Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 30 de junho de 2020

Taiwan – Filme da realizadora portuguesa Catarina Vasconcelos premiado no Festival de Cinema de Taipé

O filme “A metamorfose dos pássaros”, da realizadora portuguesa Catarina Vasconcelos, distinguido com o Prémio Especial do Júri do Festival de Cinema de Taipé, em Taiwan, anunciou a agência Portugal Film




“Depois de ter vencido o Prémio da Crítica Internacional – FIPRESCI, na Berlinale, onde teve a sua estreia mundial, e o Prémio do Melhor Filme no Festival de Vilnius, na Lituânia, a primeira longa-metragem da realizadora Catarina Vasconcelos venceu o Prémio Especial do Júri no Festival de Cinema de Taipé, o mais importante festival de cinema de Taiwan”, refere a Portugal Film, num comunicado divulgado.

A metamorfose dos pássaros”, a primeira longa-metragem de Catarina Vasconcelos, estava integrada na competição ‘New Talent’ (Novo Talento, em português), que inclui 12 filmes “que revelam novos cineastas”.

Catarina Vasconcelos, citada no comunicado da Portugal Film, recebeu “com enorme felicidade a notícia do Prémio Especial do Júri” do Festival de Cinema de Taipé, que começou na quinta-feira e termina em 7 de julho.

“Pensar que este filme tão pessoal chegou até Taipé já era uma enorme alegria. Mas talvez a maior alegria seja o perceber que não há fronteiras no pensamento da morte e das memórias”, afirmou.

Segundo a Portugal Film, “A metamorfose dos pássaros” já foi selecionado “para mais de 20 festivais internacionais, nos Estados Unidos, Rússia, Espanha, Grécia, Coreia, Canadá, Polónia, Brasil, México, Austrália, Itália, entre outros”. Além disso, “o filme também já foi vendido no território chinês, onde terá estreia comercial”.

Em Portugal, a primeira ‘longa’ de Catarina Vasconcelos será exibida no festival IndieLisboa, que decorre entre 25 de agosto e 5 de setembro, integrado na competição nacional.

Catarina Vasconcelos, 33 anos, demorou-se seis anos na criação deste filme, depois de ter feito a primeira curta-metragem, “Metáfora ou a tristeza virada do avesso” (2013), em contexto académico em Londres.

Os dois filmes aproximam-se em aspetos formais e temáticos e interligam-se porque Catarina Vasconcelos filmou a família, abordando a relação dos pais e a morte da mãe, na curta-metragem, e a história de amor dos avós e a morte da avó paterna – que nunca conheceu -, na longa-metragem.

“Eu queria que [o filme] fosse sobre esta família, mas que pudesse falar com outras pessoas. […] O tempo que ele demora é quase o tempo que eu demoro a conseguir sair de mim para chegar aos outros. Consegui libertar-me da minha família e do medo de inventar sobre eles, para poder inventar à vontade. Isso foi muito importante”, contou em entrevista à agência Lusa.

É por isso que Catarina Vasconcelos apresenta “A metamorfose dos pássaros” como um ‘documentário-ficção’, um filme que está no meio, um “híbrido de formas” baseado nas memórias das infâncias e juventudes da família e preenchido pela ficção.

Sobre este filme, Catarina Vasconcelos fala de “um processo altamente íntimo e pessoal”, na conjugação da montagem de som e imagem, devedora de uma relação que a realizadora tem com as artes plásticas e descrita como “uma coisa muito analógica, de bricolagem”.

Há planos que parecem pinturas ou fotografias animadas, composições visuais encenadas e metafóricas, cheias de simbolismos, sobre a passagem do tempo e sobre a omnipresença da natureza.

“Todo este lado que vem mais das artes plásticas foi muito importante e o filme não podia ter sido construído noutro sítio. Foram as soluções que encontrei para dar resposta a coisas que eu sentia”, explicou.

A metamorfose dos pássaros” foi produzido por Pedro Duarte e Joana Gusmão, com apoio financeiro do Instituto do Cinema e do Audiovisual, da RTP e da Fundação Calouste Gulbenkian. In “Bom dia Europa” – Luxemburgo com “Lusa”


Alemanha - Feira do Livro de Leipzig em 2021 com mais de 60 autores portugueses

Adília Lopes, Mário de Carvalho e Raul Brandão são alguns dos autores a publicar em alemão, no âmbito da próxima edição da Feira do Livro de Leipzig, que se realiza entre 18 e 21 de Março de 2021.

De acordo com um comunicado do Camões – Centro Cultural Português em Berlim, estes são alguns dos 67 nomes de autores de língua portuguesa partilhados por editores portugueses e tradutores alemães, no âmbito da divulgação de autores portugueses na Alemanha.

As obras em causa são “Jóquei”, de Matilde Campilho, “Passos Perdidos”, de Paulo Varela Gomes, “Poemas escolhidos”, de Pedro Mexia, “Estar vivo aleija”, de Ricardo Araújo Pereira, “O osso da borboleta”, de Rui Cardoso Martins, e “Gente melancolicamente louca”, de Teresa Veiga.

Foram também propostos os livros “Estuário”, de Lídia Jorge, “Eu sou a minha poesia”, de Maria Teresa Horta, “O gesto que fazemos para proteger a cabeça”, de Ana Margarida de Carvalho, “Eliete”, de Dulce Maria Cardoso, “Um bailarino na batalha”, de Hélia Correia, e “O que eu ouvi na barrica das maçãs”, de Mário de Carvalho.

Muitos outros autores portugueses foram sugeridos para a próxima edição da Feira do Livro de Leipzig, na qual Portugal participa desde 2016, como é o caso de Adília Lopes, Afonso Cruz, Afonso Reis Cabral, Ana Luísa Amaral, André Carrilho, Bruno Vieira Amaral, Djaimilia Pereira de Almeida, Golgona Anghel, H.G. Cancela, João Pinto Correia e João Tordo.

Entre os nomes da literatura portuguesa mais antigos, figuram os nomes de Agustina Bessa-Luís, Ferreira de Castro, Aquilino Ribeiro, Raul Brandão, Maria Gabriela Llansol, Maria Judite de Carvalho, Teixeira-Gomes e Vergílio Ferreira.

Foram também apontados os nomes dos autores de língua portuguesa não portugueses Hilda Hilst (Brasil), Germano Almeida (Cabo Verde), Ondjaki e Pepetela (Angola), e Tony Tcheka (Guiné-Bissau).

As editoras que marcam presença na edição de 2021 da Feira do Livro de Leipzig são a D. Quixote, Cavalo de Ferro e Elsinore, Tinta-da-China, Caminho, Porto Editora, Abysmo, Relógio d’Água e Bertrand.

Num espaço de quatro anos, foram apresentados em Leipzig mais de 30 autores de língua portuguesa, de 5 países diferentes, contribuindo para um total de mais de 50 eventos literários, refere o instituto Camões Berlim.

A edição deste ano da Feira do Livro de Leipzig foi cancelada devido à pandemia de covid-19, que vai também condicionar a do próximo ano.

A conselheira Cultural na Embaixada de Portugal na Alemanha, Ana Patrícia Severino, foi escolhida para comissariar a Feira Internacional do Livro de Leipzig 2021, que terá Portugal como convidado de honra e um novo enquadramento devido à covid-19.

O convite para que Portugal participasse como país convidado de honra na próxima edição, prevista para março de 2021, foi dirigido pela entidade organizadora da feira de Leipzig em 2017. Esta é a segunda maior feira do livro da Alemanha, depois da de Frankfurt, e uma das mais importantes na Europa.

Ana Patrícia Severino foi uma das responsáveis por levar, desde 2016, vários autores de língua portuguesa à Feira Internacional do Livro de Leipzig, entre eles Hélia Correia, João Tordo, David Machado, Alexandra Lucas Coelho, Raquel Nobre Guerra, Afonso Cruz, Ana Margarida de Carvalho, Joana Bértholo, Lucílio Manjate e José Eduardo Agualusa.

No ano passado, Portugal integrou no certame com dez autores, quase 400 títulos disponíveis e uma área de 48 metros quadrados, numa estratégia conjunta de várias entidades nacionais.

Na primeira participação, em 2016, Portugal ocupou uma área de 18m2, levando quatro autores, crescendo em 2019 para 48m2 e dez autores.

O objectivo, disse à Lusa Patrícia Severino no ano passado, é “dar um panorama geral daquilo que é a literatura de hoje em dia em Portugal, mas também um pouco daquilo que foi a literatura portuguesa ao longo da sua história.” In “O Século de Joanesburgo” – África do Sul com “Lusa”

Macau - Empresa local desenvolveu robot inteligente de limpeza

A Guardforce Macau colocou no mercado um robot inteligente de desinfecção para ajudar nos trabalhos de limpeza e prevenção da Covid-19. De acordo com a informação veiculada pela Macau News Agency, o robot “VirusGuard” foi colocado à venda em Macau e Hong Kong no passado mês de Abril.

Segundo a Guardforce Macau, o mecanismo foi equipado com uma função de cartografia electrónica para registo de ambientes internos e tem uma funcionalidade independente com um modo de piloto automático. Outro dos componentes do robot “VirusGuard” foi a incorporação de um difusor de spray de alta eficiência para limpezas a 360° com desinfetante especial de dióxido de cloro e um agente bacteriostático inofensivo ao homem.

“Macau como cidade movimentada de turismo e entretenimento tem sentido uma queda acentuada no número de entrada de turistas devido ao impacto do COVID-19. No entanto, acredita-se que, após a suspensão do bloqueio, o número total de turistas regresse ao normal”, afirmou a directora administrativa Susanna Vong em declarações à Macau News Agency.

A representante da Guardforce Macau explicou ainda que o “VirusGuard” foi lançado no marcado em meados de Abril e está disponível em Macau e Hong Kong. O lançamento deste produto surge na sequência do desenvolvimento de soluções robóticas pela Guardforce Macau, para funções comerciais e de segurança, nomeadamente a patrulha de segurança 24 horas, atendimento ao cliente e atendimento a idosos. In “Ponto Final” - Macau

Angola - Unicef envia suplementos para travar insegurança alimentar no sul do país

A agência quer garantir sobrevivência das crianças e evitar que a situação nutricional piore, cerca de 232 mil menores de cinco anos sofrem de desnutrição, a região teve recorde nacional de temperaturas altas dos últimos 45 anos



A seca no sul de Angola fez subir para mais de 56 mil, o número de famílias que enfrentam insegurança alimentar. Em tempos de pandemia, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, anunciou a entrega de 9,6 mil caixas de suplementos nutricionais a quatro províncias.

Para a agência, é essencial garantir que continuem os serviços para apoiar a sobrevivência da criança, incluindo o tratamento da desnutrição. Outra meta é evitar o piorar da situação nessas áreas como contou à ONU News a especialista em nutrição da Unicef em Angola, Fanceni Balde.

Governos locais

“Irão fortalecer o funcionamento das 28 unidades especiais e nutrição e das 210 unidades sanitárias, que têm unidades de tratamento em ambulatório nas províncias de Cuando Cubango, Cunene, Huíla e Namibe. Estes donativos são de grande importância para o combate das formas mais diversas de desnutrição e dos efeitos da seca nas comunidades mais vulneráveis prevenindo um futuro agravamento da situação nutricional e aumentando a resiliência das comunidades mais afectadas.”

A entrega dos suplementos nutricionais, anunciada esta segunda-feira, pretende reforçar os programas contra a desnutrição e as actividades dos governos locais. Mais de 10 mil crianças menores de cinco anos já beneficiam destas entregas.

A agência informou que o apoio à resposta do governo para a emergência tem impacto em sectores como a saúde, nutrição, água, saneamento e higiene, proteção da criança, mudança de comportamento e envolvimento comunitário. 

Este ano, mais de 300 técnicos de saúde foram capacitados para fornecer serviços de desnutrição aguda. Áreas como aconselhamento em alimentação infantil e suplementação com micronutrientes para pais e encarregados de crianças pequenas também fazem parte da ajuda.

Em 2019, a ONU e parceiros ajudaram a identificar e tratar cerca de 232 mil crianças menores de cinco anos sofrendo de desnutrição. 

Prevenção e rastreio

Este ano, cerca de 16 mil menores de cinco anos devem ter acesso à prevenção e ao rastreio da desnutrição aguda. Outros 12 mil menores em idade escolar beneficiarão de desparasitação e suplementação com micronutrientes.

O impacto das secas cíclicas é mais severo nas zonas semiáridas do Cunene, da Huíla e do Namibe. A situação piorou com a falta de chuvas no ano passado, que seguiu a tendência do último triénio. Esse período registou um recorde de temperaturas altas dos últimos 45 anos na região.

Um inquérito nutricional aponta ainda uma prevalência de desnutrição aguda de 13,6% em crianças menores de cinco anos na província da Huíla. Cerca de 3% das crianças da área correm o risco de morrer devido à desnutrição aguda severa. 

No Cunene, 12,9% enfrentam esta condição e 1,7% poderão perder a vida se não forem atendidas.

Em Angola, a seca afeta mais de 2,3 milhões de pessoas, incluindo 491 mil crianças com menos de cinco anos. ONU News – Nações Unidas


segunda-feira, 29 de junho de 2020

Portugal - Ler Olhos nos Olhos



Neste período extraordinário de distanciamento, que se vive um pouco por todo o mundo, cresce a necessidade de providenciar conteúdos online para a população. Assim, a Câmara Municipal de Oeiras, com produção executiva da The Book Company, vai lançar, a partir do dia 1 de julho, a iniciativa Ler Olhos nos Olhos, que conta com a parceria da UCCLA.

Trata-se de uma iniciativa cultural que chegará ao público, em direto, até 16 de dezembro, através de um conjunto de 22 conversas semanais, às quartas-feiras, às 21h30, no facebook do Município de Oeiras

e da UCCLA

A UCCLA não poderia deixar de se associar a esta iniciativa, divulgando-a nas suas múltiplas plataformas digitais, tendo presente que a Câmara Municipal de Oeiras é membro da UCCLA e com a qual temos tido inúmeras iniciativas importantes.

O evento contará com a participação de um conjunto alargado de autores e pensadores lusófonos e hispânicos. Cada um dos convidados participará numa conversa por videoconferência, de um para um, com um moderador, sobre o seu percurso e o seu trabalho, com duração de cerca de uma hora, transmitida em direto e em simultâneo num conjunto alargado de páginas de Facebook, onde os vídeos das sessões permanecerão disponíveis após o evento, por período de tempo indeterminado.

João Tordo é o primeiro convidado do Ler Olhos nos Olhos. João Tordo nasceu em 1975. Publicou treze romances e recebeu vários prémios, entre eles o Prémio Literário José Saramago 2009, o prémio GQ e o Prémio Literário Europeu. Foi finalista de muitos outros prémios. Os seus livros estão publicados em vários países, incluindo França, Itália, Alemanha, Hungria, Espanha, Croácia, Sérvia, México, Argentina, Brasil, Uruguai ou Colômbia. Vive em Lisboa. Gosta de andar de bicicleta. O seu mais recente título é «Manual de Sobrevivência de um Escritor ou o Pouco que Sei sobre Aquilo que Faço».

O próximo convidado do Ler Olhos nos Olhos será Germano Almeida, dia 8 de julho. UCCLA



Brasil - Comércio exterior: mais um ano difícil

Apesar das apostas e previsões otimistas do governo para a economia brasileira, feitas ao final de 2019, a verdade é que hoje é muito difícil dizer que haverá um ano melhor do que o anterior, pois os fatos e as circunstâncias que se apresentam em âmbito mundial sugerem um tempo bastante difícil em todo o planeta e, consequentemente, no Brasil. Em grande parte, isso se dá porque a economia chinesa, que tem consumido considerável parcela das nossas exportações de produtos agrícolas e minério de ferro, exibe um cenário nebuloso, o que faz prever nova queda no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano.

É de se lembrar que, além do agravamento da epidemia de coronavírus que, certamente, também acarretará uma queda no PIB chinês, haverá redução nas quantidades de produtos comprados do Brasil por aquele país, em decorrência do acordo comercial que firmou com os Estados Unidos. Apesar da pouca afinidade entre os seus presidentes, parece claro que, na hora de preservar os mais altos interesses das nações, esse aspecto pessoal nada deverá influir, até porque conhecimento da arte da diplomacia e do negócio os chineses têm para dar e vender.

Nesse contexto de incertezas no mundo, como provam as quedas significativas nas bolsas de valores registradas nos últimos dias nos Estados Unidos, Alemanha, França, Inglaterra e Japão, as nossas principais empresas também têm sido atingidas. Basta ver que as ações da Petrobras negociadas na Bolsa de Nova York caíram. Esses efeitos já começam a ser sentidos no País, comprometendo ainda mais as previsões dos analistas para 2020 que, a rigor, já eram pouco otimistas, e, portanto, insuficientes para atender às necessidades brasileiras.

Assim, o comércio exterior brasileiro, que há alguns anos vem se sustentando principalmente nas exportações de commodities agrícolas e no minério de ferro, parece destinado a continuar nessa sina, pois nas importações não se verifica o ingresso de máquinas e equipamentos destinados à modernização de nossas indústrias. Pelo contrário, o que se constata é uma retração nos investimentos estrangeiros, que ficam em stand by à espera de melhor momento de investir, principalmente nas empresas multinacionais já instaladas no País. Diante disso, o nosso parque industrial corre o risco de ficar, em pouco tempo, defasado tecnologicamente, o que pode gerar um sério problema para a nossa economia.

Por outro lado, não se vê uma ação mais efetiva do empresariado brasileiro em busca de novos mercados para os produtos made in Brazil. Na verdade, há uma inexplicável dependência dos empresários às iniciativas governamentais na promoção dos produtos, situação que já ocorreu no passado, mas que hoje não serve mais, pois agora tudo ocorre numa velocidade absolutamente incompatível com a lerdeza que caracteriza a ação dos governos em geral e, em especial, do brasileiro.

Portanto, a via para aumentar as exportações passa por um esforço maior dos nossos empresários, ainda que, diante de dificuldades macroeconômicas, o governo possa, senão eliminar, ao menos minimizar eventuais problemas de ordem legal e/ou cambial que impeçam a indústria e o comércio de competir no mercado externo. Mas, de um presidente da República que desconhece a liturgia do cargo e pouco conhecimento demonstra para se colocar à frente da articulação de uma política externa, o comércio exterior brasileiro pouco pode esperar. Nessas circunstâncias, parece claro que esse momento de incertezas poderá ser superado apenas com ações e esforços da iniciativa privada. Milton Lourenço – Brasil

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Milton Lourenço é presidente do Grupo Fiorde, constituído pelas empresas Fiorde Logística Internacional, FTA Transportes e Armazéns Gerais e Barter Comércio Exterior (trading company), todas com matriz em São Paulo e filiais em vários Estados brasileiros. E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br

Timor-Leste – Distribuída máscaras pelas escolas próximas da fronteira

Díli - A Direção Nacional de Logística do Ministério da Educação, Juventude e Desporto (MEJD) distribuiu 15 mil máscaras pelas escolas de Bobonaro, Covalima, e Oé-Cusse, municípios que possuem fronteiras com a Indonésia.

“Adquirimos 15 mil máscaras graças ao apoio da Embaixada dos Estados Unidos da América, que nos concedeu este importante material de proteção individual. O apoio destina-se às escolas dos municípios de Bobonaro, Oé-Cusse e Suai”, informou o diretor do MEJD, Manuel de Jesus Santos, aos jornalistas, na quinta-feira (25/06), em Vila Verde.

Segundo o responsável, das 15 mil máscaras distribuídas, quatro mil destinam-se a Bobonaro, seis mil a Covalima e cinco mil ao enclave de Oé-Cusse.

Manuel de Jesus referiu ainda que a distribuição das máscaras recai, em primeiro lugar, em escolas localizadas junto à zona fronteiriça, sendo posteriormente entregues aos restantes estabelecimentos de ensino do território.

“Inicialmente procedemos à identificação das escolas localizadas em Bobonaro e Suai e só então distribuímos as máscaras. Não o fizemos na região de Oé-Cusse, pois as fronteiras mantêm-se encerradas”, referiu.

O responsável acrescentou que, apesar de ter sido realizada a distribuição das máscaras, estas escolas ainda não retomaram as aulas presenciais na medida em que carecem de equipamentos de higienização, um requisito imposto pelo Ministério da Saúde e MEJD.

“Recebemos igualmente o apoio da Embaixada da Austrália que nos ofereceu ao todo 250 mil máscaras, que ainda estão a ser produzidas. Esperamos que a sua produção possa brevemente terminar para podermos retomar as aulas presenciais das escolas do ensino básico”, disse.

O diretor garantiu também que o MEJD envidou todos os esforços para cimentar a cooperação com os vários parceiros de desenvolvimento com vista à concessão das máscaras aos alunos. In “Timor Post” – Timor-Leste

Macau – Instituto Cultural dá indicações para preparativos do Festival da Lusofonia

Foram dadas indicações, por parte do Instituto Cultural, para que a comissão organizadora do Festival da Lusofonia comece os trabalhos preparativos. Apesar das incertezas geradas pelas constantes alterações das medidas relacionadas com a pandemia, Amélia António avançou à Tribuna de Macau que, ainda que em moldes “diferentes”, o evento deverá ter lugar junto às Casas-Museu da Taipa no período habitual de Outubro



O Instituto Cultural deu indicações à comissão organizadora do Festival da Lusofonia para que começasse os trabalhos preparativos do evento, que deverá voltar a realizar-se na zona das Casas-Museu da Taipa.

“Há indicações [do Instituto Cultural] de que é para fazer, mas até lá precisamos de outras confirmações”, indicou Amélia António ao Jornal Tribuna de Macau ao afirmar que, por enquanto os trabalhos estão “em ‘standby’, porque começar a trabalhar com coisas que implicam gastos, sem certezas absolutas é complicado”.

A presidente da Casa de Portugal em Macau explicou que ainda não há uma confirmação oficial, uma vez que, dado o actual contexto “vivemos cada dia por si”. “As datas previstas serão as habituais, em Outubro, mas daqui até lá não sabemos como serão as medidas”, acrescentou a propósito do evento que geralmente se realiza no final de Outubro.

Entre muitas incertezas, Amélia António aponta apenas que os contornos desta edição serão diferentes. “Penso que os moldes não serão exactamente os habituais. Não temos ideia se nessa altura é possível trazer gente de fora ou não, ou se terá de ser feita com os artistas locais”, disse, observando que também os visitantes serão outros. “Uma grande parte dos frequentadores da ‘Lusofonia’ são chineses do Continente e expatriados de Hong Kong”, que por agora não podem entrar na RAEM, recordou.

Sobre a implementação das medidas restritivas, Amélia António alerta que poderá será “muito complicado” nas Casas-Museu da Taipa, até porque se o número de visitantes for elevado será “difícil” de cumprir.

Por outro lado, sobre a Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa, a presidente da Casa de Portugal disse apenas que “o que está a ser pensado também é muito diferente”. “Mas, uma vez que ainda não anunciaram publicamente, não me vou adiantar muito. No entanto, quanto à divulgação da gastronomia e do artesanato que integra a Semana Cultural, em princípio será feita alguma coisa”, disse.

Já sobre a “parte mais cultural, como teatros e exposições, isso não sei se vai ter de alguma maneira”, mas “se fizerem provavelmente irão recorrer a meios digitais”, afirmou, salvaguardando que este ano esta dinâmica não está a cargo da Casa de Portugal. “O artesanato e a gastronomia abrangem toda a gente, mas o teatro e as artes visuais têm um sistema rotativo entre os nove países assinalados”, esclareceu.

Recorde-se que o Festival da Lusofonia começou a ser realizado em 1998 e conta com a participação das nove comunidades lusófonas locais: Angola, Brasil, Cabo Verde, Goa, Damão e Diu, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. O evento é também organizado pelo Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Sofia Rebelo – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

domingo, 28 de junho de 2020

Espanha - Prémios de animação ibero-americana, filmes portugueses galardoados

A animação “Klaus”, do realizador espanhol Sérgio Pablos, foi eleita o melhor filme dos Prémios Quirino de Animação Ibero-Americana, numa edição em que foram ainda distinguidos filmes de Bruno Caetano e João Gonzalez



Os Prémios Quirino, cujos premiados da terceira edição foram anunciados ‘online’, foram criados em 2018 para reconhecer a produção de quem trabalha no cinema de animação do espaço ibero-americano, dos dois lados do Atlântico.

Klaus” (na imagem acima), que esteve este ano indicado para os Óscares, venceu o Quirino de melhor filme e ainda o prémio de melhor desenho de animação.

O filme foi produzido pela espanhola SPA Studios, estreado na plataforma Netflix e contou com a participação dos portugueses Sérgio Martins, na direção de animação, e Edgar Martins, no departamento de argumento.

O realizador João Gonzalez venceu dois prémios com o filme “Nestor” (veja trailer abaixo), produzido na Royal College of Art, em Londres, onde estudou Animação: Conquistou o Quirino de melhor curta-metragem escolar e o prémio de melhor desenho de som e música original.

O filme “O peculiar crime do estranho sr. Jacinto” valeu ao realizador português Bruno Caetano o prémio de melhor desenvolvimento visual.

Tainá e os guardiões da Amazónia”, do realizador brasileiro André Forni, venceu o prémio de melhor série de animação, e o filme colombiano “El pájarocubo”, de Jorge Alberto Vega, foi distinguido como a melhor curta-metragem.

A cerimónia de entrega dos prémios Quirino estava marcada para 18 de abril, em Tenerife, em Espanha, mas foi adiada para hoje e decorreu apenas ‘online’ por causa da pandemia da covid-19.

Em paralelo aos prémios, a organização promoveu ao longo do mês de junho várias iniciativas, entre as quais um fórum de coproduções para profissionais e conferências com transmissão online.

Mais de 20 países, incluindo Portugal, estiveram na criação destes prémios, batizados em homenagem ao realizador italo-argentino Quirino Cristiani. In “Bom dia Europa” - Luxemburgo


Portugal - Biblioteca de escritor português quer ser referência na manutenção de títulos brasileiros

O escritor português Adélio Amaro está a desenvolver um projeto pessoal que promete dar destaque à literatura brasileira. Em causa está a criação da Biblioteca e Arquivo Adélio Amaro (BAAA) que reúne títulos dedicados a Leiria, ao arquipélago dos Açores e à etnografia.

Numa nova fase, que teve início há alguns meses, a Biblioteca está a apostar no desenvolvimento de uma parte totalmente dedicada ao mundo das letras no Brasil.

O objetivo, segundo o escritor, é “desenvolver a parte brasiliana para que em Leiria, Portugal, possa existir uma biblioteca dedicada aos autores e temas brasileiros”.

“O projeto surgiu apenas para catalogar o acervo que adquiri e fui colecionado ao longo dos anos, até que começou a ganhar outra dimensão, passando, nos dias de hoje, os 12 mil volumes e mais de 30 mil entradas documentais, das quais se destaca a enorme coleção de títulos de Revistas, Jornais e Catálogos de todo o mundo, que conta com quase três mil títulos”, afirma Adélio Amaro, que revela que o livro mais antigo que tem em mãos é de 1592, além de outros volumes dos séculos XVII, XVIII e XIX.

A Biblioteca e Arquivo Adélio Amaro trata-se de um projeto particular, “sem qualquer tipo de apoio financeiro”, que nasceu em 2008.

A BAAA está a desenvolver, para 2021, exposições temáticas em bibliotecas, associações, escolas e outros espaços com o acervo que dispõe, assim como estuda realizar tertúlias.

Este projeto, com sede em Leiria, no Centro de Portugal, aceita doações de títulos, com especial atenção para os brasileiros.

Para informações sobre como fazer a doações, os interessados podem contatar o escritor, autor de dezenas de livros, pelo e-mail: 
adelioamarobiblioteca@gmail.com. Igor Lopes - Brasil In “Mundo Lusíada”

Estados Unidos da América – Estudo analisa a queda de gotas de água em superfícies biológicas



Um estudo publicado este mês pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, fez uma análise das gotas de chuva a alta velocidade que atingem superfícies biológicas, como penas, folhas de plantas e asas de insetos.

A investigação mostrou como os solavancos em microescala, combinados com uma camada em nanoescala de cera, desfazem e espalham essas gotas para proteger as superfícies frágeis de danos físicos e risco de hipotermia.

“Este é o primeiro estudo a entender como os pingos de chuva de alta velocidade afetam essas superfícies hidrofóbicas naturais”, disse Sunghwan “Sunny” Jung, professor de engenharia biológica e ambiental na Faculdade de Agricultura e Ciências da Vida americana e um dos responsáveis pelo estudo.

Estudos anteriores analisaram a água a atingir insetos e plantas com baixos impactos e observaram as propriedades de limpeza do líquido. Mas, na natureza, os pingos de chuva podem cair a taxas de até 10 metros por segundo; portanto, esta investigação cientifica examinou como os pingos de chuva, que caem a alta velocidade, interagem com superfícies naturais super-hidrofóbicas.

Os pingos de chuva representam riscos, disse Jung, porque o seu impacto pode danificar as frágeis asas de borboleta, por exemplo.

“[Ser atingido por] gotas de chuva é o evento mais perigoso para este tipo de animal pequeno”, afirmou, observando que o peso relativo de uma gota de chuva que bate em uma asa de borboleta seria análogo a uma bola de bowling a cair do céu num ser humano.

No estudo, os especialistas recolheram amostras de folhas, penas e insetos, e colocaram-nas numa mesa e deitaram gotas de água de alturas de cerca de dois metros, enquanto registavam o impacto em alguns milhares de fotografias por segundo com uma máquina fotográfica de alta velocidade.

Ao analisar o filme, descobriram que quando uma gota atinge a superfície, ela ondula e espalha-se. Uma camada de cera em nanoescala repele a água, enquanto grandes saliências em microescala na superfície criam buracos na gota de chuva que se espalha.

“Considere estas saliências como agulhas”, disse Jung. Se alguém atirasse um balão nestas agulhas, “esse balão partiria-se em pedaços menores. A mesma coisa acontece quando a gota de chuva bate e se espalha.”

Essa ação destruidora reduz a quantidade de tempo em que a gota está em contato com a superfície, o que limita o momento e reduz a força de impacto numa asa ou folha delicada. Também reduz a transferência de calor de uma gota fria. Isso é importante porque os músculos de uma asa de inseto, por exemplo, precisam estar quentes o suficiente para voar.

Repelir a água o mais rápido possível também é importante porque a água é muito pesada, dificultando o voo de insetos e pássaros e sobrecarregando as folhas das plantas.

Já existe um grande mercado para produtos que usam exemplos da natureza – conhecidos como biomimética – no seu design: sprays resistentes à água para roupa e sapatos e o descongelamento nas asas de aviões. As conclusões deste estudo podem levar à criação de produtos no futuro.

O estudo foi financiado pela National Science Foundation e pelo Departamento de Agricultura dos EUA. In “Green Savers Sapo” - Portugal

Angola - Transportadora aérea não prevê "por enquanto" ligação Lisboa/Luanda

A transportadora aérea angolana TAAG não prevê, "por enquanto", voos humanitários na rota Lisboa/Luanda para repatriar angolanos, mas prepara a programação para retomar após as restrições, devido à covid-19, disse fonte da companhia

"Não temos previsão de realizar (...) Lisboa/Luanda para repatriar os nossos cidadãos nacionais que estejam em Lisboa", afirmou hoje o director comercial da companhia Carlos Von Hafe, quando questionado pela Lusa.

O responsável que falava em conferência de imprensa de anúncio da chegada da primeira aeronave do modelo Dash8-400 ao país, prevista para segunda-feira, afirmou que a transportadora está já a programar a retoma dos voos quando reabrir o espaço aéreo.

Carlos Von Hafe assegurou que "oportunamente" a TAAG vai comunicar quantas frequências irá operar para as rotas já existentes e "eventualmente se teremos o caso de suspensão de algumas rotas".

"Muito em breve nos iremos pronunciar relativamente a esta questão das frequências", respondeu à Lusa.

Para o director comercial da TAAG, a entrada em funcionamento da frota das seis aeronaves do tipo Dash8-400 irá reflectir-se na redução do consumo de combustível, dos custos de manutenção, dos custos de operação em terra, entre outros.

Os novos aviões, adquiridos ao construtor aeronáutico canadiano De Havilland Aircraft, devem "viabilizar a sustentabilidade da empresa", segundo o responsável.

Questionado pela Lusa sobre a perspetiva da viabilização da companhia que se encontra tecnicamente falida, Von Hafe, escusou-se a abordar estas questões e falou apenas em "eficiência operacional e financeira".

"Estas novas aeronaves vão protagonizar uma série de redução de custos operacionais, como a redução do consumo do combustível, quando comparamos com o Boeing 737 para o nosso destino doméstico", justificou.

O consumo de combustível "representa para a companhia e para toda a operação, não só para a TAAG, mas sim para outras companhias também, cerca de 25% dos custos operacionais globais da companhia", indicou, acrescentando que a afectação destas aeronaves terá impacto na redução dos custos.

"Poderemos obter naturalmente aqui alguns ganhos", concluiu. In “Novo Jornal” – Angola com “Lusa”

UCCLA – Anunciado o vencedor da 5.ª edição do Prémio Literário UCCLA - Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa



Na data em que a UCCLA assinala 35 anos de existência, orgulha-se de anunciar que o livro “O Heterónimo de Pedra”, de Henrique Reinaldo Castanheira, é o grande vencedor da 5.ª edição do Prémio Literário UCCLA - Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa.

A obra vencedora, constituída por pequenos contos numa tessitura que implica as narrativas umas nas outras, toma o tema da viagem como seu eixo essencial, ligando-se o texto a imagens que fazem parte integrante da obra. O autor, Henrique Reinaldo Castanheira, tem 61 anos, é português e natural de Lisboa. A obra será publicada pela Guerra e Paz editores, com a chegada às livrarias no final de Setembro próximo.

O júri atribuiu, ainda, duas menções honrosas. Em prosa, a “Os Animais Mortos na Berma da Estrada” de Hugo Miguel dos Santos Pereira (36 anos, de nacionalidade portuguesa e residente na Bulgária). Em poesia, a “Um Museu Que Arde” de Tiago Manuel Martins Aires (de 37 anos, Português e residente em Poiares, Peso da Régua).

O júri quis ainda destacar dois dos finalistas, duas obras poéticas de autoras brasileiras: “42 Dias”, livro de poemas de Fernanda Nogas (de 42 anos, residente em Curitiba, Paraná), e “Espelhos”, de Cátia Maria Carneiro Sena Hughes (de 56 anos, residente em Ilhéus, Bahia).

O júri - que teve como representante da UCCLA Rui Lourido - foi constituído por escritores e professores de todos os países de língua portuguesa, que avaliou obras vindas de 22 países, da Ásia, África, América do Norte e do Sul, e da Europa, consolidando-se este prémio de revelação Literária, como o maior, a nível de candidaturas, de todo o espaço dos Países de Língua Portuguesa.

Grato ao júri pelo excelente trabalho feito, a UCCLA agradece sobretudo a todos os autores que concorreram. “Uma tão grande afluência permite-nos - afirmou Vítor Ramalho, Secretário-geral da UCCLA - levantar bem alto a bandeira da diversidade, com uma participação de mulheres escritoras a atingir os 31%, e uma marcada presença de jovens, a bater nos 56%, o que não inibiu a participação de seniores, um deles com 98 anos, o que muito nos inspira confiança no futuro deste prémio e no futuro da Literatura.”

Leia aqui a informação do júri da 5.ª edição do Prémio Literário UCCLA.




Ausência (tempo • dinheiro)

Às vezes não temos o tempo que necessitamos, outras o dinheiro que precisamos. Raramente as duas condicionantes se encontram em harmonia. Raramente estamos estáveis.

“Ausência” é um hino para aqueles que contam os dias e os trocos, um hino a todos os que estão a viver e sobreviver nestes tempos loucos. Fala por mim, por ti, e por todos nós. Precisamos de ser ouvidos, de ser apoiados, enquanto criadores, enquanto humanos.















Ausência (tempo • dinheiro)

Vamos aprender português, cantando


No fim do mês, esperado
falta-me um pedaço
traço-me por trocos
definho por dentro
porque eu não tenho tempo, não tenho dinheiro

Quando finda
quando falta
quando tenta
quando cessa

Eu nunca pedi nada
eu sempre pedi tudo

Foque – Portugal

Beatriz Bronze (Evaya) - Portugal


sábado, 27 de junho de 2020

Estados Unidos da América - Cem anos de rádio portuguesa na Califórnia

Um novo projeto do Instituto Português Além-Fronteiras e da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) vai recolher sons, entrevistas e dados sobre o centenário da rádio em português, que foi lançada na Califórnia em 1920

“Foi a primeira vez que se fez rádio em língua portuguesa no mundo”, disse à Lusa Diniz Borges, presidente do Instituto Português Além-Fronteiras, que está sediado na Universidade Estadual da Califórnia, Fresno.

O responsável sublinhou que as emissões começaram antes da chegada da rádio a Portugal, que aconteceu em 1924.

“Quando começaram as primeiras estações de rádio começou logo a rádio em língua portuguesa, o que é fascinante”, afirmou, dizendo que as primeiras estações de rádio nos Estados Unidos chegaram em 1919.

A rádio em português foi inaugurada em 10 de junho de 1920 por José Vitorino, um emigrante açoriano oriundo da ilha Terceira. A emissão era feita a partir da cidade de Stockton, no vale de São Joaquim, intitulava-se “Vasco da Gama” e passava na estação de rádio KBMC, que entretanto deixou de existir.

De acordo com uma entrevista a outro pioneiro luso-americano da rádio, Frank Mendonça, Vitorino era analfabeto, o que o professor considera notável. A emissão era feita com a companhia de um amigo que tocava viola e assim proporcionava momentos musicais aos emigrantes que sintonizavam a estação.

“Ele foi o único a ter rádio em língua portuguesa entre 1920 e 1930. Dois anos mais tarde, em 1922, começou um programa em Visalia, uma vez por semana”, contou Diniz Borges.

O projeto do Instituto (PBBI, na sigla inglesa) e da FLAD vai durar um ano e passará pela recolha de gravações antigas de pessoas a falarem dos anos iniciais, gravações dos programas de rádio e entrevistas com luso-americanos que têm memória das décadas seguintes.

“Estamos a ter conversas com pessoas que ainda se lembram não de 1920, obviamente, mas que se lembram da rádio nos anos quarenta e cinquenta”, disse Diniz Borges.

“Depois estamos a ter conversas com pessoas que foram pioneiras da segunda onda da rádio, a que começou pós-vulcão dos Capelinhos”, explicou, referindo-se à erupção nos Açores em 1958, que levou a uma grande vaga de emigração para a Califórnia.

O objetivo é arquivar todo o material dentro do projeto alargado das histórias orais e organizar uma exposição cronológica sobre a rádio de língua portuguesa na Califórnia, quando regressarem as atividades presenciais após a pandemia de covid-19.

“A rádio foi de suma importância para a comunidade”, sublinhou Diniz Borges. “Os programas de rádio eram a grande fonte de informação para a comunidade e para a ligar à língua portuguesa”, acrescentou, afirmando que foi vital para as famílias continuarem a ter uma ligação a Portugal.

As emissões deram também um “enorme contributo” para a continuação da língua portuguesa na Califórnia, com um peso importante antes de serem lançados os primeiros cursos de português nas escolas secundárias e nas universidades.

De acordo com uma entrevista arquivada na história oral da Universidade Estadual da Califórnia, Berkeley, José do Couto Rodrigues, sobrinho do radialista Agnelo Clementino, disse que entre 1963 e 1971 houve 53 programas de rádio em português na Califórnia. Estes programas tinham, inclusive, clubes de fãs associados.

“Os locutores da rádio eram uma espécie de deuses da comunidade, eram líderes no verdadeiro sentido da palavra e comunicadores por excelência”, afirmou Diniz Borges. “Havia sempre algum despique entre um e outro”.

Agnelo Clementino e Joaquim Esteves, dois dos maiores locutores da rádio na Califórnia, chegaram a organizar um debate frente a frente em Oakland, que segundo o presidente do Instituto levou mais de 900 pessoas a assistir.

As emissões em português continuam até hoje com vários programas em frequências FM, AM e via internet. O programa em português mais antigo em toda a América do Norte chama-se “Saudades da Nossa Terra” e é de Miguel Canto e Castro, que completa em 2 de julho 59 anos no ar.

Em Los Banos, vale central da Califórnia, a estação KLBS ainda transmite em português 14 horas por dia e em São José, a KSQQ fala português quatro horas diárias.

Diniz Borges, que apresenta o programa em inglês “Portuguese-American Hour” na KGST, refere que este é um bom momento para “falar da audácia do senhor José Vitorino há cem anos” e fazer um trabalho de pesquisa, “porque mesmo aqueles que estiveram envolvidos na rádio nos anos sessenta já são pessoas com idade” e é preciso “registar esses acontecimentos”. In “Bom dia Europa” - Luxemburgo com “Lusa”