Vamos
aprender português, cantando
Que é feito da
Mariquinhas?
Há muito que ninguém a vê
passar
foi nas suas tamanquinhas
a casa já está pronta
pr’alugar
quem é que se lembrou de a
pôr a andar?
Não se riam as vizinhas
que dizem que foi desta
p'ra pior
só não sabem, coitadinhas
quem ri por último é quem
ri melhor
Vendeu o espelho e a
colcha com barra
ao preço dumas uvas
miudinhas
mas se ela deixou lá uma
guitarra
um dia há-de voltar a
Mariquinhas
Que é feito da
Mariquinhas?
Ninguém sabe onde páram as
amigas
correram as capelinhas
não há sinal daquelas
raparigas
e vai um bairro inteiro
p'rás urtigas
e a saga continua
ainda vai no adro a
procissão
quem lá vai não se habitua
a falta que ela faz não
tem perdão
Rifou as bambinelas mais a
jarra
os móveis e as cortinas às
pintinhas
mas se ela deixou lá uma
guitarra
um dia há-de voltar a
Mariquinhas
A rua cada vez está mais
bizarra
custam couro e cabelo umas
ginjinhas
o Fado que gostava de
algazarra
perdeu a Rosa, o Chico e a
Mariquinhas
Lisboa já não é como a
cigarra
espantaram os boémios
alfacinhas
mas se deixaste lá uma
guitarra
adeus, até à volta,
Mariquinhas
Marco Oliveira – Portugal
Composição:
(Letra) Marco Oliveira e
Ana Sofia Paiva – Portugal
(Música) Marco Oliveira – Portugal
"Contar histórias
sobre a Mariquinhas é uma tradição no fado.
Escrevemos esta letra no
pico da especulação imobiliária, em que as pessoas foram
despejadas dos bairros
antigos para as suas casas serem transformadas em albergues
de alojamento temporário
completamente descaracterizados.
As tradições passaram a
ser um negócio e claro, correram com as Mariquinhas do século XXI.
Mas eu acho que isto não
fica assim e a canção diz isso mesmo."
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