Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 31 de maio de 2022

A viagem dos veleiros portugueses na travessia histórica do Atlântico Sul


No ano em que o Brasil completa o bicentenário de sua independência, também é comemorado o centenário da primeira travessia do Atlântico Sul feita por hidroavião. Esse feito foi alcançado, em 1922, por dois oficiais da Marinha portuguesa, o Almirante Gago Coutinho e o Capitão de Mar e Guerra Sacadura Cabral.

O grupo de velejadores portugueses que decidiu repetir o percurso, visitando os mesmos pontos da expedição realizada há cem anos, partiu de Lisboa em 3 de abril, e já passou pelas Ilhas Canárias e Las Palmas, na Espanha, e Cabo Verde antes de chegar ao Brasil.

“A Expedição Lusitânia é uma iniciativa nossa, enquanto sociedade civil, para homenagear a epopeia desses homens, por meio da qual estamos fazendo, pelo mar, exatamente o mesmo trajeto, parando nos mesmos locais e procurando ser o mais fiel possível”, contou o Comandante português José Mesquita, no Brasil.

Em Pernambuco, a expedição passou pelo Arquipélago de São Pedro e São Paulo na quinta-feira do dia 12, e foi recebida pelo Navio-Patrulha (NPa) “Guaíba” e pelos residentes da estação científica das ilhas. O navio partiu da Base Naval de Natal (RN) para apoiar a equipe da estação e receber os velejadores, segundo a Marinha do Brasil.

Há cem anos, o arquipélago tornou-se parte importante do itinerário dos oficiais portugueses, pois, ao serem surpreendidos por condições climáticas adversas no caminho para Fernando de Noronha, sua aeronave foi avariada e tiveram que aguardar apoio no arquipélago brasileiro situado no meio do Oceano Atlântico.

O comandante José Mesquita relatou, em seu diário de bordo, como foi a experiência de chegar às ilhas. “Às 8h30 chegamos a São Pedro e São Paulo. Ver o Navio-Patrulha ‘Guaíba’ à nossa espera e a aproximação da frota ao navio foi um momento de extrema emoção. Depois, durante o dia, as emoções sucederam-se porque para além de nos terem reabastecido, o comandante do Guaíba veio a bordo do Anixa 2”.

De seguida, a expedição “Lusitânia”, composta por 13 pessoas em 6 veleiros, chegou dia 16 de maio no Arquipélago de Fernando de Noronha (PE), onde promoveu palestras sobre o centenário da travessia de Coutinho e Cabral e sobre a preservação dos oceanos.

No dia 18, o comandante do veleiro Anixa 2 ministrou palestra no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, como parte da Ação Cívico-Social (ACiSo) promovida pela Marinha do Brasil no arquipélago.


Mesquita declarou que além da recriação da travessia de Coutinho e Cabral, os seis veleiros carregam em seus cascos a mensagem “Salve os Oceanos – Salve a Humanidade”. “É uma mensagem de sensibilização ambiental para falar dos problemas gravíssimos que os Oceanos têm e das práticas de vida que os cidadãos têm que começar a adotar para termos um planeta no futuro para os nossos filhos e netos. Pelos lugares onde passamos, procuramos transmitir essa mensagem também por meio de palestras, como a que estamos realizando em Fernando de Noronha”, completa.

Após Fernando de Noronha, a expedição partiu para Recife (PE), e deve passar ainda em Salvador (BA) e Vitória (ES) antes de chegar ao seu destino final, o Rio de Janeiro (RJ).

Também no Recife, a Fundação Joaquim Nabuco e o Gabinete Português de Leitura de Pernambuco inauguraram a exposição “Travessia – 100 anos de uma epopeia nos céus do Atlântico Sul”, na última quinta-feira na sede do Gabinete, para marcar o feito.

Em 30 de março de 1922 deu-se início à primeira travessia aérea do Atlântico Sul, protagonizada pelo Almirante Gago Coutinho e pelo Comandante Sacadura Cabral a bordo do hidroavião Fairey III, batizado “Lusitânia”, tendo como destino final o Rio de Janeiro.

Foi uma viagem bastante atribulada, na qual foram utilizadas três aeronaves. Depois de percorridas 4527 milhas em 62 horas e 26 minutos sobre o Oceano, os heroicos oficiais foram recebidos em festa pela população do Rio de Janeiro, a 17 de junho de 1922. Mais sobre atividades comemorativas estão aquiIn “Mundo Lusíada” - Brasil




 

Moçambique - “Clube de Xadrez Quadrado Mágico”: um conceito a pensar no futuro da modalidade


“Clube de Xadrez Quadrado Mágico” é um projecto ambicioso que pretende elevar, cada vez mais, o xadrez no país e além-fronteiras. Reúne, por isso, figuras incontornáveis da modalidade e com credenciais dadas a nível nacional e internacional: Mateus Viageiro e Ivan Andrade (mestres FIDE) e Vânia Vilhete e Donaldo Paiva (campeões nacionais da modalidade).

A iniciativa terá uma forte componente social, levando uma modalidade que estimula o conhecimento e pensamento às comunidades carentes e desfavorecidas.

Com larga experiência no xadrez, os mestres e campeões nacionais pretendem ensinar aos alunos a prática desta modalidade, assim como os incentivar a participar em actividades de cariz social que vão ao encontro do lema “Quadrado Mágico Cultivando Mentes”.

A prática de acções de solidariedade para com o próximo é, igualmente, uma das fortes componentes do projecto que vai identificar áreas de acção.

“Os integrantes do projecto uniram forças e têm como objectivo trazer a sua experiência para o desenvolvimento da modalidade, fazendo diferença na sociedade”, explicou Mateus Viageiro.

O clube iniciou as suas actividades com aulas de xadrez e pretende participar em eventos internacionais. Para além destas áreas, temos a loja do clube, que coloca à disposição dos interessados vários materiais desportivos.

Retirado da modalidade em 2018, Mateus Viageiro é mestre FIDE e dominou o xadrez durante cerca de vinte anos. Mateus Viageiro tornou-se mestre FIDE (Federação Internacional de Xadrez) nas Olimpíadas de Itália, em 2006.

Ivan Andrade, também activista social, pode-se gabar de ter sido um dos melhores xadrezistas de todos os tempos em Moçambique.

Quanto à Vânia Vilhete e Donaldo Paiva, pode-se dizer, simplesmente, que são, actualmente, os donos dos tabuleiros. No ano passado, Donaldo Paiva conquistou o seu segundo título consecutivo de campeão nacional de xadrez. Imperial, a xadrezista Vânia Vilhete conquistou o seu oitavo título consecutivo ao contabilizar seis pontos ao cabo de sete jornadas.

São estas figuras com conhecimento profundo da modalidade que, agora, dão corpo a um projecto que se desafia a colocar o xadrez a outro nível de intervenção na sociedade. In “O País” - Moçambique


 

Macau - Permissão de entrada a portugueses não-residentes divide empresários

A permissão de entrada em Macau a portugueses não-residentes, “sem autorização prévia das autoridades de saúde”, não irá alterar significativamente a retoma da actividade económica, de acordo com empresários ouvidos pela Lusa. Apesar do reconhecimento da tendência positiva no que toca a restrições, a duração da quarentena continua a ser um obstáculo


Macau permite, desde sexta-feira, numa medida de excepção, a entrada de portugueses não-residentes no território, e empresários mostram-se divididos com decisão que obriga a um período de quarentena “bastante alargado”.

António Pereira, empresário português, fez a última viagem de negócios a Macau em Dezembro de 2019, mas admite que só regressa à região, onde tem um escritório, “quando não houver mais quarentena”.

O diretor-geral da TrevoTech International, empresa angolana focada na distribuição e comercialização de maquinaria pesada, não acredita que a nova medida do Governo de Macau, que permite desde sexta-feira a entrada de cidadãos portugueses não-residentes no território, possa beneficiar o negócio.

“Pode ser uma vantagem em geral, para mim não é, não vou para ficar 14 dias em quarentena”, notou o empresário, que se divide entre Luanda e Lisboa, e que costumava viajar “uma ou duas” vezes por ano à China, país fornecedor da TrevoTech.

Entre portas

Depois de dois anos de portas fechadas a estrangeiros sem o estatuto de residente, Macau lançou uma medida de excepção que permite a entrada no território a nacionais portugueses sem autorização prévia dos serviços de saúde locais. O programa está limitado a quem, nos 21 dias anteriores à entrada, tenha estado na China, Hong Kong e Portugal e exige que sejam cumpridos 14 dias de quarentena num hotel.

Para o presidente da CESL Asia, empresa com sede em Macau e uma “actividade de 30 milhões de euros a correr em Portugal”, a medida “ainda é bastante restritiva”, devido às quarentenas, embora “tenha alguma utilidade”. À Lusa, António Trindade defendeu a necessidade de uma maior mobilidade entre Portugal e Macau e de menores quarentenas, apontando que, embora durante a pandemia as plataformas ‘online’ tenham permitido “racionalizar muito as viagens”, não é possível aos empresários “deixar de ter contacto com o mercado e as pessoas para as servir”.

O regresso à normalidade é, além disso, “muito importante” para a região administrativa chinesa: “O papel de Macau no plano de desenvolvimento da Grande Baía, que é de plataforma com a lusofonia, e das relações com Portugal e por aí fora, tudo isso precisa dessa abertura”, concluiu o dirigente da CESL Asia, empresa com cerca de 500 trabalhadores e que actua em diferentes áreas de negócio, que vão dos serviços às soluções tecnológicas.

Visto exigente

Já a Associação de Jovens Empresários Portugal-China (AJEPC) considera que a decisão “vai permitir que o tecido empresarial se comece a mobilizar e voltar a Macau” e que se “consiga ainda, durante este ano, compensar a balança comercial e aumentar as exportações”.

“O período de quarentena continua a ser bastante alargado”, ressalvou o presidente da AJEPC, Alberto Carvalho Neto, salientando, no entanto, que para os empresários “que estejam a tentar recuperar negócios”, a observação médica num hotel não será uma limitação.

“No sector do agroalimentar, acredito que haja empresários que estejam extremamente interessados em voltar rapidamente a reactivar o relacionamento”, frisou.

No que diz respeito aos requisitos para entrar na China continental através de Macau, os empresários mostram-se mais pessimistas.

Uma vez em Macau, um nacional português não-residente pode solicitar um visto para cruzar a fronteira, confirmou à Lusa a China Travel Service, agência autorizada a emitir documentos de viagem para a China.

No caso de tratar-se de um empresário, além da vacinação completa, terá de permanecer em Macau pelo menos 28 dias antes de viajar, sendo necessária a apresentação de “uma carta-convite da empresa” na China, “a certificação da companhia e a cópia do documento de identificação do representante legal”, explicou uma funcionária da China Travel Service.

Para ambos os vistos, de turismo ou negócios, é permitida uma única entrada por um período máximo de 30 dias no país, sendo que a atribuição do visto “não é 100 por cento garantida”, reforçou.

“São períodos muito longos”, reagiu o director-geral da TrevoTech. “A não ser que sejam negócios demasiado grandes, não estou a ver os empresários a passarem por esse período, acho que essa restruturação com o lado da China ainda vai aguardar um pouco”, completou Alberto Neto Carvalho.

Testados e certificados

Além da necessidade de permanecer no Interior da China, Hong Kong ou Portugal nos 21 dias que antecedem a viagem rumo a Macau, e da obrigação de cumprir 14 de quarentena num hotel designado, é exigida uma panóplia de documentação a quem chega à RAEM ao abrigo da excepção.

Assim sendo, os portugueses abrangidos pela medida têm de apresentar, como é óbvio, passaporte português válido, certificado de resultado negativo no teste à covid-19, certificado de vacinação e “confirmação de reserva emitido pelo hotel de observação médica”.

Quanto aos documentos que comprovem que nos 21 dias anteriores à entrada em Macau o declarante não esteve em locais fora de Portugal, Interior da China e Hong Kong existem duas opções: pedir um atestado às entidades autárquicas de Portugal ou assinar uma declaração, sob compromisso de honra para o mesmo efeito. Importa referir que caso se venha a constatar que as informações não correspondem à verdade, o declarante pode ser acusado de prestação de declarações falsas.

Na contagem dos 21 dias, é permitido a soma do tempo nos três territórios, ou seja, antes de entrar em Macau, o cidadão português pode passar sete dias em Portugal, outros sete no Interior da China e outros sete em Hong Kong.

Aquando do anúncio da medida, as autoridades afirmaram que tiveram em conta “as necessidades dos residentes ou entidades da RAEM”, razões pelas quais decidiram “dispensar, a título excepcional, o cumprimento da medida por parte de determinado grupo de pessoas”, uma vez que “o intercâmbio entre pessoas de Macau e Portugal é necessário”. In “Hoje Macau” - Macau


Macau – Andreia Martins lança o livro para crianças “Uma Casa com Asas”

Andreia Martins, professora do ensino básico, escreveu “Uma Casa com Asas” a pensar numa menina que brincava na rua e que, de repente, se viu obrigada a ficar em casa. Até que um dia a máscara lhe permite voltar a fazer a vida normal. A obra, dedicada aos filhos e alunos de Andreia Martins, é apresentada na sexta-feira no Café Oriente, no IPOR, e integra o cartaz oficial das celebrações do 10 de Junho


Não é um livro que fale directamente sobre a existência de um vírus, mas a história da protagonista acaba por remeter para o período especial que o mundo vive. Na sexta-feira, o Café Oriente, no Instituto Português do Oriente (IPOR), recebe o lançamento de “Uma Casa com Asas”, da autoria de Andreia Martins, docente do ensino básico na Escola Portuguesa de Macau (EPM), com ilustrações de Catarina Vieira.

O projecto nasceu no início da pandemia, quando Andreia Martins teve de começar a dar aulas online a partir de casa e, ao mesmo tempo, a tomar conta dos três filhos. “Numa dessas noites em que preparava as aulas para os meus alunos olhei para um desenho que a minha filha tinha feito, uma casa com umas asas, e escrevi sobre o que estávamos a passar”, contou ao HM.

Surgiu então a história de uma menina “que gostava muito de brincar na rua e, de repente, não pôde sair mais”. “Não falo de um vírus específico mas a história marca uma mudança de registo e de liberdade. Um dia a menina descobre uma coisa rectangular que mete nas orelhas com cuidado e que permite que volte a sair e a fazer algumas das coisas que fazia antes, que é a máscara. Este foi um livro escrito numa altura em que toda a Europa rejeitava o uso de máscara, ao contrário do que se passava aqui, o que é uma coisa cultural. Foi ver a possibilidade que a máscara nos deu [de fazer uma vida relativamente normal]”, adiantou a docente.

“Uma Casa com Asas” é uma obra dedicada aos filhos e alunos de Andreia Martins, bem como “para todas as crianças que têm de viver com a nova realidade”.

“A história é sobre o que cada criança experienciou e sobre o que elas inicialmente não puderam fazer, pois ficaram em casa, e de como a máscara possibilitou um regresso às rotinas. Acabo a história com a ideia de que ‘não pode tocar em tudo, mas aprendeu a esperar e a ter esperança’. Marca uma viragem e como professora penso que faz sentido, porque as crianças passaram a ver as pessoas de outra forma.”

No YouTube

Andreia Martins revela uma enorme paixão por contar histórias e acabou por recorrer ao YouTube para esse fim. Nos vídeos apenas se ouve a voz e se vêem as ilustrações do livro que se lê, um elemento que acabou por influenciar a escolha das ilustrações para “Uma Casa com Asas”.

“Fiz questão de descrever intensamente as minhas ilustrações à ilustradora para ela poder captar a realidade de Macau, e este canal de YouTube possibilitou aos meus alunos a continuar a ouvir as histórias. A mim possibilitou-me uma maior aprendizagem”, apontou.

“Uma Casa com Asas” esteve na gaveta durante muito tempo devido a contratempos com a selecção da editora. A escolha do trabalho de Catarina Vieira surgiu através de uma amiga. “Foi feito depois um trabalho de descrição, porque há muitos pormenores de histórias que leio que fui retendo e que gostaria de ver no meu livro.”

Acima de tudo, “esta história foi imaginada com o traço da Catarina, mas tudo o que está na história foi pensado e definido por mim”. “A minha experiência como professora e mãe faz com que perceba o que eles [filhos e alunos] gostam. Esta história é para eles, tem uma menina suja, descalça, que brinca com materiais de cartão. Há detalhes que quis que ficassem na história para segundas leituras”, concluiu Andreia Martins, para quem lançar um livro acabou por se revelar uma surpresa. Andreia Silva – Macau in “Hoje Macau”


segunda-feira, 30 de maio de 2022

Brasil - A desestatização do porto de São Sebastião

São Paulo – A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) está prestes a liberar o projeto de concessão do porto de São Sebastião, no Estado de São Paulo e, agora, a documentação preparada pelo Ministério da Infraestrutura e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) segue para a análise pelo Tribunal de Contas da União (TCU).  A previsão é que o leilão seja realizado ainda no quarto trimestre deste ano, antes do encerramento do mandato do atual presidente da República.

A exemplo do porto de Itajaí, em Santa Catarina, o leilão do porto de São Sebastião foi modelado de forma diferente, pois não haverá privatização, mas apenas a concessão do complexo portuário. O novo operador terá direito a explorar não apenas a estrutura comum, mas também movimentar cargas em terminais. O formato foi escolhido por serem São Sebastião e Itajaí portos pequenos e com vocação específica. Portanto, não haveria viabilidade para concessão apenas de áreas comuns.

Localizado em região de águas profundas, o porto de São Sebastião oferece calado superior ao de Santos, ou seja, 25 metros contra 14,4 metros, o que significa que exige menos gastos com serviços de dragagem. Com duas entradas independentes, fica a 100 quilômetros do Vale do Paraíba, região que abriga vasto parque industrial, que reúne fábricas de vidro e outras nos segmentos eletrônico, automobilístico, ferroviário e aeronáutico.

Com localização privilegiada, o porto fica também a 100 quilômetros da região metropolitana de São Paulo e a 150 quilômetros da região de Campinas. No total, dispõe de cinco berços de atracação e quatro pátios de armazenagem, além de cinco silos com 4 mil toneladas de capacidade estática. Um de seus diferenciais é a sua capacidade de operar cargas de alto valor agregado. Além disso, abriga o Terminal de Uso Privado (TUP) Almirante Barroso (Tebar), que é voltado exclusivamente para cargas da Petrobrás. É referência ambiental entre os portos brasileiros e já recebeu por duas vezes a certificação ISO 14.001, que o classifica em primeiro lugar no ranking do Índice de Desempenho Portuário da Antaq.

O porto movimenta em torno de 750 mil toneladas por ano de granel sólido como barrilha, sulfato, ulexita, silicato de vidro, malte, cevada e insumos de fertilizantes. A barrilha é matéria prima para a indústria vidreira e a de cosméticos, além de sustentar, indiretamente, a indústria automobilística e da construção civil.

Desde 2007, tem sido administrado pela Companhia Docas de São Sebastião, empresa subordinada à Secretaria de Transportes do governo do Estado, que investiu na modernização da infraestrutura portuária, passando a sua capacidade de 100 mil metros quadrados para os atuais 400 mil metros quadrados operacionais. No total, dispõe de uma área de 900 mil metros quadrados, o que tem sido considerado um obstáculo para a sua expansão, pois o ideal, segundo os especialistas, seria uma área de 2 milhões de metros quadrados para atender às expectativas de crescimento.

O projeto de desestatização do porto de São Sebastião prevê R$ 23 milhões em investimentos privados. Com a concessão, o que se espera é que a gestão do porto gere maior fluxo de investimentos e mais dinamização da atividade portuária, além da modernização e melhoria dos níveis de serviços e aumento da eficiência, bem como incorporação das melhores práticas internacionais.

A desestatização, porém, tem sido contestada pelas entidades representativas dos trabalhadores e, ao que parece, a efetivação da concessão pode depender ainda da orientação do governo federal que irá sair das urnas em outubro. Seja como for, o importante é que a desestatização venha a possibilitar a geração de novos investimentos, além de proporcionar mais autonomia ao porto, atraindo mais cargas com o aumento de sua capacidade operacional. E não só contribuir para a manutenção dos empregos e sobrevivência das 1200 famílias que dependem do porto como ainda gerar novos postos de trabalho, contribuindo para o crescimento daquela região, pois só assim o processo terá valido a pena. Liana Martinelli - Brasil

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Liana Lourenço Martinelli, advogada, pós-graduada em Gestão de Negócios e Comércio Internacional, é gerente de Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG) do Grupo Fiorde, constituído pelas empresas Fiorde Logística Internacional, FTA Transportes e Armazéns Gerais e Barter Comércio Internacional. E-mail: lianalourenco@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br

 

Angola - Biblioteca Nacional revela que 70% dos autores não fazem Depósito Legal

Num universo de 500 solicitações, durante o presente ano, de número de Depósito Legal à Biblioteca Nacional, apenas 150 autores fizeram chegar as cópias dos livros àquela instituição

A directora da Biblioteca Nacional (BN), Diana Afonso, voltou a mostrar-se preocupada com o número elevado de autores, escritores e editoras que desrespeitam a Lei n.º 27/03, de 10 de Outubro, Lei do Depósito Legal. Em declarações, esta semana, ao Novo Jornal, a responsável revelou que 70% dos autores que solicitaram número de depósito legal àquela instituição, nos últimos anos, num universo de 500 livros, não efectuaram os respectivos depósitos, conforme o diploma.

Revelou, igualmente, que apenas 150 autores, na sua maioria de publicações não-periódicas (livros), regressaram à Biblioteca Nacional para entregar seis exemplares de suas obras, conforme a lei.

"O incumprimento da Lei do Depósito Legal continua a ser uma das nossas principais inquietações. Os autores [escritores e editoras] solicitam o número de Depósito Legal, mas, aquando da publicação da obra, não é feito o depósito dos [seis] exemplares na instituição", frisou.

O depósito legal, lembra, "visa, essencialmente, facilitar a compilação da bibliografia nacional, preservar a literatura nacional e controlar a produção bibliográfica e literária nacional, sendo o seu cumprimento um dever de todos".

O número de obras recebidas pela BN a título de depósito vem diminuindo nos últimos três anos, segundo cálculos do NJ. Em 2019, foram entregues 3610 obras à BN, enquanto em 2020, o número reduziu para 1330, e, pelo menos, até ao primeiro trimestre de 2021, haviam sido contabilizados cerca de 600 livros.

Biblioteca Nacional tem 100 mil livros para leitura gratuita

Diana Afonso revelou, também, estarem disponíveis actualmente, para consulta pública, cerca de 100 mil exemplares de livros de diferentes géneros e autores.

Muito recentemente, a Biblioteca Nacional recebeu, a título de depósito legal, a obra científica "Angola desde a sua criação pelos portugueses até ao êxodo destes por nossa criação", da autoria de Carlos Mariano Manuel, professor Catedrático de Patologia e investigador de História.

Para aumentar o seu acervo bibliográfico e despertar os principais actores do mercado livreiro, a BN tem em carteira, ainda este ano, a realização de uma megacampanha de sensibilização sobre a importância do Depósito Legal.

Da sua agenda de trabalho consta ainda a realização de acções de capacitação profissional em Biblioteconomia, a fim de capacitar técnicos afectos às diferentes instituições neste domínio, em todo o País. Actualmente, o País conta com 39 bibliotecas públicas espalhadas em diversas províncias. Entretanto, este semanário sabe que há diversas regiões do País sem bibliotecas públicas. Hélder Caculo – Angola in “Novo Jornal”

 


Portugal - Estudo da Universidade de Coimbra tenta ultrapassar o insucesso da imunoterapia no cancro da bexiga

Uma equipa de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) está a estudar possíveis mecanismos de evasão imunitária que limitam o sucesso da imunoterapia no cancro da bexiga, lançando bases para o desenvolvimento de novos fármacos para combater este tipo de tumor que, em fase avançada, tem uma elevada taxa de mortalidade.

Iniciado em 2019, este estudo, de carácter translacional e multidisciplinar, é realizado em parceria com o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), Centro Hospitalar de Leiria (CHL) e Hospital CUF de Coimbra e designa-se “Inibição da via da adenosina - uma nova abordagem para potenciar a imunoterapia no cancro da bexiga avançado”.

Através de diversos mecanismos, o cancro da bexiga, mais comum nos homens, «consegue ludibriar e inibir a ação do sistema imunitário do nosso organismo, o que lhe permite crescer sem ser destruído pela ação das nossas células imunes (imunoevasão). O nosso projeto centra-se num desses mecanismos para escapar ao sistema imunitário, que está ligado ao metabolismo da adenosina, e que pensamos ser uma das formas através das quais o cancro da bexiga limita a ação dos nossos mecanismos de proteção naturais, reduzindo ainda a eficácia dos fármacos de imunoterapia já utilizados hoje em dia», explica o investigador e médico urologista Frederico Furriel.

Esses fármacos (inibidores da PD-1 e PD-L1), prossegue, «têm eficácia de apenas 20-30%, e isso sucede certamente porque há outras formas através das quais o tumor procede à imunoevasão, nomeadamente a via da adenosina».

Os resultados já obtidos, baseados em análises de amostras clínicas de doentes, evidenciam que o crescimento do cancro da bexiga se faz acompanhar de «uma profunda alteração do microambiente, no sentido de uma maior imunossupressão, o que evidentemente é favorável ao tumor. Por outro lado, conseguimos identificar uma maior expressão da via da adenosina no microambiente tumoral por comparação ao tecido normal», afirma Frederico Furriel, salientando que a descoberta mais importante, até ao momento, «foi apurar que existe uma correlação entre estes factos: quanto maior é a expressão da via da adenosina, maior é a imunossupressão, o que aponta no sentido da nossa hipótese».

A equipa está agora a realizar estudos com um maior número de doentes, para confirmação destas descobertas e, também, para tentar encontrar, «no sangue periférico dos doentes, algum tipo de "assinatura imunológica" que nos permitisse dar uma indicação da atividade da via da adenosina no microambiente tumoral», adianta o investigador principal do projeto.

Em paralelo, os cientistas estão a estudar e manipular experimentalmente a ação da via da adenosina sobre o cancro da bexiga num ambiente controlado, num modelo animal. Estes estudos, que decorrem no Institute for Clinical and Biomedical Research (iCBR) da FMUC, consistem, dito de forma simples, em induzir a «formação de um cancro da bexiga em modelo animal (ratinhos), e depois vamos administrar fármacos capazes de suprimir a via da adenosina, por forma a avaliar se isso leva à redução do tamanho do tumor ou outros parâmetros de melhoria. Vamos também associar estes fármacos àqueles que já são hoje utilizados na imunoterapia, para determinar se essa terapêutica combinada leva a melhores resultados que a terapêutica isolada».

Este estudo, financiado, através de bolsas, pela Associação Portuguesa de Urologia e pela CUF, poderá «lançar as bases para o desenvolvimento e utilização (após ensaios clínicos rigorosos) de fármacos específicos para a via da adenosina, quer em monoterapia quer associados a outros já existentes, levando, em última análise, à melhoria do prognóstico dos doentes com cancro da bexiga. Todos os avanços são bem-vindos para o tratamento de uma doença que, quando numa fase avançada, tem uma elevada taxa de mortalidade», destaca ainda Frederico Furriel.

«Se os nossos resultados forem positivos, poder-se-á, numa fase posterior, avançar para ensaios clínicos em humanos para testar os novos fármacos de imunoterapia, eventualmente em associação aos que já se usam hoje», remata.

Para além de Frederico Furriel, a equipa é constituída por Belmiro Parada, Célia Gomes, Margarida Pereira, Hugo Ferreira, Paula Laranjeira, Vítor Sousa e Artur Paiva, investigadores da FMUC e do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC). Universidade de Coimbra - Portugal


Timor-Leste – Dom Virgílio do Carmo vai ser o primeiro cardeal do país


Díli – O Papa Francisco vai convocar um consistório para a nomeação de 21 cardeais, dos quais se inclui o Arcebispo da Arquidiocese Metropolitana de Díli, Dom Virgílio do Carmo, SDB.

Com esta nomeação, o Arcebispo de Díli vai ser o primeiro cardeal timorense.

O consistório para a nomeação dos cardeais tem lugar no próximo dia 27 de agosto.

“No sábado, 27 de agosto, vou convocar o consistório para a nomeação de novos cardeais. Rezemos para que eles me ajudem na minha missão como Bispo de Roma para o bem de todo o povo de Deus”, afirmou o Santo Padre no final da oração do Angelus, na Praça de São Pedro, no Vaticano.

Biografia de Dom Virgílio do Carmo, SDB

Dom Virgílio nasceu em Venilale, a 27 de novembro de 1967. Após ter estudado nas escolas primária e secundária dos Salesianos de Fatumaca, ingressou na Sociedade  Salesiana de Dom Bosco. Mais tarde, foi enviado para estudar Filosofia e Teologia em Manila, Filipinas.

Fez a primeira profissão com os Salesianos a 31 de março de 1990 e a profissão perpétua a 19 de março de 1997. Foi ordenado sacerdote a 18 de dezembro de 1998.

Após a ordenação sacerdotal exerceu os seguintes cargos: entre 1999 e 2004, foi formador de noviços; entre 2004 e 2005 foi ecónomo (administrador dos bens) da Casa de Formação de Venilale e vigário paroquial; em 2007 licenciou-se em Espiritualidade na Pontifícia Universidade Salesiana, em Roma; de 2007 a 2014 foi Mestre Iniciante; entre 2009 e 2014 foi Diretor da Casa Salesiana e do Liceu Técnico de Dom Bosco de Fatumaca. Em 2015, foi eleito Provincial dos Salesianos.

O futuro cardeal foi nomeado Bispo de Díli a 30 de janeiro de 2016, pelo Papa Francisco, e participou, em 2018, no Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens.

Em setembro de 2019, o Papa decidiu criara Província Eclesiástica de Díli, nomeando Dom Virgílio do Carmo como primeiro Arcebispo metropolitano do território. Afonso do Rosário – Timor-Leste in “Tatoli”


 

domingo, 29 de maio de 2022

União Europeia – Financiamento na área da aquacultura europeia

Através do AQUAEXCEL3.0, pode beneficiar de acesso gratuito às melhores infraestruturas de investigação europeias na área da aquacultura. Este projecto disponibiliza apoio financeiro para facilitar o acesso de investigadores da academia e da indústria a instalações de aquacultura, bem como a vários outros serviços altamente especializados.

O AQUAEXCEL tem como principal objectivo apoiar o crescimento sustentável do sector da aquacultura europeia, promovendo a investigação e inovação em aquacultura. Este projecto europeu é coordenado pelo INRA (França), sendo que o IPMA - através da Estação Piloto de Piscicultura de Olhão (EPPO) - integra pela primeira vez o projecto, associado ao CCMAR. “Instituto Português do Mar e da Atmosfera” – Portugal

AQUAEXCEL3.0

Saiba como se candidatar

AquaExcel

 

Brasil - Biblioteca Nacional abre seleção para apoio à pesquisa sobre bicentenário da independência


A Biblioteca Nacional (FBN), autarquia vinculada à Secretaria Nacional da Cultura do Ministério do Turismo, está com inscrições abertas para a concessão de bolsas para o desenvolvimento de pesquisas que tratem dos 200 anos da independência do Brasil.

Os interessados têm até o dia 11 de julho para se candidatar a uma das quatro bolsas previstas, que terão o valor de R$ 30 mil cada, totalizando R$ 120 mil. Para se inscrever, os pesquisadores deverão encaminhar e-mail para editaispesquisa@bn.gov.br com uma cópia do RG, formulário de inscrição, cópia do currículo acadêmico da Plataforma Lattes atualizado e o projeto de pesquisa.

Para o ministro do Turismo, Carlos Brito, a iniciativa se soma a uma série de ações que o governo federal vem desenvolvendo para celebrar a data. “Incentivar a pesquisa é uma das nossas prioridades e, principalmente, para este período, que busca resgatar o patriotismo e a história do nosso país. Com o apoio da Biblioteca Nacional, vamos trazer de volta a importância da preservação desta história e da cultura que marca este grande dia”, destacou.

Os projetos deverão conter, obrigatoriamente, como fontes principais ou objeto da pesquisa peças ou coleções dos acervos da Fundação Biblioteca Nacional, em qualquer uma de suas áreas. Confira edital aqui.

Os selecionados deverão dedicar 20 horas semanais, no mínimo, às atividades de pesquisa previstas no projeto. Além disso, eles deverão apresentar plano de trabalho em até 30 dias após a assinatura do contrato contendo atividade formativa a ser oferecida aos servidores da FBN e/ou ao público em geral, com duração mínima de 8 horas. A atividade deverá preferencialmente ter relação com o projeto de pesquisa a ser desenvolvido. O objeto, a data da atividade e as condições em que será oferecida serão acordados com a Coordenação do Programa.

Os registros dos projetos inscritos, selecionados ou não, poderão fazer parte do cadastro da Fundação Biblioteca Nacional para fins de pesquisa, documentação e mapeamento da produção cultural brasileira, a critério da FBN.

O programa incentiva a produção de trabalhos originais, desenvolvidos a partir de pesquisas no acervo da Fundação Biblioteca Nacional, em qualquer uma de suas áreas. Pelos termos do programa, a FBN pode conceder bolsas de pesquisa a doutores, com desembolso mensal, por um período de um ano para pesquisadores brasileiros, natos ou naturalizados, ou estrangeiros com residência e visto permanentes no Brasil.

Brasil no século XIX

Ainda, no dia 31 de maio, às 15h, o Arquivo Nacional realizará o lançamento da seção Temas do Brasil Oitocentista, no portal do Arquivo Nacional, dedicada à difusão dos seus acervos relacionados ao período imperial brasileiro, compreendido entre 1822 e 1889.

Além do acervo de obras raras, documentos textuais manuscritos e impressos, mapas, desenhos, gravuras, fotografias integram aproximadamente 380 fundos e coleções, públicos e privados, remetendo a esse intervalo de 67 anos da história brasileira.

O lançamento da seção faz parte do calendário de Comemorações do Bicentenário da Independência, proposto pelo Arquivo Nacional, e será formado por três palestras a serem proferidas por pesquisadores da instituição: Claudia Heynemann, Thiago Mourelle e Viviane Gouvêa.

Claudia Beatriz Heynemann é historiadora graduada pela PUC-Rio, com mestrado em História pela mesma instituição e doutorado em História pela UFRJ. Pesquisadora do Arquivo Nacional, é editora do portal “O Arquivo Nacional e a História Luso-Brasileira”. Também atua como curadora de exposições e editora de publicações de difusão e escreveu sobre a criação do Arquivo Nacional.

Thiago Cavaliere Mourelle é historiador com mestrado em História pela Uerj, doutorado em História Social pela UFF e pós-doutorado em História pela Uerj. Pesquisador do Arquivo Nacional, é supervisor da Equipe de Pesquisa, autor de diversos livros sobre o período Vargas e escreveu sobre as lutas dos escravizados por sua liberdade.

Viviane Gouvêa é graduada em Ciências Sociais pela UFRJ, com mestrado em Ciência Política pela mesma universidade. Pesquisadora do Arquivo Nacional e editora do portal “Que República é Essa? – Portal Estudos do Brasil Republicano”, escreveu sobre a Cabanagem.

O lançamento da seção “Temas do Brasil Oitocentista” será transmitido ao vivo pela página do Arquivo Nacional no Facebook. O público poderá participar por meio de perguntas e outras interações nos comentários da transmissão.

Prêmio Funarte

A Fundação Nacional de Artes publicou o edital do Prêmio Funarte Medalhas do Bicentenário da Independência do Brasil. A iniciativa faz parte de um conjunto de ações comemorativas do marco de 200 anos da Independência do país – fato histórico ocorrido em 7 de setembro de 1822, “decisivo no contexto de formação da Pátria”.

Por meio da ação, a Funarte objetiva realizar, com alcance nacional, a seleção de projetos de design gráfico digital de medalhas comemorativas inspiradas, estética e/ou simbolicamente, no Bicentenário da Independência do Brasil. A intenção é estimular o pensamento crítico, histórico, social e conceitual, bem como a difusão das artes visuais digitais, em geral, e a valorização do design brasileiro.

Serão contemplados dez projetos. Cada um deles receberá R$ 10 mil, totalizando R$ 100 mil em premiações. As propostas deverão ser inéditas e apresentar simplicidade dos elementos gráficos, além de gerar impacto, por meio de aspectos como “diferenciação, criatividade e originalidade”.

As inscrições devem ser feitas exclusivamente por meio digital e estão abertas até 30 de junho.  Acesse aqui o edital. InMundo Lusíada” - Brasil


 

A ceifeira









Vamos aprender português, cantando

 

A ceifeira

 

Ela canta, pobre ceifeira,

julgando-se feliz talvez;

Canta, com a sua voz, cheia

de alegre e anónima viuvez

 

Ondula como um canto de ave

no ar limpo como um limiar,

e há curvas no enredo suave

desse som que ela tem para cantar.

 

Ouvi-la alegra e entristece,

na sua voz há o campo e a lida,

e canta como se ela tivesse

mais razões para cantar que a vida.

 

Ah, canta, canta sem razão!

O que em mim sente está pensando.

Derrama no meu coração

a tua incerta voz ondeando!

 

Pensa tu, sendo eu!

Ter a tua alegre inconsciência,

e a consciência disso! Ó céu!

Ó campo! Ó canção! A ciência

 

Pesa tanto e a vida é tão breve!

Entrai por mim dentro! Tornai

minha alma a vossa sombra leve!

E depois, levando-me, passai!

 

Ela canta, pobre ceifeira,

Julgando-se feliz talvez;

Canta, com a sua voz, cheia

de alegre e anónima viuvez

 

Nuno Barroso – Portugal

Dora Maria – Portugal

Os Almonda – Portugal

 

Composição:

(Letra) Fernando Pessoa – Portugal

(Música) Nuno Barroso – Portugal


 

Vamos recordar, cantando

A visita

sábado, 28 de maio de 2022

São Tomé e Príncipe e Angola iniciaram em São Tomé a Reunião Preparatória da 8ª Comissão Bilateral

São Tomé – O Secretário de Estado são-tomense para Comunicação Social, Adelino Lucas e o Secretário de Estado da Cooperação e das Comunidades angolanas, Domingos Custódio Lopes presidiram esta manhã em São Tomé  à abertura da reunião técnica preparatória da VIIIª sessão da Comissão Bilateral entre os dois Estados.

No seu discurso, o Secretário de Estado são-tomense para Comunicação Social, Adelino Lucas disse que o governo são-tomense acredita que a realização desta VIIIª reunião da comissão bilateral afigura-se como um novo impulso nas relações de amizade e cooperação, pelo que esperemos os melhores resultados possíveis.

Para Adelino Lucas, esta reunião “deverá ser um espaço e uma oportunidade para actualizar as nossas agendas de irmandade e de Estado com ambições de buscar novos paradigmas de desenvolvimento para os nossos povos, aliás como manifestaram nas suas intenções os Chefes de Estado de Angola e de São Tomé e Príncipe na mais recente visita do Presidente são-tomense a Angola”.

“Assim desejamos a todos os participantes que são verdadeiras competências técnicas dos nossos dois países, uma excelente jornada de trabalho”, adiantou o Secretário de Estado são-tomense para Comunicação Social.

Lucas disse ainda que “estamos convictos de que avanços substanciais serão alcançados sobre as áreas temáticas diversificadas que serão objecto de discussão durante os trabalhos, assentes em bases que sustentam uma parceria estratégica diversificada e com realce para a cooperação económica mutuamente vantajosa”.

Tendo iniciado com a adopção da metodologia dos trabalhos, constituição de grupos de trabalho e reunião de grupos, este encontro prossegue domingo com a elaboração do processo verbal. Ricardo Neto – São Tomé e Príncipe in “STP-Press” 

Cabo Verde – Djosinha celebra 70 anos de carreira como cantor

Mindelo – O grupo Serenata Produções realiza hoje, sábado, 28 de maio, no Mindelo, um espectáculo para assinalar os 70 anos de carreira do cantor cabo-verdiano Djosinha, que considera já ter uma vida a cantar Cabo Verde e o mundo.

O “Serenata Produções”, conforme o produtor Kicas Silva avançou à Inforpress, não poderia deixar passar a oportunidade de se associar à comemoração de uma “data tão importante” como os 70 anos de carreira de uma figura como Djosinha, que “deu e continua a dar um grande contributo para a música cabo-verdiana”.

Por isso, segundo a mesma fonte, o grupo o convenceu a deixar a ideia inicial de fazer o espectáculo primeiramente nos Estados Unidos da América (EUA), onde o cantor reside actualmente, e vir viver este “marco” com o povo da sua terra natal, São Vicente, que pode estar com o cantor, que, mesmo com 88 anos completos na última quarta-feira, 25, “ainda está em condições de deliciar o público com as suas músicas e com a sua forma de estar no palco, tão peculiar”, assinalou.

Kicas Silva escolheu um leque de artistas numa “mistura de experiência e juventude”, que também vão abrilhantar a noite e no qual constam nomes como Constantino Cardoso, Edson Oliveira, Carmen Silva, Samantha Aniger, Milanka e ainda Chico Serra e Jorge Sousa, que foram dois contemporâneos de Djosinha no grupo Voz de Cabo Verde.

Para já, escolhas que caíram no agrado de Djosinha, de nome próprio José Vieira Duarte, que, como explicou à Inforpress, tem “muitas coisas” para contar destas sete décadas e uma vida a cantar Cabo Verde e o mundo.

O cantor disse que foi aos sete anos que pisou um palco pela primeira vez, no cinema Éden Park, no Mindelo, e por volta dos 13-14 anos, acredita ter protagonizado, juntamente com a falecida Titina Rodrigues, o “primeiro dueto cabo-verdiano” no teatro do Castilho.

Djosinha relembrou o quão ficou em “alvoroço” a cidade do Mindelo depois que apresentaram uma versão de uma música brasileira chamada “Quase certo”, que aprenderam em apenas um dia, depois de o pai de Titina Rodrigues, que era piloto da Baía do Porto Grande, o ter conseguido num disco tocado em 78 rotações através de oficiais de um barco estrangeiro.

“Eu e a Titina formávamos uma bela dupla, e depois da nossa primeira actuação acabámos por fazer várias outras, inclusive em Portugal de norte a sul, e aqui em Cabo Verde até para receber o então ministro de Ultramar, o Adriano Moreira”, explicou, saudoso da sua “amiga” falecida recentemente, no dia 06 de Maio último.

Contudo, asseverou, a sua carreira começou a sério aos 18 anos, época em que conciliava as suas actuações musicais, com o futebol e ainda com teatro, em São Vicente, e depois nas suas viagens para o estrangeiro, como marítimo e também como emigrante.

Um dos pontos alto da sua trajectória foi a entrada para o grupo Voz de Cabo Verde, em 1965/1966, com qual viajou o mundo juntamente com colegas como Luís Morais, Frank Cavaquinho, Morgadinho, Jon da Lomba e outros.

“Nesta altura, eu acabei por levar para o grupo ritmos como cumbia e bolero, porque vinha da Argentina onde conheci os reis destes ritmos, e acredito que estas mudanças permitiram que Voz de Cabo Verde desse um grande salto”, sublinhou, referenciando o idílico conjunto cabo-verdiano, que fez história em Cabo Verde, Senegal e países da Europa.

Por outro lado, Djosinha lamenta o facto de o grupo só ter tido “cerca de seis anos de actividade oficial”, e com outros momentos feitos somente através de “reencontros” dos elementos.

No entanto, ele construiu uma carreira a solo, como cantor radicado na diáspora, maior parte nos Estados Unidos, onde também se destacou por 42 anos como radialista.

O mesmo país que o acolheu e onde pretendia organizar primeiramente o espectáculo de comemoração dos 70 anos de carreira, mas que decidiu reprogramar para acontecer entre Outubro e Novembro próximos.

Por agora, o cantor quer comemorar com a sua gente neste sábado, num dos hotéis do Mindelo, e assegurou apresentar-se com a “mesma energia” e com o “Djosinha de sempre”, que quando sobe ao palco, até se esquece das dores de joelhos, que o tem fustigado por causa da idade.

No espectáculo, Djosinha também promete surpresas, como de reviver com uma jovem cantora o dueto feito em tempos idos com Titina Rodrigues.

Sendo assim, não é por agora que pretende pendurar o microfone, até porque tem planos para lançar brevemente um novo disco, ainda para assinalar os 70 anos de carreira, no qual já trabalha juntamente com o produtor Kim Alves.

“O CD deverá ter oito mornas em rapsódia, boleros e três ou quatro coladeiras, que abordam situações sociais como os nossos ‘titios’, que temos por cá”, concretizou. In “Inforpress” – Cabo Verde