Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 31 de dezembro de 2022

França - Laurence de Magalhães e Stéphane Ricordel vão dirigir o Théâtre du Rond-Point des Champs Elysées

O ano termina bem para a lusodescendente Laurence de Magalhães acaba de ser nomeada com Stéphane Ricordel, para a Direção do Théâtre du Rond-Point des Champs Elysées, substituindo já a partir de segunda-feira, o mediático Jean-Michel Ribes, há 22 anos nesta função.

Laurence de Magalhães e Stéphane Ricordel partilham a vida, mas também as aventuras teatrais, já que fundaram, em 1993, a companhia de circo contemporâneo Les Arts Sauts – Stéphane Ricordel é trapesista – e dirigem, também juntos, há 12 anos, o Théâtre Le Monfort, em Paris, anteriormente chamado Théâtre Silvia Monfort. Agora, vão dirigir juntos o Théâtre du Rond-Point, numa escolha conjunta do Ministério francês da Cultura e da Mairie de Paris.

Foi com entusiasmo que Laurence de Magalhães aceitou a notícia da sua nomeação deste teatro emblemático e central.

Laurence de Magalhães e Stéphane Ricordel, que têm uma casa em Lisboa onde vão ganhar inspiração, dirigem também há 6 anos, o Festival Paris Quartier d’été, rebatizado, entretanto, Paris l’été.

O Théâtre du Rond Point, tal como o Théâtre Le Monfort, tem três salas, mas a capacidade duplica. O casal pretende dinamizar o espaço, com a sensibilidade que os caracteriza e criar um espaço de vida e de convívio. “No Montfort faltava-nos orçamento” deixa Laurence de Magalhães, na esperança que nas novas funções, encontro os meios que lhe faltavam para convidar os artistas internacionais que já identificou. In “LusoJornal” - França

 

Instituto Internacional da Língua Portuguesa - João Laurentino Neves será o novo director-executivo

O antigo director do Instituto Português do Oriente deverá ocupar o cargo no início do ano que se avizinha. João Laurentino Neves tem uma ligação a Cabo Verde de alguns anos, por isso volta a um país que bem conhece e o agraciou, em 2011, o 1.º Grau da Medalha de Mérito. Já esteve ligado ao IILP, nomeadamente entre 2003 e 2008, quando participou na Assembleia Geral e Conselho Científico do instituto

João Laurentino Neves vai assumir a direcção-executiva do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) sucedendo ao guineense Incanha Intumbo, que se encontrava no cargo desde 2018, avançou ontem a TDM – Rádio Macau.

O antigo director do Instituto Português do Oriente (IPOR) entre 2012 e 2018 é, actualmente, vogal do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, tendo sido substituído no cargo, em Macau, por Joaquim Coelho Ramos.

O IILP tem sede na Praia, capital de Cabo Verde, país que João Laurentino Neves conhece bem, uma vez que foi Adido Cultural junto da Embaixada de Portugal naquela cidade cabo-verdiana (2003 a 2012), funções que acumulou, por despacho de nomeação, com as de diretor do Camões – Centro Cultural Português na Praia, precisamente antes de ser colocado na RAEM.

A sua ligação ao IILP não começa agora. Foi membro da delegação de Portugal na Assembleia Geral e Conselho Científico do instituto, entre 2003 e 2008, precisamente durante o tempo em que estava radicado em Cabo Verde.

Em 2011, devido a reconhecidos préstimos a Cabo Verde, recebeu, da mão Presidente da República daquele país, o 1.º Grau da Medalha de Mérito.

João Laurentino Neves nasceu em 23 de Fevereiro de 1963, em Aveiro. Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas – Estudos Portugueses e Ingleses pela Universidade do Porto e Mestre em Relações Interculturais pela Universidade Aberta, onde é doutorando na mesma área de estudos. Docente do ensino secundário e orientador de estágio integrado entre 1985 e 1995. Leitor de Língua e Cultura Portuguesa na Universidade Pedagógica e na Universidade Católica de Moçambique, em Nampula – Moçambique (1995-2000), onde criou, em 1998, o Centro de Língua Portuguesa/Instituto Camões, o primeiro da Rede de Centros de Língua Portuguesa do Camões no mundo, do qual foi o responsável.

Foi igualmente responsável do Centro Coordenador dos Centros de Língua Portuguesa/IC, no Instituto Camões (2000-2002), com funções de supervisão da rede CLP/IC.

Membro da delegação de Portugal na Subcomissão Mista Portugal-RAEM para a Língua e Educação, entre 2016 e 2018 e participou em encontros e conferências sobre promoção da Língua Portuguesa em Moçambique, África do Sul, Namíbia, Guiné-Bissau, Cabo Verde, França, Espanha, Roménia, Guatemala, Timor Leste e República Popular da China.

O IILP é uma instituição da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP), que goza de personalidade jurídica e é dotada de autonomia científica, administrativa e patrimonial. O instituto promove um contacto mais estreito entre os países e as suas equipas técnicas, permitindo a execução de uma política linguística consensuada. Gonçalo Pinheiro – Macau in “Ponto Final”


Cabo Verde - Cremilda Medina divulga novo single “Serenata” e anuncia novo álbum para 2023

Lisboa – A artista cabo-verdiana residente em Portugal Cremilda Medina termina o ano de 2022 com a divulgação do novo single denominado “Serenata”, e anuncia a edição do seu segundo álbum para o primeiro trimestre de 2023.


Depois de “Nôs Morna” e “Amá Sem Mêde”, “Serenata”, uma composição de Kaká Barbosa, é o terceiro single do seu próximo trabalho discográfico cuja produção está a cargo do pianista e produtor musical Fernando Andrade.

À Inforpress, Cremilda Medida disse que “Serenata” tem um significado “muito especial” na medida em que ela é uma composição de amor, uma “Serenata” cabo-verdiana à moda antiga, composta por uma pessoa “muito especial” na sua caminhada musical desde há muito tempo.

Cremilda Medina lembrou que antes do desaparecimento físico de Kaká Barbosa, no mês de Maio de 2020, esteve em sua casa na Cidade da Praia onde ele mostrou-lhe as suas composições e partilhou com ela a letra de “Serenata”.

“Serenata é o anúncio do meu próximo disco que será editado no primeiro trimestre do próximo ano, disco esse que já vem sendo preparado há algum tempo. Este novo álbum vai seguir a linha de “Folclore”. Quando começamos esta caminhada, estipulamos uma linha, um objectivo e este novo disco não foge do que foi idealizado, será um álbum de mornas e coladeiras”, explicou.

De acordo com a artista, o próximo álbum terá como convidado especial Tito Paris, no tema “Nôs Morna”, single que já foi editado há algum tempo, mas que desde sempre fez parte deste disco, indicando que o disco terá 13 temas.

Os temas são entre mornas e coladeiras, entre originais e regravações, entre “compositores do antigamente e compositores do agora”, como forma de preservar as memórias, e composições de agora, com novas linhas, com novos desafios.

“Eu costumo sempre dizer que cada cabo-verdiano é um embaixador da nossa cultura, e eu sou mais uma nesta senda de levar a música, principalmente a nossa morna e coladeira, além-fronteiras. Julgo que cada um de nós carrega consigo a cultura de Cabo Verde, e com isso vamos divulgando a nossa música ao mundo, outros já o fizeram no passado, e cabe a nós, os da nova geração, continuarmos a levar a nossa cultura para fora de Cabo Verde”, frisou.

Para Cremilda Medina, por vezes é “muito difícil”, principalmente quando se trabalha de forma independente, mas defendeu que não se pode “perder o foco” e o objectivo, que é continuar a levar o nome de Cabo Verde aos palcos de todo o mundo.

Cremilda Medina, natural da ilha de São Vicente, lançou o seu primeiro álbum “Folclore” em 2017, também com 13 temas. In “Inforpress” – Cabo Verde


sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Lusofonia - “Através deste prémio literário tive a oportunidade de pesquisar, entender e escrever sobre Macau”, afirma Edvirges Salgado

Em discurso directo, a vencedora da segunda edição do Prémio A-Má, explica ao Ponto Final que é apaixonada pela cultura chinesa. Admite que foi difícil escrever sobre Macau, um local que nunca conheceu, mas sente “imensa gratidão” por ter sido agraciada com o prémio promovido pela Fundação Casa de Macau, em Portugal

A brasileira Edvirges Salgado foi a grande vencedora da segunda edição do Prémio A-Má, promovido pela Fundação Casa de Macau com o trabalho “Enigma da Primeira Lua”. Fomos à procura de saber quem é a autora residente em Santo António do Grama, situada no Estado de Minas Gerais, no Brasil, e do significado deste prémio.

Ao Ponto Final, Edvirges Salgado mostrou-se surpresa com o primeiro lugar e também com alguma exposição mediática que adveio dessa situação, no entanto mostra-se grata por tudo. “Realmente não consigo achar as palavras certas para dizer o que sinto. É um misto de diversos sentimentos como gratidão, felicidade, alegria, surpresa, realização, vitória, superação, paz. É claro que queria ser agraciada com este prémio, mas já estaria feliz apenas por ter tido a oportunidade de participar, e mais ainda de receber um diploma de participação”, começou por dizer ao nosso jornal.

E agora, o que podemos esperar do futuro? A autora brasileira está tranquila e fala em “coragem” para participar. “A gente pesquisa, escreve, pesquisa novamente, corrige, pensa um pouquinho mais no diálogo, edita o texto. É um ciclo até acreditarmos que o texto está bom. Então também queremos ter algo de recordação por aquele momento dedicado. Para mim, somente por ter coragem de participar já foi um grande passo. Senti-me realmente vitoriosa por ter derrotado o meu medo de rejeição e enviado meu texto”, confessou.

“Enigma da Primeira Lua” é o título do trabalho vencedor. O conto de Edvirges Salgado aborda o famoso Festival das Lanternas chinês, algo que só viu em vídeo e fotografias. “Ao assistir a séries chinesas, principalmente as de época, vi que isso é muito comum na Ásia. Achava aquilo fantástico e queria trazer isso para o meu texto. Queria que outras pessoas que o lessem, sentissem a energia deste festival. Então, o enigma, o mistério do qual falamos se revela durante este lindo festival. Narro um pouco sobre as diferenças culturais entre Oriente e Ocidente através dos olhos da minha protagonista, que é de origem luso-brasileira”, explicou ao nosso jornal.

Depois, já no enredo profundo do conto, a autora acaba por desenvolver “um romance para a protagonista, que afinal irá descobrir qual o mistério que a permeia”. “Trata-se de um conto simples, mas que tem como objectivo principal falar sobre a incrível cidade chinesa que tem como um de seus idiomas oficiais o português; cidade esta que me conquistou de imediato por sua história e peculiaridades”, afirmou, referindo-se a Macau, e acrescentando: “Através deste prémio literário tive a oportunidade de pesquisar, entender e escrever sobre Macau, mesmo nunca tendo estado lá. Sou apaixonada pela cultura chinesa então fiquei muito feliz por poder falar e entender um pouco mais sobre ela. Estou super ansiosa para conhecer tais locais [Macau e Portugal] e fico feliz de saber que se for para o Oriente não ficarei tão perdida por não conhecer os idiomas locais, pois haverá um idioma conhecido”.

Licenciada em Ciências Contábeis e Matemática, actualmente trabalha numa escola pública da rede estadual do município onde reside. Edvirges Salgado confessa, no entanto, que sempre teve o bichinho da escrita desde muito nova. “A minha outra opção era Comunicação Social ou Jornalismo. Desde pequena, gosto muito de ler e criar mentalmente os meus próprios finais de diálogos e histórias. Mas a verdade é que pensando bem, além de ser utópica também sou pé no chão. Sabia que mesmo formando-me, encontraria muitas dificuldades de serviço nesta área. Logo, acabei escolhendo a minha primeira opção. Embora possua rascunhos de histórias em alguns géneros literários, a escrita é apenas um hobby e uma forma de terapia. Gosto de brincar com as palavras e desejo continuar a fazer isso, porque me faz bem. Sobre o futuro, tudo é possível”, vaticinou, referindo que, agora, vai estar mais atenta ao seu lado literário.

A Fundação Casa de Macau criou o Prémio A-Má que visa “incentivar e premiar o talento e a criatividade no âmbito da divulgação e da valorização da identidade macaense, em particular na sua expressão literária”. Cada candidato apenas pôde submeter a concurso um trabalho inédito. O regulamento do concurso, criado em 2021, considera admitidos a concurso contos, crónicas, poemas e textos dramáticos, cuja temática seja sobre Macau ou sobre a cultura macaense, “sob qualquer perspectiva ou interpretação do autor”. Gonçalo Pinheiro – Macau in “Ponto Final”


UCCLA - Apresentação do livro “Memórias em Tempo de Amnésia” de Álvaro Vasconcelos

Um testemunho pessoal da viagem e da vivência em África é o que nos traz o escritor Álvaro Vasconcelos, na sua obra “Memórias em Tempo de Amnésia - Uma campa em África” (volume 1), que será apresentado no dia 10 de janeiro, às 18 horas, no auditório da UCCLA. Um livro que quer preservar a memória, contra a política do esquecimento e o revisionismo histórico sobre o crime contra a humanidade que foi o colonialismo.

Com a chancela das Edições Afrontamento, o livro será apresentado por Margarida Calafate Ribeiro e Victor Barros, com moderação de Marta Lança. Haverá declamação pela voz de Aoaní Salvaterra.

A apresentação do livro será transmitida em direto através da página do Facebook da UCCLA em:

https://www.facebook.com/UniaodasCidadesCapitaisLinguaPortuguesa


Sinopse:

Estas Memórias em Tempo de Amnésia são publicadas em dois volumes. O livro trata sobretudo do que era proibido lembrar, do que era subversivo memorizar. Os crimes deviam ser esquecidos para todo o sempre. Podia-se ser preso e torturado por ter visto o crime que nenhum registo podia guardar e ficava, apesar de todo o esforço dos fazedores de silêncio, na memória dos homens. Nos contadores de histórias, nos que pela tradição oral preservam as lembranças dos seus antepassados. Mas as dificuldades do presente funcionam como uma droga que apaga a memória e propaga como um vírus a amnésia coletiva, tornando a sociedade mais frágil perante ameaçadas já conhecidas pela humanidade.

Uma Campa em África, o primeiro volume, aborda os caminhos que me levaram, ainda menino, para África. Aí vivi entre 1953 e 1967, primeiro em Moçambique, depois na África do Sul. Pretende ser um testemunho da viagem às trevas que era viver em África no tempo em que o racismo era política de Estado, quer fosse na mentira luso tropical ou no horror do apartheid. É um testemunho em nome do dever de memória, contra a política do esquecimento e o revisionismo histórico sobre o crime contra a humanidade que foi o colonialismo.

Da Beira da minha infância, da cidade branca, resta uma campa; aí jaz a minha avó Amélia Claro, que eu tanto amara no Douro.

Biografia:

Álvaro Manuel Ribeiro Garcia de Vasconcelos nasceu no Porto, Portugal, a 4 de abril de 1944. Fez a escola primária e o liceu na cidade da Beira, Moçambique, e frequentou a Universidade de Witwatersrand, na África do Sul.

É o fundador do Fórum Demos. Investigador do CEIS20 da Universidade de Coimbra e foi investigador convidado do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (2014-2015). Foi diretor do Instituto de Estudos de Segurança da União Europeia/EUISS (2007-2012) e do Instituto de Estudos Estratégicos e Internacionais (IEEI) de Lisboa, desde a sua fundação, em 1980, até 2007.

Opositor do Estado Novo e da guerra colonial portuguesa. Viveu no exílio, em Bruxelas e Paris, de 1967 a 1974, onde fundou o jornal o Salto. Regressou a Portugal depois do 25 de Abril onde participou no processo de transição democrática.

É autor de numerosos artigos na imprensa portuguesa e internacional e autor e coautor de diversos livros e relatórios, particularmente em temas de política externa.

Autor do livro La Vague Démocratique Arabe. L’Europe et la question islamiste. Harmattan, Paris, 2014. Autor do livro: 25 de Abril no Futuro da Democracia, Estratégias Criativas, 2019 e do livro Utopias Europeias: o Poder da Imaginação e os Imperativos do Futuro, Álvaro Vasconcelos (coord.) Fundação Serralves, 2021. O seu último livro intitula-se De Trump a Putin: a Guerra Contra a Democracia, Edições Afrontamento, 2022.

Álvaro Vasconcelos é cavaleiro da Ordem da Legião de Honra (França) e Comendador da Ordem do Rio Branco (Brasil).

Conheça os intervenientes na sessão de apresentação do livro:

Aoaní Salvaterra nasceu em 1984, em Lobata, São Tomé e Príncipe. Licenciada em Comunicação Social, Jornalismo, pela FANOR, no Brasil. É Mestre em Teatro, Artes Performativas, pela Escola Superior de Teatro e Cinema, em Lisboa. Em 2012 lançou, em Luanda, pela editora Chá de Caxinde, a coletânea de crónicas intitulada “Miopia Crónica”. Foi oradora no primeiro evento TEDx de São Tomé e Príncipe. Desde 2017 tem trabalhado como atriz e performer em teatro, cinema e audiovisuais, com trabalhos exibidos na Alemanha, China, Estados Unidos, Itália e Portugal.

Margarida Calafate Ribeiro é investigadora-coordenadora no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e coordenadora da linha de investigação Europa e o Sul Global: heranças e diálogos (com Paula Meneses e Miguel Cardina). É doutorada em Estudos Portugueses pelo King´s College, Universidade de Londres (2001), mestre pela Universidade Nova de Lisboa e licenciada pela Universidade de Aveiro. É professora no programa de doutoramento Pós-Colonialismos e Cidadania Global (CES/FEUC) da Universidade de Coimbra e, com Roberto Vecchi, responsável pela Cátedra Eduardo Lourenço, Camões/Universidade de Bolonha e a coordenação de cursos de pós-graduação e-learning do Camões-Instituto da Língua e Cooperação. É membro da comissão científica do laboratório de investigação "LABEX - Les passés dans le présent", Universidade de Paris Nanterre e da Comissão Científica Editorial da Secretaria de Estado das Comunidades/Imprensa Nacional Casa da Moeda. Em 2015 recebeu uma bolsa do Conselho Europeu de Investigação (ERC), com o projeto de investigação «MEMOIRS - Filhos de Império e Pós-Memórias Europeias», que coordenou no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e é atualmente coordenadora do projeto FCT "MAPS - Pós-Memórias Europeias: Uma Cartografia Pós-Colonial". É autora, coautora e organizadora de vários livros, capítulos de livros e artigos.

Marta Lança nasceu em 1976, em Lisboa, Portugal. Trabalhadora independente em várias áreas no sector cultural, do cinema à programação. Muitos projetos são ligados ao Brasil e aos países africanos de língua portuguesa. Formou-se em Estudos Portugueses e já devia ter acabado o doutoramento em Estudos Artísticos (FCSH - UNL). Colaborou com diversas publicações portuguesas e angolanas. Criou as publicações V-ludo, Dá Fala e o portal BUALA (dinamizado desde 2010). Faz traduções de francês para português, nomeadamente de Achille Mbembe e Felwine Saar.

Víctor Barros é doutorado em Estudos Contemporâneos pela Universidade de Coimbra com uma tese sobre Comemorações e Memória do Império nas Colónias Durante o Estado Novo - tese distinguida, em outubro de 2020, no Prémio Internacional de Investigação Histórica Agostinho Neto. É também autor do livro Campos de Concentração em Cabo Verde: As Ilhas como Espaços de Deportação e Prisão no Estado Novo, distinguido com uma Menção Honrosa no Prémio de História Contemporânea Vitor de Sá, em 2008. Os seus interesses de investigação centram-se nas questões da história colonial e dos impérios coloniais, dos anticolonialismos, das políticas de memória, dos usos públicos da memória colonial, da escrita da história, entre outros. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e, enquanto tal, frequentou seminários de investigação na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), em Paris, e realizou trabalhos de pesquisas de arquivo em Angola, Cabo Verde, Moçambique e Portugal. Trabalhou como membro do projeto de investigação “Amílcar Cabral - Da História Política às Políticas de Memória”, tendo nesse âmbito realizado missões de pesquisas de arquivo e seminários em Cabo Verde, França, Guiné-Bissau e Portugal. Tem artigos publicados em revistas como The International History Review; Revista Portuguesa de História; Revista Angolana de Sociologia; Revista de História da Ideias; Práticas da História: Journal on Theory, Historiography and Uses of the Past; European Contemporary History, entre outras. É, atualmente, investigador na École des Hautes Études Hispaniques et Ibériques na Casa de Velázquez, em Madrid, e no Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa.




Brasil – A recém-descoberta árvore mais alta da Amazónia que corre risco de desaparecer

A árvore mais alta da Amazónia — um angelim-vermelho de aproximadamente 400 anos, 9,9 metros de circunferência e 88,5 metros de altura, o equivalente a um prédio de 30 andares — “corre perigo” por causa da ação ilegal de grileiros e garimpeiros, alertam ambientalistas


Ela é maior, por exemplo, do que alguns dos principais cartões-postais do mundo, como a Grande Esfinge de Gizé (20 metros), no Egito, o Cristo Redentor (38 metros), no Rio de Janeiro e a Torre de Pisa (57 metros), na Itália. Por pouco não ultrapassa o Big Ben (96 metros), em Londres, na Inglaterra e a Estátua da Liberdade (93 metros), em Nova York, nos EUA.

No passado dia 15 de dezembro, a Imazon e outras nove ONG lançaram uma campanha online com a hashtag #ProtejaAsArvoresGigantes, com o objetivo de chamar a atenção da sociedade para a necessidade de o governo do Pará fiscalizar e monitorizar a área. In “Milénio Stadium” – Canadá com “G1”


quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

França - Pedro Rupio diz que Linda de Suza contribuiu para a emancipação dos portugueses

O Presidente do Conselho Regional das Comunidades Portuguesas na Europa (CRCPE) enalteceu o papel da cantora Linda de Suza, que morreu ontem aos 74 anos, na emancipação da Comunidade portuguesa em França, que na altura enfrentava condições muito mais adversas.

Em declarações à Lusa, Pedro Rupio disse conhecer a importância da cantora, cuja “mala de cartão” simboliza a emigração “a salto” nos anos 60 e 70 do século passado, que teve sucesso num país onde muitos portugueses viviam em condições extremamente difíceis, nomeadamente nos famosos ‘bidonville’ (bairros de lata).

“Se há uma coisa que nunca mais se viu e que existia no tempo em que Linda de Suza emigrou para França foram os ‘bidonvilles’. É uma grande diferença”, observou.

Referindo-se à emigração a que Linda de Suza acabou por dar o rosto, Pedro Rupio indicou que os anos 60 e 70 do século XX tinham pouca emigração qualificada, ao contrário dos dias de hoje.

Contudo, o Presidente do CRCPE sublinha: “Ainda assim, em muitos países da Europa continua a assistir-se à chegada de Portugueses pouco qualificados e que enfrentam várias precariedades nos primeiros tempos nos países de acolhimento”.

Pedro Rupio reconhece a importância de figuras como Linda de Suza, com sucesso no país de acolhimento, e que ajudam a matar as saudades do país de origem. Carlos Pereira – França in “LusoJornal” com “Lusa”

 

Internacional - Populações de hipopótamos africanos em rápido declínio por causa do tráfico dos seus dentes de marfim

Com uma legislação pouco eficaz no controlo do tráfico dos dentes de marfim dos hipopótamos, por estar mais focada nos dentes de elefante, as populações deste gigantes dos rios africanos estão a ser exterminados a um ritmo alarmante, alerta a ONG Fundação Born Free


Esta organização internacional de defesa da vida selvagem lançou recentemente uma campanha - ao mesmo tempo que um relatório denominado "Dente por Dente?” - global de defesa dos hipopótamos africanos face aos dados alarmantes sobre os números de indivíduos nas populações selvagens em rápido declínio, estando o fenómeno a espalhar-se de forma acelerada, incluindo em Angola, Zâmbia, Botsuana, Moçambique...

A razão, além das já conhecidas, como a caça por causa da sua carne para alimentação humana e a perda alarmante de habitats, seja por causa da acção humana directa, seja por causa das severas e prolongadas secas que deixam os rios africanos com caudais insustentáveis, é a procura dos dentes destes animais como substituto do marfim dos elefantes.

Com as populações de elefantes cada vez mais reduzidas, claramente em vias de extinção, sendo Angola um bom exemplo, que passou de mais de 70 mil animais na década de 1970 para menos de três mil nos dias de hoje, com a legislação e o combate ao seu abate ilegal, os mercados que ainda anseiam por marfim, quase em exclusivo o asiático, acontecendo o mesmo para as escamas de pangolim, os chifres de rinoceronte, etc, encontraram nos dentes de hipopótamo a resposta.

Nestes mercados, os dentes de hipo são igualmente classificados como marfim e são, ainda, mais abundantes, e até agora, mais baratos e, como escreve o sítio Africanews, mais fáceis de obter, sendo que respondem de igual modo no uso de produção de peças decorativas.

Os hipopótamos estão há vários anos na lista vermelha das espécies ameaçadas de extinção e são uma das mais ameaçadas pelas alterações climáticas, especialmente devido às suas necessidades de longas permanências debaixo de água por causa do seu peso e por causa da sua pela sem defesas contra as longas exposições solares.

Com a redução dos caudais de muitos dos rios africanos, a redução da chuva e a diminuição dos espaços de pasto de que precisam em abundância, esta espécie vê-se agora sob ataque dos traficantes de marfim, como destaca o relatório da Fundação Born Free.

Neste documento pode-se ler que é na Tanzânia, Zimbabué, Uganda e Zâmbia que este problema surge com mais vigor, sendo a origem da maior parte dos quase 14 mil hipopótamos que foram abatidos para obtenção dos seus dentes para comercializar.

A África Central e Ocidental presenceia igualmente um forte declínio nas suas populações de hipopótamos, mas as razões são mais relacionadas com a caça para alimentação humana e perda de habitats. In “Novo Jornal” - Angola


 

Galiza - Estatísticas confirmam mínimos históricos no uso do galego



A partir dos dados do Censo 2021 do INE (Instituto Nacional de Estatística espanhol), na passada semana saia em vários meio de comunicaçom a notícia que situa o uso do galego por baixo do castelhano na Galiza por primeira vez na história. Um dado que nom surpreende, já que é coerente com o continuo retrocesso em que se situa a nossa língua desde há décadas.

Mais trabalhos tenhem analisado esta tendência, como o trabalho que publicamos neste portal, de Roberto Samartim, ou o estudo sobre as escolas infantis do concelho de Ames que realizou a RAG no ano passado e que constata que o sistema educativo funciona como espaço de perda linguística.

Umha realidade que preocupa as pessoas sensíveis à situaçom do idioma, e na que afundamos no PGL com umha série de entrevistas semanais durante todo o ano passado, para analisar a saúde do idioma após 40 anos de oficialidade, assim como o especial que vem decorrendo este 2022 focado na situaçom no ensino: Novo Ensino para o Galego.

Com os dados do recente adiantamento do castelhano sobre a língua própria, forom muitos os posicionamentos públicos a este respeito: da Mesa pola Normalización Lingüística mostraram a sua preocupaçom, com “que quase o 30% dos menores de 20 anos declarem sérias dificuldades ou impossibilidade de se exprimirem na língua da Galiza” sinalou o presidente da entidade, Marcos Maceira.

O presidente da Associaçom Galega da Língua (Agal), Eduardo Maragoto Sanches também falou para a imprensa a respeito destes dados, lamentando a “falta de visom estratégica” para evitar chegar a este momento, e para além de alarmar-se, sugere tomar medidas concretas: “Som otimista, mas devemos focar bem os objetivos. Nom faz sentido prolongar indefinidamente a estratégia de convencer cada galego por puro sentimentalismo ou patriotismo”, argumenta, nesse sentido fai finca-pé em as pessoas usuárias da língua sentirem a vantagem estratégica de fazer parte da lusofonia: “Falarmos diretamente com trinta países, essa é a maior plus-valia que tem o galego”, afirma o presidente da AGAL, que considera que isto, ademais, permite manter “o galego mais genuíno”.

Nesta linha, Ana Pontón, vozeira nacional do BNG, reconhece que é possível reverter a situaçom para impedir a perda “dum sinal de identidade e orgulho” que nos conecta “com mais de 300 milhons de pessoas”, declarou, em relaçom às comunidades lusofonas de todo o mundo. Ana Pontón denunciou o decreto do pluriliguismo no ensino como “a coartada” com que o PP lhe tira espaço no ensino ao galego, e denuncia que as crianças “entram pola porta da escola falando galego e saem falando castelhano”. Concordou nisto o Secretario Geral do PSdeG, Valentín González Formoso, quem sinalou que a promoçom do inglês do decreto “foi a escusa de Feijoo para reduzir o peso do galego na escola”.

Perguntado sobre esta questom, o presidente do governo galego, Alfonso Rueda, disse que no nosso país há “cordialidade linguística”, mas reconheceu a obriga de fomentar o uso do galego. In “Portal Galego da Língua” - Galiza

 

Turquia – Exposição de Paula Rego em Istambul evoca histórias contra violência e opressão

Uma exposição com obras da pintora Paula Rego que percorrem a sua produção desde 1960, em peças que confrontam a opressão, como “Salazar a Vomitar a Pátria”, estarão reunidas até Abril no Museu de Pera, em Istambul, na Turquia.

“A história das histórias” dá título a esta exposição, comissariada pelo curador Alistair Hicks, que estará patente naquele museu situado no bairro histórico de Pera, actualmente integrado no distrito de Beyoğlu, em Istambul.

Paula Rego, que morreu no passado mês de Junho aos 87 anos, é descrita como uma artista que “revolucionou as formas como as mulheres são representadas e que não cede nas suas verdades”, segundo o texto colocado na página do museu na Internet sobre a exposição, inaugurada a 23 de Dezembro.

Entre outras obras, estão expostas “Carmen Miranda” (1985), “Macaco Vermelho Bate na Mulher” (1981). No conjunto, os quadros selecionados percorrem o trabalho da artista portuguesa que se afirmou na cena londrina nas décadas de 1980 e 1990.

“A História das Histórias” pretende “mostrar como Paula Rego confronta autenticamente a opressão, a autoridade e a violência institucional sem ter medo de revelar a sua própria natureza pessoal e o contexto sociopolítico”, acrescenta o museu.

Na sua obra, Paula Rego, que se radicou em Londres nos anos 1970, abordou temas políticos, como o abuso de poder, e sociais, como o aborto, entre outros do universo feminino.

A exposição no Museu de Pera “visa demonstrar como ela lutou contra a depressão, o fascismo, o colonialismo e o movimento antiaborto, ao mesmo tempo em que liberou as suas histórias da repressão masculina”, acrescenta.

Prémios e identidade

Nascida em Lisboa, a 26 de Janeiro de 1935, numa família de tradição republicana e liberal, Paula Rego começou a desenhar ainda criança, um talento que lhe foi reconhecido pelos professores da St. Julian’s School, em Carcavelos. Partiu para a capital britânica com 17 anos, para estudar na Slade School of Fine Art.

Foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, para fazer pesquisa sobre contos infantis, em 1975, e, em Londres, conheceu o futuro marido, o artista inglês Victor Willing, cuja obra Paula Rego exibiu por várias vezes na Casa das Histórias.

Em 2010, foi ordenada Dama Oficial da Ordem do Império Britânico pela rainha Isabel e recebeu, em Lisboa, o Prémio Personalidade Portuguesa do Ano atribuído pela Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal.

Paula Rego recebeu, em 1995, as insígnias de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, em 2004, a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada e, em 2011, o doutoramento ‘honoris causa’ pela Universidade de Lisboa, título que possui de várias universidades no Reino Unido, como as de Oxford e Roehampton. Em 2019, foi distinguida com a Medalha de Mérito Cultural pelo Ministério da Cultura. In “Hoje Macau” - Macau

 

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

São Tomé e Príncipe – Material médico-hospitalar para o combate ao paludismo doado pela China


São Tomé – A embaixadora da China, Xu Ying Zhen entregou ao ministro da Saúde, Célsio Junqueira, um lote de materiais médico-hospitalares, no âmbito da ajuda chinesa ao projecto de luta contra o paludismo.

Da lista dos materiais constam, designadamente, aparelho de laboratório, máquina de fumigação, termómetro infravermelho, microcomputador, microscópio, purificador de água, frigorífico de ultrabaixa, GPS, homogeneizador, mascara de gás, TDR de paludismo, entre outros.

A embaixadora da China sublinhou, no acto de entrega, que “a China está e estará sempre disposta a trabalhar em conjunto com o Governo no processo de combate ao paludismo”.

O ministro da Saúde agradeceu o donativo e disse que “vem dar um grande impulso ao sistema nacional de saúde na luta contra o paludismo”.

Além do apoio material e do processo de fumigação nocturna e do tratamento em massa por comprimidos Artequick (Arteminina + Piperaquina) e Primaquina, a missão técnica chinesa tem ainda desenvolvido campanha de sensibilização em todos os distritos do país. Ricardo Neto – São Tomé e Príncipe in “STP-Press”  


 

Moçambique - Iveth manda “Carta para a Mãe Natal” em forma de música

Na passada sexta-feira, 23 de dezembro, a rapper moçambicana, Iveth, lançou o seu novo trabalho musical intitulado “Carta para Mãe Natal“, em várias plataformas digitais


Segundo uma nota enviada à Moz Entretenimento, a música “Carta para Mãe Natal” é uma crítica social que nos convida a reconstruir o sentido do Natal no viés mais humano possível. Nesta música, Iveth traz uma proposta de que o Pai Natal deste ano é uma Mãe, Mulher, Negra e veste capulana.

Na ficha técnica da música “Carta para Mãe Natal”, encontramos 7Kruzes na produção, assim como o estúdio Tchaya Records na captação e masterização. In “Moz Entretenimento” - Moçambique


Internacional - Consórcio financiado para desenvolver estrutura de monitorização do solo


O desenvolvimento, em 24 Living Labs europeus, de uma estrutura de monitorização do solo que seja transparente, harmonizada, económica e que permita a avaliação em várias escalas e por utilizadores diferentes é o objetivo do Benchmarks, projeto em que participa o Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), agora financiado com 12 milhões de euros.

A iniciar em janeiro de 2023, este projeto «pretende trabalhar dentro da missão europeia "Soil Health and Food" (alimentação e saúde do solo) que estabeleceu a meta de ter na Europa 75% dos solos saudáveis ou significativamente melhorados até à ao início da próxima década», revela Luís Cunha, investigador responsável pelo projeto na Universidade de Coimbra. «O Benchmarks foi também desenvolvido em linha com o Pacto Ecológico Europeu (Green Deal) e a Estratégia do Prado ao Prato (Farm-to-Fork), bem como os preparativos para uma nova lei da União Europeia sobre a proteção da saúde do solo», denota.

De acordo com Luís Cunha, o projeto internacional em que participa envolve cerca de três dezenas de instituições europeias e tem ainda definidos outros objetivos, nomeadamente «uma estrutura harmonizada e económica para medir a saúde do solo, a revisão dos indicadores propostos de SH&F e Benchmarks testados nos 24 Estudos de Caso de Paisagem, uma ferramenta integrada de saúde do solo que demonstra as ligações entre indicadores, funções do solo e serviços ecossistémicos, e também uma base científica de esquemas de incentivo à saúde do solo para empresas da cadeia de valor».

Com um período de execução de cinco anos, o Benchmarks vai estabelecer indicadores que requerem uma metodologia multidisciplinar, desde o uso de métodos focados nas propriedades físico-químicas do solo passando também pela biologia e bioquímica. Por outro lado, o foco a várias escalas exige a inclusão de métodos desde a biologia molecular até métodos de deteção remota e sistemas de informação geográfica (SIG).

Este é um projeto Horizonte 2020 que envolve países como Portugal, Áustria, República Checa, Finlândia, França, Itália, Países Baixos, Noruega, Espanha, Suíça e Alemanha, «o que reflete uma grande diversidade cultural e profundamente multidisciplinar», conclui o investigador da FCTUC. Universidade de Coimbra - Portugal



 

China - Concurso de tradução atraiu 154 alunos

Organizado pelo Centro de Ensino e Formação Bilingue Chinês-Português da Faculdade de Letras da Universidade de Macau (UM) e pela Faculdade de Estudos Hispânicos e Portugueses da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim (BFSU), o 2º Concurso de Tradução Chinês-Português para Universidades Chinesas contou com a participação de 154 estudantes de graduação e pós-graduação em Estudos Portugueses, oriundos de 32 instituições do Interior da China e da RAEM.

Dividido em dois grupos (de tradução Português-Chinês e Chinês-Português), o concurso foi realizado online, tendo os concorrentes efectuado as traduções no computador dentro do prazo estabelecido, com a câmara ligada. Segundo a UM, foi proibido o uso da Internet ou qualquer outro material, excepto dicionários em papel, a fim de avaliar o verdadeiro nível dos candidatos.

No grupo de tradução Chinês-Português, Pang Ruoyang (BFSU) conquistou o prémio principal, An Yu (BFSU) e Yu Suwei (Universidade de Estudos Internacionais de Jilin) partilharam a segunda posição, e os terceiros prémios foram atribuídos a Song Mingrui (Universidade Politécnica de Macau) e Yin Ruonan (Universidade de Pequim). Na categoria Português-Chinês, Chen Yibing (BFSU) conseguiu o primeiro prémio, Chen Yin (BFSU) e Qian Tong (Universidade de Estudos Internacionais de Xangai) receberam os segundos prémios, e os terceiros foram concedidos a Fu Yinuo (BFSU) e Zhang Jipeng (Universidade de Estudos Internacionais de Xangai). Liu Ruoyi e Song Hongze, da UM, receberam menções honrosas nos grupos de tradução Chinês-Português e Português-Chinês, respectivamente.

Presidido pelos professores Yao Jing Ming (UM) e Ye Zhiliang (Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim), o júri integrou oito especialistas da área de tradução Chinês-Português, nomeadamente Tiago Nabais, tradutor português; Amilton Reis, tradutor brasileiro; Giorgio Sinedino, sinólogo e tradutor brasileiro; Zhang Jianbo, professor assistente da UM; Fan Xing, professora assistente da Universidade de Pequim; Jin Xinyi, leitora da BFSU; Xu Yixing, professora da Universidade de Estudos Internacionais de Xangai; e Zhang Xiaofei, leitora sénior da UM.

Este concurso visa promover o intercâmbio de ensino de Português na China, incentivar os alunos a participarem na prática de tradução e revelar tradutores qualificados nas duas línguas. In “Jornal Tribuna de Macau” - Macau

 

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Brasil - Pedra em que Dom Pedro II teria escorregado é preservada no Santuário do Caraça


O Santuário do Caraça (Estrada do Caraça, Km 9 – entre os municípios de Catas Altas e Santa Bárbara) guarda consigo histórias marcantes que vão muito além da sua fundação pelo Irmão Lourenço e dos seminaristas que passaram por ali. Uma curiosidade histórica é que Dom Pedro II esteve no local no ano de 1881, acompanhado por sua esposa, a imperatriz Teresa Cristina, para conhecer as belezas do local, que foram registradas em seu diário. E foi nesta ocasião que a famosa frase do imperador: “Só o Caraça paga toda a viagem a Minas” ficou marcada para sempre. Além do relato do monarca, outra situação chama a atenção: um suposto escorregão que teria feito o imperador cair de costas, originando a Pedra do Tombo de Dom Pedro II, que se tornou uma atração à parte no destino turístico.

De acordo com a Gerente de Hospedagem do Santuário do Caraça, Lucélia Valadares, mesmo tendo sido um acidente desconfortante para Dom Pedro II, a situação mostrou que o imperador tinha bom humor, já que, de acordo com a história oral, ele quase se machucou, mas mesmo assim, continuou sua saga no Caraça. “O tombo que ele teria sofrido na ladeira das Sampaias, no ano de 1881, acabou se tornando algo marcante, já que, por causa deste fato, a pedra foi datada e demarcada para que o a situação inusitada não fosse esquecida, se tornando mais uma atração no Santuário do Caraça. Mesmo tendo sido uma queda constrangedora, pelos relatos da época, o imperador manteve o humor e continuou sua caminhada e prova do seu encantamento, foi que ele ficou impressionado com a beleza do Caraça, dizendo para a comitiva que o acompanhava: Só o Caraça paga toda a Viagem a Minas”, explica.

O encantamento de Dom Pedro II foi tão grande, que ele acabou registrando tudo em seu diário. Para os turistas que visitam o Caraça, um prato cheio de muito conhecimento, já que no local, além da pedra onde o imperador escorregou, os objetos do quarto que foi preparado para ele e para sua esposa se hospedarem, estão no museu. “Ele se encantou com o que viu no Caraça e por isso, fez questão de detalhar tudo em seu diário, desde a serra, as cascatas e outras belezas. Com isso, ficou claro que a visita agradou o imperador, tanto que ele ordenou que fosse encomendado da França um belíssimo vitral e o presenteou à Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens, cuja construção estava terminando. Para o turista sentir o clima histórico, móveis e objetos, como as camas em que ele e dona Teresa Cristina dormiram, ou o penico imperial, estão no museu. Vale a pena conhecer, pois faz parte da nossa história”, conclui Lucélia Valadares.

Gastronomia

A gastronomia do Caraça é um ponto que merece atenção especial dos visitantes. Além da experiência de comer no refeitório histórico, com toda a simplicidade e variedade de sabores da comida mineira, há uma adega no local onde dá para ver o processo de produção dos vinhos de uva e jabuticaba do hidromel. Há também a padaria, que fabrica pães, bolos e biscoitos, e a doçaria, para doces, geleias e compotas. O queijo minas artesanal, cujo processo de fabricação existiu há mais de 200 anos e foi resgatado, é uma das delícias mais procuradas no Santuário e é matéria prima de vários pratos da região em concursos e festivais gastronômicos.

Fonte de conhecimento

O complexo é tombado como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e Estadual. Foi escolhido como uma das Sete Maravilhas da Estrada Real. Conta com um amplo Conjunto Arquitetônico onde estão a primeira igreja de estilo neogótico do Brasil, o prédio do antigo Colégio (hoje Museu e Biblioteca), o hotel com 57 apartamentos e quartos, com capacidade para até 230 pessoas, e a Fazenda do Engenho, com 26 apartamentos. O Complexo do Caraça possui enorme diversidade de fauna e flora, com raridades de animais e plantas no meio ambiente. Na ampla diversidade de sua fauna, há 386 espécies de aves, 42 espécies de répteis, 12 espécies de peixes e 76 espécies de mamíferos.

A Reserva Particular do Patrimônio Natural do Santuário do Caraça faz parte de duas importantes reservas ecológicas, as Reservas da Biosfera da Serra do Espinhaço Sul e a da Mata Atlântica, onde há diversas espécies de flora e fauna, algumas encontradas somente no Complexo do Santuário do Caraça, que fica na transição entre Mata Atlântica e Cerrado, onde também há campos rupestres. Em suas serras há nascentes, ribeirões e lagos que possuem águas de coloração escura, que carreiam material orgânico em suspensão.

Seu solo é rico em minérios, explorados nos séculos anteriores, e com grande concentração de quartzito ou rocha metamórfica. Desde 2011, passou a ser preservado contra exploração comercial. O clima tem baixas temperaturas e elevada umidade do ar, comuns em ambientes de mata. O território do Complexo do Caraça integra a Área de Proteção Ambiental ao Sul da Região Metropolitana de BH, onde começam duas grandes bacias hidrográficas, a do rio São Francisco e a do rio Doce, que abastecem aproximadamente 70% da população de Belo Horizonte e 50% da população de sua região metropolitana.


Biblioteca

A Biblioteca hoje está instalada no prédio onde funcionava o célebre Colégio, que hoje abriga também o Museu, o Arquivo e um Centro de Convenções

Museu

O museu, montado a partir de mobiliário e artefatos diversos de uso diário, pertencentes ao próprio Caraça e com algumas peças remanescentes de séculos passados, constitui um interessante lugar de visitação, diariamente procurado pelos hóspedes e visitantes, através de percursos guiados pelos monitores ou por conta própria.

Igreja Neogótica

O Santuário do Caraça é a primeira igreja neogótica do Brasil, construída sem mão-de-obra escrava e toda com material regional: pedra-sabão (retirada de perto da Cascatona), mármore (das proximidades de Mariana e Itabirito, Gandarela) e quartzito (da região do Caraça e vizinhanças), unidas com produtos de base de cal, pó de pedra e óleo.

Serviço

Santuário do Caraça

Local: Estrada do Caraça, Km 9 – Entre os municípios de Catas Altas e Santa

Bárbara – CEP 35960-000

Fácil acesso pelas rodovias BR 381 e MG 436, além do da possibilidade de ir por trem (Estação Dois Irmãos – Barão de Cocais)

Taxa entrada:

R$ 20 (em dias de semana)

Finais de semana, feriados e datas comemorativas:

R$30 (por pessoa)

Idosos: 50% de desconto

Moradores de Barão de Cocais, Catas Altas e Santa Bárbara

R$10 por pessoa (qualquer dia)

Entrada gratuita na 1ª quarta-feira de cada mês (mediante agendamento)

Sítio com opções de hospedagens: www.santuariodocaraca.com.br




 

Portugal - Dirigente associativo defende espaço no país que celebre a presença da cultura africana

Lisboa – Um dirigente da associação Batoto Yetu Portugal, que trabalha com crianças e jovens, defendeu a criação em Portugal de um espaço que celebre a presença da cultura africana, destacando que os portugueses são “um povo misturado com vários povos”.

“Não há nenhum local onde se celebre essa presença africana. Por exemplo, existe a fundação do Oriente, mas não existe uma fundação de África ou um museu de África”, lamentou Djuzé Neves, em entrevista à agência Lusa.

E prosseguiu: “Não existe um local onde possamos aprender, de forma técnica, sobre esses detalhes”.

Djuzé Neves falava à margem de uma visita guiada pelos percursos mais icónicos da presença africana em Portugal integrados no roteiro “Espaços da Presença Africana em Lisboa” criado pela associação em 2016.

Apesar de reconhecer que a nível visual há “poucas referências” dessa história, para Djuzé Neves os vestígios visíveis e invisíveis da cultura africana estão presentes nos testemunhos das próprias pessoas e, por isso, convidou-as a partilhar essas ideias que ainda não foram exploradas, mostrando-se aberto para as recolher.

“Toda a cidade tem sofrido aqui bastantes alterações e hoje em dia temos pouca referência visível. Mas nas histórias das pessoas gostaríamos muito de ter conhecimento de mais histórias das próprias pessoas, que falassem da sua própria linhagem e nos contassem pormenores sobre essa presença, porque existem, nós é que ainda não temos conhecimento e portanto, estamos em aberto para recebermos essas informações e para tentar continuar a conhecer”, afirmou.

O dirigente da associação explicou que a Batoto Yetu Portugal trabalha nestas temáticas “com voluntários, historiadores, arquitetos, chefes de cozinha, arqueólogos” e, no fundo, a “academia, de forma a obter elementos técnicos fidedignos para passar aos turistas”. Djuzé Neves sublinha, contudo, que “há muito mais informação que pode ser adquirida de outras formas e por outros meios”.

“A ideia é também apenas estimular a que outros setores da sociedade se interessem por esta temática, valorizem, possam apoiar, estamos sempre a precisar de apoio, quer seja logístico, quer seja financeiro”, explicou.

É nesta simbiose de culturas que o dirigente disse encontrar a raiz destes dois povos que se foram influenciando mutuamente. “Nós somos todos um bocadinho dessas misturas”, disse.

“Os portugueses, no fundo, são um povo misturado com vários povos que passaram por cá e um deles é o povo africano. E, portanto, vemos isso nos portugueses, nas próprias pessoas que existem aqui e agora”, referiu.

As influências de que fala podem, na sua opinião, ser sentidas tanto naqueles que ouvem uma música tradicional portuguesa, como naqueles que procuram satisfazer a fome com um prato típico.

Isso encontra-se no fado, mas também na cozinha portuguesa que contou com o contributo, durante anos, de pessoas de origens africanas que traziam as suas práticas, os seus temperos, o seu modo de cozinhar o frango, o modo do churrasco, o cozido à portuguesa.

Com um foco que vai para além do período colonialista e da escravatura, este projeto da Batoto Yetu Portugal vai à procura de referências mais antigas a essas épocas. É esta visão ampla que o leva a comentar, no fim da visita, o facto de nunca ter utilizado a palavra racismo e, explicou, que não o fez precisamente para enfatizar a ideia de que este “não é o foco, não é o propósito do projeto”.

“Os estrangeiros falam muito mais da presença mourisca e dessa ligação a África do que dos períodos mais recentes. Querem saber muito mais sobre esse período mourisco e questionam, e trazem informações novas. Enfim, é um mundo de história que passa por aqui, assim como passa noutras diásporas”, indicou.

Com base naquilo que os povos africanos foram trazendo ao longo dos séculos, Djuzé Neves conclui que “Lisboa é um museu a céu aberto”, cuja história é para todos.

“Isto não é só uma história para pessoas de origens africanas. É uma história portuguesa para todos e, portanto, se todos souberem, mais nos conhecemos melhor uns aos outros e decerto ajudará a nos entendermos melhor”, afirmou.

O dirigente associativo afirmou que, com estas iniciativas, há uma tomada de conhecimento que, quando é transmitida, se torna num contributo que pode ajudar a estreitar os laços de relação.

“O nosso contributo é um pequeno contributo. Acho que é um pequeno contributo no sentido positivo de tomarmos conhecimento, de valorizarmos, de enriquecermos a nossa história, o nosso povo”, contou.

E lamenta que estes esclarecimentos e pormenores não sejam dados nos locais de ensino, afirmando: “Deve começar pela escola a informação sobre este período do tempo, sobre a nossa composição humana”.

A confluência entre a cultura africana e a portuguesa deu frutos que perduram até aos dias de hoje e Djuzé Neves acredita que “é destas passagens que se faz Portugal”. In “Inforpress” – Cabo Verde com “Lusa”