Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 27 de abril de 2024

Cabo Verde - Rapaz 100 Juiz e Loony Johnson lançam single "Mo Ki Nu Ta Fazi"

Os Rapaz 100 Juiz e Loony Johnson voltaram a reunir-se para uma nova empreitada musical, 14 anos depois. Trata-se do single "Mo Ki Nu Ta Fazi", que já está disponível nas plataformas digitais


Segundo uma nota enviada, o single "Mo Ki Nu Ta Fazi" marca o retorno triunfante de uma parceria dinâmica dentro da vibrante cena musical cabo-verdiana.

“Apesar das distâncias geográficas com os Rapaz 100 Juiz nos Estados Unidos e Loony Johnson em Portugal, a dupla uniu os seus talentos mais uma vez para criar uma canção que promete ecoar nos corações apaixonados”, avança.

No videoclipe, os artistas capturaram a essência pura e apaixonada do povo cabo-verdiano em encontros musicais.

"Mo Ki Nu Ta Fazi" agora junta-se ao cenário musical como a terceira e última faixa do mais recente EP dos Rapaz 100 Juiz, que já contava com "Nha Primero Amor" (ft. SOS Mucci) e "Bem Flam" (ft. Garry).

A mesma fonte explicou que o título das três canções evoca diferentes fases de uma relação, mergulhando fundo nas complexidades do amor e da paixão.

“Este novo projecto não apenas celebra a música, mas também levanta uma bandeira em favor de relacionamentos saudáveis e respeitosos, enviando uma poderosa mensagem de esperança e positividade para os jovens cabo-verdianos. Um convite ao público para embarcar numa jornada de amor e respeito”, indica. Dulcina Mendes – Cabo Verde in “Expresso das Ilhas”


sexta-feira, 26 de abril de 2024

Macau - “Temor” e “perigos” serviram de mote a concurso de eloquência em português

A 21ª edição do Concurso de Eloquência em Língua Portuguesa distinguiu ontem três alunos, dois da Universidade Politécnica e uma da Universidade Cidade de Macau. O mote foi “Nos perigos grandes, o temor é muitas vezes maior que o perigo”, de “Os Lusíadas”, de Luís Vaz de Camões. Os estudantes interpretaram a frase, tendo abordado temas como os Descobrimentos, os 50 anos do 25 de Abril de 1974 ou até mesmo experiências pessoais relacionadas com medos e anseios


É preciso “superar o medo e ter coragem”, por isso, estudantes universitários de Macau subiram ontem ao palco no âmbito da 21ª edição do Concurso de Eloquência em Língua Portuguesa, organizado pela Universidade de Macau (UM), e deixaram de lado o nervosismo. O mote foi precisamente sobre o medo: “Nos perigos grandes, o temor é muitas vezes maior que o perigo”, retirado de “Os Lusíadas”, de Luís Vaz de Camões.

No dia em que se celebraram os 50 anos do 25 de Abril, alguns dos 11 estudantes participantes invocaram a data e os desafios vividos naquele dia de 1974 em Portugal. Outros olharam para dentro, para as suas experiências, medos e ansiedades, e outros abordaram os Descobrimentos, por exemplo. No fim, saíram todos vencedores, como sublinharam os docentes que os acompanharam.

Humberto Zhang Hongyun mostrou-se “muito feliz” por ter conquistado o primeiro prémio, oferecido pela Fundação Macau, no valor de 10000 patacas. Aluno do terceiro ano do curso de Tradução Chinês-Português da Universidade Politécnica de Macau (UPM), Humberto contou ao Jornal Tribuna de Macau que tem “muita paixão” pela Língua de Camões.

“Para mim, a cultura ibérica, especialmente a cultura portuguesa, faz-me sentir muita paixão, e gosto também de muitas obras-primas da literatura portuguesa, de poesia”. Por essa razão, quis “explorar o mundo da Língua Portuguesa”.

Humberto levou a concurso o texto intitulado “Romper as correntes do temor”. “Indiquei os mecanismos do temor, que é algo psicológico, e, no fim do discurso, apresentei uma resolução para este problema: a resiliência, que é também algo psicológico. Porque todos nós temos uma barreira psicológica e por isso a resiliência é o melhor antídoto para este problema”, apontou.

O estudante da UPM, natural da província de Chongqing, declamou ainda parte de um poema de Ary dos Santos: “Serei tudo o que disserem/ por temor ou negação:/ demagogo, mau profeta/ falso médico, ladrão/ prostituta, proxeneta/ espoleta, televisão./ Serei tudo o que disserem:/ Poeta castrado não!”.

Patrocinado pelo Jornal Tribuna de Macau, o segundo prémio, no valor de 3000 patacas, foi conquistado por Alex Gan Tianer, também estudante da UPM e do terceiro ano, mas do curso de licenciatura em Português. “Nunca pensei que pudesse ganhar”, confessou.

“Como disse no meu discurso, falhei uma vez num concurso de eloquência de inglês, na minha escola secundária. Desta vez, estar no palco já fez de mim uma vencedora”, afirmou, apontando que o prémio foi um “extra”. “Coragem, pura e livre” foi o título que deu ao seu discurso, durante o qual falou então da sua experiência pessoal e do medo que sentia de subir ao palco.


Natural da Mongólia Interior, Alex Gan Tianer contou que só teve contacto com a Língua Portuguesa quando entrou para a universidade. “Escolhi aprender Língua Portuguesa porque gosto muito de aprender línguas estrangeiras e sei que Macau é uma plataforma de contacto entre a China e os países lusófonos. Por isso, escolhi Macau para estudar”, acrescentou a estudante.

O terceiro lugar, por sua vez, patrocinado pelo Banco Nacional Ultramarino (BNU) e no valor de 1000 patacas, coube a Aurora Cheng Ziyu, estudante na Universidade Cidade de Macau. “Este é o terceiro ano que estudo Português, e estudo porque adoro estudar línguas estrangeiras. Estudei espanhol durante seis anos na minha escola secundária”, contou a aluna.

“O perigo e o temor” foi o título escolhido por Aurora Cheng Ziyu. Na sua apresentação, a estudante natural da província de Tianjin falou sobre o temor ser muitas vezes maior que o perigo. “Temos de superar o medo com coragem”, acrescentou, nas declarações a este jornal.

A estudante frisou que “cultura ocidental é muito interessante e tem muitas diferenças em relação à cultura chinesa”, o que a levou também a interessar-se pelo Português. O curso de licenciatura em Português da Universidade Cidade de Macau vai formar, este ano, os primeiros graduados nesta área.

“Estou muito contente. Nunca pensei que pudesse ganhar, foi uma surpresa”, conclui Aurora Cheng Ziyu, acrescentando que “estava muito nervosa”, até porque foi logo a primeira a subir ao palco.

José Pascoal, docente da UM e organizador do concurso, explicou que o objectivo da iniciativa é levar a que os alunos se apropriem de uma língua que é também deles. “Ninguém se apropria da língua se não falar a língua. o concurso é uma das muitas outras vias possíveis para eles se apropriarem desta língua que é nossa, mas também é deles. Esta é a principal razão”, afirmou a este jornal.

Quanto à escolha do mote desta edição, uma frase de “Os Lusíadas”, de Camões, o docente disse que é uma forma de celebrar os 500 anos do nascimento do poeta. “É um desafio para os alunos interpretar aquela frase de Camões, sobre os perigos, os medos, o que fazemos com eles, como os encaramos e ultrapassamos”, observou, acrescentando que “há metáforas fantásticas” nos textos produzidos este ano.

O júri foi composto este ano pelo advogado Frederico Rato, pelo advogado e dramaturgo Miguel de Senna Fernandes, e pela docente e cantautora Maria Paula Monteiro. Durante a sessão, houve ainda momento para ouvir “Grândola, Vila Morena”, de Zeca Afonso, por Maria Paula Monteiro, bem como para ver o documentário “25 de Abril – Uma Aventura para a Democracia”, de Edgar Pêra. Na cerimónia esteve também presente o director do Departamento de Português da UM, João Veloso, bem como outros docentes, alunos e convidados. Os Serviços de Correios e os Serviços de Turismo, tal como o BNU, ofereceram presentes aos participantes. Catarina Pereira – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”




UCCLA - Organiza Mercado da Língua Portuguesa em Cascais

A sexta edição do Mercado da Língua Portuguesa, que irá decorrer de 17 a 19 de maio, está de volta ao Mercado da Vila, em Cascais. Organizado pela UCCLA, o evento conta com a parceria da Câmara Municipal de Cascais e o apoio institucional da Câmara Municipal de Lisboa.


Com uma programação diversificada, que inclui cerca de 40 bancas, palestras, gastronomia, música e muitas atividades extra, o Mercado da Língua Portuguesa reafirma, mais uma vez, o potencial e a importância da língua portuguesa como um elo de união dos países lusófonos.

No ano em que se assinalam os 50 anos do 25 de Abril, a UCCLA apostou em proporcionar a todos várias surpresas. Haverá momentos lúdicos e espaço para crianças, tertúlia literária subordinada ao tema “A Liberdade também se escreve”, gastronomia e artesanato representativo dos diferentes países, e na música vamos contar com a participação especial de Eddy Tussa, um dos maiores artistas atuais da música tradicional urbana de Angola, o Semba.

Não pode faltar a esta grande festa de homenagem à língua portuguesa!

Horário do mercado:

Dia 17 de maio - 18 às 23 horas

Dia 18 de maio - 10 às 23 horas

Dia 19 de maio - 10 às 20 horas

Todas as informações sobre o Mercado estão disponíveis através da ligação:

https://www.uccla.pt/noticias/uccla-organiza-mercado-da-lingua-portuguesa-em-cascais

Mais informações aqui.




 

Macau - CURB lança obra de Sérgio Barreiros Proença sobre planeamento urbano de Macau, Índia e Timor

A Center for Architecture and Urbanism – Macau (CURB) vai lançar o livro “Macau India and Timor Urbanism – Continuity and Rupture on the Establishment of Urban Planning Between 1934 and 1974”, cujo autor é Sérgio Barreiros Proença. A apresentação da obra acontece a 3 de Maio, na Casa Garden


Este livro “oferece uma perspectiva única sobre o desenvolvimento do planeamento urbano de Macau, Goa e Timor, e torna acessível um rico arquivo de planos urbanos destes três territórios”, diz a CURB em comunicado. Este projecto de investigação tem também o apoio da Fundação Macau e do CIAUD – Centro de Investigação em Arquitectura, Urbanismo e Design.

Sérgio Barreiros Proença licenciou-se em 2001 em Arquitectura Planeamento Urbano e Territorial na Faculdade de Arquitectura – Universidade Técnica de Lisboa, é Mestre em Cultura Arquitetónica Moderna e Contemporânea desde 2007 e Doutor em Urbanismo desde 2014 com a tese “A Diversidade da Rua na cidade de Lisboa. Morfologia e Morfogénese”. Sérgio Barreiros Proença é também membro fundador do Forma Urbis Lab, um laboratório de investigação sobre o tema da Morfologia Urbana, e coordena actualmente o projecto de investigação em curso sobre “As Ruas Portuguesas da Orla Atlântica. Leitura interpretativa e desenho em contexto de alterações climáticas”.

O material utilizado na elaboração desta obra resulta da participação na equipa e do trabalho desenvolvido no âmbito do Projecto de Investigação em Urbanismo, Os Planos de Urbanização nas Antigas Províncias Ultramarinas, 1934-1974, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, e realizado na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa com a coordenação da professora doutora Maria Clara Mendes.

Além do autor da obra, o evento de lançamento do livro contará também com a presença do editor, Nuno Soares, director do Departamento de Arquitectura e Design da Faculdade de Artes e Humanidades da USJ e Presidente da CURB, e de Hendrik Tieben, Director da Escola de Arquitectura da Universidade Chinesa de Hong Kong. André Vinagre – Macau in “Ponto Final”


quinta-feira, 25 de abril de 2024

Moçambique - Macedo Pinto lança livro que defende tese de que Revolução 25 de Abril iniciou na Beira

A Editorial Fundza lançou, às 18 horas desta quinta-feira, no Centro Cultural Português da Beira, o livro “Beira, a origem do fim”, da autoria do advogado Augusto Macedo Pinto. A obra foi apresentada pelo sociólogo e poeta Filimone Meigos.


O livro de Augusto Macedo Pinto defende a tese de que a Revolução de 25 de Abril de 1974, que marca o início da vida democrática em Portugal, pondo termo ao regime autoritário do Estado Novo e abrindo caminho para a resolução do problema da guerra colonial, terá começado na Cidade da Beira.

“É nossa intenção, nesta retrospectiva, mais do que elencar factos cronológicos, e do que dar uma opinião, logo subjectiva, apresentar factos ocorridos a partir de e na cidade da Beira, que deram a sua contribuição decisiva para a queda do Estado Novo (Salazar/Marcelo Caetano) em Portugal, a 25 de Abril de 1974”, afirma Augusto Macedo Pinto, citado na nota imprensa da Fundza.

No prefácio do livro, o antigo Presidente da República de Moçambique, Joaquim Chissano, destaca a importância de “Beira, a origem do fim”, afirmando que Augusto Macedo Pinto “relembra factos aos que os viveram ou ouviram falar, e personagens aos que os conheceram e com eles conviveram ou deles ouviram falar, e informa a juventude e a outros que não tiveram a oportunidade de conhecer os que de forma brutal tentaram em vão suster o vento da mudança que tinha como objectivo a independência de Moçambique”.

Mais adiante, o Antigo Presidente da República ressalta o papel dos tumultos que tiveram lugar, na Cidade da Beira, a 17 de Janeiro de 1974, “que pelos vistos foram o detonador do despertar da consciência dos portugueses, com efeitos determinantes que levaram ao 25 de Abril de 1974, em Portugal”, avança a nota de imprensa.

Augusto Macedo Pinto, de ascendência luso-moçambicana, veio ao mundo em Nespereira, Cinfães, Viseu, em 11 de Dezembro de 1948. Sua jornada levou-o a Lourenço Marques, hoje conhecida como Maputo, em 1953, e, desde 1955, viveu em Tete. Entre os anos de 1968 e 1975, dedicou-se aos estudos na Universidade de Coimbra, na Faculdade de Direito, enquanto dividia a sua vida entre Moçambique e Portugal. Actualmente, fixou residência na Cidade da Beira, Província de Sofala. Advogado de profissão, foi, entre 1991 e 1999, Cônsul Geral Honorário de Moçambique no Porto e na Zona Norte de Portugal. Actuou como assessor para os Assuntos Europeus da Ministra dos Negócios Estrangeiros do Governo de São Tomé e Príncipe. Mantém o blog “NANDI IWE” activo desde 2010, dedicado exclusivamente a notícias positivas sobre pessoas e países, e contribui como articulista, tendo os seus artigos publicados tanto na imprensa nacional quanto estrangeira. In “O País” - Portugal


Moçambique - Luís Cezerilo lança livro de poesia “Nas Areias Do Tempo“

A Editora Lithangu vai lançar o livro de poesia intitulado “Nas Areias Do Tempo“, de autoria do poeta Luís Cezerilo, a realizar-se no dia 26 de Abril de 2024, no Centro de Conferências Joaquim Chissano, às 17h00.


“O poeta Luís Cezerilo contribuiu na literatura moçambicana com a produção de significativas obras, dentre as quais destacam-se, “Erotismo como Linguagem na Obra de José Craveirinha”; “Obra poética de José Craveirinha e Eduardo White: utopia e liberdade no horizonte do possível”; “A geometria das metáforas”; “Sons para a minha amada” e ainda recentemente “Mar, Espelho Líquido do Infinito”.

Luís Cezerilo é pós-doutorado em Estudos literários pela Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho, Campos de Araraquara; Doutor em Letras em Estudos Comparados de Literatura Africana de língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo; possui graduação pela Universidade de Évora; tem várias publicações nas áreas de Sociologia, Literatura e Turismo.

É patrono da Associação Casa Museu Luís Cezerilo. Actualmente desempenha as funções de Presidente do Conselho Fiscal da Associação dos Escritores Moçambicanos. In “O País” - Moçambique


Nações Unidas - Debate de lusófonos realça desafios pós 25 de abril

O Secretário-geral António Guterres defende que do ponto de vista histórico, a revolta “deveria ter ocorrido décadas mais cedo”. Os embaixadores de Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal e Timor-Leste realçam impacto da revolução no nascimento de novas nações



Para marcar os 50 anos da “Revolução dos Cravos”, a ONU News realizou um debate de alto nível com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e os representantes permanentes nas Nações Unidas de Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal e Timor-Leste.

A discussão trouxe reflexões sobre a importância daquele momento histórico, quando antigas colônias portuguesas se mobilizavam pela liberdade e o país europeu transitava do autoritarismo para a democracia.

Estar do lado certo da história

Tendo vivenciado os eventos da conhecida como a “Revolução dos Cravos” em Portugal, Guterres declarou que “estar do lado da liberdade contra a opressão” é estar do lado certo da história.

“É claro que estamos do lado certo da história libertando um país da ditadura e estamos do lado certo da história reestabelecendo justiça nas relações internacionais, depois de um passado colonial que é inaceitável”.

Para o líder da ONU, “a verdade é que não teria havido o 25 de Abril sem o que foi a luta dos movimentos de libertação africanos”. Segundo ele, “as duas coisas estão interligadas e é por isso que não há uma relação de causa e efeito”.

Nesse sentido, o chefe das Nações Unidas afirmou que se alguma coisa pode ser criticada no 25 de abril, é que, “do ponto de vista histórico, deveria ter ocorrido décadas mais cedo”.

Interlocutores legítimos

Em resposta à primeira pergunta do debate, o representante de Angola, Francisco José da Cruz, afirmou que a “Revolução dos Cravos” teve uma grande importância para os angolanos por ter criado a dinâmica que levou à independência do país.

“Ficou mais claro o desejo de Portugal de avançar neste processo quando o secretário-geral das Nações Unidas, Kurt Waldheim, visitou Portugal em agosto e Portugal deixou claro que este seria o caminho a seguir e que os movimentos de libertação seriam os interlocutores legítimos neste processo que levaria à independência”.

Respondendo à mesma pergunta, o embaixador brasileiro, Sérgio Danese, disse que o 25 de abril teve dois impactos principais no Brasil, que à época vivia um regime militar. O primeiro foi o de mostrar que “havia uma esperança” para um caminho de redemocratização. O segundo foi na diplomacia.

“Nós tínhamos uma contradição muito forte na nossa política externa. Nós reconhecíamos a independência de todas as ex-colônias francesas, britânicas, holandesas, mas nos mantínhamos presos ao colonialismo português e o 25 de Abril e as suas imediatas consequências nos libertaram prontamente desse jugo. E nós fomos o primeiro país a reconhecer Angola. E depois fomos dos primeiros a reconhecer cada uma das ex-colônias portuguesa.

Cooperação bilateral

Respondendo sobre o que ajudou a moldar novas relações entre as nações do bloco lusófono, a embaixadora de Cabo Verde, Tânia Romualdo, destacou a relação entre os povos como a base para o vínculo entre os Estados que surgiram naquele momento.

“Essa revolução permitiu não começar, mas continuar essa profunda amizade que unia os povos. Portugal às ex-colônias, o Brasil, enfim. Havia ali uma união, uma amizade muito forte que antecedeu a própria revolução, que contribuiu para a revolução e que ajudou para que o processo da descolonização, após o 25 de Abril, acelerasse a cooperação bilateral”.

No debate sobre a Revolução dos Cravos, veio à tona a questão da convergência dos países de língua portuguesa, não obstante a diversidade durante a construção democrática e de novas nações.

Bloco lusófono

O embaixador Pedro Comissário, de Moçambique, destacou como o bloco lusófono se distingue por vínculos de proximidade e solidariedade junto das Nações Unidas. O país é o único do bloco lusófono atualmente representado como membro não permanente do Conselho de Segurança.

“A CPLP é um modelo totalmente diferente do modelo da Commonwealth ou da Francofonia. É um modelo de Estados soberanos, mas ligados por um vínculo de profunda fraternidade. O 25 de abril deu-nos essa base, esse impulso para que hoje tenhamos este afeto que une os nossos países.”

Nessa questão, a embaixadora de Portugal, Ana Paula Zacarias, mencionou os esforços em curso na frente diplomática para se fazer ouvir a voz comum, em português, nas Nações Unidas. Ela enfatizou que algumas posições comuns já se escutam na Assembleia Geral e no Conselho de Segurança.

“E fazê-la ouvir significa trabalhar em conjunto. Trabalhar em conjunto nas áreas que já foram identificadas. Sobretudo, temos muito a fazer na coordenação política, na coordenação das questões de segurança e defesa, que são neste momento um aspecto fundamental. E tudo o que tem a ver com a luta contra as alterações climáticas.”

Cenário político e de desenvolvimento

O representante de Timor-Leste, Dionisio Babo Soares, falou de um reforço em nível interno e externo para impulsionar a futura atuação em bloco num mundo marcado por complexidades no cenário político e de desenvolvimento.

“Para Timor-Leste, a CPLP é um ponto de entrada ao mundo.  Os países-membros são os que estão localizados em diferentes partes do mundo. O esforço para a reintrodução da Língua Portuguesa em Timor-Leste está sendo mais intensivo. Trabalhamos juntamente com Portugal nesse sentido e estamos empenhados a avançar com esse programa que é ter o português como língua oficial das Nações Unidas, mas para além disso há também trabalharmos em várias áreas.”

Olhando para o futuro, Guterres classifica as relações de cooperação que hoje existe entre os países lusófonos como um “símbolo de paz” que deve inspirar o mundo.

“Uma mensagem de grande esperança de que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que está em todos os continentes e onde há hoje um profundo sentido de fraternidade que infelizmente falta no mundo, onde vemos divisões profundas, guerras e conflitos por toda a parte. Que esta comunidade, que é um símbolo de paz, possa ter um papel decisivo em restabelecer a confiança que está perdida, infelizmente, no nosso mundo e em restabelecer as condições que nos possam permitir não apenas mais paz, mas ao mesmo tempo um desenvolvimento mais justo”.

A íntegra do debate inclui intervenções completas do secretário-geral da ONU, António Guterres, e dos embaixadores de Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal e Timor-Leste. ONU News – Nações Unidas