incluem manter a vigilância, prestar serviços de saúde e trabalhar com a informação ao público.

Casos Suspeitos

A Opas quer aumentar a imunidade da população, detectar ou dar uma resposta rápida aos casos suspeitos de sarampo.

O levantamento destaca que também é importante vacinar as populações em risco, como profissionais da saúde, dos setores de turismo e transporte e viajantes internacionais. Outra recomendação é acompanhar a chegada de estrangeiros e os fluxos de pessoas.

O pedido feito aos países é que cumpram o plano para imunizar cidadãos migrantes e residentes nas fronteiras movimentadas dando prioridade às populações em risco. Os viajantes internacionais que tiverem mais de seis meses devem receber a vacina se não se vacinaram ou não têm como provar a imunização. ONU News – Nações Unidas

Espanha - Vai ser implantado projeto das Escolas Bilingues de Fronteira

O projeto será implantado em escolas de localidades na fronteira com Portugal, que passarão a ministrar o ensino do português como língua curricular. E “o papel desempenhado pelo Camões, I.P. em território espanhol foi, sem dúvida, determinante”, destaca Filipa Soares, coordenadora do Ensino de Português em Espanha e Andorra



O projeto das Escolas Bilingues de Fronteira, lançado pela Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), vai promover o bilinguismo e a interculturalidade nas escolas das cidades de fronteira de Espanha e Portugal, bem como do Brasil com os países de língua espanhola com os quais faz fronteira.

Durante a Conferência Internacional das Línguas Portuguesa e Espanhola, que decorreu a 21 e 22 de novembro, em Lisboa, o secretário-geral da OEI, Mariano Jabonero, afirmou que o projeto arrancará no próximo ano letivo (2020-2021) em 10 escolas do ensino básico espanholas. São estabelecimentos de ensino implantados em localidades na fronteira com Portugal e que passarão a ter o ensino do português como língua curricular.

À margem da Conferência, o presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (Camões, I.P.) disse ao ‘Mundo Português’ que o Instituto é responsável pelo ensino do português do outro lado da fronteira e que este é um projeto a ter “lugar em todas as zonas de fronteira”. “É um projeto muito importante, é um dos caminhos para se sedimentar este encontro de culturas: criar um espaço de conhecimento mútuo de uma e de outra língua”, frisou Luís Faro Ramos, revelando que está a ser dinamizado com as ‘Consejería de Educación’ de várias regiões espanholas através “de um contato regular e muito estreito” com a Coordenação de Ensino de Português em Espanha.

“Trata-se de um projeto da OEI, com o envolvimento do Ministério de Educação português e das autoridades educativas espanholas nacionais e autonómicas, mas onde o papel desempenhado pelo Camões, I.P. em território espanhol foi, sem dúvida, determinante”, destaca Filipa Soares, coordenadora do Ensino de Português em Espanha e Andorra.

“É, sem dúvida, um projeto aliciante que pretende fomentar a interculturalidade e a convivência entre regiões geograficamente próximas”, acrescenta.



Património linguístico de 270 milhões de falantes

O projeto das Escolas Bilingues de Fronteira teve o seu lançamento na 30ª Cimeira Luso-Espanhola, realizada em Valhadolid em novembro de 2018. No documento final lê-se que Espanha e Portugal comprometeram-se, em matéria de educação, “a apoiar experiências educativas bilingues em zonas transfronteiriças com a participação dos sistemas educativos de ambos os países e a participação das comunidades educativas regionais e locais, as escolas, os professores e as famílias, para promover a educação bilingue, partilhar práticas, fomentar o conhecimento e o reconhecimento mútuo, estreitar laços de convivência e valorar a diversidade cultural incluindo com o apoio e a cooperação das instituições educativas multiculturais ibero-americanas e a OEI”.

Do lado português, a dinamização deste novo projeto cabe ao Camões, I.P., que assumiu em 2010 a rede de Ensino de Português no Estrangeiro (EPE). Filipa Soares refere que o Instituto criou “um novo paradigma de ensino da língua portuguesa que, sem descurar o ensino do português como língua de herança e língua materna, catapultou o interesse pela aprendizagem do português junto da comunidade hispanofalante, outorgando-lhe um novo estatuto e despojando-o do estatuto periférico, quase guetizado, a que estava circunscrito”.

Uma nova forma de ação que “favoreceu a tomada de consciência, por parte da comunidade espanhola, do valor da língua portuguesa como língua pluricontinental e pluricêntrica, património linguístico de 270 milhões de falantes, capaz de abrir um mundo de oportunidades infinitas a nível laboral, científico e de comunicação num mundo global, contribuindo para o crescimento exponencial do ensino da língua portuguesa em Espanha”, elogia.

As Escolas Bilingues de Fronteira são um exemplo da afirmação do projeto iniciado em 2010 pelo Camões, I.P., mas a sua aplicação no terreno vai materializar-se por conta dos memorandos de entendimento que o Instituto português assinou com as diferentes regiões autónomas espanholas, “designadamente com a Andaluzia, Galiza, Castela e Leão e Extremadura”, recorda a coordenadora do EPE em Espanha.

Antes desses houve o Memorando de Entendimento assinado entre o Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Ministério da Educação e Ciência da República Portuguesa e o Ministério da Educação, Cultura e Desporto do Reino de Espanha, no âmbito do ensino não superior e da língua, assinado em 2012, no Porto, durante a 45ª Cimeira Luso-espanhola, quando foi estabelecido “um Plano de Atuação para a promoção das línguas portuguesa e espanhola nos sistemas educativos de ambos países, favorecendo o intercâmbio de informação em matéria educativa, nomeadamente no quadro da formação profissional e da avaliação do sistema educativo”, recorda Filipa Soares.

Fomentar o bilinguismo desde os primeiros anos

Do que consta, exatamente, o projeto das Escolas Bilingues de Fronteira? A responsável pelo EPE em Espanha diz que visa fomentar o bilinguismo e promover a interculturalidade entre o português e o espanhol, “a partir dos primeiros anos de escolaridade obrigatória”. “Penso que a grande novidade do projeto é a interação a nível curricular que se vai estabelecer entre centros educativos a ambos lados da fronteira”, sublinha.

Soares diz ser importante destacar a participação “de várias instituições, organismos, agentes externos e internos”, entre os quais o Camões, I.P, a OEI, os diferentes ministérios e áreas educativas autonómicas, “todos eles a trabalhar em conjunto para a afirmação e projeção da língua portuguesa no contexto educativo espanhol e português”.

Numa altura em que estão a decorrer contactos ministeriais entre Portugal e Espanha e os diferentes atores envolvidos neste projeto, avança que ainda estão por definir os níveis de ensino e o número de alunos que irão participar. “É preciso saber se os centros educativos que integrarão o projeto são os mesmos que configuram a atual rede de ensino de português em Espanha ou se serão incorporadas novas escolas”, explica.

Para já, pode-se afirmar que as Escolas Bilingues de Fronteira vão acrescentar valor ao panorama do ensino da língua portuguesa em Espanha. “Penso que o projeto das escolas bilingues vai reforçar a presença de ambas as línguas nos respetivos sistemas educativos, impulsando a sua afirmação no mundo como línguas de comunicação internacional, com valor económico, científico e cultural, capazes de abrir um leque de oportunidades laborais num mundo global”, defende Filipa Soares.



A integração curricular da língua portuguesa, no âmbito desse projeto, deverá ultrapassar a componente de bilinguismo, abrangendo atividades culturais e outras iniciativas, até porque, como assinala Filipa Soares, a aprendizagem de uma língua comporta sempre a organização de outras atividades. “Fomentar o bilinguismo e a interculturalidade passa obrigatoriamente por conhecer a cultura do outro”, afirma.

Quanto os docentes que venham a integrar este projeto, a responsável pelo EPE em Espanha e Andorra assegura que a formação ministrada aos professores, “não tendo sido desenhada especificamente a pensar neste projeto”, dará resposta “às necessidades formativas do mesmo”, já que abranger áreas direcionadas à didática das línguas e das literaturas, avaliação, escrita criativa em contexto escolar, comunicação em sala de aula ou tecnologias móveis em contexto educativo entre outras.

“Uma das prioridades do Camões, I.P. é o de fomentar um ensino de qualidade, de excelência, através do desenvolvimento de um plano de formação contínua de professores em parceria com os agentes educativos locais”, destaca, referindo que desde 2010 a CEPE Espanha Andorra tem desenvolvido uma ação formativa permanente, “que tem vindo em crescendo e que visa dar resposta às necessidades formativas dos professores, quer da rede EPE, quer da rede de ensino dos professores de português espanhóis”.

Para o sucesso da implementação e desenvolvimento das Escolas Bilingues de Fronteira será também determinante o empenho de pais e encarregados de educação. Filipa Soares considera “elementar” a colaboração de todos e “prioritário” que todos compreendam “que fomentar a aprendizagem das línguas portuguesa e espanhola é outorgar ao jovem estudante as ferramentas necessárias para competir num mundo global, onde o espaço iberoameriano será um ator primordial”.

Mais de 32 mil alunos no ensino integrado

Em Espanha, o português pode ser estudado como língua estrangeira em todos os níveis de ensino e tem apresentado “um crescimento exponencial nas Comunidades Autónomas com as quais o Camões, IP assinou os memorandos de entendimento “para a implementação, divulgação e promoção da língua e da cultura portuguesa no sistema educativo não universitário”, indica Filipa Soares.

A responsável recorda que em 2010 havia 9660 alunos de língua portuguesa naquele país, dos quais 50 alunos pertenciam à rede autonómica andaluza de ensino e 9610 à rede de ensino assegurada pelo Estado português. “No processo de transição, com a implementação da rede EPE e a assinatura dos memorandos de entendimento, houve um crescimento significativo do ensino do português no sistema educativo espanhol”, sublinha.

No atual ano letivo (2019/2020), frequentam o ensino do português no básico e no secundário, em regime de ensino integrado, 32 207 alunos, dos quais 26 451 pertencem à rede de ensino autonómico espanhola.

Através da Coordenação de Ensino, o Camões, I.P. ainda apoia e financia a organização de um conjunto de atividades “que promovem o conhecimento da cultura portuguesa e da diáspora da língua portuguesa”, através da literatura, do teatro ou de outras expressões artísticas, de que são exemplo os ‘Encontros com a literatura’, o ‘Vamos ao teatro em português’ e o ‘Portugal no meu Pensamento’.

Filipa Soares destaca ainda a aposta do Instituto Camões na creditação e certificação das aprendizagens, quer através dos exames do Camões Júnior, quer através dos exames de certificação EPE, que reconhecem as aprendizagens dos alunos e valorizam o currículo académico dos estudantes. Ana Pinto – Portugal in “Mundo Português”