Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Moçambique - Apresentação do livro “O Galo Ruivo” de Aldino Muianga


Um novo livro do Aldino Muianga é sempre um muito esperado evento literário em Moçambique!

Para quem gosta da escrita do Aldino, fica sempre a expectativa do próximo livro. O próximo deleite na sua leitura. E aqui temos um novo livro seu, “O Galo Ruivo”.

Demorou a ser lançado, mas finalmente viu a luz do dia.

Para termos uma percepção da morosidade do processo e deitar algumas achas para a fogueira começada na conversa da passada terça-feira aqui no Camões, num despique entre o Aldino e o Mbate, conto um pouco do meu envolvimento nesta história.

No dia 10 de Janeiro de 2020 recebi uma mensagem por WhatsApp do meu amigo Aldino. Nela Dizia:

“A novidade é esta: estou a preparar a publicação de uma colectânea de contos que estava a acumular poeira nas minhas gavetas há muito tempo. Tenho estado aqui a pensar quem poderia prefaciar esse volume. Depois de várias consultas achei que eras a pessoa mais indicada para esse efeito. Convido-te formalmente a juntar-te a mim neste novo projecto. Conto publicar no segundo trimestre deste ano. Aceitas o desafio? Queres juntar-te a mim à volta desta? Aguardo pelo teu parecer.”

Confesso que li várias vezes a mensagem e cheguei a pensar: “Que estranha literatura anda ele a ler pela África do Sul para pensar em mim para escrever o Prefácio?”. Mas depois de algumas trocas de mensagens extra convenci-me que o Aldino não tinha andado a ler nada de ilegal e realmente me queria a mim para escrever o Prefácio.

Claro que aceitei, apesar de grande dose de medo que me atacou.

E claro que me lembrei do que a minha Mãe me gostava tantas vezes de dizer desde jovem: um prefácio é um texto que se escreve depois de um livro ser escrito, é colocado no início do livro e ninguém o lê nem antes nem depois!

Mas, mesmo assim, não podia deixar de prestar esta homenagem ao Aldino, e humildemente, ter essa honra de escrever esse Prefácio e estar aqui a apresentar o último livro deste grande escritor. Dois anos e meio depois do convite inicial!!!

Um pouco na mesma linha da conversa de outro dia “Médicos & Remédios” começo por falar deste tema da ligação da Literatura e da Medicina, com tantos casos na literatura mundial de médicos que também são escritores e poetas.

Há os exemplos clássicos noutras línguas de Chekov, Somerset Maugham, William Carlos Williams, Louis-Ferdinand Céline e Stanislav Lem, e, em língua Portuguesa, os exemplos de Miguel Torga, Fernando Namora, António Lobo Antunes e Agostinho Neto. Moçambique, com a sua pujança literária actual, não podia deixar de ter a sua quota parte de médicos-escritores já conhecidos, como por exemplo, Mbate Pedro, poeta e editor, e Aldino Muianga, contista e romancista.

Vindo eu da Ciência em geral e da Medicina em particular e estando modestamente ligado à Literatura, não podia deixar de me interessar por estas curiosas pontes / ligações / hibridizações.

Pelo Mundo fora, e ao longo da História, a Literatura não foi feita apenas por pessoas formadas em Letras ou Literatura. Existem muitos escritores com áreas de formação muito diversas, como cientistas, engenheiros, economistas, advogados e mesmo auto-didactas. E também existem muitos médicos!

Mas se esse é o caso, porquê então essa admiração em especial por médicos escritores?

É fácil fazer generalizações. E se o meu interesse for a Medicina, poderei dizer: Muitos escritores são médicos!

Mas nem todos os médicos são escritores e nem todos os escritores são médicos.

Contudo há aqui uma ligação curiosa. Um médico já tem a sua vida tão ocupada pelo seu trabalho profissional que encontrar tempo extra para escrever requer organização, perseverança e amor à literatura. Só essa característica já seria interessante, mas penso que o mais importante aqui é o lado de contacto e observação humanas que a profissão de médico traz consigo e o que essa vertente pode trazer à escrita. Há um olhar clínico, humano, de saber olhar para o outro, de sentir o outro, que aprofunda a literatura. E outro dia o Aldino disse alguma coisa que pela primeira vez me abriu os olhos: um médico tem muitas vezes de fazer a história clínica do doente e muitas vezes, também, para chegar lá, tem de ouvir as histórias pessoais do doente. E que manancial de enredos poderá daí advir, imiscuído com a humanidade de saber ouvir e respeitar a história do doente.


O médico escritor Miguel Torga tem uma série de livros de contos sobre as pessoas do campo e da montanha. E eu não consigo deixar de ler os contos de Aldino Muianga sem pensar em Miguel Torga, porque o Aldino nos faz uma coisa semelhante, que é trazer o seu olhar humano para essas histórias que se passam fora da cultura citadina mais culta, fora dos ambientes em que a maioria dos leitores dos seus livros vive. Dá voz a pessoas que normalmente não têm voz literária e assim nos abre o mundo e o torna mais rico e profundo.

E a lembrança de Miguel Torga vem também pela partilha do estilo literário do conto. Esse estilo onde o escritor num número curto de páginas conta uma pequena história em pinceladas rápidas que nos abre uma pequena janela da vida das personagens e nos traz momentos e pensamentos das gentes que tantas vezes nos cruzam o caminho e não as sabemos ver e ouvir.

O Aldino tem 14 livros publicados, quatro romances, uma novela e nove livros de contos. Obviamente o conto é o principal estilo dele, o seu forte. E eu confesso que é esse o meu estilo de prosa preferido. Questões de gosto…

Em Moçambique, seguindo o movimento global em que as novas gerações literárias se vão modernizando cada vez mais e urbanizando cada vez mais, é muito bom haver escritores que contem histórias do mundo rural e suburbano, porque é essencial para manter viva essa história humana que faz um país, principalmente quando essas histórias são contadas por alguém com a visão humana de um médico.

Não vou fazer aqui uma análise do livro e dos contos, porque o pouco que disse de interesse já está no Prefácio do livro, mas posso dizer que este livro “O Galo Ruivo” é composto por setes contos que, de certa forma, vêm na sequência do anterior livro do Aldino “Os Funerais de Mubengane”, mas enquanto o livro anterior é mais focado no ambiente rural, este novo livro aborda mais o ambiente suburbano, aqui em Moçambique ainda muito marcado pela transição recente do campo para a cidade, acarretando consigo ainda muita da maneira de pensar e viver rural mas já moldado à vida na grande cidade. Um fantástico registo desta faceta da história de Moçambique!

Estava ontem a conversar com duas amigas sobre a força da Literatura para mudar o Mundo e se atentarmos a estes contos do Aldino, com toda a sua humanidade e calor humano, podemos compreender que, se muito mais gente lesse estes contos, poderia haver muito mais pessoas a olharem o mundo com mais compaixão!

Há pessoas que nos cruzam a vida e, de repente, sem sabermos porquê, nos inspiram admiração, respeito, confiança, proximidade e amizade. E o Aldino é uma dessas pessoas. Um amigo que me entrou na vida pela porta da frente e com muita naturalidade. E entrou para ficar!

Só espero que o Aldino continue na sua força literária a escrever por muito mais tempo e nos continue a brindar com estes livros que tanto enriquecem a literatura moçambicana.

Um grande abraço, meu querido amigo! Mário Secca – Moçambique in “O País”

Aldino Muianga - Nasceu em Maputo em 1950. Escritor, médico cirurgião e docente, vive e trabalha em Pretória, na África do Sul. Vencedor do Prémio Craveirinha, em 2009, com a obra “Contravenção” (2008). Autor dos livros “Xitala Mati” (contos, 1987), “Magustana” (novela, 1992), “A noiva de Kebera” (contos, 1999), “Rosa Xintimana” (romance, 2001), “O Domador de Burros” (contos, 2003), “Meledina ou histórias de uma prostituta” (romance, 2004), “A metamorfose” (contos, 2005), “Contos Rústicos” (contos, 2007), “Contravenção - Uma História de Amor em Tempos de Guerra” (romance, 2008) e “Asas Quebradas” (romance, 2017). Autor homenageado na 4ª edição do RESILIÊNCIA - Festival Literário (2021).




 

Alemanha - Muitas obras portuguesas para descobrir na Feira do Livro de Frankfurt

Portugal vai estar este ano na Feira do Livro de Frankfurt, que terá lugar entre os próximos dias 19 e 23 de outubro, depois de dois anos de ausência devido à pandemia, com a presença de 40 chancelas editoriais


De acordo com a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), a maior feira do livro do mundo, que é essencialmente comercial, para compra e venda de direitos, regressa em pleno, contando também com a presença da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB).

A 74.ª edição da Feira do Livro de Frankfurt marca o regresso da APEL ao encontro mundial do setor editorial, depois de 2019.

Segundo o presidente da Associação, Pedro Sobral, “para Frankfurt [esta] é a primeira feira normal”, porque em 2020 não se realizou e no ano passado realizou-se “com muitas ausências, foi uma feira fantasma, quase”.

“Este ano, os editores de todo o mundo voltaram, e por isso esperamos que seja uma feira interessante desse ponto de vista, e uma boa montra para os editores e escritores portugueses”, acrescentou.

A APEL vai estar localizada num ‘stand’, que disponibiliza espaço para que “os editores que pretendam comprar e vender diretos, o possam fazer com tranquilidade”.

As marcas editoriais portuguesas que vão estar presentes são as que têm capacidade de venda de direitos e que têm maior número de autores de língua portuguesa, explicou o responsável.

As chancelas que vão estar em Frankfurt são a 11×17, Areal Editores, Arte Plural, Assírio & Alvim, Bertrand Editora, Casa Sassetti, Cascais Editora, Chá das Cinco, Contraponto, Desassossego, Edicare Editora, Edições Piaget, Edições Saída de Emergência, Editorial Presença, Etep, FCA, FCA Design, Gestão Plus, IN, Jacarandá, Lidel, Lidel Saúde e Bem-Estar, Livros do Brasil, Lucerna, Manuscrito, Marcador, Pactor, Pactor Kids, Pass, Pergaminho, Porto Editora, Principia, Quetzal, Raíz Editora, Sete Mares, Sextante Editora, Sopa de Letras, Temas e Debates, Verso da Kapa e Zero a Oito.

A Feira do Livro de Frankfurt conta com mais de 7500 expositores de mais de 100 países, cerca de quatro mil eventos, 285 mil visitantes e 10 mil jornalistas.

Portugal foi o país convidado da Feira do Livro de Franfurt, em 1997. In “Bom dia Europa” - Luxemburgo


 

França - Literatura infantojuvenil lusófona promovida no país

A Sorbonne Université e a Fundação Calouste Gulbenkian, em França, irão acolher, no dia 12 de outubro, a primeira edição do certame LITERANTO


A iniciativa, da autoria de Sara Novais Nogueira, Diretora do Conselho Cultural da AILD/França, pretende promover e divulgar junto dos lusodescendentes que vivem em França a literatura infantojuvenil lusófona. Para isso, contará com a presença de diversos escritores lusófonos que darão a conhecer ao público infantil as suas obras, e procurarão, através de atividade lúdicas ligadas à leitura, literatura e teatro, estimular a curiosidade acerca da língua portuguesa.

Licenciada em Educação e mestre em Línguas, Literaturas e Civilizações Estrangeiras (especialidade lusófona), Sara Novais Nogueira pretende, através do projeto LITERANTO “proporcionar aos jovens a continuidade com a língua, a cultura e a civilização lusófona”.

Para isso, convida pais, comunidade educativa e comunidade local a participar ativamente nesta iniciativa que pretende, não apenas reforçar os laços com a nossa língua, mas também manter vivo um importante legado.

Esta iniciativa literária terá início às 11h00 na Sorbonne Université – Paris 4 (para alunos de licenciatura). De seguida, às 16h00, é a vez da biblioteca da Fundação Calouste Gulbenkian, em Paris, acolher a iniciativa, com o conto de histórias para crianças. Pelas 17h00, contará com a realização de uma mesa-redonda que será transmitida via Zoom.

O evento de literatura infantojuvenil contará com a presença de dois importantes nomes da literatura infantojuvenil lusófona, Cláudia Nina e Rosabela Afonso, com a participação de Sara Novais Nogueira, autora do projeto LITERANTO, e ainda de Leonardo Tonus, professor em literatura brasileira na Sorbonne Université. In “Bom dia Europa” - Luxemburgo



quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Timor-Leste – A brasileira FarmPro pretende investir avultadamente na produção de café

Díli – A empresa FarmPro do Brasil, apresentou um plano de investimento para apostar na produção de café no município de Ermera, com um valor de 2 milhões de dólares americanos.

A FarmPro é uma empresa que já opera em Timor-Leste há anos, sobretudo em produtos agrícolas envolvendo agricultores de comunidades locais, fornecendo produtos a estabelecimentos comerciais (supermercados e restaurantes), também locais. Embora seja uma grande exportadora de café, não tinha ainda o café como produto de eleição.

“A empresa pretende investir no setor agrícola, sobretudo no aumento de produção de café no município de Ermera com um total de 2 milhões de dólares”, disse o diretor-executivo da Agência de Promoção de Investimento e Exportação, Arcanjo da Silva. Á Tatoli em Colmera.

O diretor-executivo explicou que a empresa está empenhada em trabalhar com os agricultores para garantir a qualidade e quantidade do café para que se possa reforçar a exportação do produto.

Segundo o responsável, a FarmPro recebeu o prémio Export Awards em 2019, sobretudo pela exportação do café arábica especial, sob a marca “FarmPro Specialty Coffee”, para o mercado internacional.

A FarmPro exporta café torrado diretamente para consumidores na Austrália sob a marca “Timor Mountain”, informou Arcanjo da Silva, e acrescentou que a empresa também está envolvida na venda de vegetais frescos para o mercado interno.

O diretor da FarmPro, Peter Dougan, explicou no sítio oficial da empresa que a FarmPro é uma empresa agrícola que visa desenvolver os produtos locais.

“Somos uma empresa agrícola e trabalhamos com agricultores em Timor-Leste para fornecer produtos frescos de qualidade aos supermercados, restaurantes, com vista a aumentar o rendimento dos agricultores timorenses”, explicou. Jesuína Xavier – Timor-Leste in “Tatoli”

 

China - Brasil, Angola e Portugal são os países lusófonos mais cotados no índice chinês de infraestruturas

Brasil, Angola e Portugal são, por esta ordem, os países lusófonos mais cotados no índice chinês para a construção de infraestruturas a nível mundial, de acordo com um relatório divulgado

Em termos gerais, todos os oito países de língua portuguesa subiram no ‘ranking’ de 2022 do Índice de Desenvolvimento de Infraestruturas ‘Uma Faixa, Uma Rota’, a iniciativa anunciada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, em 2013 e que envolve 71 países no plano estratégico internacional de Pequim de desenvolver ligações marítimas, rodoviárias e ferroviárias, mas também investimento em recursos energéticos.

No ‘ranking’ liderado pela Indonésia, Filipinas e Malásia, o Brasil (12.º) é o país lusófono melhor colocado. Segue-se, entre os países de língua portuguesa, Angola (22.º), Portugal (28.º), Cabo Verde (53.º), Moçambique (54.º), Timor-Leste (63.º), São Tomé e Príncipe (69.º) e Guiné-Bissau (70.º).

O índice avalia o ambiente, a procura, a recetividade e custos para o desenvolvimento de infraestruturas nestes 71 países. Quanto mais alta for a pontuação, melhor será a perspectiva da indústria de infraestruturas de um país, e maior será o grau de atratividade para as empresas se empenharem no investimento, construção e operações nesta área naqueles territórios.

Portugal é entre os países lusófonos, na perspectiva do relatório chinês, aquele que aparece com a melhor pontuação no sub-índice de desenvolvimento associado ao ambiente, que agrega factores políticos, económicos, soberania, fatores de impacto no mercado, bem como os cenários empresariais e industriais. Portugal está também melhor colocado entre os países de língua portuguesa no sub-índice relacionado com os custos, operacionais e de financiamento.

Angola é o que mais se destaca no sub-índice da procura, que junta factores como procura e mercado potencial. Já o Brasil lidera entre os lusófonos no sub-índice dedicado à recetividade local e entusiasmo de curto prazo no investimento de infraestruturas, calculado, por exemplo, com base no valor dos novos contratos.

Em termos globais, no relatório, assinala-se que há a registar uma “recuperação ligeira” no índice, “graças à maior procura e entusiasmo/recetividade pela construção de infraestruturas nos 71 países

Ainda assim, “as oscilações nas relações de grande poder, os reveses na recuperação económica global e a lenta saída da pandemia de covid-19 desde o início do ano lançaram uma nuvem sobre o futuro das infraestruturas”, apontou.

“Uma estratégia para as partes interessadas em infraestruturas internacionais é agarrar as oportunidades trazidas pela nova ronda de revolução tecnológica e transição energética, adaptar-se ao ‘novo normal’ da prevenção e controlo de epidemias, e procurar um progresso de alto nível, sustentável e centrado nas pessoas”, conclui o relatório.

No relatório assinala-se igualmente que a iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’ está a enfrentar “desafios como a escassez de fundos, o aumento dos custos, os riscos de segurança e a degradação ambiental” e que “a curto prazo, os efeitos colaterais do conflito Rússia-Ucrânia e os recorrentes surtos de covid-19 irão perturbar a cooperação internacional na área das infraestruturas e retardar a recuperação e o seu desenvolvimento”.

Os autores do documento alertaram para o facto de que a “subida dos preços das principais mercadorias, bens intermédios e transporte marítimo internacional irá aumentar ainda mais os custos de construção de infraestruturas” e que “o ambiente global para o financiamento de infraestruturas poderá continuar a deteriorar-se, uma vez que as políticas económicas de alguns países desenvolvidos tornarão a vida mais difícil para o mundo em desenvolvimento”.

E, “a longo prazo, os jogos das grandes potências, as alterações climáticas e o desequilíbrio económico global irão acrescentar incerteza ao desenvolvimento de infraestruturas regionais e internacionais”. Perante este cenário, “para as infraestruturas associadas à ‘Uma Faixa, Uma Rota’, o desenvolvimento de alta qualidade continua a ser um futuro distante”, avisa-se no relatório.

O documento foi apresentado no Fórum Internacional sobre o Investimento e Construção de Infraestruturas. Na inauguração do evento, o adjunto do Ministro do Comércio da China, Li Fei, informou que o país investiu este ano no estrangeiro 178,8 mil milhões de dólares. In “Ponto Final” - Macau


Benim - Grande Mesquita construída por retornados brasileiros, Agudás

A Grande Mesquita de Porto Novo em estilo barroco construída por retornados brasileiros, Agudás


Os agudás, como são conhecidos – a palavra deriva de “ajuda”, nome português da cidade de Uidá – integram famílias que descendem de escravos e de comerciantes baianos lá estabelecidos no auge do tráfico humano entre os dois continentes. Possuem sobrenomes como Souza, Silva, Medeiros, Almeida, Aguiar, Campos, entre outros, dançam a “burrinha”, uma versão arcaica do bumba meu boi, e reúnem-se nas festas ao redor de uma feijoadá ou de um kousidou. Não raro, os agudás mais velhos se saúdam com um singelo “Bom dia, como passou?”, e a resposta não demora: “Bem, brigado”.

Estima-se que aproximadamente 10% dos 9, 2 milhões de habitantes do Benim tenham ligação com os ex-escravos ou mercadores brasileiros, os quais introduziram ali novos hábitos alimentares e religiosos. In “Observatório da Língua Portuguesa”


Brasil - Homenageia 25 anos da CPLP com apresentação de livro

O livro “Nos vinte e cinco anos da CPLP – Estudos em homenagem a José Aparecido de Oliveira e Ricardo Arnaldo Malheiros Fiuza” foi apresentado na quarta-feira em Brasília, numa homenagem à história da organização, mas também ao futuro.

“Se não fosse o embaixador José Aparecido de Oliveira não existiria CPLP, temos que lhe prestar essa homenagem”, afirmou à Lusa, o embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos, à margem da apresentação do livro, na embaixada em Brasília.

José Aparecido de Oliveira, antigo embaixador do Brasil em Portugal, foi um dos fundadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Organizado pelo presidente da Academia Mineira de Letras, Rogério Faria Tavares, e pelo presidente do Observatório da Língua Portuguesa, Lauro Moreira, o livro pretende fazer uma reflexão sobre a trajetória da CPLP e as contribuições que foi capaz de dar até ao momento.

O livro inclui textos de autores de países-membros da CPLP, como o português Francisco Ribeiro Telles, a são-tomense Maria do Carmo Trovoada Silveira, a timorense Maria Ângela Carrascalão e a cabo-verdiana Vera Duarte.

“Em tempos em que estamos a encontrar mais caminhos para a CPLP, é muito importante que se celebre a organização”, frisou Luís Faro Ramos, acrescentando ainda ser também “importante pensar naquilo que a CPLP pode ser”.

“A questão de um dia o português ser língua oficial das Nações Unidas é muito importante e deve ser um desígnio que todos devemos prosseguir”, disse.

Um objetivo para o qual países como Portugal e o Brasil têm uma responsabilidade grande, acrescentou o diplomata.

O volume está dividido em duas partes. Na primeira parte estão textos sobre os antecedentes históricos da CPLP (por Caio Boschi), a cooperação no âmbito da CPLP (por Manuel Clarote Lapão), a evolução da CPLP e a posição do Brasil (pelo Embaixador Gonçalo de Barros Carvalho e Melo Mourão), o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (pelo professor Gilvan Muller de Oliveira) e a cooperação no âmbito da Educação e da Cultura (por Mário Máximo).

Já a segunda parte é assinada por autores originários dos países que integram a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), como o Embaixador Ribeiro Telles, anterior Secretário Executivo da CPLP, Maria Angela Carrascalão, do Timor Leste; Maria do Carmo Trovoada Silveira, de São Tomé e Príncipe; Vera Duarte Pina, de Cabo Verde e Murade Murargy, de Moçambique. Todos refletem sobre a relação entre os seus países e a CPLP.

Fundada em 1996, a CPLP é integrada por Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Guiné Equatorial. Entre os objetivos principais são o fortalecimento dos vínculos entre os países que têm o português como língua oficial, seja por meio do incremento de suas relações políticas, seja por meio da ampliação de programas de cooperação nos campos da educação, da cultura, da saúde, da ciência e da tecnologia. In “Mundo Lusíada” – Brasil com “Lusa”

 

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

Europa – Pesquisa sugere que os automóveis deveriam ser proibidos um dia por semana nas cidades


A maioria das pessoas em Londres, Barcelona, ​​Varsóvia, Bruxelas e Paris considera que os automóveis deveriam ser proibidos um dia por semana, sugere uma nova pesquisa.

De acordo com a Clean Cities Campaign - uma rede europeia de ativistas de mobilidade urbana - 62% dos cidadãos destas cinco grandes cidades apoiam a ideia.

O conceito radical poderia reduzir o consumo de petróleo da Europa do transporte urbano em até cinco por cento. Isso é o equivalente à procura anual coletiva de petróleo da Estónia, Letónia e Lituânia.

“Esta pesquisa mostra claramente que os dias sem carros são uma maneira segura de tirar as cidades do petróleo muito rapidamente, sem nenhuma infraestrutura complicada ou mudança de política”, diz Barbara Stoll, diretora da Clean Cities Campaign.

“Estão entre as melhores medidas de curto prazo que se encontram imediatamente disponíveis, baratas e fáceis de implementar.”

O apoio é maior em Varsóvia e Paris, onde 65% dos cidadãos apoiam um dia semanal sem carros.

Então, como a iniciativa funcionaria - e ajudaria o meio ambiente?

Como funcionariam os dias sem carro?

A Dott - uma operadora de transporte europeia que oferece bicicletas e scooters elétricas - criou uma série de imagens que mostram como as capitais da Europa podem ser imaginadas sem carros.

Mas os dias sem carro não são uma ideia nova. Na verdade, 22 de setembro é o Dia Mundial Sem Carro.


Várias cidades ao redor do mundo já implementaram essa política de alguma forma.

Todos os domingos, entre as 6h e as 11h, Jacarta - capital da Indonésia - fecha as estradas principais para veículos particulares.

A capital da Colômbia, Bogotá, hospeda uma Ciclovia semanal ou “Ciclovia”, que proíbe carros por cinco horas nas manhãs de domingo.

A ideia popularizou-se pela primeira vez na década de 1970, quando um embargo repentino fez com que os preços do petróleo disparassem. Para ajudar a conservar suprimentos, 10 cidades europeias introduziram 'domingos sem carros' regulares.

Quando a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro, a UE impôs sanções severas às importações russas. A medida pretendia isolar economicamente a Rússia, mas fez com que os preços do petróleo no resto do continente aumentassem.

Os dias sem carros podem ser uma maneira de reduzir a procura e lidar com a ameaça de escassez.

A análise da Clean Cities descobriu que um único dia sem carros implementado em todas as principais cidades da Europa e do Reino Unido poderia economizar entre 541 e 945 mil barris de petróleo.

Ao longo de um ano, isso economizaria entre 29 milhões e 49 milhões de barris de petróleo.

De acordo com a análise do Clean Cities, esse é um impacto melhor do que 60% da população que trabalha em casa três dias por semana.


Dias sem carros ajudariam o meio ambiente?

O setor de transporte representa um quarto de todas as emissões globais de gases de efeito estufa relacionadas a combustíveis, com metade proveniente de veículos particulares, como carros de passeio e veículos pesados.

Ao reduzir a procura por petróleo, os dias sem carros podem ajudar as sociedades a descarbonizar. Eles também podem limitar a poluição tóxica do ar.

De acordo com a Agência Europeia do Ambiente, 10 por cento dos casos de cancro na Europa são causados ​​pela poluição do ar.

A contaminação do ar tira uma média de 2,2 anos da expectativa de vida média global, alertou a OMS – um total de 17 mil milhões de anos de vida.

Os carros são um dos culpados por esta poluição chocante, expelindo produtos químicos e partículas.

“As cidades devem considerar os dias sem carros como uma medida para … reduzir rapidamente a poluição tóxica do ar que mata milhares de europeus por ano”, disse Stoll.

“Além disso, são uma ótima maneira de demonstrar ao público como pode ser a vida nas cidades quando as estradas não são dominadas por carros.” Euronews.green

 






 

Reino Unido - Investigação portuguesa distinguida pela Emerald

A investigação coordenada por Cláudia Seabra, docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) e investigadora do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT), foi distinguida com um “Emerald Literati Award 2022” na categoria “Outstanding Paper”, pela editora científica Emerald

A editora Emerald detém mais de 300 revistas em várias áreas disciplinares. Além disso, distingue, todos os anos, trabalhos científicos excecionais, não apenas para os jornais e livros científicos que edita, mas também para o conhecimento de forma alargada.

O estudo “Restrictions’ acceptance and risk perception in a COVID-19 context by young generations”, publicado na revista científica International Journal of Tourism Cities, para além de Cláudia Seabra, juntou investigadores de cinco países, nomeadamente, Portugal, Egipto, Turquia, Paquistão e Reino Unido.

Em comunicado pode ler-se que “objetivo central deste trabalho passou por perceber como é que as gerações mais novas aceitaram as imposições e medidas implementadas na sequência da pandemia e o impacto que estas tiveram na sua perceção de segurança no quotidiano e em contextos de viagem em três mercados turísticos recetores: Portugal, Egipto e Turquia”.

A investigadora explica que “a investigação permitiu concluir que a pandemia de COVID-19 teve um forte impacto nas rotinas quotidianas e planos de viagens futuras dos jovens dos três países analisados, revelando que os jovens portugueses foram os que menos aceitaram as medidas restritivas impostas pelo governo”.

Acrescenta ainda que “existiu uma opinião unânime sobre a urgência de alteração das rotinas diárias e planos futuros de viagem dos jovens, tal como a crença de que cidadãos e turistas eram vítimas potenciais da doença. Contudo, os resultados provaram também que, ainda assim, os portugueses sentiram-se menos nervosos com a ameaça em comparação com turcos e egípcios”.

Para Cláudia Seabra, esta distinção da Emerald demonstra “que a investigação que é feita na área do turismo na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e no Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território da UC tem tido grande relevância internacional, o que poderá posicionar a FLUC e o CEGOT nesta área de estudo”.

Sublinha também que “como foi recentemente destacado pelo ranking de Xangai, uma das áreas disciplinares em destaque na Universidade de Coimbra é precisamente Hospitality and Tourism Management, sendo um dos critérios desta avaliação o número de investigadores mais citados nas suas áreas. Significa isto que estamos no bom caminho. Para além da crescente investigação que se faz em turismo, o facto de ainda ser premiada pela prestigiada Emerald é, de facto, algo que muito nos orgulha e nos dá alento para querer fazer mais e melhor”. In “Bom dia Europa” - Luxemburgo


Brasil - Fafá de Belém e maestro João Carlos Martins estão no espetáculo Luso Symphonia


A cantora Fafá de Belém se apresenta com o maestro João Carlos Martins, em Belém do Pará, na semana especial do Círio de Nazaré, em um espetáculo inédito e lusófono.

Nos dias 4 e 5 de outubro, acontece no Theatro da Paz, o espetáculo “Luso Symphonia”, em homenagem à língua portuguesa, quando Fafá de Belém e seu convidado especial, o maestro João Carlos Martins, reúne obras de Villa-Lobos, Cesária Évora e Amália Rodrigues.

A obra musical, idealizada pela própria cantora, traz para a semana do Círio de Nazaré uma homenagem à história do Brasil, que, neste ano, comemora o bicentenário da Independência, mas também uma homenagem à língua portuguesa e aos países que, por meio da língua-pátria, criam e recriam obras de imenso valor para a cultura mundial.

“Nada mais oportuno que falar do Brasil e da língua portuguesa nesse momento de celebrações por todo o país”, explica a cantora, que recentemente participou de diversas iniciativas no âmbito do bicentenário da Independência do Brasil.

Por meio da música e do canto, Fafá de Belém e João Carlos Martins conduzirão o público a uma viagem musical pela sonoridade dos países de língua portuguesa, como Portugal, com seu Fado; Moçambique, Angola e Cabo Verde, através das suas Mornas, e o Brasil, por meio da obra de Villa Lobos.

Inspirada por Fernando Pessoa, quando diz que “Minha pátria é a língua portuguesa”, Fafá de Belém pensou no espetáculo como forma de trazer para Belém o resultado da sua busca incessante em mergulhar pelos mares da língua portuguesa.

Internacional

A sua profunda relação com países como Portugal, Angola, Cabo Verde e Moçambique não é novidade. Não é à toa que em julho de 2021, Fafá cantou o Hino Nacional durante a reinauguração do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, tendo na plateia autoridades como o Presidente de Portugal, Marcelo Rabelo de Sousa, e de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca.

Essa também não é a primeira vez que Fafá se une ao maestro João Carlos Martins. Em 2020, ao lado também do Padre Fábio de Melo, produziram a live “Círio Outra Vez”, para celebrar a primeira edição do círio virtual, durante a pandemia.

Desta vez, João Carlos Martins estará pessoalmente em Belém, participando do retorno do Círio de Nazaré às ruas da cidade.

“Tinha dado uma pausa na agenda de espetáculos para me dedicar inteiramente a esta edição da Varanda de Nazaré, no ano tão especial, de volta ao presencial, mas durante as homenagens do bicentenário, estive muito envolvida nessa agenda, e pensei o quanto seria importante trazer isso para Belém”, disse.

O espetáculo musical Luso Symphonia acontece dias 4 e 5 de Outubro às 21h no Theatro da Paz. Os ingressos já estão à venda na bilheteria do Theatro da Paz, no bairro de Nazaré, em Belém. In “Mundo Lusíada” - Brasil


 

Moçambique - Victor V Black lança o seu novo vídeo intitulado “Apaixonado”


A música “Apaixonado” foi gravada na AL Studio e produzida pelo produtor angolano, Paizão Vovolo, e nela o Victor interpreta o papel de um homem romântico que faz uma declaração de amor para a mulher pela qual está apaixonado.

Seguindo o ritmo da música, o vídeo conta com alguns passos de danças feitos pelo V Black e dançarinos, e foi dirigido pela Makna Multimédia, tendo contado com a participação da modelo Yunny Muthambe, da Fashion Model Production, e apoio da Vikcel Multimédia.

A música “Apaixonado” encontra-se disponível em várias plataformas digitais e o seu respectivo vídeo no canal do Victor no Youtube. In “Moz Entretenimento” - Moçambique

 

terça-feira, 27 de setembro de 2022

França - Festival de Avignon vai dar destaque à língua portuguesa

O encenador português Tiago Rodrigues, diretor do Festival de Avignon, garantiu esta semana que a língua portuguesa vai ser umas das línguas convidadas para o evento francês durante o seu mandato


Sobre o trabalho à frente do festival, que mobiliza anualmente milhares de espectadores e que atribui a Avignon uma dimensão de “centro nevrálgico do teatro mundial”, Tiago Rodrigues disse que a língua portuguesa será uma das convidadas durante o seu mandato, que vai começar com o inglês, como já revelou antes à imprensa francesa.

“Tendo um diretor português, não posso ser provinciano ao ponto de omitir a possibilidade ao público mundial de contactar com a língua portuguesa. Não há ainda neste ano [marcado], mas haverá língua portuguesa”, disse, numa entrevista promovida pelo Clube de Jornalistas, em parceria com a agência Lusa e a Escola Superior de Comunicação Social, no âmbito dos 50 anos das comemorações do 25 de Abril e dos 40 anos do clube.

Na entrevista, Tiago Rodrigues considerou que “o teatro é uma bolsa de resistência e de pensamento”.

“O questionamento do que somos enquanto nação e país raramente é apoiado pelas políticas culturais; e esta noção de que os teatros escapam aos radares é uma bolsa de resistência e pensamento. Hoje mais indispensável do que alguma vez foi”, disse Tiago Rodrigues.

Tiago Rodrigues, encenador e dramaturgo, e que assumiu em setembro a direção do festival de teatro de Avignon, em França, explicou que o que lhe interessa no teatro e na criação teatral é “uma dimensão de intervenção”.

“É um teatro do questionamento, da pergunta e não da resposta, e a grande questão é sempre trabalhar para aprender a formular a pergunta. Eu não julgo que o teatro seja ação política. O teatro, quando muito, é uma antecâmara que leva à rua. É na rua que acontece a ação política”, sublinhou.

Tiago Rodrigues, que foi nomeado diretor daquele festival no verão de 2021, recordou hoje que estava em viagem, dentro do carro, rumo a Avignon, no dia em que começou a invasão militar da Rússia na Ucrânia, a 24 de fevereiro deste ano.

“Há essa coincidência que na altura foi difícil de decifrar. Foi interessante que senti que estava a mudar de vida de uma forma determinante num momento em que a vida mudava para muita gente no mundo e na Ucrânia. O meu primeiro gesto, chegando a França como ainda futuro diretor, foi pôr-me em contacto com diretores franceses”, para acolher e apoiar artistas ucranianos, recordou Tiago Rodrigues. In “Bom dia Europa” - Luxemburgo


Portugal - Engenharia Mecânica da Universidade de Coimbra assinala 50 anos


No âmbito das comemorações dos 50 anos da criação dos cursos de engenharia na Universidade de Coimbra (UC), o Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) realiza, na próxima sexta-feira, dia 30 de setembro, um encontro para assinalar a data.

Com o mote “RoadMAP50 – Memória, Atualidade, Perspetivas”, a iniciativa pretende «visitar a memória da evolução do DEM e analisar a sua situação atual para perspetivar o desenvolvimento futuro. Pretende-se também que seja uma oportunidade de confraternização entre as diferentes gerações de docentes, investigadores, colaboradores e especialmente para os cerca de 5000 estudantes que já passaram pelo DEM, onde mais de 2500 obtiveram a sua graduação», afirma o Diretor do Departamento, Amílcar Ramalho.

O também professor catedrático da FCTUC sublinha que, atualmente, o Departamento de Engenharia Mecânica é uma escola que se «distingue pela excelência da formação concedida aos seus estudantes, pela qualidade da investigação científica levada a cabo nas unidades de investigação que lhe estão associadas e pelo nível de intervenção na comunidade».

O evento que assinala os 50 anos de engenharia mecânica na UC tem início às 9h30m e inclui a inauguração de uma fotogaleria e exposição permanente, retratando a evolução do DEM ao longo do tempo, o testemunho de antigos estudantes, debates sobre os desafios ao ensino da engenharia e sobre a relação do DEM com a sociedade e uma visita às instalações do departamento. Universidade de Coimbra - Portugal




 

Portugal - Fundação “la Caixa” apoia investigação do i3S em doenças cerebrais e resistência a antibióticos

Projetos de investigação em Saúde estão entre os 33 selecionados no âmbito do Concurso CaixaResearch de Investigação em Saúde 2022


Desenvolver dispositivos elétricos para tratar doenças neurológicas e encontrar novas estratégias para combater as infeções bacterianas são os principais objetivos dos dois projetos liderados por investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), que acabam de ser distinguidos no âmbito do Concurso CaixaResearch de Investigação em Saúde 2022, promovido pela Fundação “la Caixa”, em parceria com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

Estes dois projetos do i3S estão entre os 33 projetos biomédicos e de saúde, considerados de excelência – 13 dos quais liderados por instituições e investigadores portugueses – que vão receber mais de 23 milhões de euros nos próximos três anos.

Das mais de 500 candidaturas ibéricas apresentadas foram selecionados cinco projetos na área das doenças cardiovasculares e metabólicas, onze no campo das doenças infeciosas, nove de neurociências e oito em oncologia.

Aos investigadores portugueses foi atribuído um total de 8,8 milhões de euros. Cerca de um milhão será aplicado no projeto liderado por Paulo Aguiar, denominado «Estratégias de neuromodulação inovadoras para o tratamento de doenças cerebrais (NeuroSpark)», que resulta de um consórcio com a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e o Consejo Superior de Investigaciones Científicas-CSIC, em Espanha. Já o projeto «Uma nova estratégia para combater a resistência antimicrobiana», liderado por João Morais Cabral, será financiado com 500 mil euros.

Uma nova estratégia para tratar doenças neurológicas

O projeto do investigador Paulo Aguiar baseia-se no conhecimento de que as funções cerebrais estão intimamente relacionadas com a atividade elétrica dos neurónios e em estratégias recentes que passam pela estimulação elétrica dos neurónios para tratar certas doenças neurológicas, como a Doença de Parkinson.

“Apesar do enorme potencial da neuromodulação como estratégia terapêutica, há ainda desafios importantes nos dispositivos atuais. A forma como conectamos eletrónica com neurónios e os mecanismos de controlo, são dois destes problemas”, sublinha o investigador.

Com o NeuroSpark, adianta Paulo Aguiar, “vamos desenvolver e validar a primeira estratégia de neuromodulação baseada em nanocomponentes eletrónicos capazes de imitar as sinapses neuronais (eletrónica neuromórfica). O objetivo é que este dispositivo proporcione um controlo adaptativo em tempo real da atividade neuronal, ou seja, que atue apenas quando é necessário, quando existe uma atividade anómala, e não de forma contínua”.

A eficácia destes dispositivos será avaliada, inicialmente, em modelos de epilepsia.

Combater a resistência antimicrobiana

O projeto liderado por João Morais Cabral surge devido ao aumento da resistência aos antibióticos utilizados para tratar as infeções bacterianas.

Este problema é atualmente uma das principais ameaças à saúde mundial, pelo que o investigador pretende centrar-se na procura e na caracterização de processos biológicos fundamentais das bactérias com o intuito de encontrar novas estratégias para combater as infeções, em particular, ”procurando maneiras de aumentar a sensibilidade bacteriana aos antibióticos existentes”.

Concretamente, explica João Morais Cabral, “vamos estudar certas proteínas bacterianas, determinar as suas propriedades e confirmar se podem constituir alvos antibacterianos viáveis para continuarem a ser investigados com o objetivo de desenvolver futuras aplicações clínicas”.

Sobre o CaixaResearch de Investigação em Saúde

O Concurso CaixaResearch apoia iniciativas de investigação de base, clínica e translacional de excelência e com forte impacto no que se refere aos desafios de saúde na área das doenças cardiovasculares, infeciosas e oncológicas, e das neurociências, para além de projetos que deem lugar a tecnologias facilitadoras nessas áreas.

A edição deste ano – a quinta – distinguiu um número recorde de 13 projetos portugueses provenientes de centros de investigação e universidades de várias regiões: sete da Área Metropolitana de Lisboa, três da Região Norte (Porto e Braga), dois da Região Centro (Coimbra) e um do Algarve.

No total, foram apresentadas 546 candidaturas, sujeitas à avaliação de comissões de especialistas internacionais constituídas para cada edição.

Desde o início do Programa em 2018, a Fundação ”la Caixa” já destinou 94,8 milhões de euros a 138 projetos de investigação inovadores e de grande impacto social, 95 liderados por equipas espanholas e 43 por grupos de investigação portugueses, sendo o único Concurso de apoio à investigação em saúde que abrange Espanha e Portugal.

Próxima edição já em 2023

A Fundação ”la Caixa” já anunciou uma nova edição do Concurso CaixaResearch de Investigação em Saúde, cujo resultado será divulgado em 2023, e convida os investigadores interessados a apresentarem candidaturas.

O apoio financeiro concedido às instituições selecionadas é de dois tipos: até 500 mil euros em três anos para projetos apresentados por uma única organização de investigação e até um milhão de euros em três anos para projetos apresentados por consórcios de duas a cinco organizações de investigação. Luísa Melo – Portugal i3S 


África - Tráfico de pau-rosa para a China põe em risco espécie ameaçada

O tráfico de pau-rosa africano para a China, onde é usado na produção de móveis de luxo, tem vindo a crescer e representa hoje um mercado de 26 mil milhões de dólares, ameaçando a existência desta espécie


O alerta foi publicado pelo Instituto de Estudos de Segurança (ISS na sigla em inglês), um centro de investigação com sede em Pretória, segundo o qual o pau-rosa, também conhecido como mukula, é a madeira ameaçada mais traficada do mundo, alimentando a elite chinesa com móveis ao estilo da dinastia Ming e objectos de decoração de luxo.

Redes criminosas com ligações a governos africanos facilitam o tráfico desde países como Madagáscar, Maláui, Tanzânia ou Zâmbia, passando por portos como o de Mombaça, no Quénia, ou Dar es Salaam, na Tanzânia.

Segundo o investigador Willis Okumu do gabinete do ISS para África Oriental, o pau-rosa africano é uma madeira tropical que se encontra sobretudo em Madagáscar, Zâmbia e República Democrática do Congo, onde é essencial para os ecossistemas e biodiversidade, podendo contribuir para as comunidades locais quando explorado sustentavelmente.

Recordando que 16 países da África Ocidental já proibiram o comércio de pau-rosa, o investigador, baseado em Nairobi, defende que os Estados da África Oriental e Austral deveriam impor proibições semelhantes para salvar esta espécie. “Uma abordagem regional impediria o envolvimento de funcionários governamentais corruptos no tráfico de países de origem através de países de trânsito, como o Quénia e a Tanzânia” e permitiria “políticas eficazes para proteger o pau-rosa ameaçado”, escreveu, no artigo ontem publicado.

No texto, o autor recorda que em dezembro do ano passado um tribunal em Mombaça ordenou às autoridades quenianas que devolvessem 646 toneladas de pau-rosa, no valor de 13 milhões de dólares aos alegados traficantes. A madeira tinha sido apreendida naquele porto queniano quando estava em trânsito desde Madagáscar para Hong Kong, passando por Zanzibar.

O tribunal concordou com os alegados traficantes de que a regulação da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Flora e Fauna (CITES, na sigla em inglês) que restringe o comércio de pau-rosa não estava em vigor quando a madeira foi apreendida, em 2014.

A decisão do tribunal queniano ignorou o facto de a lei malgaxe proibir o comércio de pau-rosa e o facto de o transbordo da madeira em Mombaça violar a lei de conservação da natureza do Quénia, datada de 2013.

As redes que permitem o tráfico destas espécies ameaçadas incluem responsáveis governamentais de alto nível, segundo relatórios de investigações realizadas por organizações da sociedade civil, citadas pelo ISS.

Citada pelo ISS, a Agência de Investigação Ambiental, uma organização não-governamental (ONG) internacional de proteção do ambiente, diz que o tráfico de pau-rosa em Madagáscar é facilitado pela proteção estatal dos traficantes e o ativista malgaxe Armand Marozafy foi preso por difamação em 2015 por divulgar informação sobre dois empresários locais envolvidos no abate ilegal dessa madeira.

Aquela ONG estima que 50 contentores de pau-rosa foram exportados da Zâmbia para a China entre junho de 2017 e maio de 2019, o que terá custado aos traficantes 7,5 milhões de dólares em subornos e taxas informais, numa rede que envolvia pessoas altamente colocadas no Governo do então Presidente da Zâmbia Edgar Lungu.

O ISS defende por isso a importância de aplicar as leis já existentes que proíbem o transporte de pau-rosa através de Mombaça, Zanzibar e Dar es Salaam para reduzir o tráfico proveniente da Zâmbia e de Madagáscar para Hong Kong e a China. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”