Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 30 de abril de 2021

Costa do Marfim - Número de elefantes cai para metade e coloca espécie à beira da extinção

O número de elefantes na Costa do Marfim diminuiu para metade em menos de 30 anos, sobrando agora apenas cerca de 500 destes animais emblemáticos do país, anunciou esta quarta-feira (28) o Ministério da Água e das Florestas

Os elefantes, emblemas da Costa do Marfim, estão à beira da extinção neste país da África Ocidental: o seu número diminuiu para metade em 30 anos, sob os efeitos combinados da desflorestação e da caça furtiva, anunciou o Ministério da Água e das Florestas da Costa do Marfim.

“A nossa vida selvagem está em perigo, 208 espécies estão à beira da extinção; a população de elefantes tem diminuído ao longo dos últimos 30 anos, passámos de 1100 animais em 1990 para menos de 500 hoje”, disse à AFP o vice-chefe de gabinete no Ministério da Água e Florestas, coronel Marcial Kouame. “A população de paquidermes era de 100 mil na década de 1960”, quando a Costa do Marfim tinha 16 milhões de hectares de floresta, acrescentou o responsável.

A desflorestação associada ao cultivo do cacau reduziu a cobertura florestal para dois milhões de hectares em meio século, o que representa uma diminuição de quase 90%, e “pôs em perigo os últimos refúgios destes elefantes”, apontou o responsável da Costa do Marfim, o maior produtor de cacau do mundo, com uma quota de mercado de 40%.

A sobrevivência dos elefantes, que dão a alcunha à seleção nacional de futebol, é também ameaçada pela caça furtiva, bem como pelo crescimento da população e pela urbanização rápida. In “Milénio Stadium” – Canadá com “AFP”


Timor-Leste - Candidato a novo Secretário Executivo da CPLP reúne-se com o Presidente da República


Díli – O ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação encontrou-se com o Presidente da República, Francisco Guterres ‘Lú Olo’, para lhe agradecer a confiança que nele depositou para a sua candidatura a Secretário Executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) entre 2021 e 2023.

“Reuni-me hoje com o Chefe de Estado para lhe agradecer a confiança que foi depositado em mim para a candidatura ao cargo de Secretário Executivo da CPLP entre 2021 e 2023, que poderá ser alvo de renovação por mais três anos”, afirmou Zacarias da Costa, em declarações aos jornalistas, esta sexta-feira, no Palácio Presidencial, no Bairro Pité.

O governante lembrou ainda que Timor-Leste se tornou no oitavo membro da CPLP e, desde então, sempre se empenhou no reforço da cooperação entre os Estados-membros que integram a CPLP.

“Se vier a assumir o cargo Secretário Executivo da CPLP, será uma honra e um privilégio poder servir Timor-Leste”, sublinhou.

Zacarias da Costa afirmou também que, nesta reunião, foram abordados os vários problemas que a CPLP enfrenta atualmente, tendo garantindo que, caso seja eleito, tudo fará para que estes entraves venham a ser ultrapassados.

Zacarias considera ainda ‘Lú Olo’ uma pessoa que sempre mostrou empenho em questões relativas à CPLP.

“O Presidente da República liderou, em 2014, a preparação da Presidência timorense da CPLP”, recordou.

O ex-governante acrescentou que a cimeira presidencial da CPLP deverá, este ano, ser realizada em Angola.

“Relativamente à cimeira presidencial, o convite oficial não chegou ainda às nossas mãos. No entanto, o mais importante é que fomos já informados sobre a data da realização do evento”, afirmou.

Segundo o responsável, será enviada uma equipa de Timor-Leste para que participe nas reuniões preparativas enquadradas na cimeira presidencial, que terá início, a 12 de julho deste ano. A equipa irá também confirmar a questão ligada à tomada de posse do futuro Secretário Executivo da CPLP.

Zacarias lembrou igualmente que, este ano, a CPLP celebra os seus 25 anos, sublinhando que o evento constitui um momento histórico para Timor-Leste.

“Recordo que os representantes de Timor-Leste – Ramos Horta, Mari Alkatiri, João Carrascalão e José Luís Guterres – participaram há 25 anos na cimeira constitutiva da CPLP, embora, na altura, o nosso país ainda não tivesse conquistado a sua independência”, lembrou. Osória Marques – Timor-Leste in “Tatoli”

 



 

Macau - Plataforma do Instituto Português do Oriente utilizada por docentes nas aulas de português

A plataforma de aprendizagem para estudantes de língua portuguesa do Instituto Português do Oriente adjudicada em Novembro do ano passado pelos Serviços de Educação, chega já a 13 escolas e a mais de 3000 alunos. Ao Jornal Tribuna de Macau, o director da instituição, Joaquim Coelho Ramos, disse que este recurso, que foi pensado como complemento de aprendizagem fora do contexto escolar, está também a ser utilizado por professores como apoio às aulas de Português. Por outro lado, revelou que está em fase “avançada” a criação de dois materiais didácticos que espera que venham ser certificados pelo Centro de Linguística da Universidade do Porto


A plataforma de língua portuguesa adjudicada ao Instituto Português do Oriente (IPOR) pelos Serviços de Educação já chega a mais de 3000 alunos provenientes de 13 escolas, que de forma regular, beneficiam dos serviços ali disponibilizados, adiantou Joaquim Coelho Ramos ao Jornal Tribuna de Macau. “Na medida em que há uma tendência de crescimento, parecem-nos ser dados muito interessantes. O IPOR tem procurado manter um contacto regular com os estabelecimentos de ensino no sentido de perceber as necessidades concretas e as expectativas dos docentes e alunos”, afirmou.

Uma vez que se trata de uma ferramenta muito vocacionada para a auto-aprendizagem obriga a que as soluções encontradas sejam “constantemente revistas e actualizadas, garantindo uma motivação constante e despertando nos alunos a curiosidade necessária para explorarem todas as valências deste recurso”. Daí que a equipa do projecto envolva colaboradores com formação linguística, pedagógico-didáctica, em artes digitais e na área da informática, por forma a garantir que a plataforma seja um projecto “dinâmico, em constante evolução e voltado para os resultados”.

A adesão, apontou o director do IPOR, está a ser “muito interessante”, até porque o propósito inicial era que a plataforma “Viagem nas Palavras” servisse os alunos fora do contexto da sala de aula, no entanto, o seu âmbito está já a ser alargado. “Apesar de, nos termos do concurso a que o IPOR correspondeu, a plataforma ter sido concebida para uma aprendizagem complementar, em ambiente exterior à sala de aula e com uma perspectiva autodidáctica, verificamos que muitos docentes utilizam esta ferramenta em contexto lectivo como apoio às aulas de língua portuguesa”, observou.

A utilização desta ferramenta por parte dos professores tem levado o IPOR a “reflectir sobre novas formas de abordagem aos conteúdos” constantes da plataforma, “com vista a servir também este objectivo que, não estando previsto originalmente, pode facilmente ser articulado com os objectivos de génese do projecto”.

Joaquim Coelho Ramos diz, assim, que a plataforma de aprendizagem terá “um potencial crescente” de servir não apenas a comunidade de alunos, mas também o corpo docente das instituições de ensino que aderiram a este projecto. “Recentemente, mantivemos reuniões e visitas às escolas, justamente com vista a reforçar esta dimensão de proximidade entre as operações de concepção, desenvolvimento de conteúdos e de operação da plataforma, com o objectivo de a tornar cada vez mais intuitiva, amiga do utilizador, docentes ou discentes, e atenta a uma realidade que é multidimensional”, apontou.

A este jornal, o mesmo responsável garantiu que o IPOR tem introduzido novos materiais de aprendizagem numa base semanal, com vários docentes e um técnico a trabalharem directamente nas temáticas e conteúdos de forma “intensiva”.

Materiais didácticos

Está também em fase “avançada” a produção de dois novos materiais didácticos, dos níveis A2 e B2, que estão a ser desenvolvidos por docentes do IPOR. Joaquim Coelho Ramos espera que possam vir a ter uma certificação de qualidade científica por parte do Centro de Linguística da Universidade do Porto – instituição com a qual recentemente firmaram um protocolo de cooperação.

“Para nós, esta dimensão de produção de materiais didácticos de alta qualidade é de extrema importância e tem merecido uma atenção muito especial nos últimos anos, uma vez que a pedagogia, a didáctica e a dimensão científica da linguística têm conhecido desenvolvimentos extraordinários que importa trazer para o terreno, para benefício dos alunos, do sistema educativo e, em última análise, da própria sociedade”, afirmou.

Sublinhando que Macau tem investido “muito” no seu sistema educativo, Joaquim Coelho Ramos disse acreditar que o investimento coordenado pelos Serviços de Educação tem tido “um enorme sucesso”. “Os resultados, aliás, são bem visíveis nas posições que os alunos da RAEM têm obtido, por exemplo, nos indicadores PISA. No entanto, estes sucessos têm também uma representação pragmática que se observa, por exemplo, no crescimento dos negócios entre a RAEM e os países de língua portuguesa”.

“Naturalmente que, sendo uma instituição com base em Macau, o IPOR deve dar o seu contributo para o desenvolvimento das competências dos estudantes nesta região, colocando-se também ao serviço da sociedade na área em que trabalha: o ensino-aprendizagem do Português, quer como língua de comunicação, quer como língua para fins específicos, direccionada para os negócios, administração ou ciência e cultura”, defendeu.

O director do IPOR disse ainda que além dos cursos de língua portuguesa para fins gerais ou específicos, tem havido também uma procura acrescida por cursos de preparação para exames de nível disponibilizados internacionalmente pelo CAPLE (Centro de Avaliação de Português como Língua Estrangeira), “notando-se um interesse cada vez maior na certificação formal das aprendizagens por parte dos estudantes”.

Por outro lado, destacou o trabalho que está a ser desenvolvido em Pequim, no âmbito dos cursos em desenvolvimento no Interior da China.

Dia da Língua Portuguesa celebrado em vídeos

Os formandos e docentes do Instituto Português do Oriente (IPOR) estão a preparar algumas actividades para o Dia Mundial da Língua Portuguesa, que se celebra no dia 5 de Maio. “Uma das actividades consistirá na produção de pequenos vídeos alusivos ao tema, que serão depois colocados nas redes sociais, abertos ao público”, revelou o director do IPOR, Joaquim Coelho Ramos, a este jornal. Catarina Pereira – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”


Cimeira Femina 2021 - A Língua Portuguesa é Património da Humanidade


A Matriz Portuguesa - Associação para o Desenvolvimento da Cultura e do Conhecimento, em parceria com a UCCLA e o Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora, celebram o dia 5 de Maio, Dia Mundial da Língua Portuguesa - oficializado, em 2019, pela UNESCO -, com a realização da Cimeira Femina 2021 - A Língua Portuguesa é Património da Humanidade. A cimeira será realizada através da plataforma ZOOM.

A Cimeira Femina 2021, que conta com o apoio institucional do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, decorre no âmbito da comemoração do 725.º aniversário da adoção do Português como Língua Oficial de Portugal, orientada para as temáticas relacionadas com a importância estratégica da Língua Portuguesa e o seu impacto no Mundo.

Programa - 5 de Maio:

15h00 - Abertura 

Mensagem de boas-vindas

Angélica Santos - Vice-Presidente da Matriz Portuguesa

Vitor Ramalho - Secretário-geral da UCCLA

15h15 - Oração de Sapiência

Francisco Nuno Ramos - Fundador do Observatório da Língua Portuguesa

 

Mensagens dos convidados de honra

 

16h00 - Painel “Novas Médias e Cinema” | Brasil

Curadora - Adriana Niermeyer. Agraciada com o Prémio Femina 2020 por mérito nas Artes: Cinema. Diretora artística do Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa - FESTin

Igor Guimarães - Crítico cinematográfico e blogger

Paulo Caldas - Cineasta

 

16h30 - Painel “Literatura e Poesia” | Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste 

Curador - Delmar Maia Gonçalves. Presidente da Assembleia Geral da Matriz Portuguesa. Presidente da Direção do Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora. Membro da Direção do MIL: Movimento Internacional Lusófono. Coordenador Editorial da Editorial Minerva

Luís Costa - Escritor e linguista de Timor-Leste

Olinda Beja - Escritora e professora de São Tomé e Príncipe

Vítor Burity da Silva - Escritor e professor universitário de Angola

 

17h00 - Painel “Língua de prestígio e de Cultura” | Cabo Verde 

Curadora - Vera Duarte Pina. Agraciada com o Prémio Femina 2020 por méritos relevantes na Excelência Profissional e Pessoal, e, que tenha contribuído para o prestígio da Lusofonia. Presidente da Assembleia Geral da Academia Cabo-Verdiana de Letras

Daniel Medina - Presidente da Academia Cabo Verdiana de Letras

Fátima Fernandes - Professora na Universidade de Cabo Verde

 

17h30 - Painel “Língua Internacional” | Portugal            

Curador - João Micael. Presidente da Matriz Portuguesa e diretor da Academia de Protocolo

Victor Sereno - Embaixador de Portugal em Dacar, Senegal

 

18h00 - Encerramento da Cimeira 

João Micael - Presidente da Matriz Portuguesa



Programa “Esfera Lusófona”:

 

3 de Maio

15h00 - Anfitrião: Delmar Maia Gonçalves

Convidado: Francisco José Fadul - Político e antigo Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau

4 de Maio

15h00 - Anfitriã: Adriana Niermeyer

Convidado: Rui Lourido - Coordenador Cultural da UCCLA

6 de Maio

15h00 - Anfitriã: Vera Duarte Pina

Convidado: Manuel Brito-Semedo. Doutor em Antropologia, Especialidade de Etnologia, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Professor universitário, membro fundador da Academia das Ciências e de Humanidades de Cabo Verde, da Cátedra Eugénio Tavares de Língua Portuguesa e da Associação de Escritores Cabo-Verdianos

7 de Maio

15h00 - Anfitrião: João Micael

Convidado: Embaixador João Ribeiro de Almeida - Presidente do CAMÕES - Instituto da Língua e da Cooperação

 

Toda a informação disponível aqui

 

Sobre o Prémio Femina

O Prémio Femina foi criado em 2010 por João Micael, fundador e presidente da Matriz Portuguesa - MPADC - Associação para o Desenvolvimento da Cultura e do Conhecimento, para agraciar as Mulheres Portuguesas que se tenham distinguido com mérito, profissional, cultural e humanitariamente em Portugal ou no estrangeiro.

O Prémio Femina tem o Estatuto de Interesse Cultural, reconhecido pelo Ministério da Cultura, para efeitos de Mecenato Cultural, podendo as Entidades Mecenas usufruir de benefícios fiscais previstos na Lei.

https://premio-femina8.webnode.pt/

 

Sobre a Matriz Portuguesa

É uma instituição sem fins lucrativos, criada para o desenvolvimento da Cultura e do Conhecimento. Trata-se de um conceito inédito cuja acção irá despertar consciências, iniciando um novo ciclo da Matriz Portuguesa no mundo.

https://matriz-portuguesa.webnode.pt/

 




 

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Cabo Verde – Espólio de Onésimo Silveira fica na Universidade do Mindelo

Mindelo – O reitor da Universidade do Mindelo (Uni-Mindelo) disse hoje que Onésimo Silveira deixou à universidade um espólio, com “uma bibliografia vasta”, que irá permitir a inauguração de uma biblioteca, dentro de 20 dias, com o nome do ex-autarca.

Segundo Albertino Graça, em declarações à Inforpress, poucas horas após o falecimento de Onésimo Silveira, ocorrido na manhã de hoje, 29 de Abril, no Mindelo, Silveira foi um dos promotores da ideia da criação da Uni-Mindelo e merece “todo o tipo de homenagem”, daí, adiantou, ter baptizado o auditório da instituição com o seu nome e ter-lhe atribuído o título ‘honoris causa’, que foi “uma grande honra”.

“Ele era um grande académico e merece um grande respeito, é um dos maiores políticos que apareceu em Cabo Verde e o que se faz de política hoje, no País, é fruto daquilo que Onésimo ensinou”, destacou.

Albertino Graça, que privou com Onésimo Silveira, revelou que a sua relação com o ex-presidente de câmara de São Vicente “era de pai para filho”. 

E, no âmbito dessa amizade, “praticamente uma relação familiar”, teve a oportunidade de lidar com Nelson Mandela e Joaquim Chissano, entre outras “grandes figuras históricas da humanidade”.

“Eu costumava dizer que eu era aquele filho que Onésimo Silveira gostaria de ter, pela forma carinhosa como ele me tratava e como me ajudava. Com ele tinha todas as portas abertas”, disse ainda o reitor da Uni-Mindelo.

A mesma fonte lembrou que o ex-autarca disse que “só sairia da política com a sua morte biológica e ele teve a oportunidade de fazer aquilo que gostava até à morte”, porque Onésimo Silveira, lembrou, esteve a apoiá-lo, “em toda a linha”, quando se candidatou nas autárquicas do passado dia 25 de Outubro.

Onésimo Silveira, 86 anos, nasceu em São Vicente e doutorou-se em Ciências Políticas, pela Universidade de Uppsala (Suécia), em 1976, ano em que começou a trabalhar na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.

Em 1977, transitou para a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR) com o estatuto de diplomata, ali permanecendo até Dezembro de 1990, com passagens por países como Somália, Angola e Moçambique.

Em 1992, tornou-se o primeiro presidente eleito da Câmara Municipal de São Vicente, cargo em que permaneceu até 2001.

Em 2002, suspendeu o mandato de deputado à Assembleia Nacional e aceitou a nomeação para embaixador extraordinário e plenipotenciário de Cabo Verde em Portugal, Israel, Espanha e Marrocos.

A nível cultural, é considerado um dos mais proeminentes membros da elite literária cabo-verdiana, tendo muitos trabalhos publicados no campo da literatura (novela, poesia e romance) e do ensaio (política, sociologia e antropologia).

Onésimo Silveira também traduziu vários livros, entre os quais “Obras Completas de Mao Tsé Tung”, em parceria com Gentil Viana, e colaborava regularmente, com artigos de opinião, no jornal A Semana e em revistas de Cabo Verde, Portugal, França, Suécia e Noruega.

Fundou o Partido do Trabalho e Solidariedade (PTS), depois da ruptura com o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (ex-PAIGC) e nos últimos anos tornou-se uma das vozes mais activas pela regionalização do país.

Em 08 de Dezembro de 2012 foi distinguido com o doutoramento Honoris Causa pela Universidade do Mindelo pelo “imenso contributo para a democratização” do País e pelo seu papel na “internacionalização do municipalismo cabo-verdiano”. In “Inforpress” – Cabo Verde

 

Lusofonia - Lançado 2º volume da revista Orientes do Português


Editado pelo Instituto Politécnico de Macau (IPM) e pela Universidade do Porto (U.Porto), o segundo volume da revista académica em português, Orientes do Português, já se encontra disponível online (http://orientes-do-portugues.ipm.edu.mo).

A versão digital da revista pode ser obtida gratuitamente por especialistas, académicos, docentes, alunos da China e dos países lusófonos e demais interessados. Este volume é composto por artigos de investigadores de instituições como a Universidade do Porto, a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, a Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, a Universidade Sun Yat-Sem, o Instituto Politécnico de Macau e a Universidade de Oxford.

Segundo o IPM, este volume é uma edição especial que presta uma homenagem ao Professor João Malaca Casteleiro (1936-2020), uma das ilustres figuras da linguística portuguesa. O Professor Malaca foi membro da Academia das Ciências de Lisboa e Director do Instituto de Cultura e Língua Portuguesa (ICLP) da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Assumiu também o cargo de conselheiro académico do IPM, tenho mantido uma longa colaboração académica com o Instituto. In “Hoje Macau” - Macau


 

China – Advogado de Macau integra comissão de arbitragem de Cantão

Frederico Rato tornou-se o primeiro advogado de Macau a integrar a Comissão de Arbitragem de Cantão, que quer apostar na mediação de conflitos comerciais com os países lusófonos

O advogado Frederico Rato disse à Lusa que a comissão sediada na capital de Guangdong quer integrar peritos legais que dominem a língua portuguesa e conheçam os mercados lusófonos. O objectivo da comissão é estar preparada para oferecer serviços jurídicos de arbitragem e mediação com que as empresas dos países de expressão portuguesa “se sintam também à vontade para recorrer”, explicou o advogado.

A comissão acredita que poderá haver no futuro maior procura pela resolução extrajudicial de conflitos, uma vez que as trocas comerciais e investimentos que ligam a China aos mercados lusófonos “são cada vez mais intensos, nomeadamente com o Brasil, Angola e Moçambique”, disse Frederico Rato.

As trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa caíram 3% em 2020, mas subiram 19,6% com Angola e 3,5% com Moçambique, segundo estatísticas dos Serviços de Alfândega chineses.

A nomeação de Frederico Rato aconteceu a 30 de Março, mas só foi revelada pela comissão à imprensa chinesa na segunda-feira.

Em Fevereiro, o advogado já tinha ajudado a comissão a estreitar ligações com centros de arbitragem no Brasil, incluindo a Câmara de Mediação de Conflitos da Associação de Comércio Exterior do Brasil. O objectivo era lançar as bases para o estabelecimento de uma plataforma online de resolução de disputas comerciais que envolvam empresas chinesas e brasileiras, referiu Frederico Rato.

O advogado acredita que a nomeação do primeiro membro de Macau para a comissão reflecte o papel da cidade como plataforma de ligação com os países de língua portuguesa.

A firma de advocacia Lektou, da qual Frederico Rato é fundador, abriu em Março um escritório em Shenzhen, após receber autorização do Departamento de Justiça da Província de Guangdong. In “Jornal Tribuna de Macau” – Macau com “Lusa”


Macau – Lançamento do livro “Retratos de Luso-Asiáticos do Myanmar”

“Retratos de Luso-Asiáticos do Myanmar” é o nome do livro da série que teve início no ano passado com “Retratos de Luso-Asiáticos de Macau”. A versão do Myanmar vai ser lançada na sexta-feira, pelas 18h30, no auditório do Instituto Internacional de Macau (IIM). A obra que engloba uma colecção de fotos com retratos da comunidade luso-descendente no norte do Myanmar tem como autor João Palla Martins, que desenvolveu o projecto editado pelo IIM e patrocinado pelo Instituto Camões


As várias comunidades luso-descendentes espalhadas pelo mundo têm características muito próprias, culturalmente e até fisicamente. Na Ásia não é excepção e existem vários grupos ou comunidades ainda com laços a Portugal, como na Indonésia, Sri Lanka, Tailândia, Índia, Singapura, Austrália, Timor-Leste e até o Myanmar.

Na sexta-feira, por volta das 18h30, no auditório do Instituto Internacional de Macau, vai ser lançado o novo livro do projecto do IIM intitulado “Retratos de Luso-Asiáticos do Myanmar”, com as apresentações realizadas por João Palla Martins, autor do livro, e através da plataforma Zoom, por João Laurentino Neves e James Myint Swe.

“Isto é um projecto que no fundo é uma colecção de retratos de rostos luso-asiáticos por alguns países onde as comunidades portuguesas ainda subsistem e temos mais comunidades, como em Malaca, Timor, Hong Kong e muitos mais”, começa por explicar o autor do livro João Palla Martins, arquitecto radicado em Macau há dez anos. “A ideia surge com o objectivo de ir fazendo alguns álbuns fotográficos por estes sítios por onde os portugueses ainda hoje em dia têm um sentido de comunidade, porque existem muitos outros sítios que também já foram habitados por nós e que já tiveram comunidades portuguesas, porém, onde esse sentido de comunidade deixou de existir”, assinalou. “Acima de tudo, o que me fascina é como que no século XXI ainda podemos encontrar estas comunidades, pois o que me interessa mais é o aspecto da fisionomia das pessoas: como é que elas são fisicamente. E é nisso que se baseia o livro”, resume.

A ideia do livro, conforme frisou o autor, é que este seja um género de prova visual de uma miscigenação antiga, entre portugueses e asiáticos, porque o que normalmente se vê são os livros de história, ou só existe a leitura dos artigos, mas, segundo o autor, nunca se vê a cara das pessoas, a não ser que se viaje até lá pessoalmente.

“Por outro lado, estes livros têm também um carácter científico na medida em que inclui sempre um texto de um autor, um investigador ou um académico, que faça um bocado o ponto de situação daquilo que é a comunidade hoje em dia”, refere, acrescentando que “às vezes isto pode ter também um contexto histórico até chegar aos dias de hoje, portanto, também tem esse carácter quase científico de mostrar não só visualmente, mas através de um texto que normalmente é cientifico ou académico”.

Estas duas componentes a que se refere são as que interessam ao autor, para desenvolver uma colecção que, por um lado, seja uma colecção actualizada dentro do estado da arte daquilo que são as comunidades luso asiáticas existentes ainda hoje em dia. “Na verdade, em grande parte, é necessário um trabalho para dignificá-las, dar-lhes valor, mostrar-lhes as caras, permitindo assim, por sua vez, outro tipo de coisas, ao nível da antropologia física, por exemplo”, explica o autor.

Em relação aos próximos projectos da série, João Palla Martins revela que no final do ano está programado o lançamento do terceiro livro, e que para o próximo ano, se existir financiamento, talvez o quarto da série. “O terceiro livro será acerca da comunidade luso asiática do Sri Lanka, posso confirmar. Porém, em relação ao quatro, embora já tenha bastante trabalho feito, ainda não há certezas absolutas”, concluiu. Joana Chantre – Macau in “Ponto Final”

joanachantre.pontofinal@gmail.com


quarta-feira, 28 de abril de 2021

Lusofonia - Contos originais de autoras de oito países lusófonos celebram Dia da Língua


Um livro infantil com 16 contos originais de autoras de oito países lusófonos vai ser editado em Moçambique para celebrar o Dia Mundial da Língua Portuguesa, em 05 de maio.

Intitulada “Contar Histórias com a Avó ao Colo”, a obra remete para ditados e expressões populares e para o conhecimento passado de geração em geração, e conta com a participação de Lurdes Breda (Portugal), Mariana Lanelli (Brasil), Maria Celestina Fernandes (Angola), Natacha Magalhães (Cabo Verde), Kátia Casimiro (Guiné-Bissau), Angelina Neves (Moçambique), Olinda Beja (São Tomé e Príncipe) e Maria do Céu Lopes da Silva (Timor-Leste).

Depois da edição, em 2020, de “100 Papas na Língua”, da autoria de Lurdes Breda, a opção este ano passou por alargar o novo livro à cultura de outros países lusófonos e às suas expressões populares.

Em declarações à agência Lusa, Lurdes Breda contou que a ideia foi a de que, “através de textos originais, com algum humor, se pudesse passar para as gerações mais novas coisas enraizadas na cultura de cada um dos países, sob o abraço da língua portuguesa que tem estas especificidades todas que as crianças nem fazem ideia”.

“Com estes textos queremos dar a conhecer um bocadinho da cultura e das raízes culturais de cada um dos países. Temos uma série de usos e costumes completamente antagônicos e diferentes”, acrescentou.

O livro reúne autoras de todos os estados-membros da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), à exceção da Guiné Equatorial: “Na Guiné Equatorial, nós não temos qualquer ligação, nem ao nível da língua, é um bocado estranho. Tentamos, mas aí não conseguimos chegar”, observou a escritora de livros infantis, residente em Montemor-o-Velho, distrito de Coimbra.

O livro possui uma imagem “maternal e feminina”, devido a todos os textos serem escritos por mulheres, embora Lurdes Breda recuse que se trate de um “projeto feminista”.

Com edição da Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa e do Camões – Centro Cultural em Maputo, “Contar histórias com a avó ao colo” tem coordenação editorial de Teresa Noronha, enquanto a ilustração e design editorial são da autoria de Tânia Clímaco.

À Lusa, a ilustradora de Torres Vedras revelou ter sido a primeira vez que fez um trabalho para escritores de fora de Portugal: “Todos falamos a língua portuguesa. No entanto, são países muito diferentes, de culturas diferentes, de cores diferentes e de realidades completamente diferentes”, notou Tânia Clímaco.

“Tive de entrar do espírito de cada país. A primeira ilustração que fiz foi a de Portugal, estava ‘em casa’ e correu muito bem. Mas, os outros, confesso que fiz muita, mas muita pesquisa, para poder ilustrar estes textos”, adiantou.

Tânia Clímaco deu exemplos, em Angola, do tecido samakaka ou da floresta de Maiombe, em Cabinda, que “não fazia a mínima ideia se era densa ou se não era”, passando pela Cuca, figura mítica do folclore brasileiro, o “crocodilo terrível” que remeteu a ilustradora para a sua própria infância e para a série televisiva do Sítio do Pica-Pau Amarelo, as casas sagradas em Timor-Leste ou o ‘Toca-toca’, a expressão que, num dos textos da Guiné-Bissau, define um autocarro “azul e amarelo, muito específico”, existência que “desconhecia completamente”.

Se no início ficou “um bocadinho assustada” pela necessidade de “transportar os leitores para os locais” em países que não conhecia, especialmente os africanos, o resultado, alicerçado no trabalho de pesquisa, acabou por contentar as autoras dos textos.

“As ilustrações são baseadas nessas especificidades, nos pormenores de cada país. E todas viram as ilustrações e gostaram muito, tenho as cores e os ambientes de África e a minha linguagem gráfica acaba por ser uma segunda língua neste trabalho”, observou Tânia Clímaco.

Falta agora conhecer os países por si retratados no livro: “Se me convidarem, já estou num avião”, brincou.

Para além da edição do livro em suporte de papel, “Contar Histórias com a Avó ao Colo” estará igualmente disponível em suporte digital, formato de ‘e-book’, para descarregamento gratuito na página internet do instituto Camões de Maputo.

A obra contou ainda com um apoio da Rede de Bibliotecas Escolares, no que se refere à sua distribuição pelas bibliotecas das várias Escolas Portuguesas no estrangeiro e terá um vídeo oficial de suporte à sua divulgação, com testemunhos das autoras e leituras de crianças dos países envolvidos. In “Mundo Lusíada” – Brasil com “Lusa”


 

Brasil - Bons tempos para o porto de Santos

São Paulo – Se há um setor em que o governo Bolsonaro não patina, esse é o da infraestrutura, já que o Ministério foi entregue a um profissional especialista, que, cercado de uma equipe de técnicos, vem procurando colocar essa área nos trilhos, como se dizia em outros tempos. Basta ver como o ministro Tarcísio Gomes de Freitas e sua equipe vem conduzindo o processo de privatização dos portos e aeroportos, deixando nas mãos da iniciativa privada setores da infraestrutura que, nas mãos do Estado, nunca deslancharam.

Um bom exemplo foram os leilões que o Ministério da Infraestrutura fez, no começo de abril, com a oferta de cinco áreas no porto organizado de Itaqui-MA e no porto de Pelotas-RS. Para 2022, está prevista privatização do porto de Santos, superada a fase mais aguda da pandemia de coronavírus (Covid-19), deverá passar por uma “revolução”, no dizer do ministro. De fato, só no setor de celulose vários investimentos deverão ser feitos nos acessos aos terminais no porto de Santos pelas empresas vencedoras das licitações anteriores, a Eldorado Celulose (R$ 250 milhões) e Bracell Celulose (R$ 255 milhões).

Com esses investimentos e outras concessões também previstas ainda para 2021, o ministro garante que o porto de Santos deverá sair dos atuais 160 milhões de toneladas de capacidade para 240 milhões de toneladas, já que, com as obras para facilitar o acesso de grandes embarcações, será possível receber navios da classe New Panamax, com 366 metros de comprimento e capazes de transportar 14 mil TEU (twenty-foot equivalent unit ou unidade equivalente a um contêiner de 20 pés).

Não se pode esquecer que, em março, o porto de Santos registrou a inédita marca de 15,2 milhões de toneladas, superando em 10,4% o recorde mensal anterior, registrado em agosto de 2020 (13,7 milhões de toneladas). Além disso, ficou 18,5% acima do recorde para o mês de março, obtido no ano passado (12,8 milhões de toneladas). Os embarques de soja em grão foram o grande destaque, resultado do bom momento que vive o agronegócio no País.

Não se pode deixar de ressaltar também que, a partir do novo Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ), o porto de Santos deverá receber investimentos de R$ 9,7 bilhões no período de cinco a dez anos, o que deverá gerar cerca de 60 mil empregos na região, segundo projeção da Santos Port Authority (SPA), novo nome da antiga Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), estatal responsável pela administração do maior complexo portuário do País.

No total, espera-se investimentos em torno de R$ 10 bilhões, divididos em investimentos em terminais com contratos vigentes (R$ 2,5 bilhões), investimentos previstos em oito novos leilões ou adensamentos de áreas a serem executados (R$ 5,2 bilhões) e obras de acesso rodoferroviários (R$ 2 bilhões). Em outras palavras: o PDZ deverá ser o principal fator que provocará a geração de milhares de empregos e, em consequência, aumento da renda per capita na região, ainda que a automação e a utilização de novas tecnologias venham a alterar o perfil da mão da obra necessária, que deverá ser mais qualificada.

Segundo o levantamento feito pela SPA, a perspectiva é que apenas o segmento de contêineres deverá ampliar o número de trabalhadores diretos dos atuais 5,7 mil para 6,5 mil na medida em que a capacidade dinâmica saia de 5,3 milhões de TEUs para 8,7 milhões de TEUs em 2030.

Tudo isso está previsto no novo PDZ, ainda que o futuro seja incerto, pois não se sabe qual será a reação da mãe-natureza às obras que haverão de vir para a instalação ou aperfeiçoamento dos atuais terminais. Como se sabe, as obras de desassoreamento do canal de navegação sempre duraram pouco, já que o processo de assoreamento, ou seja, o acúmulo de sedimentos e detritos provocado pela água das chuvas e pela erosão das margens, acaba por tornar esse trabalho pouco produtivo.

Por isso, a melhor opção seria a construção de uma plataforma offshore (distante da praia), ainda que com aportes de capital estrangeiro. Mas, por enquanto, essa hipótese está afastada. Infelizmente. Adelto Gonçalves – Brasil

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Adelto Gonçalves, jornalista, é assessor de imprensa do Grupo Fiorde, constituído pelas empresas Fiorde Logística Internacional, FTA Transportes e Armazéns Gerais e Barter Comércio Internacional (trading company). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br

 

Portugal - Inseto da Austrália reduz significativamente o potencial invasor da acácia-de-espigas

Um pequeno inseto australiano libertado em Portugal para o controlo natural da acácia-de-espigas está a reduzir de forma significativa a capacidade de propagação desta espécie, uma das piores invasoras no litoral português. A conclusão é de um estudo que acaba de ser publicado Journal of Environmental Management.


Em 2015, Portugal foi o primeiro país da Europa continental a efetuar a libertação intencional de um agente para controlar biologicamente uma planta invasora, depois de mais de uma década de estudos efetuados por uma equipa do Centro de Ecologia Funcional (CFE), da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), e da Escola Superior Agrária (ESAC), do Instituto Politécnico de Coimbra (IPC).

Os investigadores do CFE e da ESAC efetuaram a libertação deste agente de controlo biológico – uma pequena vespa australiana formadora de galhas (Trichilogaster acaciaelongifoliae), muito específica – para controlar a acácia-de-espigas (Acacia longifolia), desde 2015, em 61 locais ao longo da costa portuguesa. Esta introdução foi depois acompanhada pela equipa, nos anos seguintes, para estudar o estabelecimento, dispersão e efeitos ao longo dos primeiros anos pós-libertação do inseto.

Os resultados dessa monitorização, agora publicados, mostram que, embora o estabelecimento inicial «tenha sido limitado pelo facto de o agente ter sido introduzido a partir do hemisfério sul, as taxas de estabelecimento aumentaram muito após a sincronização de seu ciclo de vida com as estações do hemisfério norte e fenologia da acácia-de-espigas. Atualmente observa-se um crescimento exponencial das populações, que se afastam cada vez mais dos locais de libertação. Observou-se que passados poucos anos os ramos de acácia-de-espigas com galhas de Trichilogaster acaciaelongifoliae diminuíram a produção de vagens (menos 84%), sementes (menos 95%) e ramos secundários (menos 33%)», sublinham Hélia Marchante e Elizabete Marchante, coordenadoras do estudo.


A acácia-de-espigas, esclarecem, é uma das plantas invasoras «com maior dispersão ao longo do litoral português, onde forma extensas áreas monoespecíficas; produz milhares de sementes anualmente, que se acumulam no solo por várias décadas, e promovem a rápida reinvasão de áreas intervencionadas. A vespa australiana introduzida promove a formação de galhas nas gemas florais e vegetativas da acácia-de-espigas, reduzindo o seu potencial invasor».

Francisco López-Núnez, investigador do CFE e primeiro autor do estudo, observa que «apesar de a introdução e estabelecimento deste agente de controlo biológico ainda ser recente e ter distribuição limitada ao longo do território, os resultados agora publicados confirmam o estabelecimento com sucesso do agente em Portugal e mostram que este está a afetar de forma negativa a capacidade da acácia-de-espigas se reproduzir e crescer».

As espécies invasoras «são uma das principais causas de perda de biodiversidade a nível global, promovendo também prejuízos elevados a nível económico e de saúde humana. A gestão destas espécies é um desafio complexo e muito dispendioso. O controlo biológico de plantas invasoras é uma ferramenta chave para a gestão mais sustentável destas espécies, mas ainda é muito pouco utilizado na Europa», concluem Hélia Marchante e Elizabete Marchante. Universidade de Coimbra - Portugal






Timor-Leste - Voos da ONU ajudam a analisar tamanho do estrago causados pelas cheias

O Programa Mundial de Alimentos, PMA, realizou uma série de voos de avaliação para saber a exata extensão dos danos agrícolas e de infraestruturas causados ​​pelo ciclone Seroja, que atingiu Timor-Leste no início deste mês.

Chuvas torrenciais e as piores inundações em 40 anos foram o resultado do desastre natural. O governo declarou estado de calamidade e pediu ajuda internacional.


Apoio

Em comunicado, o secretário de Estado da Proteção Civil, Joaquim Martins, disse que, com o apoio logístico do PMA, o governo timorense conseguiu distribuir materiais de socorro às famílias afetadas em 48 horas. Díli, a capital do país, foi a área mais atingida.

Segundo Martins, “estas avaliações aéreas são críticas para ajudar a compreender a verdadeira extensão dos danos, não só em Díli, mas também em outros distritos.”

Dados preliminares indicam que 10325 pessoas foram atingidas em oito municípios timorenses. Em Díli, 76% da população sofreu com o desastre. 

Joaquim Martins contou ainda que, com a informação será possível “determinar as nossas necessidades, definir prioridades e conceber intervenções para o futuro.”

Danos

De acordo com o Ministério da Agricultura e Pescas, cerca de 1,6 mil hectares de arroz e 295 hectares de plantações de milho foram danificados em seis municípios.

Os dados foram recolhidos após três voos de avaliação cobrindo Viqueque, Manatuto, Baucau, Manufahi, Ainaro, Covalima, Oecussi, Bobonaro e outros distritos, entre 16 e 21 de abril.

O ministro da Agricultura e Pescas, Pedro Reis, informou que, depois das cheias, “muitos esquemas de irrigação foram danificados, o que é arrasador porque a maioria da população é composta por agricultores de subsistência.”

Avaliação

A partir desta semana, o PMA e a Organização da ONU para a Alimentação e Agricultura, FAO, realizam uma missão de avaliação de colheitas e segurança alimentar para conhecer os impactos da crise na segurança alimentar.

O diretor nacional do PMA no país, Dageng Liu, disse que os voos da agência “permitiram avaliar os danos em dias em vez de semanas.”

A iniciativa, realizada em nome do governo, teve o apoio da Mission Aviation Fellowship, MAF. 

Liu afirmou estar satisfeito porque “a parceria deu uma contribuição positiva para a recuperação do país das inundações arrasadoras.”

Representantes da Secretaria de Estado da Proteção Civil, Ministério da Agricultura e Pesca, Ministério do Planejamento e Território, Ministério das Obras Públicas e da ONU têm participado das avaliações aéreas. ONU News – Nações Unidas


terça-feira, 27 de abril de 2021

Guiné Equatorial - Aprovada como membro efectivo do Fórum PALOP

Cidade da Praia – O Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, disse hoje que a Guiné Equatorial faz parte, a partir de agora, do Fórum PALOP, como membro de pleno direito, aprovada pelos países da organização.

Jorge Carlos Fonseca fez esta afirmação à imprensa, após o final da Conferência de Chefes de Estado e de Governo do Fórum dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).

“Nesta cimeira foi admitido como membro efectivo a Guiné Equatorial, que já é membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, e de acordo com os estatutos do Fórum PALOP, passa a ser uma organização de seis países africanos”, avançou.

O chefe de Estado informou também que a República de Timor Leste foi aprovada como República Membro Observador do Fórum PALOP.

Instado sobre a percepção dos chefes de Estado quanto à entrada da Guiné Equatorial enquanto membro efectivo do fórum, Jorge Carlos Fonseca referiu que “a aprovação foi pacífica e por consenso”, em que se ouviu uma intervenção do presidente Teodoro Obiang, que se exprimiu em português.

“Não havia razões para não ser aprovada e no fundo as razões são as mesmas que entraram no CPLP, acrescidas por ser um país membro africano”, declarou.

Por outro lado, sustentou que a ideia é que, estando a Guiné Equatorial, a sua integração no espírito da CPLP e do Fórum PALOP é “mais facilitada pela inclusão do que a exclusão ou afastamento”.

Avançou que durante o Fórum PALOP foram abordados vários assuntos, entre os quais, todos os chefes de Estado se referiram a questão que “afecta gravemente a soberania, a integridade territorial a paz e a tranquilidade social”, na região de Cabo Delgado, por via dos ataques terroristas que tem sido alvo esta região do norte de Moçambique.

“Naturalmente todos os países africanos de língua portuguesa manifestaram a sua solidariedade e disponíveis para assistência a apoio pela forma como Moçambique entender ser”, expressou.

Além disso, fez referência à necessidade de se aprofundar a mobilidade e livre circulação no espaço dos países africanos de língua portuguesa, em que já se deram passos significativos neste sentido.

“Para nós, uma comunidade só se afirma quando se transforma numa verdadeira comunidade de povos e cidadãos o que supõe a eliminação à restrição e circulação de pessoas, dos agentes económicos, culturais e dos bens culturais”, reiterou.

 

Angola – Elevação dos Sona a património cultural imaterial

Os "Sona", arte etnomatemática de contar histórias através de desenhos na areia, símbolo cultural tchokwe, pertencente ao povo Côkwe, foram elevados este mês a património cultural imaterial pelo Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, soube o Novo Jornal


A escrita matemática tem estado na base de várias publicações em livros e artigos científicos de investigadores de todo o mundo. O Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, depois de acolher as recomendações dos membros participantes na primeira Conferência Internacional Sobre Educação Matemática em Angola, realizada em 2019 na província da Lunda-Norte, elevou-a a património.

A elevação dos Sona a património cultural imaterial vem publicada em Diário da República de 20 de Abril, consultado pelo Novo Jornal esta terça-feira, 26.

Carlos Yoba, o reitor da Universidade Lueji A' Nkonde, disse ao Novo Jornal que a universidade, num esforço conjunto com o governo da Lunda-Norte, conseguiu junto do Ministério da Cultura elevar os Sona a património cultural.

"Os Sona é um conjunto de figuras geométricas que as populações, fundamentalmente da zona do leste de Angola, fazem recurso para as suas comunicações no âmbito cultural e social. Serve, no campo da matemática, para ajudar os estudantes a fazer cálculos a todos os níveis. No processo de aprendizagem são jogos matemáticos que os mais velhos utilizam na região para transmitir conhecimentos e experiência. Daí o seu impacto no processo da aprendizagem", explicou.

O estudo dos Sona, segundo Carlos Yoba, transcende as fronteiras nacionais e esta escrita é investigada por especialistas africanos, europeus e americanos que entram directamente em contacto com os povos.

"Estamos de parabéns por conseguir elevar este material cultural tchokwe a património cultural imaterial nacional. Isso resguarda e conserva a nossa originalidade", contou, acrescentando que "sempre houve muito interesse por parte dos estrangeiros em aprofundar os Sona. E nós estávamos um pouco adormecidos e quase perdíamos a originalidade".

O reitor da Universidade Lueji A' Nkonde considera ser urgente a inserção dos Sona no currículo do ensino da Matemática em Angola, porque garante uma formação multicultural para todas as franjas.

"Os investigadores concluíram durante a conferência que aspectos culturais bem compreendidos podem influenciar positivamente no processo de ensino e aprendizagem, daí que devem ser valorizados".

Os Sona eram usados para comunicação dos ancestrais da Lunda-Norte, em forma de gravuras em paredes de casas, árvores e na areia das aldeias para serem decifradas pelos demais membros da comunidade.

De difícil decifração, as gravuras encontram-se actualmente no Museu do Dundo e em livros que retratam a culturas bantu, mas já foram retratadas na longa-metragem "Os deuses da água", numa co-produção entre a Argentina e Angola, em 2013.

Sona (plural de lusona), termo que serve para designar a escrita em geral (letras, figuras e desenhos), são a combinação de pontos e traços feitos na areia. Trata-se de uma cultura dos Cokwe e de povos relacionados como os Luchazi e Ngangela, que vivem no leste de Angola e em zonas vizinhas, na Zâmbia e na República Democrática do Congo. Os sona são uma forma de manifestação cultural com grande valor para a Matemática.

Jorge Dias Veloso, o promotor da primeira Conferência Internacional Sobre Educação Matemática em Angola, disse ao Novo Jornal que o conhecimento dos Sona tem passado de geração em geração pela via oral, o que tem contribuído para a redução significativa dos conhecedores desta arte.

No entanto, prossegue, o departamento de Matemática, da Escola Superior Pedagógica da Lunda-Norte, da Universidade Lueji A' Nkonde, trabalha com os seus estudantes no sentido de levar ao conhecimento da sociedade o grande valor desta arte.

O Novo Jornal soube, junto das autoridades governamentais da Lunda-Norte, que está ser preparado um grande acto para dar a conhecer às populações e aos estudantes a elevação dos Sona a Património Cultural Imaterial Nacional. Fernando Calueto – Angola in “Novo Jornal”