Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 31 de agosto de 2021

Portugal – O primeiro país lusófono a ultrapassar os 10% da população infectada com covid-19

Portugal, no passado dia 29 de Agosto, tornou-se o primeiro país lusófono com 10% da população infectada com covid-19. Portugal juntou-se a países como a Chéquia, Estados Unidos, Israel, Argentina, Países Baixos, Suécia, Panamá, Espanha, Bélgica, Reino Unido e França que já anteriormente tinham alcançado os 10% da população infectada.

O Brasil é o segundo país lusófono com maior percentagem da população infectada com covid-19, 9,72%, seguindo-se Cabo Verde com 6,34%.


Portugal é um país que os seus dirigentes, ao longo dos anos, para justificar os maus resultados económicos, consideram-no periférico, mas a pandemia da covid-19 vem mostrar que Portugal está no centro do mundo. Baía da Lusofonia



 

Cabo Verde - Associação cabo-verdiana promove sessão de esclarecimento sobre como emigrar legalmente para Portugal


Cidade da Praia – Associação Cabo-verdiana de Sines e Santiago de Cacém, (ACSSC), Portugal, realiza nos dias 2 e 3 de Setembro, em São Nicolau, uma sessão de esclarecimento sobre como emigrar legalmente para Portugal, com vista a combater a emigração irregular.

Esta Informação foi avançada pela presidente da associação, Gracinda Luz, tendo avançado que o evento decorre no âmbito do projecto “Empreender e capacitar emigrantes”, iniciado pelo Fundo Asilo, Migração e Integração (FAMI), e está a ser concretizado em diversos municípios do arquipélago.

Neste sentido, cabe à ACSSC desenvolver acções de sensibilização destinadas aos cabo-verdianos candidatos à emigração para trabalho, para que estejam conscientes e formados de todo o processo de emigração.

“Estivemos no mês de Julho na ilha do Sal, tivemos também em São Vicente e Santo Antão em diferentes municípios e agora neste mês de Agosto e Setembro estamos na ilha de São Nicolau, no dia 2 no município do Tarrafal, e no dia 3 no município da Ribeira Brava, e vamos posteriormente para a ilha de Santiago”, concretizou.

Conforme reforçou Gracinda Luz, a ACSSC pretende com esta sessão de esclarecimento munir os cabo-verdianos que almejam emigrar de informações de todo o processo, tanto do País de origem até chegar ao país de destino, Portugal, com o intuito de combater a emigração irregular.

“Os emigrantes cabo-verdianos emigram muitas vezes com intuito de ir trabalhar, mas não emigram da forma mais correcta, não têm informação sobre os diferentes tipos de trabalho que existem, e para além disso não sabem quais são os procedimentos de regularização (…)”, elucidou.

De maneira que, precisou, por falta de informação, há cabo-verdianos com cinco, dez, 20 e até 30 anos a viver Portugal sem a devida regularização.

A associação tenciona ainda combater a questão de “manobrabilidade”, em que as pessoas nestas situações estão sujeitas a aceitar as condições impostas pela entidade empregadora. Por exemplo, aceitar um salário muito menor daquilo que lhe é de direito, por não saber e por necessitar.

Segundo a também coordenadora deste projecto, a sessão é para direccionar, igualmente, os cabo-verdianos aos sítios para onde devem dirigir-se gratuitamente para obter apoios, já que existem vários centros locais para emigrantes, tendo advogado que o intuito não é incentivar a população a sair do País.

“Mas sabemos que os cabo-verdianos continuam a sair em busca do seu sonho, de uma vida melhor para si e para a sua família, e é neste sentido que queremos contribuir aqui em Cabo Verde, uma vez que muitas pessoas chegam a Portugal desamparadas de informação”, sustentou.

Apontou que vários assuntos serão abordados neste encontro, de entre os quais tipos de visto de trabalho, documentos necessários para obtenção de vistos, serviços portugueses e oportunidades de emprego. In “Inforpress” – Cabo Verde


 

Guiné-Bissau – Vai avançar em várias áreas com a cooperação do Brasil

Bissau - O Brasil vai disponibilizar 15 milhões de dólares para a criação de uma academia onde serão formados oficiais militares guineenses, anunciou segunda-feira a ministra dos Negócios Estrangeiros, Suzi Barbosa.

A futura academia irá funcionar no atual centro de formação militar de Cumere, situado a 40 quilómetros da capital guineense.

A ministra dos Negócios Estrangeiros guineense fez o anúncio ao proceder segunda-feira, em Bissau, ao balanço da visita de Estado de quatro dias do Presidente  Umaro Sissoco Embaló ao Brasil, na semana passada.

Suzi Barbosa também anunciou que o Brasil vai financiar a formação local de elementos de segurança guineenses, num pacote de três milhões de dólares.

Já nos próximos dias, precisou Barbosa, a Guiné-Bissau e o Brasil vão rubricar um acordo entre o Ministério dos Negócios Estrangeiros e o Instituto Rio Branco para formação de diplomatas guineenses.

A nível da agricultura, o Brasil vai ajudar a Guiné-Bissau a transformar o seu caju, principal produto agrícola e de exportação do país.

"Já está em curso, aqui em Bissau, nas instalações da FUNDEI, a transformação do espaço financiado no âmbito da cooperação com o Brasil para que possamos processar o nosso caju localmente e também aproveitar a polpa", assegurou Suzi Barbosa.

Além do caju, o centro também servirá para o processamento industrial da manga e outras frutas, precisou a chefe da diplomacia guineense.

O Brasil ainda vai ajudar a Guiné-Bissau na especialização de magistrados bem como na capacitação do pessoal da saúde, disse Barbosa.

"O Presidente da República solicitou ao seu homólogo a criação de um centro de hemodiálise no país", afirmou a chefe da diplomacia guineense, acrescentando que o Brasil comprometeu-se a enviar técnicos para formar médicos e ainda instalar o primeiro centro de hemodiálise na Guiné-Bissau. In “Agência de Notícias da Guiné” – Guiné-Bissau com “Lusa”

 

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

São Tomé e Príncipe - Acolhe primeiro campeonato de surf que se quer oficializar na CPLP

A capital são-tomense acolhe durante oito dias “uma poderosa comitiva de personalidades internacionais” entre atletas e ativistas que serão embaixadores do Prosurf que as organizadoras querem oficializar como o primeiro campeonato de surf da CPLP.

A primeira edição do evento desportivo decorre de 01 a 08 de setembro e faz parte do quinto campeonato nacional de surf de São Tomé e Príncipe que vai acontecer em três praias de São Tomé, com a participação de 27 surfistas, sendo nove iniciantes do sexo feminino e 18 atletas do sexo masculino.

O evento é organizado pelo projeto Start Zero Zero, criado pela brasileira Veridiana Bressane e as portuguesas Francisca Sequeira e Maria Magalhães, com o objetivo de promover uma transformação sustentável na Comunidade de Países dos Língua Portuguesa (CPLP), usando o surf como ferramenta.

“Vai ser o primeiro campeonato nacional que vai ter uma etapa feminina, portanto vai ser histórico”, explicou Maria Magalhães, assegurando que o evento vai “dar oportunidade para que se comece a criar uma linha de surfistas femininas” em São Tomé e Príncipe, que, até setembro, “não tinha oficialmente mulheres que praticavam esta modalidade”.

Veridiana Bressane realçou que São Tomé e Príncipe “poderia ser uma grande meca do surf”, afirmando ser “uma pena que as pessoas não conheçam tanto” o país, que considera ter “vários sítios para prática desportiva [surf] e uma constância de ondas, direitas perfeitas, diferentes alturas de ondas, quer para iniciantes e até para um profissional”.

Maria Magalhães explicou que “o projeto Prosurf pretende começar em São Tomé e Príncipe e depois replicar esta estrutura noutros países” da CPLP, assegurando que vai “criar novas oportunidades de desenvolvimento, não só dos surfistas, mas também de tudo o que a indústria do surf acaba por trazer” para os países.

“Temos já alguns contatos em Moçambique, Angola e Cabo Verde que estão muito interessados em, não só levar a prática do surf para o lado feminino”, como também “para desenvolver esses mercados do surf” nestes países, referiu Maria Magalhães, que é responsável pela comunicação do campeonato.

Veriviana Dressana adiantou que “o objetivo é sobretudo de promover a “união entre os países da CPLP” e ter “um campeonato de surf inter-comunidade” que possa estar incorporado nos jogos juvenis da CPLP onde participarão os melhores surfistas de cada campeonato nacional.

Em paralelo com o Prosurf, as mentoras da iniciativa criaram o projeto Omali Surf Week que acreditam que “vai mexer com o fluxo do turismo” através de um pacote turístico destinado aos convidados internacionais que se deslocam ao país para assistirem ao evento.

“Estamos a receber cerca de 20 convidados internacionais ligados, de uma forma ou de outra, ao surf, que vêm não só apoiar os atletas e testemunhar este campeonato, como também conhecerem o país e visitar os pontos turísticos e de referências de São Tomé”, explicam.

A técnica da Direção-geral do Turismo de São Tomé e Príncipe Gisela Bouças, que acompanha a organização do campeonato, considera que o Prosurf será “uma mais-valia”, principalmente nesta altura de pandemia de covid-19, quando o “país teve uma baixa no fluxo de entrada de turistas”.

Parte das receitas da realização do campeonato Prosurf reverterão a favor do programa de Surf Therapy, da organização Surfistas Orgulhosas na Mulher d’África (SOMA), fundada por Francisca Sequeira como ferramenta de empoderamento feminino em São Tomé, que forma a primeira geração de surfistas femininas no país. In “Mundo Lusíada” – Brasil com “Lusa”

 

Angola - Goethe-Institut desafia crianças e jovens a criar obras que reflectem a cosmologia do país

Goethe-Institut, instituição que representa a cultura alemã em Angola, realiza, entre os dias 20 e 22 de Setembro, em Luanda, uma oficina de banda desenhada que colocará à prova os talentos de jovens angolanos

Denominado Afrocomics - um traço angolano, o evento que acontece em vários países é uma iniciativa do Goethe-Institut, que visa juntar talentos para criar uma banda desenhada do zero, apenas influenciada pela cosmologia (estudo da origem e da composição do universo) de cada país.

Os concorrentes serão assim desafiados a criar realidades através das suas imaginações, tendo como pano de fundo a realidade angolana, tal como acontecia com os filósofos pré-socráticos, que "tentavam descobrir a verdadeira origem de tudo, sem recorrer a fabulações e narrativas míticas, baseando-se apenas no conhecimento racional, na observação e nos nexos causais".

Em Luanda, a oficina acontece nos dias 20, 21 e 22 de Setembro, nas instalações do Goethe-Institut. No dia 24, realizar-se-á a exposição resultante das criações, que deve ficar patente no Memorial António Agostinho Neto até 30 de Outubro.

Segundo a organização, as inscrições, abertas para escritores e desenhistas, só podem ser participadas por cidadãos com menos de 18 anos de idade. Hélder Caculo – Angola in “Novo Jornal”

Macau - “Amor, Inclusão, Arte” exposição na Fundação Rui Cunha


A Fundação Rui Cunha inaugurou esta segunda-feira, dia 30 de Agosto, a Exposição de Arte do Aluno 2021 “Amor, Inclusão, Arte”, um evento promovido anualmente pela Associação de Deficientes Mentais de Macau para partilhar com o público a quantidade de imaginação e criatividade no trabalho desenvolvido por jovens com diversas dificuldades intelectuais.

Para celebrar o 35º aniversário da Associação de Deficientes Mentais de Macau, os alunos da Escola Kai Chi, do Centro de Formação Inicial Kai Chi, do Centro Profissional Kai Lung, do Centro Kai Hon e da Snack House “Sam Meng Chi” criaram um total de 44 peças de pintura e artesanato, sob a orientação de mentores que diariamente desafiam estes jovens especiais a superar as suas deficiências por meio das artes.

Fundada em 1986, esta instituição tem incentivado a aprendizagem das artes manuais, como forma de «desenvolver competências emocionais e comportamentais através da autoexpressão. Estas oficinas oferecem a crianças e jovens a oportunidade de manipular materiais, estimulando a exploração através de métodos de comunicação alternativos, que lhes dão uma sensação de controlo do ambiente criativo», explica o manifesto da exposição.

Ao apoiar e inspirar um espaço de criação artística livre, as escolas e centros associados a este projecto têm conseguido «acompanhar o crescimento destes alunos ao nível da expressão individual, valorização das oportunidades sociais, maior autoestima, bem-estar e felicidade. Esses sentimentos contribuem para a boa saúde em geral, respeito e vivência com dignidade», explica ainda a Associação.

Este é o quarto ano consecutivo que a Fundação Rui Cunha acolhe o evento. Tal como na edição do ano passado - “Proteger, Esperar, Amar - Exposição de Arte para Alunos 2020” - serão apresentadas peças entre pinturas, cerâmicas, artesanato e colagens, fruto deste projecto em curso de valorização da arte pelo seu potencial comunicativo, capacidade de estimulação pessoal autoconhecimento e desafios desafiadores, estigmas e preconceitos entre esses jovens com necessidades especiais.

As obras ficarão expostas somente até ao dia 2 de setembro de 2021 (quinta-feira).

A entrada é gratuita, mas sujeita a limitações, devido ao cumprimento das medidas de saúde em vigor.

Não perca!

Para Macau, Mais e Mais! Fundação Rui Cunha - Macau


 

Brasil - Desindustrialização em marcha

São Paulo – Estudo preparado pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), divulgado pelo jornal Valor Econômico, mostra que o Brasil está em franco processo de desindustrialização, em razão de uma opção tomada pelos últimos governos em favor do setor primário e da exploração dos recursos naturais, em detrimento do setor industrial.

Segundo o documento, entre 2016 e 2020, o número de indústrias competitivas, que são aquelas que exportam mais que a média mundial, caiu de 196 para 167, enquanto a participação dos produtos primários ligados ao agronegócio aumentou de 37,2% para 44,3%. Como se sabe, a exploração descontrolada de produtos ligados ao agronegócio pode causar maior intensidade de emissões de gases de efeito estufa e de degradação ambiental, o que já tem causado protestos por parte de países que defendem uma política ambientalista mais saudável.

Ainda que, a princípio, não se possa condenar as atividades ligadas ao agronegócio, que, nos últimos tempos, têm garantido o superávit na balança comercial, a verdade é que só os produtos de média e alta tecnologia são capazes de estimular o crescimento do número de empregos, movimentar o mercado interno e, ao mesmo tempo, dar impulso à importação dos insumos necessários para a agregação de valor aos equipamentos. E, portanto, mereceriam uma política mais focada que viesse a interromper o atual processo de desindustrialização.

De acordo com o estudo, os produtos de média tecnologia reduziram sua participação na pauta exportadora de 20,2%, em 2016, para 14,2%, em 2020, enquanto as exportações neste setor diminuíram 16,7%. Já os produtos de alta tecnologia registraram uma queda de 5,2% para 3,1% naquele período. No total, a redução nas exportações foi a mais elevada (30,6%). Enquanto isso, os produtos com menor intensidade tecnológica tiveram um elevado crescimento, especialmente aqueles ligados aos segmentos de ouro, madeira bruta, petróleo, soja e milho.

Obviamente, não haveria razão para se citar o aumento da exportação de produtos primários, provocado também pela demanda mundial por commodities, desde que não houvesse ocorrido uma queda brutal nas vendas para o exterior dos produtos industrializados. Para piorar, há as despesas que resultam do chamado custo Brasil, ou seja, um conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas, trabalhistas e econômicas que atrapalham o crescimento do País, influenciam negativamente o ambiente de negócios e encarecem os preços dos produtos nacionais e os custos de logística.

Essas despesas representam mais de 30% do preço final dos manufaturados, tornando-os pouco competitivos no mercado externo. Apesar disso, até agora. não houve uma resposta firme por parte do governo para essa questão. Para explicar a queda, naturalmente, também é exercida a desculpa da pandemia de coronavírus-19, que teria provocado redução na procura mundial por bens manufaturados.

Embora atualmente haja elevada tecnologia na extração de produtos primários, especialmente nos do setor agrícola, o problema é que essas atividades promovem a concentração da riqueza gerada, ou seja, criam poucos empregos, estimulando a migração das pessoas do campo para as áreas urbanas, o que acelera as questões sociais, com o aumento da população de rua.

Diante disso, só resta ao País aguardar as tão anunciadas (e sempre adiadas) reformas, que passam pela queda da carga tributária, modernização e ampliação da infraestrutura, diminuição dos custos de financiamento, redução da burocracia e da insegurança jurídica e investimentos em pesquisa e qualificação profissional. Se essas reformas já tivessem sido feitas há uma ou duas décadas, hoje o Brasil estaria colhendo os frutos do desenvolvimento. E o pior é que, diante da atual baixa qualidade intelectual da representação pública, não se pode esperar muito. Por enquanto. Liana Martinelli - Brasil

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Liana Lourenço Martinelli, advogada, pós-graduada em Gestão de Negócios e Comércio Internacional, é gerente de Relações Institucionais do Grupo Fiorde, constituído pelas empresas Fiorde Logística Internacional, FTA Transportes e Armazéns Gerais e Barter Comércio Internacional. E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br

 

domingo, 29 de agosto de 2021

Cabo Verde - Jovem aposta na criação de abelhas no interior de Santiago

As abelhas destacam-se por disseminar o pólen e fertilizar vários tipos de flora selvagem, bem como culturas agrícolas essenciais, como o tomate, o mirtilo e a abóbora. No entanto, encontram-se ameaçadas pelo calor extremo e outros factores. Foi pensando na sua preservação, que nos últimos quatro anos, o activista ambiental, João Gomes, vem apostando na apicultura


A apicultura é um ramo da zootecnia, voltada para a criação de abelhas. Essa técnica, segundo o portal brasileiro revista agropecuária, pode ter por objectivo a produção de mel, própolis, geleia real, pólen, cera de abelha e veneno, ou mesmo fazer parte de um projecto de paisagismo.

Ao Expresso das Ilhas, João Gomes conta que há já alguns anos que a apicultura é desenvolvida pela Associação Vercellese Verso Santa Cruz, num projecto financiado por uma igreja valdense na Itália. A referida associação, em parceria com a Câmara Municipal de Santa Cruz, no interior da ilha de Santiago, oferece formação em apicultura aos jovens daquela localidade.

“Eu, por exemplo, beneficiei-me dessa formação e depois apaixonei-me por esse bicho porque trabalho muito com conservação e protecção do meio ambiente. Como é uma espécie que está em via de extinção, achei por bem fazer esta formação e uma outra na Itália para adquirir mais conhecimento e propagá-lo em Cabo Verde”, relata.

João Gomes afirma que enquanto um multiplicador do conhecimento, vem desenvolvendo a apicultura de modo a ajudar a agricultura no país.

Nos últimos quatro anos de existência da apicultura, João construiu 11 colmeias, ou famílias de abelhas.

“A apicultura teve início na década de 90 em Santa Cruz, o projecto foi interrompido por falta de apoio. Hoje estamos avançados. Contamos onze colmeias povoadas. Vamos iniciar agora uma segunda acção de formação já que estamos na preparação do apeado que está formado, o que permite dar uma formação de início ao fim”, assegura.

Segundo explica o activista, hoje é possível dar aos jovens uma formação em apicultura do início ao fim, porque a existência de famílias de abelhas, permite ir além da teoria. Diferente da época em que se formou, em que depois da teoria, era preciso iniciar a apicultura do zero.

“Isso está ultrapassado. Quem vem tomar formação, além da que eu tinha tomado, vai poder assistir no terreno a algo que já está avançado. Isso vai ajudá-los muito no processo de aprendizagem, o que é bom e dá para ver que Cabo Verde está num bom caminho”, afirma.

Cada colmeia pode ter entre 40 a 70 mil abelhas, dependendo do estado de saúde de cada família. No caso das famílias estarem fortes, esclarece João Gomes, cada colmeia pode conter até 70 mil indivíduos.

Importância da apicultura

João Gomes expende que no país, assim como no resto do mundo, todas as abelhas estão no activo na natureza. Daí que se torna importante que hoje, se capacitem jovens de modo a multiplicar as colmeias que os apicultores devem ter conservado devido a diminuição do número das mesmas na natureza.

“Se corrermos o risco de perder todas as abelhas que estão no meio ambiente, será um grande problema reintroduzi-las”, alerta.

Assim, o activista ambiental reitera que se a apicultura for feita de forma organizada, vai permitir ajudar as abelhas, independentemente das localidades onde estiverem, independentemente das alterações climáticas que vêm afectando a espécie.

Nas suas declarações, garante que o primeiro objectivo deste projecto é a protecção e conservação da espécie que está em via de extinção.

Entretanto, aponta outros benefícios da apicultura como a produção do mel, própoles, cera, pólen e geleia real, todos uma fonte de rendimento e uma ajuda para a saúde humana.

“Ainda não produzimos nada para venda já que a nossa prioridade é reproduzir as famílias que temos e maximizá-las. Quando estiverem fortes e tiverem condições de produzir mel e os outros derivados tanto para o consumo como para a comercialização aí, sim, faremos isso”, diz.

Embora ainda não sejam produzidas para serem comercializadas, João Gomes destaca que há muita procura por esses produtos, sobretudo do mel e própoles.

“Porque estamos a desenvolver um medicamento com própoles, álcool e cana-de-açúcar para combater fungos e bactérias. Algumas pessoas deram-se conta e mesmo não tendo para comercializar, algumas vezes temos tido procura. Porque por vezes oferecemos a amigos e a novidade se espalha. Temos tido procura da ilha de Boa Vista, mas sobretudo da ilha de Santiago, mais especificamente da cidade da Praia, Santa Cruz e Tarrafal”.

Remoção de enxames em residências

Conforme o entrevistado, a remoção de enxames em casas de família é algo corriqueiro. Mas, o grupo enfrenta algumas dificuldades para tal.

“Há lugares que são distantes e ir fazer uma captura requer custo. Se for um enxame que invadiu uma casa e está numa árvore a remoção é fácil. Contudo, se for um enxame que vive numa parede há já algum tempo, é mais difícil”, descreve apontando para uma colmeia removida em Achada Santo António, Praia.

Para remover aquela colmeia, especificamente, João Gomes narra que foram precisas três noites, em que o grupo teve de regressar à Santa Cruz às 3h00 da manhã.

“Se a pessoa tiver condições de suportar os custos nos trabalhos mais difíceis é melhor, porque sair daqui de Santa Cruz, levar o carro, uma colmeia e uma equipa de quatro a cinco pessoas, custa. Se for um local de remoção simples, um lugar mais perto por exemplo, não custa nada”, compara.

Os equipamentos do grupo de apicultores liderado por João Gomes foram doações da Associação Vercellese Verso Santa Cruz. Outras foram trazidas da Itália ou produzidas pelo próprio activista, apesar da possibilidade de importar.

Desafios

Na apicultura, os enxames são recolhidos e alojados em caixas apropriadas chamadas colmeias, durante a noite, onde continuam a trabalhar.

“As abelhas têm apenas quatro horas de descanso. Logo no início do amanhecer, por volta das 5h30 começam a sair das caixas para as suas actividades, em diferentes lugares. Até o pôr-do-sol recolhem todo o pólen, néctar, cera e outras coisas que precisam e regressam para as caixas”, detalha.

No sítio de João Gomes, algumas caixas são produções suas, e outras vieram da Itália. Aliás, frisa, o grupo recebeu, recentemente, 30 caixas colmeias, desmontadas.

Para João Gomes, o principal desafio na apicultura em Cabo Verde consiste em formar as famílias devido à seca dos últimos anos. Isto porque as abelhas dependem da flora apícola.

“Se não houver flor, as abelhas morrem. E em todas as partes do mundo as abelhas estão a morrer de fome e as nossas não são excepção”, pormenoriza.

Ao se formar uma família, há uma grande preocupação em alimentar as abelhas que estão a enfraquecer. E quando retiradas do seu habitat, João Gomes sublinha que se não estiverem bem controladas acabam por morrer.

“Há necessidade de capturar essas famílias, nutri-las, dar-lhes a força necessária para se tornarem numa família forte. Para isso temos um suplemento que veio da Itália, açúcar pasteurizado que é para alimentar as nossas abelhas e salvá-las. Estamos no processo de resgatar todas as abelhas que estão fracas na natureza, dar-lhes força para não sofrerem nenhum dano que possamos causar”, ressalva.

Em cada caixa há um nutritor, trata-se de um depósito onde são depositadas um xarope feito com um quilo de açúcar e um litro de água. O xarope, de acordo com o entrevistado, fortifica as abelhas na falta de flora apícula.

A ideia dos apicultores de Santa Cruz é até o final do ano ter pelo menos 20 colmeias povoadas.

“Estamos com 11 colmeias povoadas, mas já fizemos mais de 50 capturas. Porque a apicultura funciona da seguinte forma, quando uma caixa é nova, nunca recebeu nenhuma abelha, fica difícil mantê-las. Ao contrário dos humanos que preferem uma casa nova e bem construída. Às vezes é preciso muito cuidado e muita técnica para capturar as abelhas, colocar numa caixa e mantê-la de modo a formar uma família. No início era mais complicado, mas agora temos mais conhecimento e conseguimos formar famílias rapidamente”, explica.

Apicultura para toda a ilha

João Gomes refere que para um desenvolvimento da apicultura em toda a ilha de Santiago, conta com um parceiro em Rui Vaz, Emileno Ortet, que trabalha com agricultura.

O objectivo é criar uma unidade de agricultura naquela localidade por ser cheia de eucalipto, uma planta que produz grande quantidade de mel.

“Na ilha de Santiago, na Serra Malagueta e Rui Vaz há uma grande potencialidade para fazer o estudo da apicultura. E com o Emileno Ortet acredito que brevemente conseguiremos montar uma unidade de apiado. Já temos algumas colmeias preparadas para Rui Vaz e depois pretendo fazer alguma recolha de abelhas no próprio Rui Vaz e levar outras daqui e de outros lugares da ilha de Santiago”, avança.

A apicultura que pretendem desenvolver, continua, é móvel. Assim, em toda a ilha de Santiago, onde se verificar uma boa flora apícola, vão lá estar para capturar as abelhas que depois serão fortificadas.

“Aliás, Cabo Verde deve apostar muito na babosa, porque a babosa é uma flora apícola e gostaria que Cabo Verde apostasse na plantação de plantas que são floras apícolas. Há muitas plantas que não têm nada a ver com a apicultura e flora apícola. E hoje todos os países do mundo apostam nestas plantas para salvar as abelhas e o planeta”, recomenda. Sheilla Ribeiro – Cabo Verde in “Expresso das Ilhas”


Estados Unidos da América - Investigadores voltam a encontrar abelha que se pensava extinta


Esta espécie de abelha estava desaparecida há mais de quatro anos. No entanto, durante um trabalho de campo, cientistas norte-americanos encontraram um raríssimo exemplar da Abelha-carpinteira-azul (Amegilla cingulata) que, normalmente, tem o dobro do tamanho de uma abelha normal. Outra marca desta espécie é que o abdómen dos machos tem cinco faixas completas, enquanto o das fêmeas tem quatro.

De acordo com os especialistas, a abelha azul é bastante solitária e não costuma viver em grupo. A partir de agora, os cientistas possuem poucos dias para fazer um estudo mais detalhado sobre o comportamento deste inseto. Tudo indica que a sua temporada de voo termine este mês, o que fará com que seja praticamente impossível voltar a observá-la. “Vimos uma abelhinha azul brilhante a agarrar uma flor e esfregando a cabeça na parte superior da flor duas vezes” afirmou o investigador Chase Kimmel à imprensa internacional.  “Esse comportamento é uma característica única da abelha carpinteiro azul. Ficamos impressionados ao vê-la”, acrescentou. O Museu da História Natural da Florida emitiu também um comunicado sobre o reaparecimento.

A principal fonte de alimentação desta abelha é uma planta chamada Calamintha Ashei também ela bastante difícil de ser encontrada na Natureza. In “Green Savers Sapo” - Portugal


 

A beleza vai mudar o mundo








Vamos aprender português, cantando

 

A beleza vai mudar o mundo

 

Perco outra vez

só mais um mês

a ouvir o teu sermão

 

Conto até 3

pra desaparecer

até à revolução

 

Dizes que não tens medo

que nem é dilema

és a solução

mas também o problema

 

Mudar o mundo,

não é num segundo

 

E o silêncio faz duvidar

se existe perdão

e acreditar

que mereço atenção

 

Porque mudar o mundo

não é num segundo

 

Para pra me ver

ninguém quer sofrer eu sei

a beleza vai mudar o mundo

vou guardá-la como um bom escudo

 

Para pra me ver

ninguém quer sofrer eu sei

a beleza vai mudar o mundo

vou guardá-la como um bom escudo

 

E o defeito

está no preconceito

de quem não quer acordar

 

Na minha balança

peso a semelhança

que a pele quer representar

 

Não quero apontar-te o dedo

mas há um problema

que tem que acabar

que chegou ao extremo

e eu não me vou calar

eu não me vou calar

 

Para pra me ver

ninguém quer sofrer eu sei

a beleza vai mudar o mundo

vou guardá-la como um bom escudo

 

Para pra me ver

ninguém quer sofrer eu sei

a beleza vai mudar o mundo

vou guardá-la como um bom escudo

 

Para pra me ver

ninguém quer sofrer eu sei

a beleza vai mudar o mundo

vou guardá-la como um bom escudo

 

Soraia Tavares – Portugal

 

Composição:

(Letra) Soraia Tavares e António Graça – Portugal

(Música) Soraia Tavares, António Graça, João Repolho – Portugal

                Tainá Mota – Brasil 


sábado, 28 de agosto de 2021

Angola – Zitsombe espécie em via de extinção

Chama-se Zitsombe, é uma espécie de larva subtraída das palmeiras e é muito apreciada pelos angolanos, sobretudo os cidadãos do Norte do país.

O Zitsombe, consta há já algum tempo na Lista Vermelha das espécies vulneráveis ameaçadas de extinção.

De acordo com a Direcção Nacional de Biodiversidade do Ambiente, a classificação da Zitsombe como pertencente à categoria C da lista de espécies vulneráveis prende-se com o seu elevado consumo e a fraca reprodução.

Os riscos de extinção da espécie, segundo o responsável da Direcção Nacional de Biodiversidade do Ambiente, Nascimento António Kadima, reside no facto de as larvas adultas estarem a desaparecer e não haver reprodução.

O responsável apelou, no entanto, para a conservação e protecção da Zitsombe, de formas a que não seja extinta. In “AngoNotícias” - Angola

 

Lusofonia – Cantora Yasmine apresenta “Pega Nha Mon” cantado em português e crioulo da Guiné-Bissau

Um ano depois de ter lançado a música “Sempre Sonhei” com a participação do cantor angolano Rui Orlando, Yasmine regressa com um novo single “Pega Nha Mon”, produzido pelos músicos Badoxa e Tó Semedo. O single foi divulgado na passada sexta-feira, 13, em todas as plataformas de streaming.

Cantado em português e crioulo da Guiné-Bissau, “Pega Nha Mon” é uma homenagem da cantora às suas origens – Filha de pais guineenses e com avós cabo-verdianos, Yasmine Carvalho nasceu em Portugal em 1995.  “Finalmente conseguimos partilhar convosco este trabalho que tanto nos deu prazer fazer! É familiar, é pessoal, é nosso”, diz a artista nas suas redes sociais.

“Sou fruto do amor e respeito que vivo na minha família. Somos tão diferentes, de tantos lugares, fazemos escolhas diferentes, temos posições diferentes, mas somos unidos por uma só coisa… AMOR. Pega Nha Mon é um produto da minha família e da importância dela naquilo em que me tornei”, explica Yasmine.

O tema chegou acompanhado de um videoclipe em exclusivo no canal do YouTube da E-Karga Music Entertainment, e dois dias depois estava em primeiro nas tendências em Portugal.

Realizado por Wilsoldiers, o vídeo contou com a participação especial do modelo Ibeneizer Giro Sá e da família de Yasmine. In “Koffie Luso” - Portugal


Pega nha mon

 

Foram anos nunca te deixei

até no inferno fiz de ti meu rei

sei que me amas nunca perguntei dei te espaço e acreditei

ko medi bin pa no bua

nada ka na tudjino di vivi no vida

nka na dissa nada para

no amor tene força bu pudi acredita

sabes que somos destino

ficas comigo ou ficas sozinho

ma nim ka na papia

bu ka na contan

ke que nha corçon misti irita

sentimento complicado e bu sibi dja

mas amor ta tarbadjado lanta u firma

um asa ka txiga pa katxo bua

um asa ka txiga pa no nu bua

tem maneira ku ta sinti ku mi

ku maz ninguim bu ka na pudi sinti

enton baby ka bu complica

pega nha mon dissa problema

ko medi bin pa no bua

nada ka na tudjino di vivi no vida

nka na dissa nada para

no amor tene força bu pudi acredita

enton pega nha mon

pui curpo lebi

ka bu fala nada

enton pega nha mon

no destino final na sedo na altar

ai se eles soubessem o que és pra mim

tinham vergonha de nos querer ver chegar ao fim

sei bem o que precisas e é bom pra ti

nenhum deles vai saber fazer melhor por ti

ma ka bu medi baby eh misti só fofoca

eh ka cuncino relaxa, fica na boa

seh conversa ka ta passa d’um jugo

eh misti miti lenha na no fogo

tem maneira ku ta sinti ku mi

ku maz ninguim bu ka na pudi sinti

enton baby ka bu complica

pega nha mon dissa problema

ko medi bin pa no bua

nada ka na tudjino di vivi no vida

nka na dissa nada para

no amor tene força bu pudi acredita

enton pega nha mon

pui curpo lebi ka bu fala nada

enton pega nha mon

no destino final na sedo na altar

 

Enton pega nha mon

pega nha mon

enton pega nha mon

bin pa no bua

ko medi bin pa no bua

nada ka na tudjino di vivi no vida

nka na dissa nada para

no amor tene força bu pudi acredita

enton pega nha mon

pui curpo lebi

ka bu fala nada

enton pega nha mon

no destino final na sedo na altar

nka na dissa nada para

força di no amor


Yasmine - Portugal


Vaticano - O abraço do Papa Francisco a indígenas brasileiros

Depois de inúmeros testes Covid-19 e quarentena de dez dias, duas lideranças indígenas do Pará participaram no Vaticano de um encontro com o Papa Francisco


Nessa semana, o Papa Francisco recebeu na antessala da Sala Paulo VI uma delegação do Movimento Laudato Si (até julho chamado Movimento Católico Global pelo Clima), que tem o foco de suas atividades na ecologia integral, mas também o compromisso internacional sobre o cuidado com a Casa Comum.

Duas lideranças indígenas do Pará presentes no encontro – Cacique Dadá Borari e Poraborari, da terra indígena Maró, município de Santarém, oeste do Pará – contaram que o Papa Francisco dançou o Surara – e na conversa deu a eles “uma esperança muito boa”, conforme entrevista da Vatican News.

As lideranças acompanham a movimentação em torno da votação do marco temporal pelo STF nesta quinta-feira, mas também falaram sobre os inúmeros testes realizados antes de chegar na Itália – incluindo a quarentena de 10 dias – e ao final exortaram todos a usar máscara, álcool gel, e ter cuidado consigo mesmo e com os outros.

Como foi o encontro com o Papa Francisco na manhã de hoje?

O encontro foi um encontro muito bom, por conta que o Papa nos recebeu com todo carinho, com toda essa pessoa que ele é, foi sensível, sensibilizou a luta indígena nossa no Brasil, principalmente lá do Baixo Tapajós, e ele nos garantiu que é possível a gente construir uma agenda, aonde a gente possa discutir exatamente esse grande problema que hoje ocorre no Brasil, que é possível a gente fazer aliança, que essa aliança seja feita entre nós do Brasil, a população indígena, e a liderança que ele é hoje aqui no Vaticano. Então ele deu uma esperança muito boa para gente, que a gente vai construir uma torre de liderança, que essa torre de liderança possa discutir exatamente esses grandes empreendimentos que ocorrem no Brasil.

Teve uma dança e um grito especial durante o encontro?

Foi muito legal, por conta que nós dançamos o Surara e o Papa Francisco entrou na roda com a gente, segurou na minha mão, e a gente conseguiu dançar o Surara, que nada mais é do que esse tom aqui… [canto indígena]. O Surara significa ‘somos guerreiros, eu sou guerreiro’ (…) significa que o Papa Francisco é um guerreiro forte aqui no Vaticano. Esse é o significado. E tem o grito ‘Surara!’, somos fortes.

Vai ser votado no STF o marco temporal. Como vocês estão acompanhando a mobilização em torno da votação, que teve inclusive o apoio nesses dias da CNBB, da REPAM, da CRB….

Estamos acompanhando, estamos bastante preocupados, porque está sendo discutido o futuro dos territórios indígenas, o futuro dos povos indígenas, porque se o STF referenda o marco temporal, significa dizer na prática de que todos os territórios indígenas, eles acabam sendo atribuído, criada regra geral para ter direito à demarcação de terra, os povos que estavam sob posse em 5 de outubro de 1988, quando foi promulgada a Constituição, o Brasil é signatário. E com isso é muito prejudicial por conta que a nossa história não começa em 88, nós estamos ocupando o Estado brasileiro muito antes da constituição do Estado brasileiro, nós já estávamos ali ocupando aqueles territórios. Então o STF precisa reconhecer a presença indígena no Brasil, precisa reconhecer os povos indígenas como pertencentes daquele território, o direito dos povos indígenas é um direito signatário, originário, e que o STF precisa referendar. E mais, a própria tese do marco temporal ela é inconstitucional. Vários juristas do Brasil já fizeram seus artigos de apoio, apontando a inconstitucionalidade da tese do marco temporal, há dois dias atrás, a ONU lançou um relatório também afirmando ndo e ponderando que o STF precisa julgar pela inconstitucionalidade da tese do marco temporal, porque a ONU também entende de que o marco temporal é uma tese inconstitucional para os povos indígenas no Brasil.

Como vocês veem o apoio da Igreja Católica à causa indígena?

A Igreja Católica tem sua importância no mundo, tem suas influências no mundo, e no momento em que o cacique recebe um convite para se encontrar com Papa Francisco, onde o Papa Francisco assume o compromisso em criar uma aliança pela defesa e a manutenção dos direitos originários dos povos indígenas, dos povos tradicionais, isso é muito importante porque a Igreja nada mais, nada menos, do que está reconhecendo o seu papel social, não só o papel religioso mas seu papel social para com os povos, que há muito tempo foram dizimados e invisibilizados.

Nós estamos vivendo este período de pandemia. Como foi para chegar à Itália para este encontro no Vaticano e como está a situação da Covid em sua aldeia.

Desde que a gente saiu da aldeia, aí chegamos na Cidade de Santarém, a gente teve que fazer exame de Covid, fizemos exames em São Paulo, aí depois fizemos quando chegou aqui na Itália, e todos os exames foram negativos, e quando eu cheguei aqui na Itália a gente teve que ir para a quarentena de 10 dias. Após a quarentena a gente voltou a fazer exame de novo, testou negativo e para entrar aqui no Vaticano também tivemos que fazer o exame, graças a Deus deu tudo certo, deu tudo negativo.

Nesse momento de pandemia na aldeia, a gente está seguindo as nossas próprias regras culturais, e a gente teve um grande problema que por conta… no início nós tivemos 40 pessoas na aldeia que foram vítimas da Covid, mas daí temos uma grande que é que a minha mãe, Edite Alves de Souza o nome dela, e ela com outro pajé, andaram fazendo os remédios caseiro e graças a Deus nenhum indígena precisou ir para o hospital de Santarém, para que recebesse intubação, graças a Deus ninguém veio [foi] e a gente só tratou, a mamãe, só tratou lá com os remédios caseiros que tem no próprio território. Então a sabedoria ancestral, voltada à medicina tradicional, ela foi positiva e graças a Deus todo mundo ficou bom, não deixou sequelas em ninguém e hoje a gente tá feliz, porque temos nossos saberes culturais que não deixa de somar com os saberes científicos. Mas a gente como a gente exige respeito da sociedade, nós também respeitamos a sociedade. Aí é por isso que eu concordei em fazer essa quarentena de 10 dias e a gente cumpriu a quarentena tudo na paz, tudo deu certo, espero sucesso a todo mundo, mesmo lá do meu país e aqui do país Vaticano e peço a todos, por favor: “Você que tá ouvindo neste momento, use máscara, use álcool gel e tenha cuidado que o que está em jogo não é a vida dos outros, mas é a nossa própria vida, a minha, a sua, a de todo mundo, vamos se cuidar.”

Reserva indígena

As reservas indígenas, com apenas 1,6% de toda a desflorestação sofrida pelo Brasil nos últimos 36 anos, são as áreas mais preservadas do país, segundo um estudo elaborado pela organização MapBiomas, divulgado pela Lusa.

De acordo com essa plataforma que reúne universidades, organizações não-governamentais e empresas de tecnologia, e que fez o estudo com a ajuda de imagens de satélite e inteligência artificial, entre 1985 e 2020 o Brasil desflorestou cerca de 820 mil quilômetros quadrados de cobertura vegetal, quase 9,64% do seu território e uma área equivalente ao dobro do tamanho do Paraguai.

Mas, de toda essa área perdida, apenas 13120 quilômetros quadrados, o equivalente a 1,6% do total, estavam em reservas indígenas já delimitadas ou que aguardam demarcação.

Essa pequena percentagem demonstra a capacidade de preservação ambiental das populações indígenas, cujos 488 territórios demarcados, segundo dados do Governo, ocupam 12% dos 8,6 milhões de quilômetros quadrados do país.

“A maior parte das terras indígenas preservou as suas características originais em 36 anos, o que comprova o valioso serviço ambiental que essas comunidades prestam ao Brasil”, afirmou, em comunicado, a MapBiomas, iniciativa que conta com o apoio tecnológico da Google e tem entre os seus associados organizações ambientais internacionais, como o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) e Conservación Internacional. In “Mundo Lusíada” - Brasil