Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Maria João Cantinho e a arte de esculpir poemas

                                                                  I

Autora consagrada na área ensaística, especialmente com livros sobre o filósofo e sociólogo alemão Walter Benjamin (1892-1940), Maria João Cantinho (1963) chega ao seu quinto livro de poemas com Escopro e Luz (Guaratinguetá-SP, Editora Penalux, 2021), afirmando-se como uma das maiores poetisas (e por que não poetas?) da Língua Portuguesa dos séculos XX e XXI. Mas isto não significa que atue de maneira independente numa e noutra área do pensamento.

Pelo contrário. Em sua poesia, percebe-se o desencanto da poetisa com o mundo em que lhe coube viver, como se visse a História pelas lentes de Walter Benjamin que, em sua crítica ao progresso, prognosticara períodos de crescimento seguidos de outros de barbárie e selvageria, antevendo o retrocesso europeu e norte-americano dos tempos atuais, o que inclui também a época de desconstrução e desagregação social por que passa o Brasil de hoje.   

Como já anteviu o professor José Cândido de Oliveira Martins, da Universidade Católica Portuguesa, em alentado e percuciente ensaio-introdutório de 12 páginas escrito à guisa de prefácio, a palavra poética de Maria João Cantinho “tem o misterioso poder de ajudar a cicatrizar a ferida aberta, regenerando e revitalizando o corpo sofrido, assim plasmado no corpo do poema ou da poesia”. Afinal de contas, diz o professor, são estas vozes (da poesia, das lembranças da infância ou de outras proveniências) que nos resgatam da iminência do naufrágio – “São as vozes que nos salvam”.

E aqui o autor do prefácio repete a última frase deste poema: Vozes que vêm da infância / tornadas música para a solidão / como o sol brilhando sobre as águas / acendem pressentimentos / que vêm com o vento. / Não poder esquecer/ a maré cheia as nuvens e o azul / que incendeiam a tarde / não poder esquecer / a memória de tudo isto / noutro verão noutro lugar / tudo passa no meu olhar absorto / a um domingo de horas vazias. / São as vozes que nos salvam.

                                                                                                                                                                                              II

Pelo título, também já se pode intuir o que a poetisa quis dizer, ao definir as duas dezenas de poemas que compõem a obra: escopro significa cinzel, ou seja, o instrumento de ferro ou de aço com que se lavram madeiras, pedras, vidros e outros materiais. De maneira metafórica, ela quer aqui, portanto, definir o seu trabalho de esculpir poemas, ao arrancar de objetos maciços ou lembranças duras a escultura, ou seja, a beleza da criação artística.

Mas não só. A pedra também é evocada para mostrar a solidão do homem diante do mundo, como se lê neste poema em que se prenuncia o temor de que a barbárie possa antecipar o fim das coisas: Quando ela assenta no peito, a solidão / silencia os lábios, o coração / e ficamos debruçados sobre a noite / como se não houvesse nenhum amanhã / em que pudéssemos saudar o sol.  

O mesmo sentimento está presente no poema que dá título ao livro no qual a poetisa, com intenso lirismo, manuseia (ou esculpe?) imagens em vez de ideias, sugerindo um espaço abstrato, ao mesmo tempo em que faz uma imersão nos dramas e dilemas existenciais: Mergulhar na lenta flor da solidão / e trazer à tona o poema / que se constrói a fio de prumo / palavra sobre palavra, exacto / é preciso deixá-lo tomar o seu rumo. / É preciso aprender a respirar. / Ouvir o som do vento / abrir a porta, deixar entrar o canto das aves / o fruto mais vivo das árvores / poema feito de matéria simples. / E é preciso apagar-se o artífice / que talha a linguagem / com o seu escopro / atento às vozes do passado / e do puro presente / que se faz luz no poema.

Apontadas as metáforas, constata-se que todas resultam de uma metáfora-chave, o escopro ou cinzel, que se desdobra para explicar a ansiedade e a dor da poetisa com o que se poderia definir o fim do mundo, o dealbar da desesperança, ou seja, a ruína dos sonhos da infância e juventude, como se pode intuir do poema “Um país que se cala” que pode ser lido também como uma predição do Brasil de hoje em que milhares de seres humanos são vítimas de enchentes, rompimento de barragens, incêndios e desastres naturais, resultado também da falta de obras de prevenção e da desídia e corrupção de homens públicos: Vencidos estão os que acreditaram / enquanto as encostas da serra ardem / no azul do verão / o fogo come a terra / a vida a tua a deles / lambendo a memória / ali ficou a infância, a vida / ali se lançou a sombra / o vazio do teu futuro. / As tuas mãos estão negras / como o teu coração / e tu levantas o olhar / procurando respostas / enquanto um país se cala.

 

                                                                III

O fim do mundo pode significar também o fim da vida, a aproximação de um desiderato que está prenunciado para todos os homens e mulheres: a velhice. Esse é o espectro em que se move o poema, na medida em que “a poesia ultrapassa o nível do verso e se manifesta sempre que as palavras declararem o ser: o “eu” que se autodesvenda”, como afirma o saudoso professor Massaud Moisés (1928-2018) em A Criação Literária. Poesia (São Paulo, Cultrix, 2003, p. 134). É o que se depreende do poema “O velho”: Demorarás, ainda / diante de um café / a única coisa que podes pagar. / Um filho, o único, / partiu para longe / e tu aguardas / os netos que mal conheces. / Os outros atravessam-te   com o olhar / o que é um modo de dizer / trespassam-te com a sua indiferença. / O café é a tua solidão diária / o preço que pagas por ela / e dizes a ti próprio / afinal não temos todos o nosso café?

Mas nem tudo é decrepitude e desenlace na poesia de Maria João Cantinho. Em seus versos, descobre-se também “a beleza que rodeia o ser humano”, com observa o professor João Cândido de Oliveira Martins. E que está implícita nas imagens que homenageiam as estações do ano ou que estão ligadas à vegetação. E que incensam o renascer da vida. Tal como se lê neste poema: Estar contigo ao amanhecer / e ver-te abrir os olhos / sorrindo, repetindo o gesto / de cada dia, de cada sonho, / e deixar abrir a manhã / escancarar as portas / com o canto dos pássaros / sem que tu te dês conta / que já é um novo dia / volta, sem saberes, ao início.  

Ou ainda neste poema breve: Um poema quer-se segredo / e vida íntima, mas também se deseja / como uma construção, / talhada a fio de prumo / de versos inóspitos / como o vento / abraçando os pinheiros / junto ao mar.

 

                                                                IV

Maria João Cantinho é professora, poetisa, crítica literária e ensaísta. Nasceu em Lisboa, mas viveu sua infância em Angola, tendo regressado a Portugal em 1975. Estudou na Universidade Nova de Lisboa, onde defendeu teses de mestrado e doutoramento em Filosofia Contemporânea. É investigadora do Centro de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e professora do ensino secundário.

Publicou quatro livros de ficção (em Portugal e no Brasil) e quatro de poesia, bem como dois de ensaios. Foi finalista do Prêmio Telecom em 2006, com o livro Caligrafia da Solidão, e nomeada como uma das ensaístas do ano de 2002 pelo saudoso professor Eduardo Prado Coelho (1944-2007) pela obra O Anjo Melancólico – ensaio sobre o conceito de alegoria na obra de Walter Benjamin. Ganhou o Prêmio Glória de Sant´Anna, em 2017, com a obra Do Ínfimo, e o Prêmio Pen de Ensaios em 2020, com o ensaio “Walter Benjamin: melancolia e revolução”.  Integrante da Associação Portuguesa de Escritores, do PEN Clube Português e da Associação Portuguesa de Críticos Literários, é autora de Abrirás a Noite com um sulco (2001), Sílabas de Água (2006), e O Traço do Anjo (2011), todos livros de poesia.

É membro do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa e do Collège d´Études Juives, da Université Sorbonne IV, de Paris. Participou também do IADE – Creative University of Lisbon entre 2011 e 2016. É colaboradora da Revista Colóquio-Letras, da Fundação Calouste Gulbenkian, de Lisboa, e de diversas revistas literárias e acadêmicas, além de membro do Conselho Editorial do Caderno do Grupo de Estudos Walter Benjamin. É também editora da Revista Caliban.

Foi professora-visitante no Brasil em 2013 (Brasília, Goiânia e Rio de Janeiro), tendo feito conferências também na França, Inglaterra, Alemanha, Espanha e Índia. Tem igualmente organizado vários congressos, consagrados ao pensamento de María Zambrano (1904-1991), em 2006, Walter Benjamin, em 2008, Emmanuel Levinas (1906-1955), em 2009, e Paul Celan (1920-1970), em 2012. Está representada em várias antologias publicadas no Brasil, Espanha, França e México. Adelto Gonçalves - Brasil  

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Escopro e Luz, de Maria João Cantinho. Guaratinguetá-SP, Editora Penalux, 80 págs., R$ 40,00 2021. Site: www.editorapenalux.com.br E-mail: penaluxeditora@gmail.com

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Adelto Gonçalves, mestre em Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-americana e doutor em Letras na área de Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP), é autor de Gonzaga, um Poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona Brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002), Bocage – o Perfil Perdido (Lisboa, Caminho, 2003; Imprensa Oficial do Estado de São Paulo – Imesp, 2021), Tomás Antônio Gonzaga (Imesp/Academia Brasileira de Letras, 2012),  Direito e Justiça em Terras d´El-Rei na São Paulo Colonial (Imesp, 2015),  Os Vira-latas da Madrugada (Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Editora, 1981; Taubaté-SP, Letra Selvagem, 2015) e O Reino, a Colônia e o Poder: o governo Lorena na capitania de São Paulo 1788-1797 (Imesp, 2019), entre outros. E-mail: marilizadelto@uol.com.br



Portugal - Casal suíço constrói paraíso equestre

O casal Thomann deixou a Suíça e, em Portugal, criou uma coudelaria de Puro-Sangue Lusitano onde o respeito pelos animais e a natureza está em primeiro lugar


Barbara e Georg Thomann viviam em Winterthur, perto de Zurique, quando visitaram Portugal pela primeira vez. Estávamos em 1970, Portugal ainda vivia debaixo da ditadura salazarista, quando, a convite de amigos, o casal suíço aterrou no aeroporto de Faro para descobrir a região mais a Sul, o Algarve, e um país que lhes era completamente desconhecido. Na altura, os Thomann estavam longe, muito longe, de poderem imaginar que alguns anos mais tarde se mudariam definitivamente para Portugal, mais concretamente para Alcáçovas, no Alentejo, e que iriam criar, na Herdade da Mata, uma coudelaria que é uma referência internacional pelo cuidado e atenção que dedica à criação do cavalo Lusitano.

A família Thomann “descobre” Portugal e decide investir

A segunda viagem de Barbara e Georg a Portugal aconteceu já depois da revolução de 1974, estávamos em 1977 e o país vivia os primeiros anos de democracia. Posteriormente, atraídos pela beleza heterogénea do país e simpatia dos portugueses, as visitas a Portugal tornaram-se habituais. Aterravam no aeroporto de Lisboa, alugavam um carro, rumavam ao Algarve e alugavam sempre a mesma casa na Praia da Galé. “Na altura, lá não havia nada. Albufeira era uma aldeia de pescadores muito pequenina e bonita”, lembra Barbara.

Apesar de naquele período a imagem de Portugal na Suíça ser a de um país instável, e dos vários conselhos que ouviram para não investirem no país, os Thomann não resistiram à oportunidade de comprar um terreno à beira-mar, no Algarve, e aí construírem uma casa que acabariam por vender muitos anos mais tarde.

A descoberta do Alentejo foi uma consequência da vontade de conhecerem o país e do facto de os voos de Zurique aterrarem em Lisboa. A família Thomann aproveitava a viagem de carro até ao Algarve para, fazendo desvios ao caminho mais curto, avançar por outras estradas que lhes permitiam um contacto mais próximo com o Alentejo, a sua cultura, paisagem e gente.

Até 1994, enquanto viviam na Suíça, Barbara ocupava-se da educação das três filhas do casal ao mesmo tempo que Georg geria um grupo de empresas de média dimensão. É em 1995 que, após a venda do grupo de empresas, o casal decide vir viver para Portugal e começar uma vida nova. Compraram a Herdade da Mata, uma propriedade com quase 750 hectares, “com muito lixo, 115 vacas e casas em mau estado”, recorda Georg, e começaram a fazer algo que nunca tinham feito antes, trabalhar na agricultura.

A Herdade da Mata e a coudelaria de Puro-Sangue Lusitano

Mais de cinquenta anos após a primeira vez que pisaram o território português, é na Herdade da Mata que me vou encontrar com o casal Thomann. Afinal, foi aqui que escolheram viver e criar um “pequeno paraíso” onde a proteção climática e ambiental está aliada à preservação de raças autóctones como a vaca Garvonesa, em perigo de extinção, e o cavalo Lusitano.

Para aqui chegar, quem vem de Lisboa tem de rumar ao sul, fazer mais de 200 quilómetros até Alcáçovas e, à saída da localidade, seguir as placas que nos indicam o caminho para a Herdade da Mata.

Avanço por uma estrada de terra batida e aproveito a sombra de um sobreiro para fazer uma breve paragem, ouvir o cantar das cigarras e, ao longe, vislumbrar o voo de uma cegonha. Aqui, neste Alentejo, as temperaturas facilmente atingem os 40°C no Verão, a paisagem pode ser marcada pelos olivais, vinhas, montado de sobro ou pela planície que o sol pintou de amarelo enquanto os campos de cereais aguardam por uma nova sementeira.

Após quatro quilómetros em estrada de terra, quando me aproximo da casa principal da Herdade, Barbara e Georg já me aguardam cá fora. Entre uma guarda de cães de diferentes raças, o casal Thomann dá as boas-vindas e convida-me a entrar. É no alpendre que nos protege do calor intenso, e com água fresca para matar a sede, que o casal começa por revelar que “foi muito interessante” o terem deixado a vida de conforto que tinham na Suíça para virem viver numa propriedade onde não havia luz e foi preciso fazer muitas obras. Barbara esclarece: “A expressão interessante é justa. Para nós, era tudo novo. Nunca tínhamos feito isto. É o que queríamos, fazer uma coisa nova. Sempre gostámos de animais.”


Em 1996, o atual gerente da Herdade da Mata e impulsionador da criação da coudelaria, Carlos Branquinho, começa a trabalhar na Herdade. Inicialmente, em tempo parcial, o então estudante em Gestão Equina, treinava e cuidava dos cavalos lusitanos privados de Barbara e Georg. Em 2008, com três éguas lusitanas, a Herdade da Mata inicia a criação de uma coudelaria que reflete a filosofia dos proprietários: “Biodiversidade, sustentabilidade, qualidade e bem-estar animal devem ser uma realidade e não apenas palavras-chave.”

Carlos esclarece que “a aposta é feita na qualidade e não na quantidade. Atualmente, entre cavalos de clientes e cavalos nossos, temos cerca de 50 cavalos. Os nossos cavalos, aqueles que criamos, acompanhamos desde que nascem até à fase adulta. Até que possam ser montados, desenvolver o bom carácter, o bom ensino. Começam a ser montados aos três anos. A pessoa que vem comprar um cavalo aqui, à Herdade da Mata, tem a segurança e a certeza de que leva um cavalo equilibrado em termos morfológicos e mentais.”

Não é por acaso que entre os cavalos que foram criados na Herdade da Mata há vários premiados. Afinal, o tempo e respeito dedicado a cada cavalo é um investimento que dá dividendos.

A maioria dos clientes da coudelaria são estrangeiros mas também há portugueses. Os alemães são, atualmente, os principais clientes da coudelaria da Herdade da Mata, mas ingleses e suíços também são uma referência.

O respeito pela natureza e animais

Depois de uma conversa onde, de forma sucinta, Barbara e Georg tentaram resumir 26 anos de trabalho na construção do objetivo de “criar algo muito especial na paisagem e atmosfera únicas do Alentejo!”, enquanto os Thomann me levam a conhecer a Herdade, Carlos vai até ao picadeiro para montar.

É a bordo de um “experiente Land Cruiser” que avançamos num safari sem animais ferozes. À beira da barragem de 600 mil metros cúbicos, enquanto não chegam os flamingos, são as famílias de patos que marcam o cenário. Depois de alguns momentos de contemplação deixamos a zona da barragem e avançamos em busca de cavalos e vacas. Entre os solavancos de quem se mete por um terreno sem estrada, os Thomann lembram as ocasiões em que recebem as visitas dos netos que saem da Suíça para viverem dias de “liberdade total” no Alentejo.

Um pouco mais à frente, à sombra de um sobreiro, encontramos três cavalos perto de um bebedouro. Georg explica que “cinco furos e seis charcas ajudam a que exista sempre água nos bebedouros automáticos espalhados pelas diferentes cercas”. Em plena liberdade, com alimento e água sempre disponíveis, à medida que avançamos vamos avistando bezerros, vacas, potros e cavalos que vivem no paraíso que Barbara e Georg Thomann criaram no Alentejo.

Ao longo da tarde passada na Herdade da Mata foi fácil perceber a paixão pelos animais e a preocupação com o respeito pela natureza que aqui se vive. Afinal, tendo em conta dimensão da propriedade e o número de animais que vivem no espaço (entre vacas e bezerros não há mais de 300 animais) é legítimo dizer que estamos perante um regime “super-extensivo”, num mais que perfeito equilíbrio entre produção e bem-estar animal. Luís Guita – Portugal in “Swissinfo”




Cientistas cartografam Voltaire em Portugal e na literatura portuguesa

Uma equipa da Universidade de Coimbra (UC) lidera um projeto que visa cartografar todas as traduções portuguesas da obra do escritor e filósofo Voltaire, desde o final do século XVIII até à contemporaneidade, lançando bases para a criação de uma rede internacional de estudos da cartografia de um dos maiores símbolos do iluminismo francês.

Coordenado pela catedrática Marta Teixeira Anacleto, do Centro de Literatura Portuguesa (CLP) da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), o projeto “Cartografar Voltaire em Portugal e na Literatura Portuguesa”, que adota uma metodologia inovadora de investigação, no domínio das cartografias literárias/culturais, reúne duas dezenas de investigadores de várias universidades do país, incluindo Madeira e Açores, e também um conservador do museu Voltaire da Biblioteca de Genebra, na Suíça. Além disso, inclui um grupo de conselheiros científicos constituído por especialistas das universidades de Paris-Sorbonne e de Rouen, em França, e da Fundação Voltaire da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

«Há inúmeras traduções portuguesas da obra de Voltaire – ficção narrativa e dramática, épica, ensaios filosóficos e políticos – que foram produzidas desde o final do século XVIII até à contemporaneidade. É um espólio valiosíssimo que está por avaliar e por estudar», fundamenta Marta Teixeira Anacleto, explicando que este projeto visa justamente «fazer o levantamento e a avaliação de todas as traduções portuguesas do autor, um dos maiores filósofos do iluminismo francês, e também do iluminismo europeu, porque Voltaire foi um escritor que viajou e que semeou as suas doutrinas sobre a tolerância, igualdade e fraternidade por toda a Europa».

A equipa efetuou já o levantamento das traduções portuguesas existentes e vai iniciar agora a fase da cartografia, ou seja, as traduções vão ser analisadas no âmbito dos vários contextos – histórico, literário, cultural e político – em que foram produzidas e editadas. Marta Teixeira Anacleto explica que a obra de Voltaire é fundamental na estruturação do pensamento ocidental, o que justifica, desde logo, a relevância assumida por «um estudo completo de todas as traduções, quer para estudiosos da literatura e cultura portuguesas, quer para investigadores associados à historiografia, à história das ideias e do livro, e mesmo para o público em geral».

Após a complexa tarefa de cartografia, será criada uma base de dados interativa e de acesso aberto que terá associada uma antologia digital comentada e um volume de estudos temático. Essa base de dados, indica a professora da FLUC, vai «possibilitar o acesso livre a todas as traduções portuguesas efetuadas desde o final do século XVIII até ao século XXI e também às bibliotecas em que elas se encontram, dado que a base de dados estará articulada (através de links) com as diferentes bibliotecas que conservam o espólio, nomeadamente a Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, que é talvez aquela que tem o espólio mais completo das traduções de Voltaire».

Entretanto, já está disponível um website sobre o projeto “Cartografar Voltaire em Portugal e na Literatura Portuguesa” (http://cartografarvoltaire.uc.pt/), onde é reportado o trabalho realizado até ao momento. «Além do levantamento das traduções, já estudámos diferentes aspetos relacionados com esses textos, como, por exemplo, a especificidade ideológica e editorial das traduções de Voltaire realizadas durante o período do Estado Novo. Portanto, já foram identificados vários problemas e questões que se colocam a partir do corpus, do ponto de vista literário, cultural, histórico, filosófico e político. A criação do site representa o elo de ligação entre a pesquisa já realizada e o trabalho futuro», conta Marta Teixeira Anacleto.

O objetivo final é, «uma vez terminado este processo (base de dados interativa, antologia e volume de estudos), avançar para a criação de uma rede de estudos da cartografia de Voltaire no mundo. Estamos a estabelecer sinergias, de modo a ter, no futuro, uma rede com projetos conexos existentes, por exemplo, na Alemanha, França, Holanda, Hungria, Itália, Reino Unido, Rússia, China e Japão, com o objetivo de estabelecer uma cartografia europeia/mundial de Voltaire», conclui.

Declarações da coordenadora do projeto estão disponíveis: aqui. Universidade de Coimbra - Portugal

 


Brasil - Comércio exterior sem viés ideológico

São Paulo – Depois de três anos em que a política de comércio exterior do País se mostrou errática, parece que, em seu último ano de mandato, o atual governo despertou para a importância de uma diplomacia sem viés ideológico, colocando em primeiro plano apenas os resultados econômicos. Pena que a visita do presidente da República a Moscou tenha ocorrido exatamente num momento em que o governo russo está envolvido numa crise com a vizinha Ucrânia e possa ser vista como uma afronta aos Estados Unidos e às nações que formam a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o que confirma o percurso errático do governo brasileiro.

Superada essa crise entre Rússia e Ucrânia, acredita-se que o Brasil possa incrementar suas relações comerciais com aquele país, sem prejudicar o seu relacionamento com os Estados Unidos, seu segundo maior parceiro, e as potências da Otan e da União Europeia. Afinal, o intercâmbio com a Rússia vem declinando nos últimos tempos: em 2021, o Brasil vendeu apenas US$ 1,7 bilhão em produtos para aquele país, o equivalente a 0,6% das nossas exportações totais, o que representou a menor participação em pelo menos duas décadas.

Com isso, hoje, a Rússia, que tem a nona maior população do planeta, ficou em 36º lugar no ranking dos países que mais recebem produtos brasileiros, o que é de se lamentar, pois a corrente comercial entre os dois países já oscilou entre US$ 8 bilhões e US$ 9 bilhões. Os russos compram, principalmente, soja, frango, carnes, café, açúcar e até amendoim.

Seja como for, hoje, o valor das vendas para a Rússia é bem pouco significativo, se comparado com o  das exportações para a China (US$ 88 bilhões, em 2021). Já as vendas para os Estados Unidos chegaram a US$ 31 bilhões. E a corrente de comércio alcançou US$ 70 bilhões, resultado bastante superior ao de 2020, quando o intercâmbio entre os dois países registrou o pior resultado em 11 anos (US$ 45 bilhões), quase 24% menor do que o registrado em 2019.

Além disso, nos últimos tempos, entraram em vigor regras que vieram a simplificar os negócios entre os dois países e, inclusive, livraram o Brasil dos obstáculos levantados pelas regras do Mercosul, que exigem a concordância total dos seus membros para a assinatura de acordos com outros blocos ou países. E que, de certo, impediram, até agora, que o bloco sul-americano estabelecesse acordos mais relevantes.

Além de fortalecer as relações comerciais com os Estados Unidos e China, o País precisa incrementar a participação de seus produtos em outros mercados. Um desses mercados é o Reino Unido, quinta maior economia do mundo, mas apenas o vigésimo maior parceiro comercial brasileiro. Obviamente, isso passa por um acordo de livre comércio que poderia levar a um intercâmbio de US$ 40 bilhões nos próximos cinco anos. Sem contar que o entendimento comercial com a Rússia pode ajudar a aumentar a presença dos produtos brasileiros nos países do Leste Europeu, hoje bastante reduzida, levando-se em conta o potencial de consumo da região. E que pode ser diretamente afetada pela guerra declarada pela Rússia à Ucrânia.

Por fim, é de se ressaltar que acordos entre países e blocos são extremamente importantes porque acabam por evitar a dupla tributação, aumentando o comércio de serviços, com estímulo ao comércio de bens, redução de custos de financiamento e aquisição de novas tecnologias. Foi o que o Brasil perdeu em 2005, quando passou a torpedear a assinatura do acordo para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), que abriria outros grandes mercados. Basta ver que o México, com uma economia quase um terço menor que a brasileira, exporta hoje quase o dobro do Brasil. Tudo porque não teve receio de participar do Tratado Norte-americano de Livre Comércio (Nafta), ao lado dos Estados Unidos e do Canadá. Liana Martinelli - Brasil

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Liana Lourenço Martinelli, advogada, pós-graduada em Gestão de Negócios e Comércio Internacional, é gerente de Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG) do Grupo Fiorde, constituído pelas empresas Fiorde Logística Internacional, FTA Transportes e Armazéns Gerais e Barter Comércio Internacional. E-mail: lianalourenco@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br

 

domingo, 27 de fevereiro de 2022

Contra a lusofonia

É evidente a vantagem que a estratégia reintegracionista representa para o avanço do galego. Mesmo as pessoas que negam a igualdade do que se fala às duas beiras do Minho aproveitam as ferramentas do português para acederem em melhores condições ao mercado linguístico. A velocidade na produção de neologismos ou as traduções audiovisuais são valores importantes num mundo onde as línguas se desenvolvem de acordo com as lógicas capitalistas.

Porém, não fiquemos fascinados polo slogan duma língua extensa e útil. Em primeiro lugar, porque todas as línguas podem estender-se ou contrair-se: o istriota pode servir, igual que o galego, para se entender com qualquer falante duma língua românica, mas é pouco provável que fora do Morraço saibam o que significa mandá-las por terra a Peniche. E ainda mais importante, porque considerar que a utilidade depende do número de falantes é supremacismo linguístico: a língua em que falo com a vizinha é a que realmente me resulta verdadeiramente útil, por mais que a use menos gente que o mandarim.

O conceito da lusofonia é apenas a última expressão duma retórica de exaltação nacionalista e dominação colonial. Os mais de 200 milhões de falantes de português contam-se sobre a invisibilização, a discriminação e mesmo o extermínio das utentes de aparaí, balanta ou quémaque. Porque se o galego se fai idioma forte é precisamente porque também pode ser língua opressora. Resulta-nos singelo denunciar o castelhano como língua comum mas esquecemos que o Dia da Lusofonia foi chamado Dia da Raça até 1974. Há apenas um mês, uma professora escrevia num jornal cabo-verdiano que o português está ameaçado polo uso do crioulo no ensino e que o país só se pode desenvolver falando um idioma global. E o som deste cantar há soar conhecido para os ouvidos de qualquer falante duma língua menorizada.

Além disso, existe uma relação direta entre o grande capital e a promoção das línguas, como revela o cada vez maior número de artigos que analisam o seu valor económico. Não é casualidade que o Santander Totta e o Banco Comercial Português se encontrem entre os mecenas do Instituto Camões. A língua continua a acompanhar o império, antes composto de missões e conquistadores e agora de fábricas deslocalizadas e transnacionais financeiras. A entrada de Catar, Geórgia ou Japão como observadores associados da CPLP, ou a declaração do português como língua oficial da Guiné Equatorial só podem entender-se como movimentos estratégicos no tabuleiro do poder mundial.

A própria aceitação de instituições galegas como observadores consultivos, ainda que positiva para a língua, não é alheia aos interesses económicos que poda representar a Galiza para Portugal.

Talvez não se poda escapar completamente a estas dinâmicas num contexto em que as línguas se vendem e se compram como qualquer outro produto do mercado. Mas ainda é possível sonhar com um mundo ondevo português da Galiza poda servir para nos achegar às falantes de umbundo, de forro ou do asturo-leonês de Miranda, e não para situar-nos por acima delas. Com uma maneira de sermos lusófonas contra a lusofonia. Iván Cuevas – Astúrias in “Portal Galego da Língua”

Leia aqui este artigo republicado no Portal Galego da Língua para aceder aos comentários entretanto publicados.

Iván Cuevas - Nasceu em Xixón (Astúrias) em 1982. Fai as vezes de poeta e filólogo em asturo-leonês, de jornalista e programador em galego-português, e de tradutor em ambas as duas línguas. É membro do Cineclube de Compostela e de El Teixu, Rede pal Estudiu y Defensa de la Llingua Asturllionesa.

 

Unicef - Investimento na primeira infância ajuda desenvolvimento de Moçambique

A especialista em Educação no Fundo das Nações Unidas para a Infância em Moçambique, Tomoko Shibuya, diz que investir US$ 1 no desenvolvimento da pequena infância pode gerar o retorno de US$ 7 a 17


Maputo acolheu na passada sexta-feira, 25 de fevereiro, uma mesa-redonda sobre a importância do aumento de investimento no desenvolvimento da primeira infância em Moçambique.

Dados da Unicef indicam que os primeiros anos de vida de uma criança têm um impacto no desenvolvimento do cérebro, na saúde física e mental.

Sociedade civil

Para a agência, o investimento nesta área é importante e urgente. Tomoko Shibuya, chefe de educação na Unicef fala da expectativa do encontro que junta para além das agências, o governo e membros da sociedade civil.

“Nós estamos a preparar esta segunda mesa-redonda para o desenvolvimento da pequena infância, sobretudo para a discussão ao alto nível, para aumentar o investimento. Diferentes lados das sociedades estão convidados para que juntos possamos encontrar a solução para mobilizar mais investimentos nesta área importante.”

Passaram sete meses após a realização da primeira mesa-redonda em julho de 2021. Falando à ONU News em Maputo, Tomoko Shibuya citou a importância de investimento na área de desenvolvimento da pequena infância.

“Há evidências que mostram que investindo US$ 1 no desenvolvimento da pequena infância terá retorno de US$ 7 a 17. Então como este retorno não é imediato muitas vezes, os países, podem esquecer-se de fazer este investimento. Investir na primeira infância hoje, pode ter mais impacto sobre o desenvolvimento do país.”

O evento, pretendeu elevar as discussões sobre a importância do aumento de investimento no Desenvolvimento da Primeira Infância, DPI, assim como estabelecer uma plataforma de convergência entre setores do Governo e parceiros.

Dentre vários desafios, a Unicef acredita que no final do encontro obtiveram soluções com vista a aumentar a consciência sobre a importância de investir em DPI.

“Como Unicef estamos a priorizar a rede de desenvolvimento da primeira infância, estamos a fazer esforço na área de educação da pequena infância, saúde e nutrição, também proteção social para as crianças...então juntando as mãos, esforços, acho que teremos mais possibilidades de Moçambique alcançar as metas do ODS”

A iniciativa da 2ª Mesa Redonda de DPI foi organizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, e a Rede para o Desenvolvimento da Primeira Infância, RDPI. Ouri Pota – Moçambique “ONU News”


Tempestade


 






Vamos aprender português, cantando

 

Tempestade

 

Eu sei

que amanhã não dói mais

vamos ficar bem

deixa o vento passar

 

E pela madrugada

ficam as palavras por dizer

vejo-te deitada

mas o meu toque não te vê

 

Não vou, eu prometo que não vou

tornar-me refém do medo que me faz duvidar

 

Alô

forti n'misti bu alô

ki pan xinti ma nós dos

nin bento kata siparano

 

Quando essa tempestade passar, amor

eu vou correr p'ra te abraçar, amor

e vou parar o tempo contigo, amor

p'ra compensar o tempo perdido, amor

eu vou

 

I'll be counting days, mean I'll be so far

bu lugar vazio li na nha sofa

it's like, sinto sufoco, pesa no corpo

perco no foco, sinto-me torto

n'kata perdi fé, mas ta matam sodade

 

Não vou, eu prometo que não vou

tornar-me refém do medo que me faz duvidar

alô, só preciso de um alô

que me faça sentir que nada pode nos separar

 

Quando essa tempestade passar, amor

eu vou correr p'ra te abraçar, amor

e vou parar o tempo contigo, amor

p'ra compensar o tempo perdido, amor

eu vou

 

Obim nunde ku bu sta

oki nô incontra

no tá fika dreto

no tá fika dreto

 

Juro que vou ficar

vou esperar por ti

e a saudade vai chegar ao fim

e eu vou estar aqui

 

Quando essa tempestade passar, amor

eu vou correr p'ra te abraçar, amor

eu vou parar o tempo contigo, amor

p'ra compensar o tempo perdido, amor

eu vou

 

Djodje – Cabo Verde

SYRO – Portugal

 

Composição - Djodje Marta, Syro, Gerson Marta, Bernardo Mizrahi





Argentina - Recebe ajuda do Brasil para combater incêndios

O governador de Corrientes, Gustavo Valdés, agradeceu a chegada de bombeiros brasileiros, que se juntaram ao combate aos incêndios que estão a afetar aquela província do nordeste da Argentina

Bombeiros do município de São Borja, no estado brasileiro do Rio Grande do Sul, atravessaram a fronteira para apoiar a luta contra as chamas no município argentino de Santo Tomé.

Gustavo Valdés, que pediu aos Estados Unidos para enviarem aviões de combate a incêndios, agradeceu ao Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, numa mensagem na rede social Twitter. Entretanto, o Presidente da Bolívia, Luis Arce, aprovou o envio de 70 bombeiros para ajudar a apagar os incêndios em Corrientes, indicou a presidência argentina.

Desde janeiro, as chamas queimaram mais de 785200 hectares em Corrientes, o que representa 8,8% da província, na fronteira com o Paraguai, Brasil e Uruguai, de acordo com um relatório sobre a evolução dos incêndios, do Instituto de Tecnologia Agropecuária argentino.

A província foi declarada “zona de catástrofe ecológica e ambiental” e recebeu recursos de várias zonas do país, do governo e particulares.

Valdés indicou que entre 2800 e três mil pessoas, cinco helicópteros e 12 hidrantes estão no terreno em Corrientes, “mas não são suficientes”.

“O que está a acontecer connosco é absolutamente extraordinário”, alertou o governador, que disse ser necessário “multiplicar os recursos normais por 20 e 30 para poder controlar as chamas em Corrientes”. Os incêndios já causaram prejuízos no valor de 40 mil milhões de pesos (330 milhões de euros), estimou Valdés. In “Milénio Stadium” - Canadá

 

sábado, 26 de fevereiro de 2022

Guiné-Bissau - Juventude Africana Amílcar Cabral considera de “ilegal e humilhação pública” medida de coação aplicada ao líder do PAIGC

Bissau – A Juventude Africana Amílcar Cabral (JAAC), considerou de “ilegal e humilhante” a medida de coação aplicada pelo Ministério Público ao líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira e diz que a medida representa uma tentativa de silenciar um deputado da nação e presidente do maior partido guineense.

O Secretário-geral da JAAC, braço juvenil do PAIGC, falava numa conferência de imprensa, em reação à proibição de sair do país aplicada ao Presidente dos libertadores, uma decisão do Ministério Público, anunciado recentemente.

“Tendo em conta a situação de profunda instabilidade política, associada às sucessivas ondas de ataques dirigidas ao povo e ao PAIGC, nomeadamente o assalto à Rádio Capital, a suposta tentativa do Golpe de Estado de 1 de Fevereiro e a vã tentativa de silenciar o seu líder não podíamos ficar indiferentes”, disse Dionísio Pereira.

O Secretário-geral da JAAC disse que não compactuam com a instrumentalização do Ministério Público sob auspício do Procurador-Geral da República, assistido por alguns magistrados e sob a agenda presidencial, bem como o impedimento da realização do X Congresso do Partido com um decreto de Estado de alerta que diz ser “injustificável”.

O político exigiu respeito a imunidade parlamentar do deputado Domingos Simões Pereira, respeito à ordem democrática no país, tendo exortado ao Ministério Público a cumprir as regras que gerem os processos, a constituição do suspeito.

Ainda exigiu que seja denunciada o que diz ser “estratégia do Alto Comissário para Covid-19 de recomendar, de novo, o estado de Alerta, com o único objectivo de impedir a realização do Congresso do PAIGC.

O Secretariado do Conselho Central da JAAC convocou para o próximo dia 05 de Março uma marcha pacífica de manifestação contra aquilo que chamou de “regime ditatorial” em curso na Guiné-Bissau.

Para Dionísio Pereira não se trata de uma manifestação do PAIGC ou da JAAC, mas de todos os cidadãos comprometidos com a causa da segurança, justiça e bem nacional.

Após a conferência de Imprensa os jovens do PAIGC fizeram uma visita de solidariedade a Domingos Simões Pereira na sua residência, sita no bairro de Luanda, em Bissau. In “Agência de Notícias da Guiné” – Guiné-Bissau

 

Brasil - Soma esforços na segurança alimentar e nutricional em Timor-Leste


O Governo brasileiro atendeu ao apelo por assistência humanitária do Governo timorense para mitigar as consequências de passagem do ciclone tropical Seroja, em 2021, agravadas pela crise resultante da expansão da COVID-19 no país.

Nos meses subsequentes ao desastre natural, ampliou-se o quadro de insegurança alimentar em Timor-Leste, especialmente de crianças menores de cinco anos e de mulheres. O ciclone Seroja destruiu 5.248 hectares de terras irrigadas, afetando diretamente 3545 cidadãos. Houve diminuição de 25 por cento na produção de arroz do país.

A doação brasileira, no valor de USD 100 mil, está sendo empregada na reativação de atividades de subsistência, por meio do projeto “Fornecimento de apoio financeiro para atividades de subsistência através da produção hortícola e criação de caprinos para a resposta do Governo de Timor-Leste às inundações do ciclone Seroja”, no município de Bobonaro, na região de Atabae, em parceria com o Escritório do Programa Mundial de Alimentos (WFP) em Dili.

Em 08/02, o Embaixador do Brasil em Díli, Maurício Medeiros de Assis, participou da cerimônia de inauguração do projeto, acompanhado do Ministro da Agricultura e Pesca timorense, Pedro Reis; do Diretor residente do Programa Mundial de Alimentos naquele país, Dageng Liu; e dos chefes das aldeias e dos grupos de agricultores contemplados na iniciativa. O Embaixador do Brasil conheceu as aldeias de Meguir e de Limanaro e as técnicas empregadas no treinamento em horticultura e em pecuária.

A doação humanitária brasileira foi realizada por meio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE), e contou com o apoio da Embaixada do Brasil em Dili. In “Mundo Lusíada” - Brasil


 

Portugal - Nova armadilha inteligente contra pragas vai contribuir para agricultura sustentável

O Smart Trap é uma nova armadilha inteligente que monitoriza a praga do inseto vetor da Flavescência Dourada (Scaphoideus titanus Bal.). A tecnologia insere-se no trabalho de investigação executado no Projeto FDControlo, desenvolvido pelo  Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), e foi agora distinguido com o prémio Born from Knowledge (BfK) Awards, atribuído pela Agência Nacional de Inovação, no âmbito da 8ª Edição do Prémio Empreendedorismo e Inovação Crédito Agrícola.

Este inseto é uma grande ameaça às culturas vinícolas, e é entre 5 a 10 vezes mais pequeno do que os insetos detetados nas armadilhas existentes, o que dificulta a sua deteção precoce. Surge assim esta tecnologia, que vai permitir combater o desperdício agrícola, garantir a boa produção das culturas, diminuir a utilização de pesticidas e reduzir substancialmente os prejuízos e custos de controlo da doença.

O projeto encontra-se em fase de testes, pelo que, uma vez validado o protótipo e a propriedade intelectual protegida, será apresentado a empresas de tecnologia que promovem soluções na área, de forma a chegar ao utilizador final. Esta armadilha inteligente será apresentada em feiras de controlo de doenças e pragas e feiras de vinhos, para obter reconhecimento do sector e promover a tecnologia junto dos mercados alvo. Será ainda expandida para o mercado internacional, através da associação a produtores nacionais e internacionais para garantir uma produção em escala. Está previsto a realização de sessões de demonstração e experimentação em quintas parceiras, assim como a divulgação através de parceiros como CoLABS e Centros Nacionais de Competências.

Como afirma o representante do Smart Trap, Pedro Moura: “É para nós um reconhecimento do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido no âmbito do projeto DEMETER e, além de nos fazer acreditar no seu potencial contributo para uma agricultura mais sustentável, ajuda-nos divulgar o projeto Smart Trap a potenciais tomadores de tecnologia.” In “Green Savers Sapo” - Portugal

 

Cabo Verde - C James disponibilizou nas plataformas digitais o seu novo video-clip “So bo k falta”


 

Cidade da Praia – O músico praiense C James tem já disponível nas plataformas digitais o seu mais novo vídeo-clip denominado “So bo k falta”, que conta com a participação da cantora Sónia Sousa.

Em declarações à Inforpress, C James avançou que o novo trabalho está a superar todas as suas expectativas, uma vez que está a ser um sucesso, sobretudo no You Tube. O artista espera receber ainda “mais feedbacks positivos” dos seus fãs.

A música, conforme relatou, retrata uma história de amor, só que ao ritmo de afrobeat, tendo já conquistado o gosto, segundo as palavras do artista, de um grande número de público.

C James lembrou que está a produzir profissionalmente desde 2016, data que apresentou o seu primeiro videoclipe, e desde então já lançou vários singles e videoclipes.

À Inforpress, o músico indicou que só agora está a trabalhar num EP constituído por seis faixas, intitulado “Back to my soul” (De volta para a minha alma, em português).

Prevê o seu lançamento para o final do mês de Março e o single “So bo k falta” fará parte do referido EP.

Igualmente, C James espera que o EP tenha a mesma aceitação do single “Só bo k falta”. In “Inforpress” – Cabo Verde




So bo k falta

 

Es podi ate fla ma nau

Ranja intrigas pam podi largau

Ninguém ka ta toma kel strela kin dau

Amor di nha vida

Ai forte gana abraçau

Pertau na peto pam flau man’tamau

Nsa conta minotus po txiga pam flau

Katem dispidida

Nsa pidiu po fica pa sempre ti sempre

Nka kre xintibu longe nem mas um vez

Na nha vida gossi bo e tudo kin mesti

Nkre po beijam sima nos prumero bez

 

Mpodi fazi tudo

Da volta mundo

Su ka sta li nunca nka ta ser kel mê

Djam kre larga tudo pam teneu um segundo

Bem abraçam pamó bo e tudo kin krê

Amor dimew      uuhuu

Nka mesti mas nada

E so bo ki falta

Amor dimew      uuhuu

Nka mesti mas nada

E so bo ki falta …

 

Tudo kin kre e abraçau gossi nanana

Katem mas ninguem ki mereçeu

Kapaz di bai alem di horizonte

So pam flau nha bebê

Nsa li pa tudo ku krê

Sodade ta parci um castigo

E so bu amor ke nha abrigo

Lembranças ta lebam ti bo

Ko liga nha insegurança

Nta prometeu man ka ta cansa

Nta sperau li “li”