Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Moçambique - Presidente do Botsuana visitou operacionais em Cabo Delgado

O Presidente do Botsuana, Mokgweetsi Masisi, orientou esta quinta-feira as suas forças em operações de apoio ao Exército moçambicano em Cabo Delgado a serem implacáveis no combate ao terrorismo no Norte de Moçambique

"Está claro, vocês entenderam e aceitaram [a missão]. Matem o inimigo, esse é o vosso trabalho, até que eles se rendam", disse Mokgweetsi Masisi, falando perante as suas forças, no âmbito de uma visita que realizou à província de Cabo Delgado, Norte de Moçambique.

O Botsuana faz parte da Força em Estado de Alerta da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) que desde julho está a apoiar Moçambique no combate a grupos rebeldes em Cabo Delgado, ao lado de países como Angola, África do Sul, Lesoto e Tanzânia.

Para Mokgweetsi Masisi, as forças que estão a apoiar Moçambique face à insurgência devem dar o seu melhor, dentro de uma conduta moralmente correcta.

"Por favor, dêem o seu melhor e brilhem em Moçambique [...] Quero encorajar a todos vocês e deixar claro que terão sempre o meu apoio", frisou o chefe de Estado do Botsuana.

Por sua vez, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, enalteceu o papel do Botsuana para um posicionamento regional contra o terrorismo em Moçambique, admitindo a possibilidade de extensão do período da presença das forças da SADC, embora sem avançar datas.

"O Presidente Mokgweetsi Masisi, desde a primeira hora, mostrou solidariedade", frisou o chefe de Estado moçambicano.

Nyusi disse ainda que a permanência das forças da região em Moçambique será debatida numa sessão da 'troika' do órgão da SADC Mais Moçambique agendada para o próximo mês.

"Independentemente do que está a acontecer no Niassa [província vizinha de Cabo Delgado, que regista pela primeira vez ataques], nós já sabíamos que o terrorismo não termina cedo", declarou o chefe de Estado moçambicano.

Além da SADC, Moçambique conta com o apoio do Ruanda e a ofensiva conjunta permitiu desde Julho aumentar a segurança em Cabo Delgado, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde Agosto de 2020.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas tem sido aterrorizada desde Outubro de 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico.

O conflito já provocou mais de 3100 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas. In Novo Jornal” – Angola com “Lusa”


Índia – Doou duas embarcações para reforçar a luta contra os rebeldes em Moçambique

O governo da Índia doou duas embarcações militares ao governo moçambicano para reforçar as operações de combate contra os grupos rebeldes em Cabo Delgado, no Norte do país, anunciou fonte oficial

“Podem ter a certeza que o apoio que acabam de nos conceder será devidamente capitalizado para melhoria da situação de segurança no Norte do país e dos deslocados”, declarou o ministro da Defesa de Moçambique, Cristóvão Chume, citado na terça-feira (28) pelo Diário Notícias.

Além das duas embarcações militares de alta velocidade, o Governo da Índia doou 500 toneladas de arroz para apoiar as populações afetadas pelo conflito naquele ponto do Norte de Moçambique.

Para o ministro da Defesa de Moçambique, o gesto da Índia é nobre e importante, na medida em que a assistência alimentar é uma prioridade dentro das estratégias do Governo moçambicano para reposição da paz e estabilidade na região.

“A reposição da segurança sem a devida assistência humanitária não garante a segurança efetiva, pois quando o povo está faminto e em desespero é suscetível de ser manipulado e pode filiar-se aos terroristas, sob falsas promessas”, alertou o governante.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas tem sido aterrorizada desde outubro de 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico.

O conflito já provocou mais de 3100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e mais de 817 mil deslocados, de acordo com as autoridades moçambicanas.

Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda, a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020. In “Milénio Stadium” - Canadá

Casamansa - Pronta para enfrentar a ameaça do colonizador


O povo da Casamansa deve estar preparado para enfrentar a ameaça à segurança na Casamansa e na sub-região.

O Senegal há anos que representa ameaças expansionistas perigosas, certas, diretas e indiretas, em Casamansa, Gâmbia, Guiné-Bissau e Guiné Conakry. Teremos que fortalecer as capacidades das frentes internas para frustrar todas as conspirações inimigas e campanhas tendenciosas na mídia visando a Casamansa e a região.

Além disso, somos obrigados a fazê-lo porque o nosso país, Casamansa, tem obrigações regionais impostas pelo seu papel central, além das suas posições de princípio inalteráveis ​​de apoio a todas as causas justas, como a sua participação ativa na luta pela independência da Guiné-Bissau.

A determinação dos jovens da Casamansa, do Movimento das Forças Democráticas da Casamansa e do povo da Casamansa para superar todos os perigos e constrangimentos é mais necessária do que nunca.

Investiremos todos os dias nas capacidades do povo da Casamansa para enfrentar todas as provas que visam minar a unidade do povo e, além disso, na sincera, justa e corajosa orientação de independência nacional adoptada pelas nobres autoridades da Casamansa desde as colonizações portuguesa e francesa.

O combate a estes planos hostis dirigidos ao nosso país implica a necessidade de o nosso povo estar ciente dos desígnios ulteriores que o Senegal pretende realizar e, consequentemente, a sua mobilização em torno da independência para os frustrar.

O povo da Casamansa poderá derrotá-los, como tem conseguido sempre que os colonos europeus e seus parceiros tentaram fazer mal ao nosso país.

Juntos enfrentaremos os desafios e as questões e venceremos esta etapa crucial que atravessa o nosso país, da mesma forma que acreditamos plenamente nas suas capacidades de dar o seu contributo e o seu compromisso positivo e real com o sucesso.

A Casamansa avançará no caminho de construir os alicerces de uma nova Casamansa independente, à qual aspiraram gerações e gerações que juraram seguir os passos dos seus antepassados, homens fiéis, que fizeram o sacrifício supremo pelo seu povo e seu país, Casamansa. Emile Tendeng – Casamansa in “Le Journal du Pays”


 

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

São Tomé e Príncipe – Declarado o “Estado de Calamidade” devido a fortes chuvas

São Tomé – Uma ponte que dá acesso ao Aeroporto Internacional de São Tomé, sofreu uma cratera, nesta manhã, como consequência do mau tempo que fustigou o país nas últimas 24 horas.

Fontes disseram a STP-Press que, para tentar encontrar a solução para este incidente, já se encontram no local o ministro das Infraestruturas, Osvaldo d’Abreu e alguns colaboradores, a fim de encontrar uma solução rápida para o problema.

A cratera na ponte em causa, localizada a alguns metros de uma instalação turística, inviabiliza a circulação para a cidade capital e vice-versa das populações de comunidades das Praias Emília, Lagarto, Nazaré, Francesa, Cruz, Gambôa e Loxinga.

As chuvas ininterruptas de quarta-feira, causaram até ao momento duas mortes, alguns desaparecidos, desabamento de pontes no extremo norte da ilha de São Tomé, e várias estradas foram igualmente danificadas.

Face à situação catastrófica o Primeiro-ministro são-tomense, Jorge Bom Jesus declarou “o Estado de Calamidade” no país, assim como accionou um fundo especial para mitigar os danos, nomeadamente, às vítimas desta intempérie.

De acordo com Aristones Nascimento, Director do Instituto Nacional de Meteorologia disse que este registo pluviométrico não acontecia há mais de 30 anos no país e não afasta a hipótese de se continuar a registar chuvas nos próximos dias.

A propósito, o Presidente da República de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova, lançou um apelo de solidariedade para com as vítimas deste desastre natural.

Apelo de Vila Nova, segue-se às visitas de “contacto” às diversas localidades afectadas pela intempérie, nomeadamente, em Água Grande, distrito que aloja a cidade capital de São Tomé e Príncipe, cidade de São Tomé e a Lembá, distrito do extremo norte onde se registou os maiores danos materiais.

A STP-Press soube que em Mé-Zóchi, na zona centro e em Cantagalo, também se registaram situações de desabamento de terra que inviabilizaram a circulação de pessoas e bens. Manuel Dênde – São Tomé e Príncipe in “STP-Press”

 

Timor-Leste – 53 formadores do PRO-Português vão dar formação de língua portuguesa a professores no país

Díli – O Projeto PRO-Português enviará 53 formadores timorenses para darem formação de língua portuguesa a docentes dos ensinos básico e secundário em todo o território.

O Coordenador do Projeto PRO-Português, Armindo de Jesus Barros, realçou que os 53 formadores vão ensinar o português a 4300 professores de todos os níveis de proficiência.

O coordenador referiu ainda que a formação dos docentes conta com o apoio de um professor de português em cada município, salientando que os formadores serão colocados em 65 postos administrativos.

O responsável disse que os diretores da educação dos municípios ainda estão a preparar as condições dos centros de formação para poder começar a atividade.

O projeto PRO-Português iniciou, no dia 16 de agosto, uma formação destinada a futuros professores de língua portuguesa em Timor-Leste.

A formação, com a duração de 360 horas, destinou-se a 106 futuros professores de língua portuguesa e terminou a 15 de novembro.

O acordo do projeto foi assinado a 5 de setembro de 2019, entre o Ministério da Educação, Juventude e Desporto timorense e o Camões, Instituto da Cooperação e da Língua, I.P de Portugal, com um orçamento de 18,5 milhões de dólares. No entanto, a formação não foi realizada na altura devido à covid-19.

“O projeto deveria ter sido realizado entre 2019 e 2022, mas a data de início foi adiada devido ao novo coronavírus”, concluiu.

Recorde-se que o INFORDEPE constituiu, entre os dias 18 e 31 de agosto de 2020, uma bolsa de 106 formadores nacionais de Língua Portuguesa para o exercício de funções de docência no Projeto PRO-Português.

O Coordenador do projeto PRO-Português, Marino Tavares, tinha antes revelado que a formação integraria duas fases, sublinhando que os docentes portugueses lecionariam cursos dos níveis de proficiência A2 (básico), B1 e B2 (intermédio) em todos os municípios do território.

O projeto tem como objetivo melhorar as competências linguísticas de português de todos os docentes timorenses dentro de cerca de três anos. Além do ensino presencial, será introduzida a modalidade do blended learning (b-learning ou aprendizagem combinada), sendo que parte dos conteúdos será transmitida à distância. Jesuína Xavier – Timor-Leste in “Tatoli”

 

Alemanha - Investigadores criam novo objeto para evitar a captura acidental de espécies na pesca


Durante a pesca, muitas vezes são capturados acidentalmente golfinhos, botos, baleias ou tartarugas marinhas, que ficam agarrados às redes e acabam por morrer. No sentido de impedir e travar esta ameaça recorrente, uma equipa do Instituto Thünen para a Pesca no Mar Báltico, na Alemanha, decidiu criar uma solução.

No âmbito do projeto STELLA, a estudante de doutoramento Isabella Kratzer procuro criar um objeto que funcionasse na arte de pesca de esmalhar, com uma com densidade semelhante à da água do mar – o que não faz peso – e uma refletividade idêntica à das bolhas de ar, que pudesse alertar os botos para a presença das redes. A investigadora criou uma conta em vidro acrílico idêntica a uma missanga, com oito milímetros, que é adicionada em várias partes da rede de pesca. Através da ecolocalização, o animal ao aproximar-se e emitir uma onda sonora vai perceber que está ali um objeto e desviar-se.

Os primeiros testes à solução decorreram no oceano Báltico, junto à ilha de Fyn, e depois no Mar Negro. No primeiro local os testes tiveram um resultado positivo, com os animais a afastarem-se. Já na segunda localização, com a rede equipada foram capturados dois botos. No entanto, o biólogo Daniel Stepputtis, que integra o grupo de investigadores, sugere que a razão pode estar no facto de estarem a dormir.

O principal objetivo é que esta ferramenta impeça a morte destes animais, mas que cumpra na mesma o trabalho dos pescadores, não sendo visível para os peixes. In “Green Savers Sapo” - Portugal


 

Última vez


 






Vamos aprender português, cantando

 

Última vez

 

E aí cê gostou?

Foi bom pra você?

Diz aí se alguém pega beira comigo

na hora de te dar prazer

 

O quarto quase que virou de ponta cabeça

eu fiz de um jeito

pra que nunca mais esqueça

tá curioso e quer saber porquê?

 

E foi a última vez

aproveitou bem?

Foi a despedida

nunca mais na vida!

Foi a última vez

dá tchau pro meu corpo

foi a despedida

nunca mais na vida

e quando se deitar com aquelazinha

aí quero ver

se ela faz metade do que fiz com você.

 

E aí cê gostou?

Foi bom pra você?

Diz aí se alguém pega beira comigo

na hora de te dar prazer

 

O quarto quase que virou de ponta cabeça

eu fiz de um jeito

pra que nunca mais esqueça

tá curioso e quer saber porquê?

 

E foi a última vez

aproveitou bem?

Foi a despedida

nunca mais na vida!

Foi a última vez

dá tchau pro meu corpo

foi a despedida

nunca mais na vida

e quando se deitar com aquelazinha

aí quero ver

se ela faz metade

 

E foi a última vez

aproveitou bem?

Foi a despedida

nunca mais na vida!

Foi a última vez

dá tchau pro meu corpo

foi a despedida

nunca mais na vida

e quando se deitar com aquelazinha

aí quero ver

se ela faz metade do que fiz com você.


Luiza e Maurílio – Brasil










Maurílio Delmont Ribeiro – Imperatriz, 15.02.1993 – Goiânia, 29.12.2021


quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Brasil - Desenvolvedora de softwares brasileira expande atividades para Portugal

Mais uma empresa brasileira atravessou o Oceano Atlântico e desembarcou em Portugal para expandir seus negócios no mercado europeu. Com um investimento inicial de 200 mil euros, a desenvolvedora de software Labsit pretende movimentar a indústria de tecnologia e faturar até 1 milhão de euros em seu primeiro ano de atividade no país europeu.

Além do cenário pós-pandemia animador para a indústria, Portugal teve um crescimento de 166% no mercado de tecnologia quando comparado ao mesmo período de 2020 se tornando um dos mais promissores no mundo, atraindo empresários internacionais, incluindo o Brasil.

Segundo dados da Associação Startup Portugal, indicam que o setor deve terminar 2021 com investimentos superiores a 1 bilhão de euros.

De acordo com o co-fundador da Labsit, Michel Lopes, a internacionalização era um objetivo que o empresário e os sócios Rodrigo Silveira e Dimas Augusto já planejavam.

Com o avanço da vacinação em escala mundial e o aquecimento das atividades comerciais, o executivo iniciou uma pesquisa para saber onde investir e percebeu que Portugal, hoje, funciona como uma porta de entrada no mercado europeu.

“Escolhemos Portugal por dois fatores: primeiro a atmosfera de fomento de tecnologia de inovação e criação de novos trabalhos. E o segundo por facilitar o trabalho de expansão para a Europa. O país, que possui cerca de 10 milhões de habitantes, já criou essa mudança de internacionalização global. É exatamente isso que queremos com a Labsit”, revela Michel diretamente de Lisboa, capital lusitana.

Incentivo

Entre os planos de incentivo português estão: atrair investidores nacionais e estrangeiros, melhorar e fomentar o financiamento das startups em todas as fases do seu desenvolvimento, além de promover e acelerar o crescimento das startups portuguesas nos mercados externos. No total, serão investidos 120 milhões de euros em diferentes áreas ligadas à inovação tecnológica.

No Brasil, a Labsit, que realiza serviços para consultoria de inovação, possui clientes de diferentes segmentos como financeiro, saúde, tecnologia e varejo.

Desde a sua fundação em 2018 até 2020, a empresa lucrou R $17, 5 milhões. Em 2021, o faturamento alcançou a marca de R $35 milhões. Ou seja, no período de quatro anos de atividades, os ganhos foram de 52,5 milhões de reais.

Já em Portugal, a recém-chegada empresa brasileira fez a instalação de sua equipe comercial onde serão responsáveis por captar novos clientes seja de Portugal ou demais países da Europa. A sede da Labsit está localizada no Palácio Sotto Mayor, Av. Fontes Pereira de Melo, 16, no coração de Lisboa.

“Iniciamos nossas atividades com o escritório totalmente legalizado, em Lisboa, no dia 2 de dezembro. A ideia é contratar mão de obra especializada tanto do Brasil quanto de Portugal ou de qualquer lugar do mundo, uma vez que atuamos no modelo home-office desde a nossa fundação e isso facilita a entrega das demandas”, adianta Michel.

A empresa especialista em soluções de tecnologia e softwares sob medida para empresas robustas e startups, e busca ser mais do que apenas desenvolvedora. Eles pretendem criar oportunidades, transmitir as melhores ideias e desenvolver soluções únicas. In “Mundo Lusíada” - Brasil

 

Macau - Casal português prepara-se para inaugurar espaço comunitário de ‘fitness’ e actividades holísticas

João Braga e Sandi Manhão vão inaugurar, no dia 8 de Janeiro, um novo espaço comunitário na Taipa, com dois estúdios de dança destinados a aulas de cariz holístico, ‘fitness’ e bem-estar. A dupla portuguesa diz esperar que, no futuro, o projecto se torne “num misto de LX Factory com a Feira da Ladra”

Um casal português vai inaugurar um espaço novo dedicado a actividades de ‘fitness’ e bem-estar, já no dia 8 de Janeiro. Sandi Manhão e João Braga, radicados no território já há pelo menos 11 anos, são os fundadores do The Warehouse Studio, um espaço situado num armazém na Taipa para aulas de cariz fitness e bem-estar.

João Braga, que trabalha como ‘personal trainer’ no território já há vários anos, expressa que esta aposta num novo espaço criativo começou como uma necessidade e uma evolução natural, depois de ter começado a ensinar os seus programas ou aulas em espaços públicos ao ar livre. “Quando cheguei a Macau, já tinha experiência como PT [‘personal trainer’], e muito naturalmente comecei a dar aulas de grupo e individuais, na rua e em condomínios privados”, começa por referir. A parceira, Sandi Manhão, nascida no território, tornou-se há sete anos professora de ‘fitness’, dedicando-se nomeadamente à dança do varão, mas nunca teve o seu espaço próprio.

“Com todas as nossas actividades e aulas, nunca tivemos o nosso espaço próprio e tínhamos sempre de publicitar através de amigos e conhecidos, portanto surgiu daí a ideia para investirmos em algo para nós, mas também para começarmos outros projectos interessantes”, continua João Braga.

Relativamente à situação do território no que diz respeito à variedade de espaços para este tipo de actividades, João Braga é da opinião de que em Macau é muito difícil um professor da área de ‘fitness’ conseguir ter o seu próprio espaço para dar as suas aulas. “O grande problema desta cidade é a dificuldade de conseguirmos ser donos de propriedades. Não temos controlo dos nossos espaços porque é tudo muito caro e, portanto, estamos sempre dependentes de rendas altas ou de condomínios que fazem com que, muitas vezes, se choque com os regulamentos dos espaços, principalmente no que diz respeito a sessões de grupo”, admite o treinador.

Apesar de tudo, João Braga e Sandi Manhão sentem-se confiantes acerca da receptividade entre a comunidade. “Eu acho que esta vertente que estamos a tentar lançar é um pouco inovadora, ou seja, somos um estúdio com aulas com um formato quase como um clube que fornece espaço a professores para poderem ter as suas sessões”, aponta.

A dupla está a tentar “fugir” um pouco do modelo clássico do estúdio com 20 aulas por semana, em que os professores são contratados pelos donos. O The Warehouse Studio pretende ser um conceito diferente, um espaço aberto para que qualquer professor possa manter a sua independência relativamente a quais aulas pretender dar, mantendo os seus próprios estudantes.

“Pretendemos ter também o nosso espaço para os nossos projectos e queremos muito ajudar terceiros que não têm espaço próprio para, de uma forma regular, poderem dar as suas aulas contínuas, porque a dificuldade normalmente é mais a continuidade”, assinala Braga.

O espaço, que se situa na Taipa, no Edifício Industrial Va Nam, junto ao ginásio Warrior Fitness, inclui duas salas de diferentes tamanhos. O espaço mais pequeno acolhe sete pessoas e visa ser mais virado para actividades holísticas, como pilates, meditação e yoga. Depois, o estúdio de dança maior, leva até 20 pessoas e está aberto para qualquer actividade, estando focado em aulas de dança de qualquer estilo. O estúdio vai ser inaugurado com uma festa no dia 8 de Janeiro.

“Temos um bom sistema de som, ar condicionado, balneários para troca de roupa, para ambos homem e mulher, além das casas de banho. Vamos ter um espaço com um sofá basicamente para se poder estar a relaxar, com uma zona para fazer café”, descrevem.

Quanto a planos para o futuro, João Braga, aponta que o seu sonho para o espaço é que se possa tornar num misto de “LX Factory e a Feira da Ladra”. “Queremos que seja como um centro comunitário onde as pessoas possam estar nos fins-de-semana, em dias de feira e de mercado, com actividades de beneficência”, refere. “Basicamente que possa ser um espaço que possa ser desenvolvido, convidando as pessoas para expor os seus próprios trabalhos, principalmente os de cariz criativo”, conclui. Joana Chantre – Macau in “Ponto Final”


Cabo Verde - Vereador assegura que Museu Cesária Évora vai ser uma das prioridades da câmara municipal de São Vicente

Mindelo – O vereador da Câmara Municipal de São Vicente, Rodrigo Martins, admitiu que o Museu Cesária Évora deverá ser uma das prioridades para o município e ser reclamado junto do Governo para ser executado da “melhor forma”.

O autarca, como moderador, apontou este projecto, à imprensa, como um dos destaques da jornada técnica realizada no Mindelo, sob o tema “Educação, cultura, desporto e eventos”, em preparação para o fórum “Pensar São Vicente 2035”.

Rodrigo Martins lembrou que a cantora Cesária Évora é uma referência de São Vicente e de Cabo Verde a nível internacional e não se pode limitar tudo o que se tem sobre ela.

“Há muito coisa que pode ser produzida em São Vicente e que passará a ser um marco de visita também a São Vicente. Não podemos esquecer que a maior parte dos turistas que não conhecem São Vicente, conhecem Cesária Évora, falam de Mindelo, falam de Cesária Évora”, sustentou a mesma fonte, para quem o “projecto ambicioso” do Museu Cesária Évora é exequível.

E isso, ajuntou, só dependerá da “boa vontade” do município de São Vicente e da câmara municipal e de “falar com o Governo sobre aquilo que se quer como prioridade”.

“Queremos que o Museu Cesária Évora passe a ser prioridade para São Vicente e então nós temos de lutar para que esse projecto seja executado da melhor forma possível”, advogou Rodrigo Martins, referindo-se a esse projecto há muito aventado.

A jornada teve como oradores, Oziel Morais e Celeste Fortes na área de educação e Irlando Ferreira e António Tavares na da cultura e que, segundo a mesma fonte, mostraram a necessidade de se criar uma “melhor sinergia” entre a câmara municipal e as instituições, para se definir melhor uma linha de desenvolvimento “mais sustentada”, com planos participativos.

“Nós temos cá na ilha um `know-how´ disponível para investigar, produzir conhecimento que são fundamentais para quando nós estivermos, por exemplo, a definir as linhas prioritárias do nosso orçamento termos em conta esses dados que são científicos e objectivos”, realçou.

Daí, que, considerou Rodrigo Martins, tudo que sair das jornadas e do fórum em Janeiro de 2022 vai fazer parte da linha de desenvolvimento e da visão que se quer para São Vicente.

O vereador acolheu que outro dos “grandes desafios” apontados na jornada é de ser preciso registar as memórias culturais da ilha, como exemplo o da Baía das Gatas, artistas, ruas e tantos outros aspectos e “sair da informalidade”.

“É importante que isso esteja disponível, temos tecnologias que nos permitem fazer um bom trabalho, há pessoas que conhecem e fazem um bom trabalho, nós temos é que inscrever no nosso orçamento, ir em busca de financiamento e materializar esses projectos”, asseverou. In “Inforpress” – Cabo Verde

 

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Portugal - Mais de metade dos produtos alimentares para crianças não cumpre critérios nutricionais

Mais de metade dos produtos alimentares para crianças não cumpre todos os critérios nutricionais recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), especialmente por adição de açúcar ou adoçantes, indica um estudo do Instituto Ricardo Jorge, em Portugal.

No estudo foram avaliados 138 alimentos complementares para crianças dos seis aos 36 meses, rotulados como adequados para essas idades, concluindo-se que parte deles tinha adicionado açúcar ou sal.

A propósito do estudo, a Ordem dos Nutricionistas pediu hoje à Direção-Geral da Saúde (DGS) que tenha “mão forte junto da indústria alimentar” e pressione “a reformulação dos seus produtos”.

De acordo com o estudo do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), 69% dos produtos alimentares avaliados não cumpria todos os critérios.

“Saber que 31% dos produtos destinados a crianças contêm pelo menos uma fonte de açúcar e que 25% têm sal adicionado é preocupante, uma vez que o sal e o açúcar não devem ser consumidos durante o primeiro ano de vida”, alerta a bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, citada num comunicado da ordem.

Alexandra Bento acrescentou que é nos primeiros anos de vida que as crianças adquirem hábitos e que serem expostas precocemente ao sal e ao açúcar condiciona-lhes o gosto.

Porque há “uma clara necessidade” de reformulação dos produtos alimentares compete à DGS “atenção redobrada à composição nutricional de produtos alimentares destinados, principalmente, a idades precoces”, considera a Ordem no comunicado.

O INSA afirma no relatório que há grande variedade de oferta de alimentos destinados a lactentes e crianças jovens e acrescenta que, pela vulnerabilidade dessa faixa etária, tem havido uma crescente preocupação com a adequação da oferta a uma alimentação saudável e nutritiva.

Quase todos os produtos analisados apresentavam pelo menos um tipo de alegação nutricional ou de saúde na embalagem, diz o estudo do INSA, segundo o qual os resultados revelam a importância de uma monitorização e avaliação nutricional contínuas, e reforçam a necessidade de serem aplicadas medidas efetivas que limitem a promoção de alimentos menos saudáveis destinados à faixa etária dos seis aos 36 meses.

Dos 138 alimentos analisados, 34 (25%) foram papas infantis, 94 (68%) foram refeições “de colher” (sobremesas lácteas, purés de fruta e purés de carne/peixe) e 10 (7%) são bolachas/snacks.

O INSA também já tinha feito um estudo sobre alimentos com o sistema de rotulagem nutricional Nutri-Score (com letras de A a E e cores do verde ao vermelho, sendo que supostamente as letras a verde representam produtos mais saudáveis).

Foram analisados 268 alimentos e o INSA concluiu que 91% não cumpre os valores de referência definidos na Estratégia Integrada para a Promoção da Alimentação Saudável (EIPAS) para os açucares e sal, quando avaliados conjuntamente.

Considerando apenas os produtos com Nutri-Score com as letras A ou B (tidos como mais saudáveis), 87% excederam os valores de referência da EIPAS, pelo que o sistema de rotulagem “pode ser considerado pouco eficiente e potencialmente enganador em algumas categorias de alimentos”, diz o INSA. In “Mundo Lusíada” – Brasil com “Lusa”

 

Macau – Após 78 dias sem novos casos, confirmado o 78.º caso de covid-19, o primeiro da variante Ómicron

O caso de infecção assintomática do passado dia 26 de Dezembro passou a ser classificado como caso de infecção e a contar para as estatísticas.

O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus informou ontem que foi registado um caso confirmado importado em Macau. Depois de se encontrar assintomático, o doente passou a apresentar sintomas relevantes pelo que foi classificado como 78.º caso confirmado em Macau.

Após o teste de sequenciação do genoma do vírus, foi confirmado que o doente está infectado com a variante Ómicron do coronavírus SARS-CoV-2, o primeiro caso no território.

Recorde-se que o caso foi diagnosticado num homem de 23 anos, residente de Macau, que partiu dos Estados Unidos da América no dia 23 de Dezembro e chegou a Macau via Singapura no dia de Natal.

À chegada, foi submetido a um teste de ácido nucleico por amostragem de zaragatoa nasofaríngea que deu resultado positivo para o coronavírus, e foi classificado como assintomático. O indivíduo, no entanto, manifestou ontem sintomas como tosse e expectoração.

O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus afirmou que a variante Ómicron do novo tipo de coronavírus é mais infecciosa do que a variante Delta e apelou aos residentes de Macau no exterior para seguirem o princípio de “viajar só se for estritamente necessário”, de forma a minimizar as viagens desnecessárias. In “Ponto Final” - Macau

 

CPLP - Quer mais jovens na ação em favor da eficiência de sistemas alimentares

A criação de uma aliança e modelos de governança foi debatida em Nova Iorque por representantes da ONU com integrantes da CPLP. A iniciativa deve ser lançada no primeiro trimestre de 2022


Uma coligação internacional para a promoção de sistemas alimentares territoriais sustentáveis deve ser lançada em março, numa parceria liderada pela Comunidade dos Países da Língua Portuguesa, CPLP.

O bloco mobiliza países e parceiros a participar na aliança. A CPLP é formada por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Bloco

Em dezembro, o diretor de Cooperação do bloco da CPLP, Manuel Lapão, explicou numa entrevista à ONU News como jovens dos nove países-membros têm espaço de atuação na iniciativa.

“A população vulnerável sofre na pele, em primeiro lugar, as implicações daquilo que eu, há pouco, colocava: das alterações climáticas, da dificuldade de acesso a alimentos, do acesso à saúde, do acesso à escola, ao primeiro emprego e enfim. Esse de facto é um tremendo desafio para a CPLP”, concluiu Lapão.

Contou que os contatos em andamento abordam vias para definir quais os possíveis modelos de governança a adotar e com a ação de jovens em todo o bloco.

Decisões

“Como envolver os jovens nesta coligação? Os jovens têm de ser chamados para o processo de tomada de decisão. O que a CPLP tem feito nos últimos anos, com a sua estrutura de cúpula da juventude que é o Fórum de Juventude da CPLP, é procurar trazer a presença de jovens para onde se decide sobre vários assuntos: reuniões ministeriais de vários setores, e nós os temos chamado para que a voz de jovens possa ser ouvida e possa ser tida em conta nas decisões que estão a ser adotadas.”

Em 2011, a CPLP definiu o grupo como prioritário numa das áreas de intervenção da Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional. A promoção do acesso e utilização dos alimentos para melhoria dos modos de vida tem os jovens como atores-chave a alcançar.

Na nova aposta, o representante vê campos de atuação para corresponder às aspirações juvenis.

Oportunidade

“Na singularidade da nossa comunidade, sendo uma organização de concertação política e diplomática, temos que trazer os jovens para que a sua voz seja ouvida e as decisões incorporem aquilo são os seus problemas, os seus anseios e os seus desejos. E a partir daí, nós poderemos esperar que, provavelmente, essas políticas ao ser implementadas sejam conducentes a um melhor enquadramento da temática da juventude. Mas se há um desafio que pode ser uma oportunidade para o futuro da CPLP que é trabalhar cada vez mais próximos da nossa juventude.”

Para além de encontros com os representantes dos Estados-membros da organização junto das Nações Unidas foram contactados os observadores Argentina, Canadá, Espanha, França, Índia, Itália, Japão, Namíbia, Peru e Turquia.

O conselheiro da ONU sobre Sistemas Alimentares e a Interseção com o Alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, Zachary Bleicher, avaliou com a CPLP a cimeira global sobre o tema realizada em setembro. ONU News – Nações Unidas


Singapura - Restaurante português recebe prémio

O estabelecimento da cadeia de restaurantes TUGA, propriedade do arquitecto Carlos Macedo e Couto, situado na cidade-estado arrecadou mais um prémio. Desta vez, venceu o prémio Best Western Restaurant – Casual Dining Award entregue pela Restaurant Association of Singapore’s Epicurean


O restaurante TUGA situado em Singapura acaba de ser agraciado com o prémio Best Western Restaurant – Casual Dining Award entregue pela Restaurant Association of Singapore’s Epicurean Star Awards, anunciou o estabelecimento de restauração na sua página oficial no Facebook. “É com o maior dos prazeres que anunciamos oficialmente a todos, que o TUGA é o vencedor do Best Western Restaurant – Casual Dining Award entregue pela Restaurant Association of Singapore’s Epicurean Star Awards”, escreveu o restaurante na rede social.

O estabelecimento faz parte de uma micro-cadeia de dois restaurantes idealizados pelo arquitecto português, actualmente radicado em Taiwan, mas que viveu muitos anos em Macau, Carlos Macedo Couto.

Couto, pai do piloto André Couto, inaugurou o TUGA em Taiwan num antigo cabeleireiro, corria do ano de 2015. O modelo de negócio passa por lojas de vinho que acabam por também ser restaurantes. “É uma espécie de representação de Portugal com tudo o que há de melhor do país”, disse, na altura, o proprietário à comunicação social, destacando a loja gourmet de produtos portugueses associada ao restaurante, que vende azeites, frutos secos, conservas ou queijos, entre outras iguarias.

Em Singapura, o arquitecto aliou-se a uma sócia local, Sue-Shan Quek – que já frequentava o espaço de Taipé –, e, no início de 2020, a escolha acabou por acontecer numa zona mais elevada da cidade-estado – Dempsey Hill -, também ela considerada nobre, que em tempos esteve ocupada por militares. O antigo director da Herdade do Mouchão, no Alentejo, em Portugal, David Marques Ferreira é actualmente o director de operações.

Nelson Santos dirige a cozinha em Taiwan e Tiago Martins coordenada os pratos em Singapura. Apesar do conceito gourmet associado à marca, a gastronomia servida nos dois espaços é tradicional. São servidas amêijoas à Bulhão Pato, peixinhos da horta, canja de galinha, bacalhau à Brás, polvo à lagareiro ou carne de porco à alentejana, entre outros.

Recorde-se que o TUGA Singapura foi distinguido, na primeira metade deste ano, como o Melhor Novo Restaurante do Ano pela World Gourmet Summit, o mais prestigiado evento gastronómico do sudeste asiático. Ambos os espaços têm sido, de tempos a tempos, agraciados com prémios de hotelaria e restauração. O Ponto Final tentou contactar Carlos Macedo Couto, mas, até ao fecho da edição, o arquitecto não respondeu às questões. Gonçalo Pinheiro – Macau in “Ponto Final”


segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

‘Cavalos Selvagens’: uma obra imaginativa

I

Depois de publicar, em 2018, Ele está no meio de nós (Curitiba, Kotter Editorial) e, em 2019, O Marceneiro: a última tentativa de Cristo (Maringá-PR, Editora Viseu), Silas Corrêa Leite (1952) acaba de lançar o romance Cavalos Selvagens, publicação que marca o início de uma parceria entre as editoras Letra Selvagem, de Taubaté-SP, e Kotter Editorial, de Curitiba-PR. Este romance, escrito há 15 anos, porém, não faz parte da projetada trilogia aberta pelas duas obras anteriores. Segundo o autor, o último livro da trilogia está praticamente concluído e deverá vir a público em 2023.

A nova obra do romancista e poeta, a exemplo das anteriores, pode ser definida como mística, ecumênica e religiosa, mas vai além, partindo do título inspirado numa canção dos roqueiros ingleses Keith Richards e Mick Jagger, em que a expressão “cavalos selvagens” pode ser apenas uma metáfora de tudo o que o ser humano é, como se lê em Hamlet, tragédia do poeta, dramaturgo e ator inglês William Shakespeare (1564-1616), escrita entre 1599 e 1601 e que explora temas como traição, vingança, incesto, corrupção e moralidade.  

O cenário do romance é a histórica cidade de Itararé, no Sudoeste do Estado de São Paulo, na divisa com a região Noroeste do Estado de Paraná, que ficou famosa por um episódio ocorrido durante a Revolução de 1930, quando o caudilho Getúlio Vargas, à frente de uma força militar, partiu de trem rumo à capital federal, então o Rio de Janeiro, e correu pela imprensa um boato segundo o qual haveria ali uma batalha sangrenta com as tropas fiéis ao presidente Washington Luís. Mas antes que houvesse a “sangrenta batalha”, houve um acordo entre as elites que redundou na formação de uma junta governativa que assumiu o poder. Aliás, por conta do episódio, que hoje seria chamado de fake new, o jornalista, escritor e precursor do humorismo no Brasil, Apparício Torelly (1895-1971), também conhecido como Apporelly, assumiu o falso título de nobreza barão de Itararé. 

O romance começa por um episódio que marca o nascimento de um varão naquele município, mas num rancho ermo, sem recursos civilizatórios. A mãe, Núbia Angélica, tinha como único parente um executivo sedentário, que comandava uma grande empresa localizada à rua Frei Caneca, perto da Avenida Paulista, em São Paulo, o centro do capitalismo no Brasil, depois de estudar jornalismo e publicidade e fazer uma pós-graduação na Universidade de Oxford, no Reino Unido, o que o levara a “ser alguém na vida por mérito próprio, reconhecido até pela mídia que o premiara no exterior”.

Como a irmã caçula, vinte anos mais jovem, depois de uma série de relacionamentos frustrados, acabara por dar à luz e ficara, praticamente, sem quem a ajudasse porque o presumível pai desaparecera, o executivo decide voltar às origens, à fazenda que havia sido propriedade de seu pai, para cuidar de um recém-nascido e preservar a vida daquele que poderia a ser o único remanescente da família.

                   

                                                               II

À falta de alternativas, o executivo, o doutor Álvaro Henrique Schiolla, assume a responsabilidade de se tornar tio-pai, recorrendo, porém, à ajuda de uma velha indígena, a Aia Luzia, que, em outros tempos, teria sido sua mãe de leite, ao lado de quem ele sempre via a imagem de sua falecida progenitora. E passa a contar também com a colaboração de outros indígenas que já viviam em terras da fazenda e o conheciam desde os tempos de criança. Troca assim o chamado mundo civilizado por um que ainda estaria fora da civilização, embora já não fosse surpresa ver um indígena a manipular um celular.

Na troca, ganha um processo na Justiça aberto por uma namorada que pedia uma pensão e até mesmo a herança total de seus bens, já que teriam desfrutado de uma união estável de mais de dez anos e ele desaparecera misteriosamente. “Então compreendeu que a mulher que amara bastante e na qual não tinha pensado muito – sinal que não a amava inteiramente e nem era primordial? – era como todo mundo: interesseira, dissimulada, falsa. Estava cansado de ser usado. As ações da empresa estavam bem cotadas no mercado, estavam até em alta, pois os negócios com sua forçada ausência não pararam (...).

Reintegrado ao mundo caipira da nova Itararé, o ex-executivo não deixa de voltar a percorrer os ambientes da cidade, de frequentar seus restaurantes, de comprar prendas para o sobrinho-filho Perci, a ouvir o sino da Catedral de Lírios, o coral de crianças carentes do Educandário São Vicente de Paula ou o som da banda da cidade, a Lira Itarareense chamada popularmente de “A Furiosa”, sons que o transportavam para algum lugar do passado.

O enredo, porém, não avança muito sobre o que a vida de Perci pode ter sido ou que não foi – para se repetir aqui um verso famoso de Manuel Bandeira (1886-1968) – e conclui com uma reunião de relatos que seriam do próprio punho do antigo executivo. Por isso, não se pode dizer que Cavalos Selvagens seja propriamente um romance, nem mesmo uma novela, pois este não parece ser o intuito do narrador, ao acrescentar depoimentos por escrito do principal protagonista. Portanto, melhor seria defini-lo como um memorial, a lembrar um pouco o Memorial de Aires, de Machado de Assis (1839-1908), “uma espécie de tratado acerca da velhice”, na definição do professor Massaud Moisés (1928-2018), que se pode ler em Machado de Assis: Ficção e Utopia (São Paulo, Cultrix, 2001, p. 55).

Enfim, como o leitor já deve ter percebido, o estilo de Silas Corrêa Leite continua ágil e criativo, às vezes permeado por frases curtas ou expressões de cariz popular. Como observa no texto de apresentação o crítico Antônio T. Gonçalves, “Cavalos Selvagens expõe as contingências e fragilidades da condição humana, num enredo diferenciado, otimizado por uma conotação que prende o leitor até a “viagem” para dentro da alma de todas as coisas, quando a natureza humana “visita” a orquestra sagracial da casa dos espíritos, universo fantástico”.

Já no prefácio o jornalista e escritor Joaquim Maria Botelho, mestre em Crítica Literária e ex-presidente da União Brasileira de Escritores (UBE), define esta obra como “um livro de indagações”. E acrescenta: “É um mergulho, uma nova forma de ver o mundo. As respostas – se existem – estão soltas no ar, entre a materialidade e a espiritualidade, entre o urbano e o rural, o dito civilizado e o dito primitivo. O leitor lerá indagações de mãos cheias. E fará o seu julgamento. Talvez obtenha algumas respostas. É ler para – se possível – crer”.

Diante disso, só resta ao leitor conferir todas essas observações com a leitura de Cavalos Selvagens, quando, com certeza, irá constatar que ficou à frente de uma obra muito imaginativa, que cativa à medida que é desvendada.

 

                                                    III

Nascido em Monte Alegre, hoje Telêmaco Borba, no Paraná, e tendo vivido sua juventude na mítica cidade de Itararé, localizada na divisa entre os Estados de São Paulo e Paraná, Silas Corrêa Leite é poeta, romancista, letrista, professor, desenhista, jornalista, resenhista, ensaísta, conselheiro diplomado em Direitos Humanos e membro da União Brasileira de Escritores (UBE), além de blogueiro e ciberpoeta. 

Tendo começado a escrever aos 16 anos de idade, migrou em 1970 para São Paulo, onde se formou em Direito e Geografia, sendo especialista em Educação pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, além de ter cursado extensões e pós-graduações nas áreas de Educação, Filosofia, Inteligência Emocional, Jornalismo Comunitário e Literatura na Comunicação, curso este que fez na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP).

Nos últimos tempos, o romancista lançou também O lixeiro e o presidente (Curitiba, Kotter Editorial, 2019), romance social, Gute-Gute, barriga experimental de repertório (Rio de Janeiro, Editora Autografia, 2015), Goto, a lenda do reino encantado do barqueiro noturno do Rio Itararé (Florianópolis, Clube de Autores Editora, 2013), romance pós-moderno, considerado a melhor obra do escritor. Tem mais de 20 livros publicados, entre os quais Porta-Lapsos (poemas) e Campo de Trigo Com Corvos (contos). É autor ainda do primeiro livro interativo da Internet, o e-book O rinoceronte de Clarice, que virou tema de tese de mestrado na Universidade de Brasília (UnB) e de doutorado na Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Foi finalista do Prêmio Telecom, em Portugal, em 2007.

Seus textos fazem parte de mais de cem antologias literárias de renome, inclusive na Itália e nos Estados Unidos, e estão espalhados por mais de 800 sites, inclusive na América Latina, Europa, Ásia e África. Seu texto “O estatuto do poeta” foi vertido para o espanhol, inglês, francês e russo. Adelto Gonçalves - Brasil

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Cavalos Selvagens, de Silas Corrêa Leite. Curitiba: Kotter Editorial; Taubaté-SP: Letra Selvagem, 304 páginas, R$ 59,30, 2021. E-mails das editoras: contato@kotter.com.br editoraelivrarialetraselvagem@gmail.com  E-mail do autor: poesilas@terra.com.br

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Adelto Gonçalves, mestre em Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-americana e doutor em Letras na área de Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP), é autor de Gonzaga, um Poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona Brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002), Bocage – o Perfil Perdido (Lisboa, Caminho, 2003; Imprensa Oficial do Estado de São Paulo – Imesp, 2021), Tomás Antônio Gonzaga (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo/Academia Brasileira de Letras, 2012),  Direito e Justiça em Terras d´El-Rei na São Paulo Colonial (Imesp, 2015),  Os Vira-latas da Madrugada (Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Editora, 1981; Taubaté-SP, Letra Selvagem, 2015) e O Reino, a Colônia e o Poder: o governo Lorena na capitania de São Paulo 1788-1797 (Imesp, 2019), entre outros. E-mail: marilizadelto@uol.com.br