Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

República do Congo - Caçador furtivo de elefantes condenado

Um caçador furtivo no Congo-Brazzaville foi condenado a 30 anos de trabalhos forçados por matar elefantes, disse uma ONG na passada semana

Gerard Mombaza Mombembo, 35 anos, da vizinha República Democrática do Congo, foi apelidado de “o carrasco de Nouabale Ndoki”, em homenagem ao parque nacional onde ele operava principalmente. Foi considerado culpado de matar animais protegidos e caça com armas de nível militar, bem como de associação criminosa e tentativa de homicídio, por um tribunal em Ouesso, capital da densamente arborizada região de Sangha.

“Esta detenção é a primeira grande na batalha contra a caça furtiva e o contrabando ilegal de produtos da vida selvagem. Isso cria oportunidades para criminalizar atos de caça furtiva e punir os caçadores furtivos ainda mais severamente”, disse Richard Malonga, chefe da WCS Congo, uma ONG que trabalha com o parque Nouabale Ndoki.

O parque, criado em 1993, faz parte do Sangha Trinational que se estende pelas fronteiras com a República Centro-Africana e os Camarões. Foi classificado como Património Mundial da UNESCO em 2012. In “Novafrica” - Angola

Moçambique – Apreensão com o alastramento da pandemia leva à suspensão do pagamento de subsídios às vítimas do ciclone Idai

O Governo suspendeu o pagamento de subsídios às vítimas do ciclone Idai no distrito da Beira, devido ao receio da covid-19 por causa de grandes aglomerações nas filas, disse fonte oficial

“Tememos infeções pelo novo coronavírus e suspendemos o pagamento de subsídios, enquanto estudamos o melhor mecanismo de fazermos chegar o apoio, com segurança, a quem está inscrito“, afirmou Abdul Razak, delegado do Instituto Nacional de Ação Social, “INAS”, na província de Sofala.

O delegado do INAS avançou que o pagamento de subsídios às vítimas do ciclone Idai arrancou na terça-feira, mas teve de ser interrompido, devido ao ajuntamento de pessoas nos postos de pagamento sem o necessário distanciamento social face ao risco de contaminação pelo novo coronavírus.

Razak adiantou que o processo será retomado logo que as condições de segurança sanitária estiverem reunidas.

No distrito da Beira, estão inscritos 32 mil beneficiários daquele subsídio. As enchentes nas filas para a receção da ajuda financeira também terão sido provocadas pela presença de pessoas não inscritas nas listas dos beneficiários, acrescentou o delegado do INAS.

Já tínhamos chamado a atenção para só acorrerem aos postos de pagamento os beneficiários inscritos, declarou Abdul Razak.

A suspensão do pagamento do subsídio enfureceu centenas de beneficiários, que se amotinaram frente ao gabinete do governador da província de Sofala, Lourenço Bulha.

O governador assegurou aos representantes do grupo que todos os beneficiários vão receber o dinheiro, assim que as condições de segurança sanitária forem criadas.

No total, devem receber o subsídio na província de Sofala cerca de 74 mil famílias de 10 dos 13 distritos da província. O Governo aprovou o pagamento de um subsídio mensal de 2500 meticais a cada uma das vítimas.

O ciclone Idai atingiu o centro de Moçambique em março de 2019, provocou 604 mortos e 1,8 milhões de pessoas afetadas.

Pouco tempo depois, em abril, o Norte foi afetado pelo ciclone Kenneth, que matou 45 pessoas e afetou outras 250 mil. In “Zambeze Info” - Moçambique

Timor-Leste – Aposta no turismo doméstico


Díli – O projeto “Turizmu ba Ema Hotu” da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento (USAID, em inglês), as empresas de turismo em Timor-Leste e o Ministério do Turismo, Comércio e Indústria (MTCI) lançaram uma campanha ligado ao Turismo Doméstico sob o lema “Ha’u-nia TimorLeste”, que tem lugar entre agosto e dezembro deste ano.

O objetivo da campanha é incentivar todos os cidadãos timorenses a se tornarem turistas no seu próprio país. Além disso, passa por convidar os turistas locais a despenderem dinheiro em restaurantes e em empresas ligadas ao turismo. Pretende igualmente sensibilizar os cidadãos timorenses para o papel do turismo, ajudar as empresas turísticas a manterem o seu negócio e a melhorarem a qualidade do trabalho na promoção dos seus produtos.

O Diretor da Associação de Hotelaria de Timor-Leste, Tony Jape, recordou que durante a crise sanitária provocada pela covid-19, vários países começaram a apostar fortemente no setor do turismo doméstico para auxiliarem as empresas de turismo a impulsionar o seu negócio e a ultrapassar a crise da covid-19.

“Timor-Leste deve seguir este exemplo. Através da campanha do Turismo Doméstico, podemos criar novas atrações turísticas para todos os clientes timorenses. Todos os municípios vão participar e tirar proveito desta iniciativa”, afirmou.

Segundo Tony Jape, caso o país aproveite a oportunidade para desenvolver e melhorar a sua oferta doméstica em contexto de crise, Timor-Leste estará numa ótima posição para competir no mercado internacional.

Ainda no que diz respeito à campanha do Turismo Doméstico, esta visa criar uma onda de solidariedade nacional em torno das empresas de turismo, fomentando o sentimento de amor o país por meio de visitas turísticas e, simultaneamente, promover a beleza e o encanto que o país oferece.

O alvo da campanha intitulada #HauNiaTimorLeste é fazer chegar a cerca de 1,3 milhões de pessoas, o equivalente ao número de habitantes de Timor-Leste, através do recurso às redes sociais no sentido de convencer todas as pessoas a visitarem as atrações turísticas em cada fim de semana, auxiliando, desta forma, as empresas de turismo e promovendo a circulação de dinheiro no país.

“Promovemos (hashtag) #HauNiaTimorLeste no Facebook, Instagram, Twitter e outras redes sociais. A ideia é incentivar todas as pessoas em Timor-Leste a tirarem fotografias, sejam selfies sejam imagens sobre a gastronomia e aventuras para serem publicadas em #HauNiaTimorLeste”, concluiu. Nelia Fernandes – Timor-Leste in “Tatoli”


Macau – Actividade turística, o regresso lento à normalidade



O Executivo anunciou o lançamento de um plano para aumentar o número de visitantes e o consumo turístico no território, devido ao impacto da pandemia da covid-19 no turismo.

Inicia-se a partir desta terça-feira o “Plano de alargamento da fonte de visitantes, revitalização da economia e protecção do emprego”, anunciou o Governo. O plano prevê “proporcionar, através das empresas ligadas ao comércio electrónico na Internet, benefícios na aquisição de bilhetes de avião, hotéis e de consumo em geral para os visitantes”, refere um comunicado do Executivo.

O objectivo é atrair mais turistas, incentivar o seu consumo e usufruto, “dos serviços turísticos e de lazer prestados durante a sua estadia no território” e garantir assim “uma nova visita desses clientes”, acrescentam as autoridades.

O plano prevê “estimular o consumo turístico, prolongar o período de estadia em Macau e expandir a cadeia de consumo, o que beneficiará todos os sectores económicos, permitirá a mais estabelecimentos comerciais obterem benefícios no mercado de consumo, impulsionando, assim, a recuperação económica na estabilização do emprego local”.

Segundo o Governo, o plano é feito em cooperação com a Tencent, Alibaba e Air Macau. “Antes da chegada a Macau, os visitantes poderão participar no sorteio para aquisição de benefícios em hotéis e bilhetes de avião, respetivamente, através da conta oficial da Direcção dos Serviços de Turismo”.

Na quarta-feira, foram retomados os vistos turísticos da província de Guandgong, de onde vem a maioria dos jogadores nos casinos, uma medida considerada essencial para a recuperação económica do território, já que as receitas do jogo representam cerca de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) de Macau.

A esmagadora maioria dos visitantes de Macau é proveniente do interior da China. Destes, cerca de metade chega da província vizinha, Guangdong. Se a situação se mantiver estável em termos de contágios, a China já indicou que planeia autorizar em todo o país a emissão de vistos turísticos para Macau a partir de 23 de Setembro.

O número de visitantes em Macau caiu mais de 90% em Junho e 83,9% no primeiro semestre, nos primeiros sete meses do ano as perdas dos casinos em relação ao ano anterior foram de 79,8% e a queda do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro semestre foi de 58,2%. “Prevê-se que a tendência de abrandamento do PIB seja mantida ainda no segundo semestre do corrente ano”, indicou o Governo na mesma nota.

Ocupação hoteleira cai 81 pontos percentuais em Julho

A ocupação hoteleira em Macau foi de 12,1% em Julho, menos 81 pontos percentuais em relação ao período homólogo de 2019, anunciou a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). Em Julho, os 114 hotéis e pensões abertos ao público no território hospedaram 152 mil pessoas, menos 87,9% em relação ao mesmo mês de 2019, segundo um comunicado da DSEC. Os hotéis de cinco estrelas sofreram o maior impacto face à ausência de turistas, devido à pandemia de covid-19, com a taxa de ocupação a ficar-se pelos 7,8% no último mês, menos 86,2 pontos percentuais em termos anuais.

Devido às restrições fronteiriças, o número de hóspedes da China (55 mil) e de Hong Kong (11 mil) desceu mais de 90%, em termos anuais, acrescentou a DSEC na mesma nota. Em compensação, o número de hóspedes locais (81 mil) cresceu 49,5%, já que os hotéis continuaram a realizar promoções de pacotes de alojamento para residentes.

No mês de Julho, “não se registou nenhum visitante em excursões no território”, devido “à suspensão da emissão de vistos turísticos aos residentes do interior da China”, reactivada apenas na quarta-feira, e “à proibição da entrada de visitantes de outros países”.

Nos sete primeiros meses do ano, a taxa de ocupação média de quartos de hotéis e pensões foi de 25%, uma redução de 66,4 pontos percentuais relativamente ao mesmo período do ano anterior. No período em análise, os hotéis e pensões hospedaram 1.983.000 pessoas, menos 75,7% em relação aos primeiros sete meses do ano anterior, indicou a DSEC.

Em 2019, mais de 14 milhões de pessoas ficaram alojadas nos hotéis e pensões de Macau. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”

domingo, 30 de agosto de 2020

Cabo Verde - Fundação Cabo-verdiana de Acção Social Escolar lança uma campanha para garantir materiais escolares a famílias em situação de pobreza

A Fundação Cabo-verdiana de Acção Social Escolar (Ficase) pretende mobilizar mais de 20 mil contos para auxiliar os alunos mais carenciados, no ano lectivo 2020/21, informou, este domingo, a instituição

Em nota de imprensa, a fundação refere que foi lançada uma campanha para garantir materiais escolares a 30 mil alunos das famílias em situação de pobreza.

A Ficase sublinha que 30 por cento das famílias cabo-verdianas estão em situação de pobreza, e que os seus filhos precisam de apoio para poderem frequentar o ensino básico obrigatório.

Perante a situação da pandemia de covid-19, e as consequências do terceiro ano consecutivo de seca/mau ano agrícola no país, muitas famílias estão desempregadas, ou com rendimentos reduzidos, pelo que se prevê um aumento significativo da procura por apoios sociais.

“O Programa de Kits Escolares (PKE) para o ano lectivo 2020/2021 tem um orçamento de 10 milhões de escudos, mobilizados através do Orçamento do Estado”, adianta ainda a Ficase.

Para além das instituições e empresas, nacionais e internacionais, que têm colaborado no financiamento deste programa, este ano a instituição apela ao envolvimento de toda a sociedade civil para esta causa.

A doação pode ser feita através de transferência bancária, ou de materiais escolares entregues na sede da Fundação. In “Expresso das Ilhas” – Cabo Verde

Internacional - A exótica flor-do-beijo pode desaparecer em breve



Da família das Rubiaceae, a Psychotria Elata é commumente conhecida como a flor-do-beijo, devido ao seu curioso aspecto que apresentam as brácteas quando estão em desenvolvimento e que, mais tarde, formarão uma coroa para proteger as suas flores.

Esta bela e rara espécie é encontrada em estado selvagem nas florestas tropicais de alguns países da América Central e do Sul, tais como Colômbia, Equador, Panamá, Jamaica e Costa Rica. Ela está ameaçada de extinção devido ao avanço constante do desmatamento sobre o seu habitat natural.

A flor-do-beijo encontra-se ao pé de árvores das florestas tropicais e nas margens de riachos e pequenos sulcos de água. Deve ser cultivada sob meia sombra, em solo rico em matéria orgânica, drenável e irrigado frequentemente. Podendo atingir até os 1,5 metros, aprecia o calor e a humidade tropical. Não resiste ao frio ou geadas.

As brácteas vermelhas que são o grande charme desta planta têm um período curto de vida e acabam por cair dando lugar as suas flores. In “Green Savers Sapo” - Portugal

Enquanto me beija













Vamos aprender português, cantando


Teu olhar me diz
eu até gosto de você
mas só gostar não faz feliz
quem te adora assim até doer

À noite rindo juntos
meio sem intenção
eu te chamei de amor
você me chamou de Jão

Eu me trabalho pra ser otimista
mas se eu brinco de ir embora
você me deixa ir

Será que eu sou a melhor coisa da tua vida, ou
só o melhor que você conseguiu até aqui?

Em quem você pensa enquanto me beija, beija, beija
Em quem você pensa enquanto me beija, beija, beija

No cara mais bonito na televisão
no amor que foi embora ou nos que ainda virão
quem é que você guarda nessa sua cabeça?
Em quem você pensa enquanto me beija

Juro eu me esforço
pra te convencer de mim
tento ser mais bonito
e falar grosso como outros por aí

Liguei para os teus amigos
pra anunciar o fim
será que você se perdeu?
Ou se encontrou sem mim?

Eu me trabalho pra ser otimista
mas se eu brinco de ir embora
você me deixa ir

Será que eu sou a melhor coisa da tua vida, ou
só o melhor que você conseguiu até aqui?

Em quem você pensa enquanto me beija, beija, beija
Em quem você pensa enquanto me beija, beija, beija

No cara mais bonito na televisão
no amor que foi embora ou nos que ainda virão
quem é que você guarda nessa sua cabeça?
Em quem você pensa...

Teu beijo é tão forte, com os olhos fechados
não que eu me importe, em ser meio enganado
não me conta, não me mostra, não deixe que eu perceba
em quem você pensa enquanto me beija

Em quem você pensa enquanto me beija, beija, beija
Em quem você pensa enquanto me beija, beija, beija

No cara mais bonito na televisão
no amor que foi embora ou nos que ainda virão
quem é que você guarda nessa sua cabeça?
Em quem você pensa enquanto me beija?

Jão – Brasil

Composição - Jão, Pedro Tófani - Brasil


sábado, 29 de agosto de 2020

Brasil - Morte de anciãos indígenas na pandemia pode fazer línguas inteiras desaparecerem

"Os anciãos que estão desaparecendo são as bibliotecas vivas de todo esse conhecimento tradicional — da língua, dos costumes, das danças, da música. Esse conhecimento se preserva nos mais velhos, e é através deles que chega aos jovens e se reproduz", explica Angel Corbera Mori, professor de linguística da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e especialista em línguas ameríndias



Quase um mês após a morte do líder indígena Aritana Yawalapiti, aos 71 anos, por covid-19, seu filho mais velho, Tapi Yawalapiti, relembra à BBC News Brasil como eram as conversas cotidianas com o pai

Um dos mais importantes e respeitados líderes dos povos do Território Indígena do Xingu, Aritana tinha ascendência yawalapiti e kamayurá e falava dez línguas, de pelo menos três troncos linguísticos diferentes.

"Quando meu pai falava comigo em yawalapiti, eu compreendia tudo e respondia em kamayurá, a língua da minha avó, mãe do meu pai", explica Tapi em português, uma das cinco línguas faladas por ele.

Quando seu pai morreu, Tapi estava estudando a língua yawalapiti com Aritana. Sua partida foi um golpe duro para a sobrevivência deste idioma, que está 'em perigo crítico' de desaparecer, segundo a Unesco.

"A perda do meu tio Aritana é a perda de 98% da nossa língua", disse Watatakalu Yawalapiti, sobrinha de Aritana, em uma declaração após a morte do tio.

Tapi explica que ainda há alguns outros falantes da língua yawalapiti vivos — dois tios mais velhos, por exemplo — mas que seu pai tinha um conhecimento mais profundo, mais técnico, que tentava passar para os mais jovens.



A língua yawalapiti não é a única em risco de desaparecer.

O Brasil tem pelo menos 190 idiomas que correm o mesmo risco, segundo o Mapa das Línguas em Perigo da Unesco. A morte de diversos anciãos indígenas devido à pandemia torna essa situação ainda mais crítica.

Sem controle, a epidemia de covid-19 ameaça destruir, junto com a vida de milhares de pessoas, culturas inteiras de alguns povos, levando ao que representantes indígenas chamam de "verdadeiro extermínio de etnias".

"Os anciãos que estão desaparecendo são as bibliotecas vivas de todo esse conhecimento tradicional — da língua, dos costumes, das danças, da música. Esse conhecimento se preserva nos mais velhos, e é através deles que chega aos jovens e se reproduz", explica Angel Corbera Mori, professor de linguística da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e especialista em línguas ameríndias.

As perdas de idosos indígenas acontecem no país todo. Só no Xingu, a covid-19 causou a morte do ancião Juca Kamayurá, do líder Jamiko Nafukuá e de Mamy Kalapalo, chefe da aldeia Kuluene.

Entre os Kokama, no Amazonas, ao menos 37 morreram com sintomas de covid-19, segundo a Associação dos Índios Kokama Residentes no Município de Manaus (Akim), a maioria idosos.

Em Alter do Chão, no Pará, a doença levou Lusia dos Santos Borari, de 87 anos, ainda no início da pandemia, em março. Em Roraima, morreu em junho Bernaldina José Pedro, anciã de 75 anos do povo macuxi que vivia na na Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

Em uma ação levada ao STF, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) disse que "falhas e omissões" do poder público no combate à epidemia do novo coronavírus entre os povos indígenas brasileiros estão levando a um "verdadeiro genocídio".

Essas populações têm, segundo a entidade, uma taxa de letalidade pelo vírus de 9,6%, enquanto, na população em geral, a taxa é de 4%, segundo o Ministério da Saúde.

A Apib diz ainda que o governo está não apenas falhando, mas ativamente colocando os indígenas em risco. Diversos pesquisadores já alertaram para o risco de a pandemia dizimar essas populações no país.



O governo nega que haja negligência, mas batalhou na Justiça para não precisar cumprir os pedidos da Apib.

No entanto, o STF determinou em votação unânime que o governo tome medidas para garantir o combate à pandemia e atenda a medidas específicas pedidas pela entidade, como a criação de uma barreira sanitária e retirada de invasores de terras indígenas.

Perda irreparável

Bernaldina José Pedro, de 75 anos, era uma guardiã dos costumes tradicionais e da língua macuxi. Ela tinha acabado de voltar para sua casa, na comunidade Maturuca, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, quando morreu de covid-19 no fim de junho, após 11 dias de batalha contra a doença.

Ela contraiu o coronavírus na comunidade pouco tempo depois de voltar de uma temporada no estúdio do filho adotivo (também em Roraima) o artista macuxi Jaider Esbell, que estava aprendendo a falar macuxi com a mãe.

Essa língua não corre risco de desaparecer, porque tem muitos falantes e até já foi sistematizada em dicionários, mas muitos conhecimentos tradicionais se foram com Bernaldina.

"Ela conhecia um vocabulário completo, uma variedade enorme de construções", afirma Jaider. "É uma perda irreparável."



Ele era aprendiz de macuxi, um trabalho que envolvia muitas práticas. "Ela passou um período fazendo panelas de barro, fazendo a tradução dos cantos comigo, falando os nomes dos materiais, dos elementos (na língua materna). Infelizmente, esse processo foi interrompido", lamenta.

"Embora minha língua esteja salva, é sempre difícil manter, porque existe no Brasil a ilusão de uma língua padrão (o português), de uma língua 'nacional', e as crianças cada vez mais estão aprendendo só o português e tendo menos contato com a língua materna", afirma Jaider, que pretende fazer um memorial em nome de Bernaldina.

Ele diz que vai continuar fazendo as atividades que ela sempre quis preservar, como os trançados, os cantos, os remédios, as panelas de barro, atividades culturais.

Jairder conta que a comunidade da mãe em Roraima sofreu muito com a pandemia, especialmente no início. "A gente teve uma onda bem difícil, perdemos muitos professores e anciãos", diz.

Reunindo um povo

Em meio à mais recente luta para que que seu direito à saúde seja garantido, os yawalapiti continuam sua batalha de décadas para preservação do seu povo, que já esteve próximo de desaparecer.

"A nossa história é muito longa, meu povo quase foi extinto", conta Tapi. "Morreram muitos e restaram só seis ou sete pessoas, pré-adolescentes, que foram morar em outras aldeias."

A última aldeia desapareceu, e os yawalapiti que restaram cresceram em meio a outros povos, falando outras línguas no dia-a-dia.

"Eles ficaram muito tempo morando longe, acabaram não tendo mais contato. Então, havia o meu povo, mas ele estava espalhado", conta Tapi.

Com a chegada dos irmãos Orlando e Cláudio Villas Bôas, sertanistas que lutaram pela demarcação de terras indígenas no Xingu, veio também seu alerta de que ameaças como os garimpos e o desmatamento estavam cada vez mais próximas.

Líderes indígenas então se atentaram para a importância da preservação de seus povos e tiveram ajuda dos irmãos Villas Bôas nessa tarefa.



Paru, avô de Tapi e pai de Aritana, foi um dos líderes responsáveis por reunir novamente os yawalapiti espalhados e reativar a antiga aldeia.

Hoje, Tapi trabalha para concluir seu mestrado na Universidade de Brasília, para o qual estudou e relatou a língua yawalapiti com o pai. A defesa da dissertação teria sido em maio, mas foi adiada para novembro por causa da pandemia. "Esse projeto será uma grande lembrança do meu pai", conta ele.

Além de chefe da aldeia Tuatuari, Aritana era defensor do território indígena, ativista pelos direitos dos povos do Xingu e guardião da cultura para os kamayurá e yawalapiti — e até para outros povos que não faziam parte da sua ascendência.

"Meu pai era visto como uma liderança geral no Xingu", diz Tapi, que agora tem a missão de assumir o papel de líder da etnia e defensor do Xingu que era de seu pai.

"O Xingu está de luto, mas eu recebi muita força, muita gente dizendo 'você agora assumirá o papel do seu pai'. É uma grande responsabilidade", diz ele.

"Nossa cultura é muito forte — os jovens dançam, pintam, estão cantando as músicas, mas o que está enfraquecido é a língua materna", afirma.

Faz parte de seus planos produzir um livro didático para ensinar a língua para crianças e jovens de seu povo — muitas delas falam línguas como kamayurá.

O quanto o idioma é falado de forma fluente por gerações mais jovens e usado no dia a dia são alguns critérios para estabelecer o quanto ele está em perigo, explica o linguista Angel Corbera Mori.

"A preservação da língua é parte essencial da cultura, sem falantes, ela desaparece, e, com ela, se vão se aspectos muitos centrais."

A entrada de missionários religiosos nos territórios sem autorização, que visam converter os indígenas e fazem os jovens terem menos interesse pela cultura tradicional, é apontada por ele como uma das principais ameaças à preservação das culturas indígenas.

Mori ressalta que, no momento, no entanto, as preocupações são muito maiores. "A ameaça hoje é aos próprios falantes. A preocupação no momento é com a vida." Letícia Mori – Brasil in “BBC News Brasil”

Timor-Leste – Voo de Lisboa para Díli previsto para 06 de setembro

Lisboa - A companhia aérea portuguesa euroAtlantic deverá voar para Timor-Leste em 06 de setembro, num voo comercial que tem por objetivo levar professores e trazer cidadãos portugueses, confirmou à Lusa fonte da empresa transportadora.

Também segundo informações da embaixada de Portugal em Díli, a que a Lusa teve acesso, o voo partirá de Lisboa às 06:00 de 06 de setembro e chegará a Díli às 10:25 locais do dia 07.

A representação diplomática de Portugal naquele país já está a divulgar por 'e-mail', para conhecimento de todos os interessados, as condições e horários do voo, com base nas informações que recebeu da agência de viagens "Sonhando", operador turístico da euroAtlantic.

A partida de Díli está prevista para as 08:00 de 08 de setembro com chegada a Lisboa às 22:30 do mesmo dia.

Para viajarem neste voo os passageiros terão de apresentar o teste à covid-19 negativo, realizado até 48 horas antes do voo. Quem não apresentar o resultado do teste ser-lhe-á recusado o embarque, informou o operador turístico.

Porém o voo está condicionado a um número mínimo de passageiros, mas a companhia não refere quantos.

A embaixada de Portugal em Díli já tinha informado, na quarta-feira, da possibilidade da realização de um voo comercial que permitirá o regresso de professores portugueses a Timor-Leste e a saída deste país de vários cidadãos portugueses.

Numa curta mensagem na sua página na rede social Facebook a missão diplomática explicou que, a concretizar-se, o voo ocorreria no início de setembro e seria operado pela euroAtlantic Airways.

O custo total da viagem será suportado pelos passageiros, informou a embaixada, que solicitou a eventuais interessados na deslocação para Timor-Leste ou na saída do país que contactassem diretamente a secção consular.

O voo permitirá o regresso a Timor-Leste de professores da Escola Portuguesa de Díli e do projeto CAFE (Centros de Aprendizagem e Formação Escolar) que saíram no início de abril e estão ainda sem poder regressar.

O voo foi proposto pela própria EuroAtlantic em resposta à preocupação com a falta de ligações comerciais regulares de e para Timor-Leste, suspensas indefinidamente desde final de março.

A empresa já tinha operado no início de abril um voo entre Díli e Lisboa que permitiu a saída de Timor-Leste de cerca de 150 pessoas, a quase totalidade dos cidadãos portugueses.

As restrições continuam a condicionar bastante as ligações de e para a ilha, com as autoridades de aviação a manterem, por tempo indefinido, a proibição da realização de voos comerciais regulares ou 'charters'.

Atualmente apenas operam voos da Austrália, através de um acordo com a AirNorth -- praticamente limitados a cidadãos australianos -- e um voo quinzenal do Programa Alimentar Mundial (PAM) com acesso restrito a funcionários de embaixadas e missões internacionais, colaboradores e membros das agências das Nações Unidas.

Uma situação que torna impossível a outros cidadãos, tanto timorenses como estrangeiros, entrar ou sair do país, isolado desde março.

Residentes em Timor-Leste que não conseguem regressar, timorenses e outros que precisam de sair, inclusive para receberem tratamentos médicos, turistas que estão retidos no país há vários meses, entre outros, continuam sem solução.

Timor-Leste tem relaxado as medidas de controlo, mantendo fortes restrições à entrada aérea -- estão proibidos voos comerciais -- e limites nas entradas terrestres, continuando a conduzir para quarentena ou auto confinamento todos os que chegam ao país.

Timor-Leste tem atualmente um caso ativo de covid-19, mas a preocupação no país tem vindo a crescer devido ao aumento no número de infetados nos países vizinhos, quer na Indonésia, quer na Austrália.

Recentemente, o Governo timorense anunciou mais restrições nas entradas de pessoas na fronteira terrestre, permitindo a abertura apenas a cada 17 dias, como medida para responder às limitações atuais nos locais de quarentena, no âmbito da resposta à covid-19.

Desde 11 de agosto, as fronteiras terrestres com a Indonésia passaram a estar abertas apenas quatro horas a cada 17 dias, com um limite máximo de entrada de 200 pessoas e a prioridade a ser dada a cidadãos timorenses.

O Governo informou que todos os cidadãos nacionais e estrangeiros que queiram entrar no país, por terra ou ar, têm obrigatoriamente de cumprir um período de 14 dias de quarentena.

Antes de entrar no país, têm de solicitar autorização, apresentando testes negativos de covid-19.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 844 mil mortos e infetou mais de 25 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. Agência Lusa

Angola – Escolas equipadas com salas ligadas à internet para aumentar literacia digital

Pelo menos 81 escolas angolanas vão passar a ter salas de informática com ligação à Internet, no âmbito do "Ngola Digital", um programa do Governo angolano que visa aumentar a literacia digital

A informação foi transmitida pelo secretário de Estado para as Telecomunicações e Tecnologias de Informação de Angola, Manuel Oliveira, no final de cerimónia de inauguração de três salas de informática em escolas de Luanda.

No âmbito do programa "Ngola Digital", coordenado pelo Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social (MTTICS) angolano, escolas primárias do distrito do Rangel, do município do Cazenga e de Cacuaco, em Luanda, ganharam salas de informática.

Segundo o governante, a entrega das referidas salas às instituições escolares faz parte de um programa do MTTICS que visa o aumento da literacia digital por parte das crianças, adolescentes e jovens.

"[Estamos a criar] ferramentas que permitem que os nossos jovens estejam integrados no mundo tecnológico. É responsabilidade do Governo trabalhar com as instituições de ensino e outras de forma a que as tecnologias de informação e comunicação sejam ferramentas ao serviço da comunidade", disse em declarações aos jornalistas.

Mário Oliveira referiu também que o "Ngola Digital" é um projeto de âmbito nacional e que já instalou pelo país cerca de 81 pontos que vão beneficiar o mesmo número de escolas, sendo que em Luanda foram já inauguradas 46 estações de internet.

Sem revelar os custos envolvidos no projeto, o secretário de Estado para as Telecomunicações e Tecnologias de Informação angolano afirmou que em projetos dessa natureza o "dinheiro é que menos preocupa".

"E o resultado final é mais nos interessa, com este projeto o ITEL [Instituto de Telecomunicações de Luanda] vai formar formadores para que as instituições possam gerir essas salas ora entregues", notou.

A escola primária Maria Mazzarelo nº 3.066, no município do Cazenga, foi uma das beneficiárias, sendo contemplada com uma sala com 21 computadores, para satisfação da madre Maribel González, responsável da instituição.

Para a freira, a sala de informática "será uma mais-valia para a instituição, sobretudo na formação integral que tem como objetivo capacitar jovens, crianças e adolescentes no domínio das tecnologias".

"Ngola Digital" conta com os apoios do Fundo de Apoio ao Desenvolvimento das Comunicações, do Instituto Nacional de Fomento da Sociedade da Informação de Angola e do ITEL, que vai formar os formadores. In “Angola 24 Horas” - Angola

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Cabo Verde - Núcleo museológico Cesária Évora preserva a sua memória e o seu espólio


Cidade da Praia – O núcleo museológico Cesária Évora, na cidade do Mindelo, São Vicente, tem trabalhado, não só para preservar o espólio de Cesária Évora, como também na emancipação da mulher cabo-verdiana e na luta contra a violência baseada no género.

No dia (27) em que a “diva dos pés descalços” completaria 79 anos de idade, se estivesse viva, a Inforpress conversou com o coordenador do núcleo museológico Cesária Évora, Adilson Dias, sobre o trabalho que este núcleo tem estado a fazer durante os cinco anos para honrar o nome da Cize.

Criado em 2015, numa antiga residência que lhe foi ofertada pelo Estado de Cabo Verde, o Núcleo Museológico Cesária Évora, segundo Adilson Dias, tem preservado a memória desta em todas as vertentes, desde Cesária Évora como mulher cabo-verdiana e batalhadora, mas, sobretudo, enquanto artista de renome internacional.

“O museu tem estado a trabalhar em programas educativos para a classe estudantil, mas também programas para a sociedade, numa perspectiva de que fazer com que a sociedade mindelense se revê no espaço, e em visitas orientadas”, disse, apontando ainda que o museu tem trabalhado numa lógica de emancipação feminina e empoderamento familiar e na prevenção contra violência baseada no género.

É neste sentido que foi criado e implementado, desde 2017, o programa de sensibilização dos jovens sobre a violência baseada no género e a necessidade de elevar a autoestima dessa classe para se emanciparem e afirmarem na sociedade como pessoas capazes de tomar as rédeas do seu destino.

“O núcleo museológico por ter uma figura de mulher tem estado a trabalhar neste sentido. O espólio acaba por nos levar a isto, porque nos leva a um espólio de uma mulher, as roupas de uma mulher normal, mas também mostra a transformação dessa mulher comum numa mulher que soube conquistar o mundo com as qualidades próprias que ela tinha”, afirmou.

A solidariedade e ajuda mútua, acções muito praticadas pela artista, são igualmente, segundo Adilson Dias, “pontos âncoras” do núcleo museológico, especialmente no seu programa de trabalho junto da sociedade.

Este museu, segundo a mesma fonte, é um museu multifacetado, porque não é um lugar só de exposição, mas sim um espaço de aprendizagem, de lazer, e, sobretudo, um espaço de reflexão e de inspiração para a geração actual.

Sendo que os turistas estrangeiros continuam a ser os que mais visitam este espaço, o coordenador do núcleo informou que estão a trabalhar na redefinição de conteúdo museológico com perspectiva de melhorar o conteúdo, modernizar as exposições, modernizar o espaço para atrair mais nacionais.

“Queremos que os cabo-verdianos visitem mais os museus fora do contexto das actividades. (…) Acabamos por ter uma entrada mais dos turistas estrangeiros, mas há uma dinâmica interessante da entrada dos nacionais porque a temática Cesária Évora mexe muito com qualquer cabo-verdiano”, disse, assegurando que a essa temática e a música cabo-verdiana chamam muita atenção das pessoas.

Cesária Joana Évora nasceu a 27 de Agosto de 1941, na ilha de São Vicente, faleceu no dia 17 de Dezembro de 2011, no Hospital Baptista de Sousa, no Mindelo, onde se encontrava internada.

Foi a cantora de maior reconhecimento internacional de toda a história da música popular cabo-verdiana.  Apesar de ser sucedida em diversos outros géneros musicais, Cesária Évora foi maioritariamente relacionada com a morna, por isso também apelidada de “rainha da morna”. In “Inforpress” – Cabo Verde

Moçambique – Celebração do aniversário da Biblioteca Nacional



Teve lugar hoje, a celebração do 59º Aniversário, da Biblioteca Nacional de Moçambique, BNM, instituição criada pelo diploma legislativo número 2116 de 28 de Agosto de 1961.

A BNM é uma instituição pública cultural, de investigação, de conservação e preservação do património bibliográfico nacional, tutelada pelo Ministério da Cultura.

Na celebração do seu 59º ano de existência, a BNM, depara-se com muitos desafios, de entre eles, a digitalização do seu acervo para assegurar uma mais rápida e vasta difusão, a actualização do cadastro das Bibliotecas Públicas, a produção e divulgação da bibliografia nacional corrente.

A BNM exerce igualmente a função de Sede do Depósito Legal, cabendo-lhe realizar o registo do Depósito Legal do património documental produzido em Moçambique. O Regime Jurídico do Depósito Legal estabelece os princípios para a recolha, conservação e preservação do património bibliográfico de Moçambique ou com chancela do produtor nacional.

A BNM conta actualmente com cerca de 39 764 obras, das quais 30 103 pertencem a colecção geral, 6960 a moçambicana e 2701 a preservação. In “Zambeze Info” - Moçambique