Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 31 de janeiro de 2023

França - Isabel Sebastião é a nova coordenadora do ensino de português

A designação de Isabel Cristina dos Santos Sebastião para exercer, em comissão de serviço, o cargo de Coordenadora da estrutura de Coordenação do ensino português no estrangeiro em França, foi publicada esta manhã no Diário da República, um despacho conjunto do Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Paulo Cafôfo, e do Secretário de Estado da Educação, António de Oliveira Leite, e “considerando que a súmula curricular da nomeada é demonstrativa da competência técnica na área da educação, aptidão, experiência profissional e formação adequadas ao exercício do referido cargo”.

Isabel Sebastião já era Adjunta da Coordenação de ensino português em França e foi agora nomeada pelo período de três anos, para substituir Adelaide Cristóvão, que se aposentou. O despacho produz eleitos a partir de 1 de dezembro de 2022, data em que a Coordenação ficou sem Coordenadora.

Isabel Sebastião nasceu a 15 de abril de 1974, licenciou-se em Estudos Portugueses na Universidade do Algarve, e é mestre, pela mesma universidade, em Literatura Portuguesa – especialização Literatura Medieval.

Em 2013, obteve doutoramento em Linguística – Especialidade em Linguística do Texto e do Discurso – pela Universidade Nova de Lisboa, com financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, como bolseira, com a tese intitulada “Interatividade entre Práticas e Aprendizagens de Estruturas Discursivo-Textuais no Ensino Básico – o discurso epistolar”.

Foi investigadora do Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa e desde 2016, é investigadora do Centro de Linguística da Universidade do Porto (CLUP). Desenvolve, atualmente, um projeto de pós-doutoramento intitulado “Ensino e aprendizagem do conhecimento discursivo-textual de géneros da ordem do expor e do argumentar – o caso dos manuais de português”. “Tem partilhado o seu trabalho de formação e de investigação através da participação em encontros científicos, nacionais e internacionais, bem como através da publicação de artigos científicos em livros, em atas de congressos e em revistas nacionais e internacionais, e tem participado na organização de publicações nacionais e internacionais” diz o Depacho publicado em Diário da República.

Entre 2013 e 2015, Isabel Sebastião foi Leitora na Universidade Lumière Lyon 2, pelo Instituto Camões, responsável pelo Centro de Língua Portuguesa da mesma Universidade e é Adjunta de Coordenação de Ensino do Português em França desde 2019 até agora. Carlos Pereira – França in “LusoJornal”

 

Rússia - Cultura lusófona perde um grande amigo

Morre em São Petersburgo o professor Vadim Kopyl, diretor do Centro Lusófono Camões, que coordenou a publicação de obras de vários autores portugueses e brasileiros


                                                                   I

Vítima de uma bronquite, faleceu, dia 30 de janeiro de 2023, o professor Vadim Kopyl Alekseevich (1941-2023), doutor em Filologia Românica e diretor do Centro Lusófono Camões, da Universidade Estatal Pedagógica Hertzen, de São Petersburgo, entidade voltada para o ensino da Língua Portuguesa e que tem publicado vários livros de autores portugueses e brasileiros em russo. As obras facilitam o aprendizado tanto de alunos russos como de lusófonos, pois trazem uma página em português seguida de outra com o mesmo texto em russo. 

Criado por empenho do professor Kopyl, o Centro Lusófono Camões foi inaugurado a 16 de junho de 1999, em ato prestigiado pelo embaixador de Portugal, José Luís Gomes, e pela embaixadora do Brasil, Teresa Maria Machado Quintella, e passou a funcionar dentro do campus da Universidade Hertzen, que é formado por vários palácios adaptados às necessidades de ensino, no centro histórico de São Petersburgo.

A aproximação do professor Kopyl com o idioma português deu-se muito cedo, mas depois que já aprendera o espanhol e fora requisitado, ainda estudante, para trabalhar em Cuba como intérprete, à época da Guerra Fria (1947-1991). “Naquele tempo, poucas pessoas falavam espanhol na Rússia”, lembrou, em 2011, ao tempo de uma visita deste articulista e sua mulher Marilize a Rússia. “Quando estávamos no hotel em Havana e olhávamos para o Mar do Caribe, não tínhamos ainda noção dos riscos que a Humanidade corria naqueles dias”, observou, referindo-se implicitamente à crise dos mísseis entre Estados Unidos e União Soviética, ocorrida em outubro de 1962.

Ao voltar para a Universidade, Kopyl começou a estudar português como autodidata, mas com grande ajuda de um jovem professor, Anatolio Gakh, nascido no Rio Grande do Sul e primeiro professor de Língua Portuguesa no Leste Europeu. O tema de sua tese de mestrado já foi em português – “Língua e estilo de Eça de Queiroz” –, bem como o de sua tese de doutoramento, três anos depois – “Língua e estilo de Fernando Namora”.

Mais tarde, Kopyl conheceu o padre Joaquim Antônio de Aguiar (1914-2004), fundador e diretor do Colégio Universitário Pio XII, de Lisboa, e presidente da Academia Internacional da Cultura Portuguesa. Para a fundação do Centro Lusófono Camões, grande foi o apoio daquela instituição. Alunos do tradicional colégio lisboeta e do Centro Lusófono participaram de fóruns realizados em Portugal, Brasil e Macau. Por sua parte, o Centro ajudou a Comissão da Cultura Europeia do Colégio Universitário Pio XII a organizar dois fóruns estudantis em São Petersburgo.

Por intermédio do padre Aguiar, Kopyl acabou por se aproximar do diplomata Dário Moreira de Castro Alves (1927-2010), embaixador em Portugal de 1979 a 1983, que à época já estava empenhado em traduzir para o português o romance em versos Eugênio Oneguin, de Alexandr S. Pushkin (1794-1837), que seria, finalmente, publicado em 2008 pelo Grupo Editorial Azbooka-Atticus, de Moscou, em edição russo-portuguesa, e no Brasil em 2010 pela Editora Record, do Rio de Janeiro. Das consultas e dúvidas sobre os dois idiomas, nasceu uma amizade que se solidificou com os anos.

         

                                                        II

As ligações de Kopyl, porém, sempre foram maiores com Portugal – como denunciava o seu sotaque lusitano. “Conheço do Brasil só aquilo que li e ouvi a respeito, mas gostaria imenso de conhecê-lo de perto”, disse àquela época, quando ainda esperava fazer uma visita ao Brasil, o que nunca se deu. Em Portugal, Kopyl esteve várias vezes, mantendo contatos com intelectuais como António Ramos Rosa, Gastão Cruz, Casimiro de Brito, Fernando Guimarães e Fernando Echevarria, entre outros, a propósito da preparação de uma antologia de poetas portugueses.     

Foi a partir das ligações com Dário Moreira de Castro Alves que o Centro Lusófono Camões passou a registrar maior presença da cultura brasileira. Depois da visita deste articulista ao Centro, em 2011, foi organizada uma campanha pela Internet e mais de 300 obras de escritores brasileiros chegaram ao Centro por doação de editoras, universidades públicas e privadas e autores.

Pouco depois de sua fundação, o Centro produziu uma edição eletrônica dos Sonetos de Camões, que teve prefácio da professora Maria Raquel de Andrade e contou com o apoio dos professores José Manuel Matias, Zélia Madeira, Rogério Nunes, Alexandra Pinho e Madalena Arroja, do Instituto Camões, de Lisboa. Desde então, publicou vários livros impressos, como o Guia de Conversação Russo-Portuguesa Contemporânea, Poesia Portuguesa Contemporânea (2004), que reúne poemas de 26 poetas portugueses traduzidos com participação de Helena Golubeva (como tradutora-tutora), e Vou-me embora de mim (2007), do poeta português Joaquim Pessoa, todos em edição russo-portuguesa.

Em 2006, com o apoio da Embaixada do Brasil em Moscou, o Centro publicou o livro Contos, de Machado de Assis (1839-1908), em edição russo-portuguesa. Em 2007, publicou Contos escolhidos, também de Machado de Assis, igualmente em edição russo-portuguesa, que, em 2013, teve sua segunda edição (revisada), que contou com o apoio da Embaixada brasileira em Moscou. Ambos os livros tiveram prefácios deste articulista.

 

                                                         III 

Com a morte de Kopyl, fica inconcluso um trabalho em que ele esteve empenhado nos últimos anos, apesar da doença que o perseguia desde que, em 2020, ocorreu um incêndio em sua residência e ele e um filho ficaram com problemas de saúde, especialmente respiratórios. Trata-se de uma coletânea que reúne em edição bilingue cerca de 30 autores e está dedicada à memória de Dário Moreira de Castro Alves. Todos os textos já foram traduzidos por professores do Centro Lusófono. “Até o seu último dia sonhou regressar a esse trabalho com os contos e com você”, contou a este articulista por mensagem eletrônica sua filha Elena Lee, que é radicada em Cancún, no México.

Entre os autores que tiveram seus contos traduzidos, estão: Adelto Gonçalves, Adriano Edson Macedo, Anderson Braga Horta, Branca Maria de Paula, Caio Porfírio Carneiro, Carlos Pessoa Rosa, Carlos Trigueiro, Ciro de Mattos, Cunha de Leiradella, Dilermando Rocha, Edmar Monteiro Filho, Edson Amâncio, Eltânia André, Francisco Magno, Helena Parente Cunha, Iacyr Anderson Freitas, Ivan de Castro Alves, Ivan G. Ferreira, Luíz Ruffato, Jaime Prado Gouvêa, Lustosa da Costa (1938-2012), Oleg Almeida, Ozias Filho, Pedro Maciel, Rejane Machado, Ronaldo Cagiano, Rubens Neco da Silva e Susana Fuentes.

No dia 5 de junho de 2014, o então embaixador do Brasil em Moscou, Antônio Guerreiro, em visita ao Centro Lusófono, acompanhado pelo chefe do setor cultural da Embaixada, o primeiro-secretário Igor Germano, admitiu que iria estudar a possibilidade de a Embaixada apoiar a publicação da coletânea por uma editora de São Petersburgo, com o apoio da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, mas, até hoje, a publicação não foi viabilizada.

O Centro tem também à espera de apoio financeiro para publicação um livro de contos do escritor português Gonçalo Tavares, que contou com a participação do próprio autor. Além do Instituto Camões, o Ministério da Cultura, o Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, o Colégio Universitário Pio XII, a Universidade Clássica de Lisboa, a Universidade Internacional de Lisboa, a Universidade Lusófona e a Universidade de Aveiro são algumas das instituições culturais portuguesas que têm cooperado com o trabalho dos lusistas russos.

 

                                                                  IV                                       

O Centro funciona numa pequena sala atulhada de livros, cartazes e fotos. As comunicações dos estudantes dedicadas aos contatos culturais entre a Rússia e os países do mundo lusófono são lidas em português durante as aulas e, em russo, em alguns atos realizados em bibliotecas municipais ou na casa-museu de Anna Akhmatova (1899-1966), uma das mais importantes poetas russas do século XX.

Além da aprendizagem de português, os estudantes recebem conhecimentos básicos de tradução literária. Mestres de tradução do russo para o português, como Helena Golubeva, Alexandra Koss, Andrei Rodossky, a poeta Veronica Kapustina, laureada com o prêmio Anna Akhmatova, a etnógrafa Elena Soboleva e o perito em artes e poliglota Mark Netchaev, já estiveram em contato com os alunos do Centro.

Nos últimos tempos, o Centro recebeu grande contribuição de João Santos e João Carlos Mendonça, também leitores do Instituto Camões, de Lisboa. Com João Santos, o professor Kopyl preparou uma espécie de manual de português falado em diálogos, que se tem mostrado muito útil na aprendizagem do idioma.

O Centro Lusófono Camões tem recebido nos últimos anos livros de instituições e autores do mundo lusófono que vêm enriquecendo o seu acervo, a tal ponto que teve de instalar novas estantes em sua sala. As instituições, editoras e autores interessados devem enviar os seus livros para: Centro Lusófono Camões – Moica 48 – Universidade Estatal Pedagógica Hertzen k. 14 – Saint Petersburg – Russia Adelto Gonçalves – Brasil

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Adelto Gonçalves, jornalista, mestre em Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-americana e doutor em Letras na área de Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP), é autor de Gonzaga, um poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; Publisher Brasil, 2002), Bocage – o perfil perdido (Lisboa, Editorial Caminho, 2003; Imprensa Oficial do Estado de São Paulo – Imesp, 2021), Tomás Antônio Gonzaga (Imesp/Academia Brasileira de Letras, 2012),  Direito e Justiça em terras d´el-rei na São Paulo Colonial (Imesp, 2015), Os vira-latas da madrugada (José Olympio Editora, 1981; Letra Selvagem, 2015) e O reino, a colônia e o poder: o governo Lorena na capitania de São Paulo 1788-1797 (Imesp, 2019), entre outros. E-mail: marilizadelto@uol.com.br

 

Internacional - Universidade de Coimbra apresenta projeto que vai estudar a relação entre a saúde humana e os ecossistemas aquáticos urbanos

O Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) vai receber, nos dias 1 e 2 de fevereiro, a reunião de arranque do projeto internacional “OneAquaHealth – Protecting Urban Aquatic Ecosystems to Promote One Health”, liderado por Maria João Feio, investigadora da Universidade de Coimbra, do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) e do Laboratório Associado ARNET.


A sessão de abertura do evento, na qual será apresentado o projeto, vai ter lugar no auditório do DCV, no dia 1 de fevereiro, pelas 9h30, e conta com a presença de Cláudia Cavadas, vice-reitora para a Investigação, Carlos Lopes, vereador do Ambiente da Câmara Municipal de Coimbra, Miguel Pardal, diretor do DCV, e ainda, Jaime Ramos, coordenador do MARE, em Coimbra.

«O “OneAquaHealth” é um projeto ambicioso e tem como foco os desafios que a crescente urbanização global impõe à natureza, nomeadamente na sua preservação, especificamente nos ecossistemas de água doce, e na saúde humana», explica Maria João Feio.

Os objetivos desta investigação passam por «demonstrar como o bem-estar dos ecossistemas aquáticos está altamente interconectado com o homem, os contextos urbanos de saúde e a mitigação de surtos de doenças», esclarece a investigadora da FCTUC, acrescentando que, «com o intuito de restabelecer o equilíbrio dos ecossistemas nas cidades, este projeto irá promover a monitorização de indicadores de alerta precoce para avaliar o equilíbrio do ecossistema e fornecer, aos decisores, ferramentas que permitam decisões adequadas e atempadas».


Segundo a coordenadora de “OneAquaHealth”, este kit de ferramentas incluirá medidas baseadas na natureza para recuperar e manter a saúde do ecossistema aquático (e, portanto, a saúde humana, animal e vegetal) em diferentes cenários, incluindo mudanças climáticas.

Este projeto, financiado pelo programa Horizon Europe, tem um orçamento de cerca de 5 milhões de euros e conta com a participação de 13 parceiros de uma dezena de países, nomeadamente, Áustria, Bélgica, Espanha, França, Grécia, Israel, Itália, Noruega, Portugal e Suíça. Universidade de Coimbra - Portugal 








segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Timor-Leste - Força laboral aumentou, mas um terço da mão-de-obra é subutilizada, diz estudo

Timor-Leste tem uma população activa de 800 mil pessoas, mas a força de trabalho é de apenas 247 mil pessoas, com o país a registar uma taxa de subutilização de mão-de-obra disponível de quase 30%

O Inquérito da Força Laboral 2021, resultado de entrevistas com 7300 famílias em todo o país, mostra igualmente que cerca de 83 mil jovens, com idades entre os 15 e os 24, não estão nem a trabalhar nem a estudar.

“Isto significa que muitos jovens estão particularmente em risco de exclusão tanto social como do mercado de trabalho, porque não estão a ganhar experiência através do emprego nem a melhorar a sua futura empregabilidade através da educação e da formação”, destacou o ministro das Finanças, Rui Gomes, presente na apresentação do estudo. “A subutilização do trabalho foi estimada em 94,9 mil em 2021. Ou seja, todos os nossos recursos laborais disponíveis não estão na sua plena capacidade na nossa economia, o que indica algumas incompatibilidades entre a oferta de mão-de-obra e a procura”, destacou ainda. O estudo indica, aliás, que a taxa de desemprego entre os jovens (15 a 24 anos) é significante mais elevada que a média da população, atingindo os 9,6%.

Preparado pela Direcção Geral de Estatísticas do Ministério das Finanças, o estudo, o terceiro do tipo em Timor-Leste e o primeiro em mais de oito anos, é o retrato mais amplo do mercado de trabalho do país, apontando dados sobre emprego, desemprego e subemprego e vários outros indicadores laborais.

Para a análise foram ouvidas quase 7300 famílias em todo o país, escolhidas aleatoriamente como representantes da população do país, sendo os dados analisados com base em critérios da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que, com o Governo australiano, apoiou o estudo.

A taxa de emprego informal ronda os 77,3%, o desemprego no país é estimado em 5,1% e a taxa de participação da força laboral é de 30,5%, com o salário médio mensal de 248 dólares, com homens a ganhar, em média, mais 6,6% que as mulheres. Rui Gomes sublinhou aspectos como o aumento da população em idade ativa, mais de 16,2% face ao estudo de 2013, com mais 23,7% de pessoas empregadas.

A taxa de desemprego, notou Rui Gomes, baixou 46%, sendo que o crescimento da mão-de-obra (15,8%) ficou aquém do aumento da população em idade ativa. “De facto, o relatório refere que 61,8% estão fora da mão-de-obra por razões pessoais ou familiares”, disse Rui Gomes.

Apesar do sector agrícola continuar a dominar o sector da economia informal, no que se refere ao sector formal a maior fatia da força laboral (59,1%) está no sector de serviços, com a agricultura e a indústria a representarem respetivamente 26,9 e 13,5%.

Cerca de 48,3% dos empregados são assalariados por conta de outrem e 50,3% definem-se como trabalhadores por conta própria, sendo que as mulheres representam a maior fatia deste segundo grupo. No sector informal, que representa 77,3% de todo o emprego, a prevalência de mulheres é mais elevada (80,4%) do que a dos homens (75,3%), estimando-se que cerca de 440 mil pessoas vivem de trabalho de subsistência. No que toca à formação, quase 40% da população não tem educação formal ou nem sequer completou a escola primária, cerca de 25,4% completou a primária e 19,1% completou o secundário.

O estudo mostra que dos 211 mil trabalhadores que reportaram horas semanais de trabalho, cerca de metade trabalhou menos de 40 horas por semana, com 23,3% a trabalhar mais de 48 horas.

Do inquérito faz ainda parte uma análise sobre o impacto da pandemia da covid-19 no mercado laboral, usando dados de um novo modelo desenvolvido pela OIT para estudar a questão. Assim, mais de 52 mil pessoas (6,5% da população activa) tiveram algum impacto da pandemia no seu trabalho, com 37 mil a ter redução de horário, 11 mil a perder o emprego e 3.600 a reportarem perdas salariais ou de rendimentos. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”

 

Portugal - Investigadores da Universidade do Porto alertam para riscos do consumo de peixe cru

O consumo de peixe cru pode representar um risco pela transmissão de parasitas ao Homem, alerta equipa composta por cientistas do CIIMAR e da FCUP


Uma equipa composta por investigadores do Laboratório de Patologia Animal do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) e do Departamento de Biologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), publicou recentemente um artigo na revista científica Food Control, da editora ELSEVIER, no qual alerta para os perigos associados ao consumo de peixe cru.

Atualmente, Portugal continua a ser um dos maiores consumidores de peixe a nível mundial, com um consumo médio anual de 60 kg por habitantes, comparado com uma média de 27 kg por habitantes na União Europeia. No entanto, esse hábito saudável pode ter consequências na saúde humana, nomeadamente pelo perigo de infeção de parasitas se o peixe for consumido cru ou mal cozinhado.

A anisaquiose é um exemplo de doença causada pela ingestão de peixe cru. Provocada pelo parasita Anisakis, é mais frequente em países asiáticos, em particular o Japão, e em comunidades piscatórias europeias e sul americanas. As manifestações clínicas mais frequentes são distúrbios gástricos provocados pela infeção com a larva, ou reações alérgicas aos químicos libertados pelo parasita no peixe.

“É muitíssimo importante conhecer melhor a situação da infeção por Anisakis dos peixes comerciais portugueses, onde infelizmente não se tem apostado muito no seu financiamento até à data”, destaca Maria João Santos, líder do grupo de investigação em Patologia Animal do CIIMAR e um dos três autores do trabalho.

A também investigadora da FCUP avisa ainda que “o peixe grelhado, se não for devidamente cozinhado, também pode ser perigoso”. Nesse sentido, “o melhor será sempre apostar nos métodos de prevenção da infeção e congelar sempre o peixe consumido cru durante o tempo necessário”.

Recomendações para o consumo de peixe cru

As cinco espécies de peixes mais consumidas cruas em Portugal são o salmão, o atum, o bacalhau, a pescada e a sardinha. E todas elas merecem cuidados especiais, de acordo com os investigadores da U.Porto

Para quem aprecia sushi, sashimi, ou peixe marinado, há certos cuidados que devem ser considerados para evitar infeções, nomeadamente a congelação a -20ºC durante as 24 horas antes do seu consumo. Se bem aplicado, este método permite matar o parasita, ainda que não evite o problema dos alergénios.

O salmão, por exemplo, sendo peixe de aquacultura, não terá esses vermes, mas se for peixe selvagem pode estar fortemente parasitado. Nesse caso, é necessário congelá-lo antes de ser consumido cru.

No caso do bacalhau, a salga também é um método que inviabiliza os vermes, pelo que será seguro comer bacalhau devidamente salgado.

A pescada está fortemente parasitada e deve ser sempre congelada. Já a sardinha tem mostrado níveis de infeção baixos, enquanto falta informação sobre a situação do atum.

A prevenção como melhor cuidado

Dado o volume e espécies de peixe cru consumido em Portugal, a anisaquiose representa ainda um risco limitado para a população portuguesa. No entanto, as infeções têm vindo a aumentar com o aumento do consumo dos últimos anos, e comunicar sobre este risco torna-se cada vez mais necessário junto da população portuguesa.

Assim, o estudo, financiado pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos, chama a atenção sobre a necessidade de apostar na divulgação dos problemas ligados ao consumo de peixe cru para com público em geral, e informar os consumidores sobre o cuidado de congelar todo o peixe consumido cru ou mal cozinhado.

Para além de Maria João Santos, participaram neste trabalho as investigadoras Olwen Golden (CIIMAR) e Andreia J. R. Caldeira (CIIMAR e Universidade Estadual de Goiás, Brasil). Universidade do Porto - Portugal



Internacional - Descoberta nova flora de angiospérmicas no Cretácico Inferior da região de Torres Vedras

Um investigador do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) participou numa investigação internacional que descobriu uma nova flora de angiospérmicas (plantas com flor), recolhida no Cretácico Inferior de Catefica, na região de Torres Vedras.


Este trabalho de investigação, publicado na revista FOSSIL IMPRINT, com o título “The Early Cretaceous Mesofossil Flora of Catefica, Portugal: Angiosperms”, pretende, essencialmente, relacionar a evolução temporal da flora de angiospérmicas com modificações estratigráficas, ambientais e climáticas tendo em vista a caracterização de paleoambientes e paleoclimas.

De acordo com Mário Miguel Mendes, investigador do MARE e coautor do estudo, «os cientistas envolvidos têm tentado determinar elos de ligação, correlacionando os órgãos florais preservados no registo fóssil com as angiospérmicas atuais, na procura do estabelecimento de linhas evolutivas das etapas iniciais da evolução do grupo».

«Neste trabalho, a combinação da microscopia eletrónica de varrimento (MEV) com a técnica não destrutiva de microtomografia de raios-X por radiação de sincrotrão (realizada no Instituto Paul Scherrer, em Villigen, Suíça) possibilitou a realização de análises detalhadas e minuciosas dos vegetais fósseis e a identificação de 67 espécies de angiospérmicas. Inclusive, foram descritos cinco novos géneros e seis novas espécies para a ciência, o que é simplesmente extraordinário», afirma.

«Nesta flora destaca-se a ocorrência de estruturas estaminadas com grãos de pólen in situ muito semelhantes aos produzidos pelos atuais géneros Ascarina e Hedyosmum (ambos atribuíveis à família Chloranthaceae). Estas estruturas masculinas foram descritas como novo género e espécie - Proencistemon portugallicus gen. et sp. nov», descreve o investigador da FCTUC.

Segundo Mário Miguel Mendes, o novo género Proencistemon é dedicado a Pedro Proença e Cunha, professor catedrático do Departamento de Ciências da Terra da FCTUC, «pelos contributos de vulto que tem dado no âmbito da estratigrafia do Cretácico português».

As angiospérmicas constituem cerca de 230 mil espécies da flora moderna e são essenciais para a manutenção da vida na Terra. No entanto, ainda pouco se sabe acerca das condições que terão presidido à radiação e diversificação deste grupo de plantas extremamente importante que atualmente domina os ecossistemas terrestres.

«Assim, na minha opinião, os estudos da vegetação cretácica são absolutamente imprescindíveis para o conhecimento das etapas iniciais de desenvolvimento das plantas com flor e para a caracterização dos paleoambientes e dos paleoclimas em que estas viveram. Portugal, a nível global, é uma região que reúne condições excelentes para o estudo desta temática», considera o cientista do MARE.

«Neste momento estamos dedicados ao estudo de toda a flora de “não angiospérmicas” de Catefica, nomeadamente, fetos, coníferas e plantas do grupo BEG (Bennettiales-Erdtmanithecales-Gnetales). A combinação de todos os resultados irá permitir compreender em que condições se desenvolveu aquela flora», conclui.

Este trabalho foi realizado em colaboração com investigadores da Dinamarca, Estados Unidos, República Checa e Suécia, tendo recebido financiamento do Swedish Research Council, da United States National Science Foundation, da Czech Grant Agency, assim como do MARE/ARNET da Universidade de Coimbra. Universidade de Coimbra - Portugal


Portugal - Autarquia de Viana do Castelo celebra centenário de António Manuel Couto Viana

O poeta, encenador e contista, nascido naquela cidade minhota, passou por Macau nos anos de 1980 onde foi quadro do Instituto Cultural. A sua poesia já foi traduzida para chinês e a sua obra poética já foi estudada por conhecidos de Macau, como José Carlos Seabra Pereira ou Beatriz Basto da Silva. Foi amigo próximo dos consagrados David Mourão-Ferreira e Sebastião da Gama. António Manuel Couto Viana chegou a receber o Prémio Camilo Pessanha da Fundação Oriente. Ao Ponto Final, o arquitecto Carlos Marreiros recorda uma pessoa “alegre” e “bem-disposta”, que deixou marca no território


O Município de Viana do Castelo deu início, na semana passada, às comemorações do centenário do nascimento do poeta, contista, dramaturgo e ensaísta António Manuel Couto Viana, nascido naquela cidade minhota em 24 de Janeiro de 1923. “Queremos materializar um conjunto de acções durante este ano para continuarmos a projectar uma personalidade que marcou a arte e a literatura não só de Viana, mas também do país e até do mundo pela relevância que assumiu em alguns espaços, como Macau”, afirmou Luís Nobre, edil vianense, numa nota de imprensa citada pelo município.

Couto Viana integrou os quadros do Instituto Cultural (IC) entre 1986 e 1988, tendo exercido as funções de professor no território, então administrado por Portugal. Colaborou na criação de um Conservatório de Música, Dança e Teatro e ministrou um curso intensivo de arte dramática. “Não nos podemos esquecer do nosso passado, nos nossos melhores e de quem nos influenciou e continua a influenciar para cuidarmos no nosso colectivo e António Manuel Couto Viana marcou Viana do Castelo e o país”, acrescentou o presidente do Município minhoto.

Ao Ponto Final, Carlos Marreiros, que foi cenógrafo de Couto Viana, recorda um homem “alegre” e “bem-disposto”. “Fez muito por Macau e pela cultura de Macau em apenas três anos”, notou o arquitecto macaense que, na altura, estava na Revista da Cultura e havia fundado o Círculo dos Amigos da Cultura de Macau. Posteriormente, Marreiros foi presidente do IC, de 1989 a 1992.

O artista plástico fala ainda num homem que “toda a gente gostava” e que também era um “sincero apreciador das tascas chinesas”. “Gostava de uma boa conversa e de rir. Era uma pessoa muito alegre e pouco introvertida”.

Em Macau, António Manuel Couto Viana foi ainda próximo do padre Manuel Teixeira. Ambos trocaram poemas sobre o Natal no antigo jornal Gazeta Macaense. O religioso “foi determinante para a integração e ambientação de António Manuel Couto Viana a Macau”, conforme escreveu o também poeta e professor António Aresta na revista Oriente Ocidente do Instituto Internacional de Macau (IIM), em 2017.

Lápide e conferência

Agora, os vianenses prestam homenagem a um homem da terra com a aposição de lápide comemorativa na casa onde António Manuel Couto Viana nasceu, tendo sido ainda promovida, na biblioteca municipal, uma conferência evocativa dedicada ao autor, com a presença de Artur Anselmo, presidente da Academia das Ciências de Lisboa. “Comemoramos 100 anos do seu nascimento e parece-me ser o momento certo para darmos continuidade a um reconhecimento que tem sido materializado no tempo”, notou ainda Luís Nobre na ocasião.

Após a sua morte, em 2010, a Câmara Municipal de Viana do Castelo criou o Prémio Escolar António Manuel Couto Viana que já vai em 12 edições, às quais concorreram 544 trabalhos, tendo sido agraciados 155 autores. Os vencedores da 13.ª edição, a decorrer este ano lectivo, deverão ser conhecidos a 8 de Junho, dia em que faleceu o escritor, aos 87 anos.

António Manuel Couto Viana nasceu em Viana do Castelo a 24 de Janeiro de 1923 e morreu em Lisboa a 8 de Junho de 2010. O autor vianense viveu sempre ligado às artes e às letras. Poeta, dramaturgo, contista, ensaísta ou autor de livros para crianças, entre outras valências, publicou meia centena de livros de poesia e cerca de oitenta títulos de outros géneros literários, com relevo para os livros de ensaios e memórias.

Quando se mudou para Lisboa, aos 23 anos, criou amizades duradouras com escritores de renome como David Mourão-Ferreira ou Sebastião da Gama, entre outros.

Paralelamente à sua vida académica e de docente, demonstrou sempre interesse no mundo da representação, tendo sido actor e encenador em diversos teatros como o Teatro Estúdio do Salitre, o Teatro de Ensaio do Teatro Monumental e o Teatro do Gerifalto. Participou ainda em espectáculos infantis e também da Companhia Nacional de Teatro.

Diplomou-se em Teatro, em Veneza, na Itália, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, corria o ano de 1966. A sua actividade artística mereceu-lhe o Prémio Nacional António Pinheiro por duas vezes e o Prémio da Crítica.

Foi ainda orientador artístico da Oficina de Teatro da Universidade de Coimbra, Mestre de Arte de Cena do Teatro Nacional de São Carlos e as de colaborador da Ópera de Câmara do Real Theatro de Queluz. Participou ainda em diversas séries televisivas e filmes.

A sua estreia literária aconteceu em 1948 com o livro de poemas “O avestruz lírico”. Com David Mourão-Ferreira e Luiz de Macedo dirigiu as folhas de poesia “Távola Redonda”, a revista de cultura Graal, fazendo ainda parte do conselho de redacção da revista Tempo Presente.

A obra poética de António Manuel Couto Viana figura em antologias de língua portuguesa, e os seus poemas já foram traduzidos para castelhano, inglês, francês, alemão, russo e chinês. A sua poesia foi já estudada por David Mourão-Ferreira, Artur Anselmo, Tomaz de Figueiredo, Eduíno de Jesus, Rodrigo Emílio, João Maia, Franco Nogueira, João Bigotte Chorão, José Carlos Seabra Pereira, Beatriz Basto da Silva, Mário Saraiva e Joaquim Manuel Magalhães.

Foi galardoado com o Prémio Antero de Quental por duas vezes, o Prémio Luso-Galaico Valle-Inclan, o Prémio Nacional de Poesia, o Prémio da Academia de Ciências, o Prémio de Literatura da Sociedade Histórica da Independência de Portugal e o Prémio Camilo Pessanha da Fundação Oriente.

Foi agraciado com a Banda da Cruz de Mérito, Grã-Cruz da Falange Galega e Grande Oficialato da Ordem do Infante D. Henrique. Viana do Castelo atribuiu-lhe a Medalha de Mérito Cultural e dedicou-lhe, a si e à sua família, uma sala na nova biblioteca municipal. Gonçalo Pinheiro – Macau in “Ponto Final”


domingo, 29 de janeiro de 2023

Guiné-Bissau – Firmado acordo com Portugal para construção duma escola portuguesa no país

Bissau – O Governo, na pessoa da ministra dos Negócios Estrangeiros, Cooperação Internacional e das Comunidades, Suzi Carla Barbosa assinou em Bissau, um acordo  com o governo de Portugal, representado pelo  Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Francisco André, para a construção duma escola portuguesa no país.

Após o ato de assinatura do acordo, a ministra de Estado dos Negócios Estrangeiros, Cooperação Internacional e das Comunidades, disse que a materialização da construção da escola portuguesa em Bissau depois de tantos anos é um sonho concretizado.

"Acabamos de assinar um acordo bilateral para a construção da escola portuguesa. Esta construção também se enquadra na nossa cooperação bilateral inserida no Programa Estratégico de Cooperação (PEC) que assinámos em 2021, em Portugal”, explicou.

A governante sublinhou que o PEC, estimado no valor 60 milhões de euros, para o período de cinco anos, representa um valor acrescido em 50 por cento em relação ao PEC anterior, assinado em 2015.

Disse esperar que isto seja o início de boas relações e que o valor aumente sobretudo para que a cooperação bilateral se intensifique.

Sobre o encontro com o governante português, a ministra Suzi frisou que também falaram de setores prioritários, nomeadamente a saúde, educação e o ambiente e também da possibilidade de a Guiné-Bissau, na sua presidência da CEDEAO pudesse ser a porta de entrada para Portugal, enquanto primeiro parceiro da Guiné-Bissau no espaço sub-regional.

O Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Francisco André reafirmou que está na Guiné-Bissau para cumprir todos os objetivos principais do Programa Estratégico de Cooperação, entre os quais a construção da escola portuguesa de Bissau, no quadro do compromisso assumido entre os chefes dos Estados e governos dos dois países.

"Nós viemos com esta visita, fruto de trabalho de concertação com a ministra, e poder, finalmente, assinar o acordo que formaliza essa vontade conjunta de dois países, de construção da escola portuguesa de Bissau com atribuição dum terreno”, salientou.

Acrescentou que agora todos os trabalhos técnicos  devem ser desenvolvidos  para que essa escola seja uma realidade para as crianças guineenses e para as crianças portuguesas que vivem na Guiné.

Francisco André destacou ainda como resultados de sua visita à Guiné, a assinatura do protocolo tendente ao primeiro mestrado conferido à instituição do ensino superior na Guiné-Bissau, neste caso a Escola Superior Tchico Té, e diz ser um dos objetivos do Programa Estratégico de Cooperação. In “Agência de Notícias da Guiné” – Guiné-Bissau

 

Guiné-Bissau - Vai ter o primeiro mestrado em Língua Portuguesa

Bissau - A Guiné-Bissau vai ter o primeiro mestrado na história do país, a partir do próximo ano lectivo 2023/2024, em Língua Portuguesa e  vai ser leccionado na Escola Superior Tchico Té.

O primeiro mestrado da história do ensino superior da Guiné-Bissau resulta de um memorando de entendimento rubricado entre o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros português, Francisco André, e o ministro do Ensino Superior bissau-guineense, Timóteo Saba M'bunde.

Esta quinta-feira, 26 de Janeiro, o ministro do Ensino Superior guineense considerou tratar-se de "um dia histórico", salientando que a partir do próximo ano lectivo é possível fazer o mestrado em Língua Portuguesa em Bissau.

"Trata-se de um dia ímpar. A nossa aposta é justamente qualificar o ensino, mas subir um degrau. Sabíamos que era importante contarmos com o nosso parceiro, que é Portugal, um parceiro estratégico, muito importante para o desenvolvimento da Guiné-Bissau, mas, sobretudo, no domínio que tem sido o ensino e a formação", afirmou.

Segundo o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros português, Francisco André, é muito importante que este mestrado seja em Língua Portuguesa. "Este é de facto um projecto no qual valeu muito a pena trabalhar e investir. É um projecto que vai permitir que a partir do próximo ano lectivo 2023-2024 se possa começar um ciclo de formação para conferir o primeiro grau de mestre por uma instituição guineense", afirmou.

"Isso é muito importante, isso demonstra uma grande capacidade da Guiné-Bissau enquanto país de se apropriar da formação dos seus quadros, está num grande caminho de desenvolvimento", acrescentou. In “Agência de Notícias da Guiné” – Guiné-Bissau

 

Tudo o que sou


 








Vamos aprender português, cantando

 

Tudo o que sou

 

Nas tuas mãos

tens parte de mim

e eu sei que será

para sempre assim

 

No mar que é a vida

tu és o melhor

que me aconteceu

que Deus me deu

 

E quando eu caí, tu estavas lá

pegaste em mim, tu estavas lá

 

Tudo o que sou

eu devo-te a ti

hoje sei quem sou

mudaste tudo em mim

 

Já és o meu mundo

não te vou largar

e se chamares por mim

eu vou lá estar

 

Tudo o que sou

eu devo-te a ti

hoje sei quem sou

mudaste tudo em mim

 

Já és o meu mundo

não te vou largar

e se chamares por mim

eu vou lá estar

 

Bem juntinha a ti

jamais te vou largar

nem o vento mais forte

nos vai separar

 

Deus marcou o teu nome

bem no meu coração

e eu escrevi o que sinto

por ti nesta canção

 

E quando eu caí, tu estavas lá

pegaste em mim, tu estavas lá

 

Tudo o que sou

eu devo-te a ti

hoje sei quem sou

mudaste tudo em mim

 

Já és o meu mundo

não te vou largar

e se chamares por mim

eu vou lá estar

 

Tudo o que sou

eu devo-te a ti

hoje sei quem sou

mudaste tudo em mim

 

Já és o meu mundo

não te vou largar

e se chamares por mim

eu vou lá estar

 

Por ti

 

Margarida Vasconcelos - Portugal


sábado, 28 de janeiro de 2023

Moçambique - Rap de Chimoio e Beira é debatido em congresso internacional em Portugal

O rap das cidades de Chimoio e Beira, localizadas na região Centro de Moçambique, foi assunto de debate durante o Colóquio Activisms in Africa, que se realizou na cidade do Porto, em Portugal. O evento iniciou na passada quarta-feira (24) e encerrou na sexta-feira (26).


De acordo com o comunicado de imprensa enviado à Moz Entretenimento, a apresentação em torno destas duas cidades ocorreu nesta quinta-feira (25) e teve como título “Diretamente das Outras Províncias´: Práticas para contrapor as invisibilidades no rap de Chimoio e Beira”. Os conferencistas que apresentaram a comunicação são Janne Rantala e Carlos Guerra Júnior, este último também é conhecido artisticamente como Mossoró. Janne participou presencialmente da conferência na Universidade do Porto, enquanto Carlos contribui online, a partir de Porto Velho, cidade no Brasil.

Janne Rantala e Carlos Guerra estudaram sobre o rap moçambicano nas suas pesquisas de doutoramento. Rantala finalizou o seu doutoramento na Finlândia e Carlos em Portugal. Nos últimos anos, ambos estão a dedicar-se a compreender mais profundamente as dinâmicas regionais do rap de Moçambique.

A frase que dá título à comunicação é retirada da música “Se Não Fosse a TV”, de Extraterrestre. Esta música do artista tem como foco pedir visibilidade para as ações que acontecem fora da capital do país, Maputo, e ressaltando a qualidade musical existente nas províncias do Centro e Norte de Moçambique. Isso porque a capital do país está localizada na região Sul.

A apresentação dos pesquisadores utilizou como base o conceito de “linha abissal” do sociólogo Boaventura de Sousa Santos, renomado sociólogo que recentemente viralizou na mídia moçambicana ao recitar um trecho da música do rapper Azagaia. Boaventura defende a ideia de que a sociedade é formada por linhas, que apesar de serem invisíveis, definem os cidadãos que possuem mais direitos e privilégios.

As linhas perpassam por raça, género e geografia. Desse modo, a invisibilidade questionada pelos rappers de Chimoio e da Beira ajuda os pesquisadores a refletir sobre a “maximização” das linhas abissais. Uma vez que os artistas sofrem com uma primeira linha abissal entre o Norte Global e o Sul Global, outra por serem negros e outra por cantarem um género musical marginalizado e uma outra por atuarem numa província fora da capital do seu país africano. Outras formas de maximizar essas linhas são através de divisões de género ou por cantar numa língua não ocidental.

Para Boaventura de Santos, as linhas são invisíveis, no entanto, Rantala ressaltou na sua apresentação que essa linha se torna visível em Moçambique, por conta do Rio Save, que divide o Sul de Moçambique, do restante do país. Desse modo, o artista mencionou um trecho do rapper e apresentador Pier Dogg, natural da Beira, e que ressalta a importância de atravessar o Rio Save bem preparado para ser um vitorioso.

Pier Dogg também foi relembrado na apresentação como criador do evento que promove o principal acontecimento nacional de rap, o Punhos no Ar. Esse evento promove a interligação nacional dos rappers moçambicanos e já contou com representantes de todas as províncias.

Outro ponto que foi enfatizado no evento foram as iniciativas internacionais. O projeto Interligados, criado pelo rapper do Chimoio Inspector Desusado, foi a primeira iniciativa de rap a contar com membros de todos os continentes. Esse grupo também teve destaque em várias edições do programa dos Estados Unidos Planet Earth, Planet Rap, liderado por Chuck D, do lendário grupo Public Enemy.

Além disso, o projeto Barras Maning Arretadas também foi mencionado, por promover uma aliança internacional com mais de 20 países, a partir de uma ligação entre Moçambique e Brasil. Também foi mencionada a participação de rappers da cidade da Beira na compilação Priesthood Internacional, juntos com o afiliado do lendário grupo Wutang Clan Killer Priest.

A apresentação de Janne Rantala e Carlos Guerra ainda mencionou artistas como Kuatro Ases, Dedecco e Duplo V da cidade da Beira, os beatmakers Imblgk e Az Pro da cidade do Chimoio, o rapper Função Inversa, do Chimoio, Sargento Killa de Beira, os rappers Stupa Serious, Y-Not e Tchacka, de Quelimane, bem como o rapper Azagaia, oriundo de Namaacha.

Janne Rantala atualmente possui o projeto MSCA Performing Political memory (POME-RAPMOZ) em colaboração com o projeto CIPHER, na University College Cork, na Irlanda e segue com as pesquisas sobre a memória pública e Hip Hop moçambicano. Já Carlos Guerra Júnior é professor de jornalismo da Universidade Federal de Rondônia, no Brasil, e enfatiza o rap moçambicano no programa de pesquisa e extensão Barras – Bloco de Ações em Rap, Rádio e Ausências Sonoras. In “Moz Entretenimento” - Moçambique


Líbano – Obra do brasileiro Óscar Niemeyer entra em lista da ONU de patrimónios em perigo

A Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) adicionou a Feira Internacional Rachid Karami, na cidade libanesa de Trípoli, na lista de Património Mundial em perigo, informou a Agence France-Presse (AFP) nesta quarta-feira, 25. A obra é assinada por Óscar Niemeyer e é considerada uma das mais importantes da arquitetura moderna do século XX


“Pela escala e riqueza de sua expressão formal, a Feira é uma das obras mais representativas da arquitetura moderna do século XX no Oriente Médio árabe”, declarou a agência da ONU em comunicado.

O comitê do património mundial afirmou numa reunião extraordinária realizada nesta terça-feira, 24, que a decisão de colocar a obra na lista foi no intuito de alertar a todos sobre o seu “estado de conservação”. Obra idealizada em 1962 pelo arquiteto brasileiro.

De acordo com o comunicado, a obra é considerada um símbolo da “política de modernização iniciada pelo Líbano” em 1960. In “Milénio Stadium” – Canadá com “Veja”