Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Macau - Gilvan Müller de Oliveira no II Seminário da Cátedra UNESCO em Políticas Linguísticas para o Multilinguismo

Gilvan Müller de Oliveira esteve na Universidade de Macau, para participar no II Seminário da Cátedra UNESCO em Políticas Linguísticas para o Multilinguismo. O linguista defende que a língua portuguesa deve aproveitar a oportunidade do multilinguismo do século XXI para se expandir e afirmar-se definitivamente como uma língua internacional

O linguista brasileiro Gilvan Müller de Oliveira defendeu na passada quarta-feira que a língua portuguesa deve saber aproveitar as oportunidades decorrentes do multilinguismo, um forte instrumento económico, histórico e de humanização, e que é “a verdadeira língua do século XXI”.

Fenómeno atribuído à globalização e um elemento no radar da UNESCO, o multilinguismo é “uma oportunidade para o português”, mas também “para todas as línguas”, destacou o antigo director executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), instituição da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) com sede em Cabo Verde, em entrevista à Lusa em Macau.

“O que nós temos hoje é um contexto em que não só uma língua cresce em detrimento de outras, mas todo um conjunto de línguas cresce”, afirmou o académico, à margem do arranque do II Seminário da Cátedra UNESCO em Políticas Linguísticas para o Multilinguismo, que decorre até quinta-feira na Universidade de Macau.

Gilvan Oliveira coordena esta Cátedra a partir de Florianópolis, no estado brasileiro de Santa Catarina. O “projecto jovem”, mas “em fase de expansão” envolve 22 universidades em 13 países, dando destaque aos blocos lusófono e dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), estes últimos “países altamente multilingues, com modelos de gestão civilizacional e linguística muito diferentes entre si”.

Sucesso africano

Sobre o uso do português nos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP), o linguista considerou estar “a avançar rapidamente”, dando como exemplo de sucesso o caso de Moçambique, onde existe hoje um sistema de escolas bilingues “que fazem com que o aluno compartilhe o português e uma outra língua moçambicana”.

“O caso de Moçambique é um caso notório. Havia em Moçambique pouco mais de 11 por cento de falantes de português no momento da independência, e agora já são mais de 55% por cento de falantes, quer dizer que o Estado nacional moçambicano, tomando para si a tarefa de ensinar português e de criar um sistema educacional e um sistema de transmissão radiofónica e televisiva, contribuiu para uma rápida expansão da língua”, referiu.

Neste sentido, frisou, “a responsabilidade do Estado no ensino do português e da organização dos espaços e da circulação da língua é uma peça fundamental para o crescimento da língua”.

Além disso, a língua portuguesa beneficia de uma característica especial: “Não há dois países de língua portuguesa que fazem fronteira, cada país é uma ‘ilha’, cercada por vizinhos que falam outras línguas, e isso é extremamente positivo para a expansão da língua”, salientou.

Olhar para a frente

Na África do Sul, por exemplo, o português é hoje uma das línguas opcionais para os exames secundários e “onde se tem expandido de forma muito firme, graças e sobretudo ao papel que Moçambique desempenha na vizinhança, e crescentemente Angola desempenha na vizinhança da Namíbia, como o Brasil desempenha nos seus vizinhos falantes de espanhol, e mesmo Portugal, com todos os projectos do português na Extremadura [espanhola]”, disse.

“Esses países provocam o crescimento do uso da língua internamente, mas também para fora, crescentemente expandido as fronteiras de circulação, para fora e para dentro, na recepção à migração”, apontou.

O académico considera que a língua de Camões tem aproveitado oportunidades decorrentes do contexto global do multilinguismo, expandindo-se “em vários contextos”, mas que é preciso abandonar a “mentalidade de uma época passada” e pensar no português como uma língua internacional.

“Ainda pensamos muito no português como uma língua nacional, há dificuldades de ver o português como uma língua internacional. Há dificuldades de considerar, por exemplo, uma responsabilidade crescente para o IILP [Instituto Internacional da Língua Portuguesa] na construção desta comunidade internacional que compartilha uma língua, que ao mesmo tempo é compartilhada com outras línguas”, apontou.

Assim, e sublinhando que o multilinguismo é, a par da tradução electrónica, “a verdadeira língua do século XXI”, o professor defende que a língua portuguesa tem muito a ganhar com a participação neste fenómeno.

“Quanto mais o português puder participar neste multilinguismo, e puder ser uma opção para falantes de vários países, e ao mesmo tempo se nós pudermos também falar outras línguas, só temos a ganhar economicamente”, considerou.

“Evidentemente, cresce o valor económico do português à medida que a língua está conectada com outras línguas e quando o número de bilingues e trilingues cresce, porque é isso que faz a incorporação de ideias, projectos, narrativas históricas e literárias, ou a tradução”, acrescentou.

No entanto, não é só o valor económico que cresce, vincou, como também o valor humano e histórico. Partindo do exemplo de um instrumento desenvolvido pelas universidades que integram a Cátedra, e a partir do qual uma tese de doutoramento em indonésio foi sumarizada e traduzida para português, Oliveira sublinhou a vantagem das produções intelectuais não passarem por uma só língua.

“À medida que podemos usar as ideias deles e eles as nossas, aumenta o valor económico, o valor humano, o valor histórico, como ponte entre línguas, e nesse sentido a Cátedra tem sido uma oportunidade para a recuperação dessas memórias”, disse.

As Cátedras UNESCO são projectos de quatro anos sujeitos a avaliação, que podem ser renovadas indefinidamente “se produzirem informação relevante para que os estados membros atuem”, explicou.

A Cátedra UNESCO em Políticas Linguísticas para o Multilinguismo (2018-2022) foi estabelecida em Fevereiro do ano passado e tem como instituição responsável a Universidade Federal de Santa Catarina, no Brasil. In “Hoje Macau” – Macau com “Lusa”

Portugal - Investigadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto premiados em conferência de engenharia informática


Um grupo de investigadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e INESC TEC foi recentemente distinguido em Espanha com o Best Paper Award no âmbito da “QUATIC’19 – 12th Conference on the Quality of Information and Communications Technology” que decorreu na Ciudad Real em Espanha de 11 a 13 de setembro de 2019.

Da autoria de Ana C. R. Paiva e Jorge Ferreira, o artigo premiado aborda a importância de testar aplicações móveis de forma automática.

O teste de aplicações móveis é desafiante porque existem muitos dispositivos diferentes e várias formas de interação com essas aplicações. Por outro lado, as Apps estão cada vez mais presentes no nosso dia a dia e são cada vez mais críticas permitindo, por exemplo, efetuar pagamentos.

O teste manual neste contexto é, na maioria das vezes, inviável e pouco eficaz. Por isso, há a necessidade de criar soluções de teste automático que possam contribuir para melhorar a qualidade das aplicações móveis existentes.

Com o título “Android Testing Crawler”, este artigo apresenta uma ferramenta que explora automaticamente uma qualquer aplicação móvel tentando identificar problemas. Esta ferramenta tenta ultrapassar alguns desafios dos crawlers existentes e é validada em experiências realizadas com Apps reais disponíveis na Google Play Store.

O trabalho apresentado insere-se numa linha de investigação onde se pretende combinar a exploração automática com o teste dinâmico de aplicações móveis. Esta linha de investigação iniciou num trabalho de doutoramento de que resultou a ferramenta iMPAcT tool. O trabalho agora premiado tem como objetivo melhorar a componente de Crawler da iMPAcT tool.

Estimativas recentes indicam que o número de aplicações móveis disponíveis na Google Play Store é superior a 2,5 milhões e, em 2017, havia aproximadamente 178 mil milhões de downloads de aplicações móveis, o que mostra a importância dos dispositivos móveis no dia a dia da população mundial. Universidade do Porto “DEI Departamento de Engenharia Informática” - Portugal

Canadá - Emigrantes angariam fundos para terem aulas de português



A comunidade portuguesa de Queens, em Kingston, no este do Canadá voltou a realizar um evento de angariação de fundos para financiar o curso de português na universidade local, disse à Lusa fonte da organização.

O curso de português tem-se mantido na universidade “devido ao importante contributo” da comunidade portuguesa local, disse à agência Lusa a líder comunitária Maria Helena Silva, de 60 anos, membro da Comissão de Cultura e de Língua Portuguesa da Universidade de Queens.

“Todos os anos organizamos pelo menos dois eventos para angariar fundos para subsidiar o programa de português. O nosso apoio é fundamental para a continuidade do curso”, afirmou.

A empresária natural de Ovar (Aveiro) explicou que, há seis anos, devido à forte presença portuguesa na cidade de Kingston, propuseram à universidade local a criação de um curso de língua portuguesa.

São necessários pelo menos 20 mil dólares canadianos (13,7 mil euros) para manter anualmente ativo o programa, sendo que em 2019 o instituto Camões disponibilizou 8500 dólares (5841 euros), com a universidade a igualar esse montante.

“O nosso objetivo é de angariar fundos para suportar o programa, para que se mantenha por muitos e longos anos”, acrescentou a empresária, de 60 anos e há 56 no Canadá.

O programa teve início em 2013 devido ao trabalho da Comissão para a Língua e Cultura Portuguesa na Universidade de Queens.

No corrente ano letivo frequentam o curso de português 35 alunos e apenas dois terços são de origem portuguesa ou de países de língua portuguesa.

O curso é de nível inicial (A1), disponibilizado em duas partes, com três créditos por cada parte, no outono e no inverno.

Além da língua, dispõe de uma vertente cultural sobre Portugal e o Brasil.

“Em todas as aulas é sempre abordada uma componente cultural ligada à música, porque através da música consegue-se passar a mensagem cultural de uma melhor forma”, explicou o professor António Macedo, do departamento de Língua, Cultura e Literatura da Universidade de Queens.

O habitual jantar convívio “não é tão comum no Canadá”, é outro dos fatores que permite aos alunos deste curso “experimentarem a gastronomia portuguesa”.

Kingston é uma cidade localizada no este do Ontário, entre Toronto e Montreal, com cerca de 136 mil habitantes, dos quais 5000 são portugueses e lusodescendentes. In “Bom dia Europa” - Luxemburgo

Moçambique - Academia sul-africana vai reforçar competências na formação profissional de moçambicanos

O Instituto de Formação Profissional e Estudos Laborais Alberto Cassimo (IFPELAC) assinou, na quinta-feira, 26 de Setembro, um memorando de entendimento com a M2 Engineering Academy, da África do Sul, com vista ao estabelecimento de mecanismos de cooperação entre as duas instituições, no domínio da formação profissional e inserção dos formandos no mercado de trabalho.

O memorando tem como objectivos a garantia do acesso às acções de formação profissional adequada às necessidades do mercado de trabalho, o fortalecimento da gestão dos centros de formação profissional e unidades móveis, a criação de capacidades para o reconhecimento nacional e internacional das competências adquiridas, a implantação do modelo dual de formação nos centros do IFPELAC, entre outros.

Para o efeito, caberá ao IFPELAC indicar o pessoal necessário para a implementação das actividades previstas no memorando, prestar assistência para o desenvolvimento dos trabalhos, ceder a gestão de um dos centros como piloto à M2 Engineering Academy, bem como disponibilizar formadores e gestores para serem capacitados pela sua contraparte.

Por seu turno, a M2 Engineering Academy terá a responsabilidade de elaborar estudos de viabilidade detalhados sobre os programas requeridos pelo mercado, alocar unidades de formação móveis e apoiar na sua gestão, gerir o centro de formação profissional-piloto, transferir o know-how para a parte moçambicana, apoiar a certificação internacional dos centros de formação do IFPELAC e implementar as melhores práticas das suas operações na África do Sul, incluindo o sistema electrónico de gestão (M2 Hut).

Para a ministra do Trabalho, Emprego e Formação Profissional (MITESS), Vitória Diogo, que dirigiu a cerimónia de assinatura do memorando, a parceria entre o IFPELAC e a M2 Engineering Academy deve contribuir para a elevação das competências e capacidades do sector nos domínios técnicos e de gestão, concorrendo, desse modo, para a certificação internacional dos centros de formação profissional de modo a responder às necessidades do mercado.

“As duas instituições vão partilhar as suas valências, contribuindo para a certificação profissional com vista a enfrentar a demanda das empresas, que se mostra cada vez mais selectiva”, disse a ministra.

Na ocasião, Vitória Diogo referiu que o País formou, através dos centros de formação profissional públicos e privados, cerca de 715 mil cidadãos, na sua maioria jovens, durante o quinquénio 2015-2019.

Já o director executivo da M2 Engineering Academy, Mayileni Makwakwa, realçou a importância desta parceria, que, na sua opinião, vai ajudar os jovens a tirarem proveito das oportunidades existentes no mercado e a tornarem-se auto-suficientes, através do auto-emprego.

Na sua intervenção, Mayileni Makwakwa apontou a falta de certificação internacional como um obstáculo à formação profissional no País, o que dá a falsa percepção de que os seus cidadãos não são competentes.

“Não é verdade. Os moçambicanos são muito competentes. Se forem para a África do Sul, vão notar que uma boa parte dos técnicos que trabalham em grandes empresas e indústrias são moçambicanos. Eles têm conhecimento”, sublinhou o director executivo da M2 Engineering Academy. In “Olá Moçambique” - Moçambique

domingo, 29 de setembro de 2019

O leãozinho












Vamos aprender português, cantando


Gosto muito de te ver, leãozinho
caminhando sob o sol
gosto muito de você, leãozinho

Para desentristecer, leãozinho
o meu coração tão só
basta eu encontrar você no caminho

Um filhote de leão, raio da manhã
arrastando o meu olhar como um ímã
o meu coração é o sol, pai de toda cor
quando ele lhe doura a pele ao léu

Eu gosto de te ver ao sol, leãozinho
de te ver entrar no mar
tua pele, tua luz, tua juba

Gosto de ficar ao sol, leãozinho
de molhar minha juba
de estar perto de você e entrar no mar

Um filhote de leão, raio da manhã
arrastando o meu olhar como um ímã
o meu coração é o sol, pai de toda cor
quando ele lhe doura a pele ao léu

Gosto de te ver ao sol, leãozinho
de te ver entrar no mar
tua pele, tua luz, tua juba

Gosto de ficar ao sol, leãozinho
de molhar minha juba
de estar perto de você e entrar no mar

Caetano Veloso – Brasil

Maria Gadú - Brasil



Portugal - O mar vivo: ensaio fotográfico de Hussain Aga Khan

Participe no seu programa cultural e educativo.



Quando:

27 de Setembro de 2019 a 29 de Dezembro de 2019

Onde:

Museu Nacional de História Natural e da Ciência

“Nas minhas fotografias, deixo os animais e as árvores falarem por si na esperança de que outras pessoas vejam a beleza que eu vejo.”
                                        Hussain Aga Khan

A exposição O Mar Vivo parte das extraordinárias fotografias de Hussain Aga Khan para nos sensibilizar para a beleza sublime, complexidade e fragilidade da vida nos oceanos. A exposição, que se desenvolve em duas salas do Museu, é complementada com múltiplas atividades educacionais e científicas destinadas a diversos públicos no sentido de estimular um amplo debate sobre questões científicas, ambientais e sociais de impacto contemporâneo global, tais como o papel dos oceanos na sustentabilidade da vida na Terra, a crise climática, a conservação da natureza e a extinção de espécies, entre outras.

Organização: MUHNAC e Focused on Nature (FON)

Fotógrafo: Hussain Aga Khan

Comissários: Xenia Geroulanos, Philippe Mendes, Jorge Prudêncio, Marta Costa

Programa Educativo e Cultural: António José Monteiro, Raquel Barata

Sobre Hussain Aga Khan

Hussain Aga Khan nasceu em Genebra, na Suíça. Fez o ensino secundário na Deerfield Academy, Massachusetts, tendo uma dupla licenciatura em Teatro e Literatura Francesa pelo Williams College. Possui um mestrado em Relações Internacionais pela Columbia’s School of International and Public Affairs.

Hussain é um ávido entusiasta por peixes tropicais desde os 5 anos e por répteis e anfíbios desde os 14. Aos 14 anos, começou a fazer mergulho e a interessar-se pela conservação da natureza. Viaja para os trópicos com frequência desde há muitos anos, tendo começado a tirar fotografias à fauna e flora em 1996, numa viagem à Amazónia brasileira. Desde então, as suas fotografias figuraram em várias exposições nos EUA, França, Suíça e Quénia. Também foram publicadas em dois livros, Animal Voyage em 2004 (com uma nova edição em 2007) e Diving into Wildlife em 2015. Algumas das suas fotografias mais recentes podem ser vistas em vários blogs da National Geographic.

Hussain Aga Khan está atualmente envolvido, através da Aga Khan Development Network, em iniciativas de mitigação de riscos de desastres, gestão de recursos naturais e vários projetos ambientais, nomeadamente plantação de árvores na África Oriental e preservação da biodiversidade na Ásia, bem como projetos de investigação sobre água e alterações climáticas.

Hussain Aga Khan criou Focused on Nature em 2014 para “partilhar a sua paixão e missão pessoal de conservação da natureza, bem como a necessidade urgente de promover investigação e iniciativas construtivas sobre questões globais de impacto negativo sobre o meio ambiente”. Universidade de Lisboa “Museu Nacional de História Natural e da Ciência” - Portugal

Programa cultural e educativo

Mergulhe no mar vivo

Visitas guiadas todas as quartas-feiras, pelas 15h00. Máx. 20 vagas. Entrada livre.
Ponto de encontro: Átrio do MUHNAC-Universidade de Lisboa
Garanta a sua vaga inscrevendo-se através do geral@museus.ulisboa.pt ou por telefone 213 921 808

2 OUT | Raquel Barata, MUHNAC- Universidade de Lisboa
9 OUT | António José Monteiro, MUHNAC- Universidade de Lisboa
16 OUT | Fernando Serralheiro, MUHNAC- Universidade de Lisboa
23 OUT | Marina Sequeira, ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas
30 OUT | Hussain Aga Khan, Focused On Nature (visita em inglês)
6 NOV | Visita Especial Escolas com Hussain Aga Khan (visita em inglês)
13 NOV | Nuno Gusmão, P-06 Atelier
20 NOV | Raquel Barata, MUHNAC- Universidade de Lisboa
27 NOV | Jorge Prudêncio, Rogério Abreu and Marta Costa, MUHNAC-Universidade de Lisboa
4 DEZ | Philippe Mendes and Xenia Geroulanos, Comissários da Exposição



São Tomé e Príncipe – Portuguesa euroAtlantic mantém voos para São Tomé

A euroAtlantic Airways vai deixar a STP Airways, mas continuará a voar para São Tomé e Princípe, agora com a sua marca própria



A euroAtlantic chegou a acordo com o governo de São Tomé e Príncipe para vender a participação de 40% que detém na STP Airways, abandonando igualmente a gestão da transportadora até Outubro, anunciou o fundador e presidente da companhia aérea portuguesa.

Tomaz Metello disse ainda que apesar da venda das acções e da saída da gestão da STP Airways, a empresa portuguesa vai manter os voos para São Tomé e Príncipe, agora com a marca euroAtlantic.

O Governo de São Tomé e Príncipe anunciou em Junho passado a intenção de terminar o contrato que mantinha com a euroAtlantic para a gestão da STP Airways até final de Outubro, tendo, entretanto, assinado um acordo com a companhia equato-guineense Ceiba, que irá colocar aviões ao serviço da STP Airways operados pela empresa portuguesa White.

A euroAtlantic acusou então as autoridades de São Tomé e Príncipe de terem assinado o memorando com os novos parceiros, ignorando o maior parceiro privado e sem levar o acordo à assembleia-geral de accionistas. In “Transportes & Negócios” - Portugal

Cabo Verde – Parceria na área da Medicina Tradicional Chinesa com a China e Macau


Cabo Verde está empenhado no investimento na área da Medicina Tradicional Chinesa e a RAEM tem-se afigurado como um apoio ao desenvolvimento deste sector através do Parque Científico e Industrial em Hengqin. Em entrevista ao Jornal Tribuna de Macau, o Ministro da Saúde e Segurança Social do país africano assegurou que irão continuar a ser dados passos “seguros” para uma parceria “mutuamente vantajosa” entre Cabo Verde, a China e Macau

O Ministro da Saúde e Segurança Social Cabo Verde veio à RAEM para participar no Fórum de Cooperação Internacional de Medicina Tradicional 2019 da China (Macau), uma das áreas que o país pretende desenvolver.

“Este ano tive o gosto de vir [ao Fórum] na medida em que estamos a começar a implementar um projecto de medicina tradicional chinesa em Cabo Verde, em conjunto com o Parque Científico e Industrial de Macau. Nesse sentido, temos todo o interesse, por um lado, em aprofundar o que já é o nosso conhecimento da medicina tradicional, mas também de conversar e reunir com as entidades não só do Parque, mas também aqui de Macau”, frisou Arlindo Nascimento do Rosário em entrevista ao Jornal Tribuna de Macau.

Questionado sobre a importância de Macau no contacto com a China, o governante frisou que o território “serve de facto como plataforma entre a China e os Países de Língua Oficial Portuguesa e é nessa base que, com Macau, podemos desenvolver projectos com a China, mas também de ligação directa entre a RAEM e Cabo Verde”. “É nessa linha que entra Macau”.

Ao mesmo tempo, através do Parque Industrial, Macau “tem sido um dos motores para o desenvolvimento” da Medicina Tradicional Chinesa no país.

“Estamos no bom caminho. Acredito que, com toda a abertura que tem havido da parte das entidades governamentais de Macau e da China, iremos continuar a dar passos que queremos que sejam seguros para que seja uma parceria mutuamente vantajosa entre Cabo Verde, a China e Macau”, destacou.

Arlindo Nascimento do Rosário fez questão ainda de mencionar que Macau inaugurou recentemente a Licenciatura em Medicina na Universidade de Ciência e Tecnologia que conta com uma estudante de Cabo Verde.

No entanto, a relação com a China não fica por aqui. “Temos uma relação muito forte com a China como um todo em várias áreas, por exemplo, também a questão da segurança das cidades e da videovigilância”.

Arlindo Nascimento do Rosário voltou ainda a falar da intenção de criar um centro africano de Medicina Tradicional Chinesa. “Cabo Verde, pela sua posição geoestratégica e estabilidade política, é um país que oferece óptimas condições. É nesse sentido que mostrámos a nossa disponibilidade para trabalhar na eventual possibilidade de se instalar um centro de medicina tradicional. É uma proposta que ainda terá de ser aprofundada, discutida e aprovada pelas partes”, disse.

A cooperação com a China na área da saúde envolve também infra-estruturas. “A China desde há muitos anos tem enviado equipas médicas, sobretudo na área da cirurgia, ginecologia, obstetrícia para Cabo Verde, mas também ajuda nas infra-estruturas, na construção de um bloco moderno pediátrico de um dos principais hospitais de Cabo Verde”, explicou Arlindo Nascimento do Rosário. “Digamos que tem sido uma cooperação muito forte no que diz respeito às infra-estruturas, recursos humanos, e é algo que queremos aprofundar cada vez mais” sem perder de vista as necessidades da medicina convencional.

Relativamente ao que Cabo Verde oferece no âmbito desta cooperação, Arlindo Nascimento do Rosário indicou que a relação com a China não se baseia no “eu dou-te isto e tu dás-me aquilo”. “Tem sido uma relação baseada naquilo que a China propõe como país que tem vindo a desenvolver-se. Acho que está dentro da sua política apoiar e ajudar os países com maiores dificuldades. É evidente que se pergunta o que é que Cabo Verde, um país tão pequeno, pode dar”, admitiu.

Porém, destaca: “somos um país pequeno, evidentemente, mas oferecemos à China a possibilidade de desenvolver outras relações e de mostrar ao mundo que há outros interesses que não são apenas em termos económicos”.

Sistema de saúde universal

Outra vertente em que o governo de Cabo Verde tem trabalhado tem a ver com melhorar o índice de cobertura do sistema de saúde, actualmente em 63%. “Cabo Verde tem dado passos importantes ao nível da cobertura universal. Entendemos essa questão não só como a qualidade de acesso mas a universalidade e facilidade de acesso. Cabo Verde tem um sistema de saúde com uma rede de infra-estruturas muito importantes distribuídas em todas as ilhas. Estamos a aumentar também a prestação de cuidados em termos de trabalhadores”, salientou.

Além disso, apontou Arlindo Nascimento do Rosário, o serviço nacional de saúde em Cabo Verde é “tendencialmente gratuito”. “Ninguém fica sem cuidado por questões económicas”, assegurou. De qualquer modo, há problemas a resolver. “Temos de continuar a aumentar o número de trabalhadores, o rácio de médicos por habitante, de enfermeiros por habitante. Também precisamos de continuar a consolidar a resposta às situações que ainda carecem de evacuação, como cancros”, reconheceu.

“Estamos num país que está a passar por um processo de transição. Com o aumento da esperança média de vida, também o volume de doenças tem tendência a aumentar, não só do foro oncológico mas cardiovascular, metabólico como a diabetes. Tudo isso traz desafios importantes que estamos a enfrentar”, sublinhou Arlindo Nascimento do Rosário.

No âmbito da ampliação da cobertura do sistema nacional de saúde, o principal desafio tem a ver com a própria condição do país. “Cabo Verde é um país constituído por ilhas que tem desafios importantes. Não conseguimos ter hospitais em todas as ilhas. Temos um serviço diferenciado de prestação de cuidados, com a sua complexidade, que termina nos dois hospitais centrais. Um grande desafio porque é resultante da própria condição arquipelágica de Cabo Verde são as evacuações inter-ilhas”.

Outra questão premente está relacionada com as doenças crónicas como insuficiências renais terminais e situações de hemodiálise. “O nosso grande desafio são as doenças crónicas que têm vindo a aumentar”.

Arlindo Nascimento do Rosário pretende também desenvolver a indústria farmacêutica ligada à produção de medicamentos convencionais, não só para abastecimento da demanda interna mas também “como forma de expandir para outros países”. “Existe um mercado potencial que poderá ser explorado”, defendeu. Inês Almeida – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

sábado, 28 de setembro de 2019

Internacional - "Ele só fala inglês e eu só falo português, mas percebi na chegada que me tinha agradecido"

O guineense Braima Dabó congratulou-se hoje por ter ajudado Jonathan Busby, de Aruba, a terminar a prova eliminatória dos 5000 metros no dia inaugural dos Campeonatos do Mundo de atletismo, no Qatar



"Sinto-me orgulhoso por representar o meu país ao mais alto nível, apesar de não ter batido o meu recorde pessoal. Já vinha a sofrer quando faltavam três voltas e percebi que essa meta estava fora do meu alcance. Tinha as pernas pesadas e estava a custar-me bastante fazer a última volta, mas, quando reparei que ele precisava de ajuda, fiz o que qualquer um estaria disposto a fazer naquela posição", reconheceu à agência Lusa o atleta do Maia Atlético Clube, após a prova decorrida na sexta-feira no Estádio Internacional Khalifa, em Doha.

Braima Dabó e Jonathan Busby eram os únicos representantes dos respetivos países na 17.ª edição dos Mundiais, devido às quotas atribuídas pela Federação Internacional de Atletismo, e partiram sem expectativas de alcançar a final dos 5000 metros, tendo descolado com naturalidade do pelotão.

A cerca de 250 metros do fim, o atleta natural de uma pequena ilha das Caraíbas denotou sinais de quebra física e dificuldades em manter-se de pé, ao ponto de o guineense ter recuado para amparar o adversário e carregá-lo até à meta, sacrificando a sua própria prova, numa lição de desportivismo reconhecida além fronteiras.

"Estivemos juntos no dia em que cheguei ao hotel, hoje cumprimentámo-nos na câmara de chamada e depois do tiro da partida nunca mais consegui falar com ele. Deu-me sempre algum avanço até àquele momento. Ele só fala inglês e eu só falo português, mas percebi na chegada que me tinha agradecido", contou.

Os dois atletas foram últimos, superando os 18 minutos, e o arubano até recebeu ordem de desqualificação, numa corrida ganha pelo etíope Selemon Barega (13.24,69 minutos), mas ambos acabaram ovacionados pelos adeptos presentes num recinto que ameniza a temperatura devido a um sistema de refrigeração.

Apesar do clima desértico ser inevitável para quem está hospedado em Doha, Braima Dabó, que aterrou no Qatar na terça-feira, admite que o forte calor e humidade podem ter "condicionado" o desempenho de Jonathan Busby, mesmo se a "temperatura no interior do estádio estava razoável".

"Quando cheguei aqui, saí do aeroporto para entrar no autocarro e apanhei um susto por causa da temperatura. Na Guiné-Bissau não chega a metade disto e os 35º celsius de lá não são comparáveis aos 30º daqui", estabeleceu.

Braima Suncar Dabó, de 26 anos, vive em Portugal desde 2011, ao abrigo de um projeto criado pela organização não governamental "Na Rota dos Povos", que apoia o desenvolvimento dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) fora dos grandes centros populacionais, em zonas carenciadas ao nível da educação e formação cultural.

"Agora vou voltar a Portugal para terminar a minha licenciatura em Gestão no Instituto Politécnico de Bragança e depois quero regressar ao meu país, que não visito há oito anos. Estou cá sem os meus familiares, mas as pessoas que me rodeiam dão carinho e conforto para poder sentir-me em casa", referiu.

Natural de Catió, capital da região de Tombali, Braima Dabó intensificou o gosto pelo atletismo em 2014 e desloca-se aos fins de semana à Maia para treinar sob orientação de José Regalo, que já foi um dos melhores corredores lusos de 5000 metros, movido pelo "sonho" de "ter uma marca" que abra a porta dos Jogos Olímpicos. In “Sapo 24” com “MadreMedia / Lusa”

Brasil - Estação da Luz em São Paulo recebe lançamento do livro Redes Culturais na CPLP




Neste sábado, dia 28 a partir das 15h, no saguão da Estação da Luz em São Paulo, será lançada a primeira publicação do projeto Circulador. Trata-se do livro Redes Culturais na CPLP, que reúne o perfil de oito artistas da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Baseados atualmente na capital paulista, eles trabalham com Música, Teatro, Dança, Poesia e Artes Visuais. A distribuição do livro será gratuita, com o objetivo de expandir e ativar seu conteúdo.

Na ocasião, também será aberta a exposição de fotografias em tamanho expandido, realizadas pelo fotógrafo Alberto Rocha ao longo do processo de pesquisa.

A mostra fotográfica ficará em cartaz no saguão da Estação da Luz até o dia 28 de outubro, em parceria com o Museu da Língua Portuguesa e com a CPTM, que abre espaços em suas estações para mostras de arte, exposições, apresentações e manifestações culturais de artistas e instituições parceiras.

Por meio de conversas sobre Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, Timor Leste e o Brasil, a publicação expõe as práticas profissionais desses artistas e suas trajetórias na maior cidade de língua portuguesa do mundo e as possibilidades e potencialidades de uma maior integração cultural e econômica desta comunidade internacional.

Realizado com recursos do Programa de Ação Cultural (ProAC) da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e com o apoio institucional da CPLP, o livro traz um diagnóstico propositivo sobre as políticas culturais deste universo, através da reflexão e experiência real de artistas de diferentes setores das artes e seus percursos profissionais.

A obra será distribuída para diversas instituições educacionais, culturais e governamentais nos países da comunidade.

Circulador

O Circulador é uma plataforma itinerante de pesquisa criada em 2017 com o objetivo de conectar a comunidade criativa dos países de língua oficial portuguesa e sua produção mais contemporânea. Ao promover diálogos e abrir novas possibilidades para a cooperação cultural, a plataforma busca criar um canal de apoio, visibilidade, discussão e distribuição da produção artística emergente desta comunidade, além de favorecer o intercâmbio cultural entre sua juventude.

Defendendo uma maior integração deste espaço complexo e atuando em diferentes frentes, o projeto procura estimular capacidades econômicas e culturais que desafiem a exclusividade do eixo Norte-Sul, articulando os principais centros urbanos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP): Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste. In “Mundo Lusíada” - Brasil

Serviço
Projeto Circulador – Lançamento do livro Redes Culturais na CPLP
Dia 28/9, sábado, a partir das 15h
Até 28/10, Exposição do fotógrafo Alberto Rocha
Saguão da Estação da Luz
Grátis

Timor-Leste - F-FDTL integrarão missão da ONU na República Centro-Africana



DÍLI – O Ministro do Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Hermenegildo Augusto Cabral Pereira, informou que foi aprovada, na reunião ordinária do Conselho de Ministros desta quarta-feira, uma proposta de deliberação do Ministro da Defesa, Filomeno da Paixão de Jesus, sobre a integração das FALINTIL-Forças de Defesa de Timor-Leste (FDTL) na missão da Organização das Nações Unidas (ONU) na República Centro-Africana.

“O Conselho de Ministros aprovou uma proposta do Ministro da Defesa sobre a inclusão de militares das F-FDTL nas Forças Armadas de Portugal para a Missão de Paz na República Centro-Africana”, disse aos jornalistas no Palácio do Governo, nesta quarta-feira.

As F-FDTL serão integradas nas forças armadas portuguesas, que se deslocarão para a República Centro-Africana, no quadro da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA, acrónimo em inglês).

O Ministro do Interior em exercício, Filomeno Paixão, apresentou também, em Conselho de Ministros, as prioridades das infraestruturas do Ministério do Interior, nomeadamente a questão da construção de postos da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) em todos sucos.

Tendo por base a visão, missão e plano estratégico da PNTL, pretende-se reforçar a Polícia Comunitária e garantir a segurança das populações, com apoio da cooperação da Nova Zelândia.

A Polícia Comunitária deverá contar com 452 edifícios nos 12 municípios e Região Administrativa Especial de Oé-Cusse Ambeno (RAEOA). Júlia Chatarina – Timor-Leste in “Tatoli”

Macau – Voluntárias levam solidariedade a crianças das Filipinas

Ana Cristina Vilas Lau lidera a comitiva de voluntárias à vila de Batangas, nas Filipinas, para a distribuição de roupa, sandálias e material escolar a crianças necessitadas. Grupo reúne-se todos os sábados na Associação de Amigos de Moçambique para manufacturar vestidos e calções para crianças



Um grupo de voluntárias de Macau inseridas no projecto internacional “Dress a girl around the world” viaja na próxima terça-feira para as Filipinas para levar roupa, sandálias e material escolar a cerca de 385 crianças. A iniciativa não é de agora e tem vindo a crescer nos últimos tempos, especialmente com a cedência de um espaço para o projecto na Associação dos Amigos de Moçambique e donativos de empresas como a CESL Asia e a PAL Asiaconsult Ltd.

“No ano passado distribuímos cerca de 200 vestidos e calções, cerca de 100 vestidos e 100 calções, e este ano temos 385 crianças, entre rapazes e raparigas, portanto aumentou o número de crianças que nós vamos poder ajudar”, começa por explicar Ana Cristina Vilas Lau ao Ponto Final sobre a evolução do projecto “Dress a girl around the world” em Macau.

“A partir de Agosto do ano passado, a Associação de Amigos de Moçambique convidou-nos para estarmos no espaço deles a trabalhar todos os sábados, e isso fez com que também aumentasse o nosso trabalho, e o resultado é que temos feito muitos mais vestidos e calções. Para além disso tivemos o apoio da CESL Asia e da PAL Asiaconsult Ltd, o que também nos ajudou com um apoio monetário para questões logísticas. Este ano, para além de levarmos roupa e material escolar, também vamos levar sandálias”, acrescenta Ana Cristina Vilas Lau.

“No ano passado só demos material escolar e vestidos, este ano alargámo-nos um bocadinho mais por causa das condições que encontrámos nas crianças no ano passado, em que a maior parte delas andava descalça, e nós sabemos que vamos encontrar crianças em pior estado ao nível de pobreza”, frisa a voluntária ao Ponto Final.

Questionada sobre o facto de o projecto original ser destinado exclusivamente a raparigas, Ana Cristina Vilas Lau fez questão de frisar que o grupo de voluntárias do “Dress a girl around the world” não faz distinção entre rapazes e raparigas pois o objectivo é ajudar crianças carenciadas.

“Vestimos as duas coisas, rapazes e raparigas. Nós só queremos fazer o bem, ou seja, entregar”, afirma Ana Cristina Vilas Lau, acrescentando depois que o grupo de voluntárias de Macau não segue as linhas do projecto norte-americano que apenas faz distribuição de roupas de raparigas.

O grupo de voluntárias parte para as Filipinas no próximo dia 1 de Outubro e fica lá até ao fim da Semana Dourada, a 6 de Outubro, tendo sido enviadas já três caixas de sandálias e material escolar pela via marítima. “Já mandámos três caixas para as Filipinas e nem lhe vou dizer quanto é que pesavam porque eu não conseguia carregar nenhuma delas. Duas das caixas com as tais 385 pares de sandálias, e mandámos uma caixa por via marítima, de material escolar, para todas estas crianças. Neste momento temos cerca de 140 quilograma para levar, e vamos ter de comprar malas extras só para levar o que nos falta, roupa e um carregamento extra de 65 sandálias”, revela Ana Cristina Vilas Lau.

Sendo funcionária pública, Ana Cristina Vilas Lau está um pouco condicionada para ajudar mais. No entanto, a voluntária portuguesa radicada em Macau há mais de três décadas espera pela reforma para poder ajudar mais crianças necessitadas, nomeadamente ao nível da alimentação.

“Há muitas crianças nessa vila nas Filipinas em que as mães, quando deixam de ter leite, as crianças deixam de beber leite, então as mães, desesperadas, dão-lhes água com um bocado de café em pó. E as crianças vivem assim, portanto, desde pequenininhas com poucos meses a beber água com café. Foi criado lá um projecto por uma pessoa de Macau, que é o ‘Milk For Everybody’, que nós vamos aderir e que vamos comprar leite em pó para 100 famílias com crianças”, confessa Ana Cristina Vilas Lau.

Depois da entrega precisamos de descer à terra, emocionalmente aquilo é tocante, uma pessoa fica tocada, com o que vemos, com a pobreza que vemos. Estou à porta da minha reforma, portanto, penso que daqui a um ano poderei dar muito mais, e de certeza que vou fazer de outra maneira, ajudar”, acrescenta Ana Cristina Vilas Lau.

“Gostaria de ir para um orfanato, como nós vamos este ano, e poder ensinar às mulheres a costurar e fazerem vestidos, a fazerem calções, porque sei que ao fazermos isso vai fazer com que essas mulheres possam trabalhar para fora, possam ganhar o seu dinheiro e sustentar a própria família, esse é o meu próximo passo. Mas não o posso fazer neste momento porque sou funcionária, a partir do momento em que me desligar da função pública então aí terei todo o meu tempo livre para me dedicar à continuação deste projecto do ‘dress’ e ir mais além”, sentenciou Ana Cristina Vilas Lau. In “Ponto Final” – Macau

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