São
Paulo – Estudo preparado pela Organização Mundial do Comércio (OMC) mostra que,
se não houver nenhuma recidiva na pandemia de coronavírus (covid-19),
especialmente com o aparecimento de possíveis variantes mortais, como a Delta,
particularmente contagiosa, o comércio internacional poderá crescer 10,8%, em
vez dos 8% que foram estimados em março. Superada a fase mais aguda da
pandemia, esse crescimento poderia ser maior, se não houvesse, como
consequência daquele mal, escassez de contêineres e atraso na movimentação de
cargas nos portos.
Segundo
dados da OMC, a expectativa de crescimento na América do Sul é de 7,2% nas
exportações neste ano. Já as importações devem crescer 19,9%, indicando uma
retomada da atividade na região. Ao mesmo tempo, o comércio de serviços deverá
ficar atrás da expansão das trocas de mercadorias, sobretudo nos setores
ligados ao turismo. Para 2022, a OMC prevê uma expansão de 5,3% da economia
mundial.
Seja
como for, o Porto de Santos precisará estar preparado para a retomada dos
índices que foram registrados no período pré-pandemia. É o que se espera a
partir da efetivação das mudanças previstas pelo Ministério da Infraestrutura,
que não são poucas. No primeiro trimestre de 2022, será leiloado o arrendamento
do terminal STS 11, na margem direita. Além disso, para os próximos quatro
anos, estão previstos 11 leilões, que deverão render cerca de R$ 10 bilhões que
serão investidos com o arrendamento de áreas, infraestrutura nos terminais com
contratos vigentes e acesso rodoferroviário.
Ainda
neste mês de novembro, serão leiloados os terminais STS 08 e STS 08A destinados
a granéis líquidos minerais. Já o leilão do STS 53, destinado a granéis sólidos
minerais, será em 2022. Outros leilões estão previstos, mas ainda sem data. São
eles: STS 10 e o TRA (Terminal Retro Alfandegado) Saboó e TRA Margem Esquerda,
destinados à movimentação de contêineres. O STS 11, no bairro de Paquetá, será
arrendado para um terminal destinado a granéis sólidos vegetais (soja em grão,
farelo de soja, milho, açúcar e desembarque de trigo). Segundo a Santos Port
Authority (SPA), estão previstos, inicialmente, investimentos estimados em
R$ 693 milhões para uma área de 114,7 mil metros quadrados, com capacidade para
armazenar 397 mil toneladas. Esses arrendamentos terão um prazo inicial de 25
anos.
Segundo
o Ministério da Infraestrutura, a desestatização do Porto de Santos deverá
gerar investimentos que serão destinados ao aprofundamento do calado, serviços
de dragagem, acessos terrestres, a construção do túnel Santos-Guarujá, entre
outras obras e serviços. O novo operador deverá assumir a administração da SPA,
empresa com controle majoritário do governo federal, responsável pela gestão e
fiscalização das instalações portuárias e das infraestruturas públicas.
Se
vai dar certo, não se sabe, mas, a se levar em conta experiências anteriores, a
privatização tem sido benéfica para o País. Basta ver que o serviço de
telefonia teve um salto de qualidade após a privatização da Telebras, enquanto outras
empresas privatizadas que antes eram deficitárias passaram a registrar lucros,
como o Vale e a CSN, que hoje geram em impostos mais receita à União do que
quando estavam sob controle estatal.
Já na área de energia elétrica, a experiência não tem sido exitosa. Basta ver que, em Goiás, com a venda da Companhia Energética de Goiás (Celg) para a Ente Nazionale per l´Energia Elettrica (Enel), a energia elétrica ficou bem mais cara para o consumidor. O curioso é que o governo italiano é o maior acionista da Enel. Ou seja, ocorreu uma “privatização”, pois os lucros da empresa vão para o governo da Itália. Por isso, é preciso que cada privatização seja muito bem pensada. E que haja bom senso. Até porque essa não é uma panaceia, capaz de curar todos os males. Liana Martinelli - Brasil
_____________________________________
Liana Lourenço Martinelli, advogada, pós-graduada em Gestão de
Negócios e Comércio Internacional, é gerente de Relações Institucionais do
Grupo Fiorde, constituído pelas empresas Fiorde Logística Internacional, FTA
Transportes e Armazéns Gerais e Barter Comércio Internacional. E-mail:
fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
Sem comentários:
Enviar um comentário