Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Brasil - Circuito de Teatro em Português apresenta espetáculos de países africanos em São Paulo


O XIII Circuito de Teatro em Português – Festival Internacional de Países Lusófonos, que aconteceu em novembro de 2022 – segue com sua programação, finalizando a edição, entre os dias 3 e 11 de março de 2023, com três espetáculos vindos da África e uma oficina online de Portugal.

Esta edição do Circuito é realizada pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e Associação de Cultura e Cidadania Contadores de Mentira, com direção artística de Creuza Borges.

A programação é gratuita em equipamentos municipais de cultura. Os espetáculos são: Saudade, de Cabo Verde / Praia – Centro Cultural Vila Formosa (3/3, às 20h) e Centro Cultural Olido (4/3, às 18h); Mar Me Quer, de Moçambique / Maputo – Centro Cultural da Penha (8/3, às 20h) e Centro Cultural Olido (10/3, às19h); e Pedro e o Capitão, de Angola / Luanda – Teatro Flávio Império (9/3, às 19h) e Centro Cultural Olido (11/3, às 18h).

A oficina Dramaturgia Portuguesa Contemporânea: o “Eu”, o “Outro” e o “Nós” (7 e 8/3, às 19h), com Zé Pedro Pereira da Cia. Teatro Art’Imagem, de Portugal / Porto, está com inscrições abertas pelo LINK >>

O Circuito de Teatro em Português foi criado, em 2003, com o objetivo de promover o intercâmbio cultural entre os nove países de língua portuguesa. “Por meio das artes cênicas buscamos o estreitamento das relações artísticas e o reconhecimento de nossas diferenças e semelhanças culturais”, declara Creuza Borges, diretora do Circuito.

Em 19 anos de história, foram realizadas mais de 450 espetáculos, 76 oficinas e 38 seminários, envolvendo dezenas de cidades brasileiras e um público aproximado de 90 mil pessoas.

A realização deste festival proporcionou coproduções entre companhias de Portugal e Moçambique, Portugal e São Tomé Príncipe, Brasil e Portugal. Artistas brasileiros tiveram a oportunidade de se formar e trabalhar em Portugal, por meio das oficinas realizadas, assim como artistas portugueses fizeram residência artística no Brasil, em colaborações primordiais ao fortalecimento do projeto. O Circuito também resultou na criação do Ciclo de Teatro Brasileiro, em Arcos de Valdevez, que viabiliza, em Portugal, novas perspectivas das artes cênicas brasileiras, que já chegou à sua 12ª edição.

XIII Circuito de Teatro em Português

De 3 a 11 de março de 2023

Gratuito – Ingressos: 1h antes das sessões.

Facebook – @CircuitoTeatroPortugues e @GrupoDragao7

Instagram – @circuitodeteatroemportugues e @grupodragao.7

Mais informações aqui. In “Mundo Lusíada” - Brasil


 

Macau - Importações de mercadorias produzidas em países de língua portuguesa cresceram 65,1% em Janeiro

O valor importado para Macau de mercadorias produzidas nos países de língua portuguesa foi, em Janeiro, 125 milhões de patacas, ou seja, mais 65,1% do que em Janeiro do ano passado. A informação foi divulgada ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

As estatísticas do mês de Janeiro de 2023 mostram que foram exportadas 899 milhões de patacas de mercadorias, menos 37,2%, face ao idêntico mês de 2022. O valor da exportação doméstica (89 milhões de patacas) diminuiu 55,4%. A DSEC destaca que o valor da exportação doméstica de vestuário e o de produtos farmacêuticos e produtos químicos orgânicos caiu 79,8% e 50,3%, respectivamente. No mês em análise importaram-se 10,45 mil milhões de patacas de mercadorias, ou seja, menos 24,7%, em termos anuais. Realça-se que os valores importados de: telemóveis; joalharia em ouro, bem como produtos de beleza, de maquilhagem e de cuidados da pele diminuíram 56,8%, 37,1% e 32,8%, respectivamente. Todavia, os valores importados de componentes electrónicos e de alimentos e bebidas aumentaram 102,1% e 2,5%, respectivamente.

Os valores exportados de mercadorias para Hong Kong (713 milhões de patacas), para os Estados Unidos da América (19 milhões de patacas) e para a União Europeia (7 milhões de patacas) em Janeiro de 2023 desceram 38,4%, 67,7% e 59,9%, respectivamente, face ao idêntico mês do ano transacto. O valor exportado de mercadorias para o interior da China fixou-se em 57 milhões de patacas (menos 35,7%, em termos anuais).

Quanto aos países ou territórios de origem, os valores importados de mercadorias produzidas na União Europeia (3,76 mil milhões de patacas) e no interior da China (3,01 mil milhões de patacas) em Janeiro de 2023 caíram 25,4% e 29,4%, respectivamente, face ao idêntico mês do ano transacto. In “Ponto Final” - Macau

 

Timor-Leste - Parlamento aprova convenções sobre segurança social com Portugal e CPLP

O Parlamento Nacional timorense aprovou ontem por unanimidade duas convenções sobre segurança social, uma com Portugal, assinada em 2022, e outra da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), assinada em 2019


As duas convenções foram aprovadas pela totalidade dos 38 deputados que estavam presentes na sala do plenário, de um total de 65.

A convenção bilateral foi assinada a 29 de Junho do ano passado numa cerimónia em Díli pelo secretário de Estado da Segurança Social português, Gabriel Bastos, e pela ministra da Solidariedade Social e Inclusão, e vice-primeira-ministra timorense, Armanda Berta dos Santos.

A convenção multilateral de Segurança Social da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) foi assinada em 2019 em Lisboa, pelo então ministro dos Negócios Estrangeiros timorense, Dionisio Babo, e que já tinha sido assinada por cinco estados-membros da CPLP em Díli, em 2015.

Intervindo no arranque do debate, a vice-ministra da Solidariedade Social, Signi Chandrawati Verdial sublinhou a importância das convenções para garantir maior proteção para os trabalhadores timorenses.

No parecer de avaliação das duas convenções, a comissão especializada do Parlamento Nacional considera que os documentos “garantem um importante contributo para a ampliação da consciência e da mobilização em torno da segurança social dos cidadãos do espaço CPLP, e em especial, entre Timor-Leste e Portugal”.

“O Estado deve adotar um papel ativo no desenvolvimento do sistema de segurança social, sendo de extrema importância as relações estabelecidas com os Estados com os quais Timor-Leste tem uma reconhecida ligação, como é o caso de Portugal e o espaço CPLP”, refere. “As convenções promovem a proteção dos cidadãos timorenses que prestam serviço em Portugal e no espaço CPLP, garantindo-lhes direitos iguais aos nacionais de cada país, promovendo essa igualdade também junto de outros países que residam e trabalhem em território nacional, em especial consideração pelo espaço CPLP”, explica.

Os deputados consideram que as convenções “demonstram ter uma crucial importância para o desenvolvimento do sistema de segurança social recentemente criado em Timor-Leste e que muito tem a ganhar com este tipo de instrumentos internacionais, garantindo uma maior igualdade de tratamento dos cidadãos de ambas as partes e do espaço CPLP”.

Entre as recomendações, os deputados consideram que se deve melhorar a coordenação entre programas e diferentes ministérios “para facilitar o registo e acompanhamento dos beneficiários.

Assim, “as instituições gestoras podem melhorar a integração e complementaridade de medidas, melhorando a eficiência e eficácia de iniciativas, reduzindo a duplicação de esforços, e diminuindo erros de exclusão, estendendo a cobertura e níveis de proteção oferecidos pelos programas, sobretudo aos mais vulneráveis”.

Melhorar serviços e benefícios para as comunidades isoladas ou muito afastadas dos centros administrativos e melhorar “a capacidade institucional para a gestão, execução, monitorização e avaliação de medidas de proteção social”, são outras das recomendações. “São necessários mais esforços para integrar bases de dados, desenvolver a capacidade técnica dos recursos humanos e das entidades gestoras nos municípios”, sublinha.

A convenção entre Portugal e Timor-Leste abrange todos os trabalhadores e cidadãos nacionais dos dois países, inclui os regimes contributivo e não contributivo de segurança social. Pretende totalizar os períodos contributivos cumpridos nos dois países, somando os tempos de trabalho e descontos para a segurança social realizados, quer para efeitos de cumprimento dos prazos de garantia como para acesso às prestações sociais dos regimes contributivos.

Ao mesmo tempo, assegura a igualdade de tratamento entre os cidadãos dos dois países, “permitindo que os cidadãos de um país residentes no outro país beneficiem dos mesmos direitos e estejam sujeitos às mesmas obrigações que os nacionais desse país de residência”.

No caso de Timor-Leste abrange as pensões de velhice, invalidez e sobrevivência e os subsídios de parentalidade do regime contributivo, bem como as pensões sociais de velhice e invalidez (SAII) do regime não contributivo. Prevê-se ainda que novas prestações, que visem proteger outras situações, como a doença ou o desemprego, sejam integradas quando as mesmas forem aprovadas em Timor-Leste.

A convenção terá de ser agora alvo de um acordo administrativo para efectivar a sua implementação e detalhar aspectos mais operacionais. In “Ponto Final” - Macau com “Lusa”


Macau - Deputado quer a Região Administrativa Especial a traduzir tecnologia chinesa para português

O deputado de Macau José Chui Sai Peng defendeu esta segunda-feira que a região administrativa especial deveria apostar na tradução para português dos recursos académicos, científicos e tecnológicos da China


Numa intervenção antes da ordem do dia, na Assembleia Legislativa de Macau, Chui disse que a medida poderia “criar uma base sólida” para “a transferência de tecnologia entre a China e os países lusófonos”.

Os serviços de tradução de chinês para português poderiam “desenvolver-se de modo alargado em Macau” para incluir a tecnologia, o design, exposições culturais e artísticas, criação multimédia e edição.

Chui sugeriu ainda que o Governo trabalhasse com instituições de ensino superior de Macau para disponibilizar a micro, pequenas e médias empresas, de forma gratuita, serviços de tradução, nomeadamente utilizando inteligência artificial.

A medida iria apoiar a diversificação da economia local, disse o deputado.

O Produto Interno Bruto de Macau, dependente do jogo, caiu 27,8% em termos reais nos primeiros três trimestres de 2022, de acordo com dados oficiais.

Chui lembrou que em novembro o Governo de Macau anunciou a criação de dois centros sino-lusófonos para apoiar a fixação de “projetos de tecnologia avançada” da lusofonia na região chinesa da Grande Baía.

A Grande Baía é um projeto de Pequim que visa criar uma metrópole a partir das regiões administrativas especiais de Macau e de Hong Kong, e nove cidades da província de Guangdong, com mais de 60 milhões de habitantes.

José Chui sublinhou que o anúncio do Governo representa “o estabelecimento oficial da primeira plataforma internacional de intercâmbio e transferência de tecnologia do Ministério da Ciência e Tecnologia” chinês.

Os recursos académicos, científicos e tecnológicos da China estão, na sua maioria, disponíveis apenas em chinês e inglês, o que “não favorece a entrada da sabedoria chinesa nos países de língua portuguesa”, lamentou o deputado. In “A Semana” – Cabo Verde com “Lusa”


 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Macau - Dupla de autores está a preparar livro sobre vida de Camilo Pessanha

A obra, ainda sem data de lançamento marcada, procurará, acima de tudo, partilhar a história de vida do poeta português com um público que não fale português. Christopher Chu, um dos autores, explicou ainda ao Ponto Final que o livro dedicado ao expoente máximo do simbolismo em língua portuguesa deverá seguir uma fórmula semelhante à do primeiro livro editado pela dupla, intitulado “Macau’s Historical Witnesses”, recentemente editado


Depois de “Macau’s Historical Witnesses”, a dupla Christopher Chu e Maggie Hoi está já a preparar o seu próximo livro que versará sobre a vida do poeta português Camilo Pessanha em Macau.

Numa breve conversa com o Ponto Final, Christopher Chu revelou que, juntamente com a colega, estão a trabalhar numa publicação que seguirá uma fórmula semelhante à do primeiro livro, que é contar histórias com envolvimento. “Estamos também a trabalhar num segundo livro que se debruça sobre a vida de Camilo Pessanha em Macau seguindo uma fórmula semelhante à do primeiro livro”, confidenciou, enquanto explicava os planos que tinham para a promoção de “Macau’s Historical Witnesses”.

Chu contou ao nosso jornal que a ideia de escrever sobre o expoente máximo do simbolismo em língua portuguesa começou numa conversa que teve no restaurante Albergue 1601, no bairro de São Lázaro, onde existe uma sala dedicada ao poeta. “Foi-me proposto que fizesse um pouco de pesquisa sobre Pessanha e a sua vida. Como já estávamos a escrever o primeiro livro, acabámos por encontrar um tema muito interessante. Na verdade, quando aconteceu o surto no ano passado, tive mais tempo em mãos e encontrei uma boa história”, referiu o autor.

Portanto, o novo livro sobre Camilo Pessanha procurará focar-se, essencialmente, na vida do poeta português em Macau, no método que os autores fizeram com o primeiro livro. “De certa forma, Camilo torna-se na nossa próxima testemunha histórica de Macau. Enquanto o primeiro livro se concentra no tangível, o próximo concentrar-se-á nos intangíveis”, explicou Christopher Chu, revelando ainda que o livro será escrito em inglês, principalmente para “partilhar a história de Pessanha com um público que não fale português”.

Nascido em Coimbra em 1867, Camilo Pessanha, que durante algum tempo ficou desconhecido da grande maioria das pessoas, foi um poeta que hoje é considerado o representante mais genuíno do simbolismo português, uma corrente literária que teve impacto da literatura no final do século XIX, início do século XX. O português, que veio viver para Macau em 1894, onde chega a 10 de Abril, escreveu Clepsidra, livro que acabou por ser publicado em 1920 graças aos esforços de Ana e João de Castro Osório, amigos do poeta. É o único livro do autor conimbricense publicado até hoje, ele que morreu a 1 de Março de 1926, em Macau, diz-se devido ao uso excessivo de ópio e a uma tuberculose. Está sepultado no Cemitério São Miguel de Arcanjo.

A poesia simbolista possui objectivos metafísicos e busca a utilização da linguagem literária como instrumento de desenvolvimento cognitivo, encontrando-se entre o mistério e o misticismo. Em Portugal, para além de Pessanha também se destacam os nomes de Eugénio de Castro, António Nobre ou Augusto Gil.

O movimento simbolista – que nasceu na França – durou aproximadamente até 1915, altura em que se iniciou o modernismo, corrente de onde nasceram poetas que, mais tarde, constituíram a chamada geração Orfeu e de onde se destacam nomes como Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro ou Almada Negreiros. Gonçalo Pinheiro -Macau in “Ponto Final”


Portugal - Investigação conclui que o consumo de pescada pode ter efeitos adversos para a saúde devido a valores elevados de mercúrio

Serão os níveis de mercúrio presentes nos produtos da pesca adequados para garantir baixo risco para as populações que consomem muito peixe? Um novo estudo liderado por cientistas do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) revela que os valores de mercúrio mais elevados foram determinados em espécies carnívoras (que se alimentam de animais mais pequenos), como a pescada, podendo ter efeitos adversos para a saúde humana devido à concentração de mercúrio.


Tendo em conta as porções diárias recomendadas na Roda dos Alimentos que definem uma alimentação completa e equilibrada, o estudo “Are mercury levels in fishery products appropriate to ensure low risk to high fish-consumption populations?” determinou a frequência semanal com que a população residente em Portugal pode consumir bacalhau, pescada e polvo cozido, bem como carapau e sardinha grelhados, de forma a prevenir efeitos adversos para a saúde, uma vez que algumas espécies marinhas podem conter elevadas concentrações de metilmercúrio.

O metilmercúrio, explica Elsa Teresa Rodrigues, coordenadora do estudo e investigadora do DCV e do Centre for Functional Ecology (CFE) é «uma forma química do mercúrio com potencial de bioacumulação nos tecidos biológicos e com elevada neurotoxicidade, tendo-se verificado neste estudo que a pescada (com mais de 1kg) cozida e consumida mais do que uma vez por semana, e carapau (de 35-40 cm) grelhado e consumido mais do que cinco vezes por semana, ultrapassa o valor de metilmercúrio aceite como seguro e estabelecido pela Agência Europeia para a Segurança Alimentar. Já bacalhau e polvo cozidos, assim como sardinha grelhada, quando adquiridos e cozinhados nas condições testadas, podem ser consumidos sem restrições», revela.

Para chegar a estes resultados, a equipa da FCTUC adquiriu os produtos frescos no mercado, à exceção do bacalhau da Noruega (salgado e seco), e simulou os métodos culinários tradicionais em laboratório. «A deteção e quantificação do mercúrio total e do metilmercúrio presente nas amostras cruas e cozinhadas foi feita por espectrometria de absorção atómica com combustão direta da amostra», descreve Elsa Teresa Rodrigues.

De acordo com os cientistas do DCV, «verificou-se que os tratamentos culinários testados resultaram sempre num aumento da concentração de mercúrio; e que em todas as situações testadas (amostras cruas e cozinhadas, mercúrio total e metilmercúrio), os níveis mais elevados foram determinados na pescada e no carapau».

«Além do conhecimento científico produzido, com este estudo contribuímos para um regime alimentar seguro e saudável da população residente em Portugal, uma vez que respondemos a um dos desafios societais associados ao setor alimentar: ajudar a escolha informada dos consumidores», conclui a equipa.

Desta investigação, financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), além do DCV, fazem ainda parte da equipa cientistas da Universidade de Aveiro. Universidade de Coimbra - Portugal


União Europeia - Instituto de Investigação e Inovação em Saúde integra projeto europeu para prevenir o cancro gástrico

O projeto europeu «AIDA» conta com um financiamento de mais de sete milhões de euros, atribuído ao abrigo do Programa Horizon Europe da Comissão Europeia


O Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) é um dos parceiros do projeto europeu «AIDA», recentemente financiado com mais de sete milhões de euros pelo Programa Horizon Europe da Comissão Europeia. Este projeto, que terá a duração de quatro anos e meio, tem como objetivo criar uma ferramenta baseada em Inteligência Artificial que ajude os clínicos no diagnóstico, acompanhamento e tratamento personalizados de doentes com lesões que normalmente antecedem o aparecimento do cancro gástrico.

Coordenado pelo INCLIVA Instituto de Investigación Sanitaria, de Espanha, o AIDA (An Artificially Intelligent Diagnostic Assistant for Gastric Inflammation) foca-se na prevenção de um cancro com grande prevalência, que normalmente tem um diagnóstico muito tardio, e, por isso mesmo, uma taxa de sobrevivência muito baixa.

O cancro gástrico é o quinto tipo de cancro mais comum e a terceira principal causa de morte por cancro no mundo, em ambos os sexos. Afeta quase um milhão de pessoas, causa 783 mil mortes por ano, e a taxa de sobrevivência dos doentes numa fase avançada é de apenas 12 meses.

Apesar dos avanços nos tratamentos, até à data nenhuma estratégia melhorou o prognóstico da doença, pelo que se torna urgente investir mais na prevenção primária e secundária, intervindo numa fase pré-sintomática, antes do cancro se desenvolver.

O objetivo do projeto AIDA é precisamente criar uma ferramenta alimentada por IA para ajudar os clínicos a diagnosticar inflamações pré-cancerígenas, fornecer acompanhamento médico personalizado, recomendar ações para monitorizar o estado de saúde dos doentes, e selecionar o tratamento mais adequado e eficaz.

O projeto compreende, entre outros aspetos, um estudo clínico onde serão avaliados perfis histopatológicos, moleculares, imunológicos e do microbioma de doentes com lesões precursoras do cancro do estômago, que serão depois comparados com os de doentes sem este tipo de lesões.

Dois grupos. Um objetivo comum

A equipa do i3S, que irá receber mais de 500 mil euros de financiamento, é coordenada por Fátima Carneiro, do grupo «Intercellular Comunication and Cancer», e conta com a participação do grupo «Microbes & Cancer», liderado por Céu Figueiredo.

Fátima Carneiro, que é também professora catedrática da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), ficará responsável pela seleção de lesões gástricas pré-malignas, através de estudo histopatológico, que é o melhor método de diagnóstico.

Estas imagens histológicas, explica a investigadora, “serão depois utilizadas para a aplicação de metodologias de Inteligência Artificial com o objetivo de identificar lesões de alto risco. Desta forma, os patologistas terão mais um instrumento para melhorar a acuidade de diagnóstico de rotina das lesões precursoras do cancro do estômago”.

Já o grupo liderado por Céu Figueiredo, igualmente docente da FMUP, será responsável pela identificação dos fatores de virulência da bactéria Helicobacter pylori e pela caracterização do microbioma do estômago, com o objetivo de estabelecer relações entre estes fatores e a presença de lesões de alto risco.

“Além do microbioma gástrico, será ainda estudado o microbioma oral dos doentes, com o objetivo de identificar perfis que possam vir a ser utilizados como marcadores de diagnóstico não-invasivos”, acrescenta a investigadora.

O consórcio do projeto integra 15 centros de excelência de oito países europeus, reunindo uma equipa multidisciplinar que inclui os melhores especialistas europeus em inflamação gástrica e cancro (áreas da epidemiologia, imunologia, oncologia, patologia e gastroenterologia), peritos em bioinformática, inteligência artificial e em gestão e proteção de dados, representantes da administração pública e associações de doentes.

Para além do i3S, o projeto AIDA conta ainda com a participação do IPO-Porto. Universidade do Porto - Portugal


A poesia como reflexo de um cenário de perdas

Segundo livro da poeta israelense Tal Nitzán publicado no Brasil traz poemas que constituem libelos em favor da paz no Oriente Médio

                                                                            

                                                                     I

Pessoa extremamente sensível, que coloca a sobrevivência da espécie humana acima de todas as possíveis divergências étnicas ou políticas, o que a leva a lutar há anos pelo fim do domínio de Israel sobre as terras conquistadas na guerra de 1967, a poeta israelense Tal Nitzán (1961) acaba de ter publicado o seu segundo livro no Brasil, Atlântida (Belo Horizonte, Ars et Vita Editora, 2022), que reúne 40 poemas tirados de obras já publicadas, majoritariamente traduzidos pelo jornalista Moacir Amâncio, doutor em Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaica pela Universidade de São Paulo (USP) e professor titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) daquela instituição. Com esse livro, a autora conquistou o Prêmio da Universidade de Bar-Ilan (Tel Aviv), em Israel.

Dos 69 poemas reunidos na antologia, 31 foram traduzidos por Moacir Amâncio e os demais por Gustavo Carvalho, Flavio Britto, Luca Argel, Maria João Cantinho, Maria Teresa Mota e Guilherme Gontijo Flores, também autor do prefácio. Desses, onze peças traduzidas por Luiz Gustavo Carvalho e duas por Luca Argel contaram com a participação da autora, profunda conhecedora da Literatura Espanhola e Hispano-americana e que também conhece o idioma português. Aliás, sua participação nas traduções já havia ocorrido por ocasião da publicação de seu livro de estreia no Brasil, O ponto da ternura (São Paulo, Editora Lumme, 2013), que teve 28 textos traduzidos por Moacir Amâncio e versões adicionais traduzidas por Maria Teresa Mota, Flávio Britto, Maria João Cantinho, Luiz Gustavo Carvalho e Luca Argel (as duas últimas com participação da autora).

Tal Nitzán já publicou sete livros de poesia: Doméstica (2002), Uma noite comum (2006), Café soleil blu (2007), A primeira a esquecer (2009), Olhar a mesma nuvem duas vezes (2012), Até o átrio interior (2015), em parceria com o artista israelense Tsibi Geva, e Atlântida (2019), que ganha agora sua versão em português.

É romancista, tradutora e editora. Nasceu em Jaffa, mas, filha de pais diplomatas, já morou em Bogotá, Buenos Aires e Nova York e, agora, reside em Tel Aviv. É bacharel em História da Arte e Estudos Latino-Americanos e mestre em Literatura pela Universidade Hebraica de Jerusalém. Recebeu diversos prêmios por sua obra, entre os quais o Prêmio Mulheres Escritoras, o Prêmio Ministro da Cultura de Israel para Jovens e Livro de Estreia, o Prêmio de Poesia da Universidade Hebraica e o Prêmio do Primeiro-Ministro de Israel para Escritores. Traduziu para o hebraico obras de Jorge Luis Borges (1899-1986), Pablo Neruda (1904-1973), Octavio Paz (1914-1998) e Federico García Lorca (1898-1936), entre outros.

 

                                                        II

Da poesia de Tal Natzán, o que se pode dizer é que constitui uma das vozes mais expressivas da literatura escrita em hebraico hoje. E que não perde a sua força e beleza lírica quando traduzida para outros idiomas. Trata-se de uma poesia que “nos atinge em português com essa lâmina de beleza”, como observa no prefácio o professor, poeta, tradutor e ensaísta Guilherme Gontijo Flores, doutor em Letras Clássicas pela USP, ao destacar que os seus poemas “têm um impacto maciço e sólido, um baque verdadeiro de linguagem sobre o corpo”.

É o que se pode comprovar no poema “Tesouro”: No inverno os guardas arrancaram o cobertor da / pele dos habitantes do jardim. Um deles não verá o dia. / Na primavera foram lançadas garrafas cegas / nas casas assinaladas, que se incendiaram. À noite busquei refúgio em teu corpo / como um menino se abriga na amoreira. / Ouvir somente a tua respiração / apoiar-me em ti da cabeça aos pés e por um instante / não ver nuvens de veneno e de ocaso / acumulando-se pesadas. /  Que mais te direi. / Que és na minha pobreza o tesouro oculto / que a mão deles não alcançará. / Que eu seja na tua pobreza o tesouro oculto / que o saber deles não alcançará.

De fato, em quase todos os poemas de Tal Nitzán o que transparece é um cenário de perdas. Inconformada com a intransigência dos homens em não buscar um diálogo que faça do Oriente Médio um território de paz, a poeta mostra-se sempre uma testemunha veraz da instabilidade em que se vive na região, a ponto de ninguém saber se, daqui a alguns minutos, será vítima de um míssil ou de um desmoronamento provocado por bombas ou de uma bala perdida. Como ativista política, mostra-se apenas a favor dos fracos e oprimidos, sem tomar partido de dirigentes israelenses ou palestinos. Tanto que já organizou o livro Com caneta de ferro: poesia de protesto israelense 1984-2004, antologia que reúne textos que se opõem à invasão por Israel do território palestino.

Esse dia a dia terrível de quem vive no Oriente Médio pode-se respirar, por exemplo, através dos versos de “Khan Yunis” (título que remete a um subúrbio de Gaza, zona de conflito quase permanente): (...) Orgulho da família! Só tem dois anos / e já sabe gritar para a mamãe que se abaixe / quando os tiros voarem para dentro de casa. / ‘A janela da qual virá o vento, fecha e deita para descansar’, / tu citas, mas nossas balas eficientes, / atravessam portas, paredes, vidraças. Ao vento, oscila agora / a placa eivada de tiros / com tua advertência ingênua: / Atenção! Famílias moram aqui! Attention! Families live here! / E dos reservatórios furados / a água escorre pelas faces da casa.

Essa preocupação com o futuro dos inocentes também se sente em versos como os do poema “Cobertura”, no qual a poeta mergulha com olhos e alma na vertigem de um mundo alucinado e sua voz traduz a ânsia e o tormento de uma população que não sabe se o fim de sua existência pode estar logo ali, no fim da rua: Nesta hora escura / todas as crianças são iguais. Nesta treva basta a palavra “crianças” / para que se encolha de medo. / A boca do caminhão se escancara, Salima / Matria procura tesouros na imundície, / já estará enterrado no monte de lixo / cobertura, a mão busca os cobertores / enrolados em sua candidez, / cobertores que nem tinham caído. / Ahmed Zar´uma não subirá mais / no brinquedo do grande blindado, / seu coração agita-se no peito magro / sob o alvo do fuzil. Assim, com os pulsos sobre a cabeça, / o amor está amarrado ao terror.

 

                                                        III

Tal Natzán publicou também seis livros infantis e é autora de dois romances: Cada e toda criança (Achuzat Bayit, 2015) e O último passageiro (Am Oved, 2020). Editou três antologias de poesia: duas são seleções de poesia latino-americana e uma, With an Iron Pen, coleção de poesia hebraica de protesto, que também saiu na Espanha, França e Estados Unidos. Seus poemas foram traduzidos para mais de vinte idiomas e várias seleções de seu trabalho publicadas em inglês, alemão, espanhol, francês, português, italiano, lituano e macedônio. Adaptou ainda versões do romance Dom Quixote, de Miguel de Cervantes (1547-1616), e peças de William Shakespeare (1564-1616) para jovens leitores.

É considerada a maior tradutora de literatura hispânica para o hebraico, trabalho que foi reconhecido com o Prêmio Tchernychovski de Tradução e a Medalha de Honra da Presidência do Chile por suas versões de poemas de Pablo Neruda. Traduziu para o hebraico também obras em prosa publicadas em inglês. Foi editora de Latino, uma série de literatura latino-americana de traduções para o hebraico, e de Mekomi, que significa Local em hebraico, uma série livros de prosa hebraica original. Editou ainda a revista literária independente Orot (que quer dizer Luzes em hebraico). É fundadora e editora da revista literária online Ha-Mussach, que significa A Garagem, da Biblioteca Nacional de Israel. Adelto Gonçalves - Brasil

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Atlântida, de Tal Nitzán, com prefácio de Guilherme Gontijo Flores. Belo Horizonte: Editora Ars et Vita, 94 págs., R$ 45,00, 2022. E-mail: contato@artsetvita.com Site: www.arsetvita.com

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Adelto Gonçalves, jornalista, mestre em Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-americana e doutor em Letras na área de Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP),  é autor de Gonzaga, um Poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999), Barcelona Brasileira (Lisboa, Nova Arrancada, 1999; São Paulo, Publisher Brasil, 2002), Bocage – o Perfil Perdido (Lisboa, Caminho, 2003; São Paulo, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo – Imesp, 2021), Tomás Antônio Gonzaga (Imesp/Academia Brasileira de Letras, 2012),  Direito e Justiça em Terras d´El-Rei na São Paulo Colonial (Imesp, 2015) e Os Vira-latas da Madrugada (Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Editora, 1981; Taubaté-SP, LetraSelvagem, 2015), e O Reino, a Colônia e o Poder: o governo Lorena na capitania de São Paulo 1788-1797 (Imesp, 2019), entre outros. E-mail: marilizadelto@uol.com.br


domingo, 26 de fevereiro de 2023

Portugal - Dispositivo ultrassónico para invisuais vence programa de empreendedorismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa

“Grande Finalíssima de Empreendedorismo” distinguiu os projetos mais inovadores dos alunos da FCT NOVA

E se um dispositivo eletrónico com sensores ultrassónicos para bengalas transformasse a mobilidade das pessoas invisuais? Esta foi a proposta da Easywalk, o projeto vencedor da 11ª edição do programa de empreendedorismo da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT NOVA), que decorreu esta sexta-feira, 24 de fevereiro, no campus universitário da Caparica, em Almada. “Somos uma escola de ciências e tecnologia, aqui faz-se mesmo”, afirmou José Júlio Alferes, diretor da FCT NOVA, em declarações ao Almadense.

“O nosso principal objetivo é transformar a qualidade de vida das pessoas invisuais”, explicou Ricardo Cutileiro, aluno da FCT NOVA e CEO da Easywalk. Com esse objetivo, uma equipa de cinco alunos desenvolveu um dispositivo de navegação apto para qualquer bengala, com sensores ultrassónicos que deteta qualquer objeto à sua frente, com GPS e um botão SOS integrados e conectado a uma aplicação no telemóvel.

“Com o nosso produto e a vossa ajuda, podemos tornar este mundo mais acessível e um sítio melhor para todos”, disse Ricardo Cutileiro na apresentação e demonstração do protótipo que criou com os alunos Ricardo Carvalho, Gonçalo Santos, Beatriz Lourenço Franco e Rita Margarida Pratas Nunes. Estes são projetos com foco na sustentabilidade e, como explicou José Júlio Alferes, “as ciências e as engenharias estão no centro de como se faz um mundo mais sustentável”. As oportunidades de negócio também estão alinhadas com a sustentabilidade do planeta, assegura o diretor da FCT NOVA.

A inovar e empreender há mais de uma década na FCT

Neste programa de empreendedorismo universitário participaram mais de mil alunos, divididos em 200 equipas. Os alunos do primeiro ano dos cursos de mestrado da escola foram desafiados a desenvolver um projeto tecnológico e sustentável acompanhados por uma equipa de 22 professores. O programa decorreu ao longo de cinco semanas, em que os estudantes colocaram os seus conhecimentos técnicos e científicos ao serviço da imaginação para criar ideias inovadoras e novos produtos ou serviços.

Na “Grande Finalíssima de Empreendedorismo” o segundo lugar coube ao projeto GlucoInk, que apresentou uma tatuagem que muda de cor em função do nível de glicemia no sangue para pessoas com diabetes. A tatuagem é indolor, personalizável, dura seis dias, está conectada a uma aplicação para telemóvel e tem um custo inferior a 20 euros por mês. Em terceiro lugar ficou o projeto Nitrohacks, uma tecnologia que permite a limpeza de um gás que causa um impacto no ambiente 300 vezes mais prejudicial do que o dióxido de carbono, o óxido nitroso. Os três projetos vencedores contam com prémios monetários, no valor de 2500 euros para o primeiro lugar, 1500 euros para o segundo lugar e 750 euros para o terceiro lugar.

Os alunos da FCT NOVA contaram também com prémios atribuídos pelas cinco empresas patrocinadoras que apoiam o programa. A ASSECO distinguiu o projeto Immunosticker, a Jerónimo Martins distinguiu a equipa Sellfresh. Por sua vez, a NTTDATA e a EY atribuíram o um prémio ao Volight Glass, enquanto que a NOS dintinguiu também a ideia vencedora Easywalk. Na sessão também foram distinguidos os melhores vídeos promocionais das dez equipas finalistas. “Trazemos as empresas para dentro da escola, para conhecerem os projetos que estão a ser desenvolvidos e ao mesmo tempo desafiar os alunos a entrarem em contacto com o meio empresarial”, explica Fernanda Llussá, professora e Coordenadora de Empreendedorismo da FCT NOVA. “O que estamos a fazer aqui é a criar esse ecossistema de ligação com as empresas”, assegura.

A sessão final de apresentação dos projetos dos alunos da unidade curricular “Empreendedorismo” teve como oradores Rui Tomás, da Jerónimo Martins, Miguel Lúcio, da ASSECO, Pedro Fonseca, da NTT DATA, José Pedro Teixeira, da NOS, João Pestana Pires, da EY, David Olim, da FootAR. A moderar a “Grande Finalíssima de Empreendedorismo” esteve Miguel Gonçalves, do Magma Studio.

No futuro “fazer melhor e diferente”

Na 11ª iniciativa de empreendedorismo da faculdade, José Júlio Alferes afirma “julgo que é chegado o momento de olhar para todas estas soft skills (habilidades comportamentais) que estamos a dar, a forma como organizamos as coisas e pôr tudo em causa para ver como podemos fazer melhor e diferente”. Esta discussão que vai continuar durante o próximo ano na faculdade avança o diretor da Universidade. Uma coisa é certa “uma iniciativa com esta dimensão, direcionada para desenvolver a imaginação e o espírito empreendedor dos estudantes irá sempre continuar, em que moldes vamos ver”, garantiu.

Desde a sua primeira edição, em 2013, a FCT NOVA através da unidade curricular de empreendedorismo já capacitou mais de 7500 alunos, envolvendo 250 empresas, 750 oradores convidados e dando lugar a mais de 1500 ideias de negócio tecnológicas e inovadoras. Como afirmou o orador João Pestana Pires, da EY, “é excelente ver a inovação, o espírito empreendedor e a qualidade que temos neste momento. Vamos em frente para o mercado de trabalho”. Andreia Gonçalves – Portugal in “Almadense”


Moçambique - Livro propõe padronização das línguas nacionais


Padronização da Ortografia de Línguas Moçambicanas” é o título do livro que propõe a uniformização da pronúncia e a escrita das línguas nacionais, que foi apresentado no dia 21, de fevereiro, na Universidade Eduardo Mondlane, na cidade de Maputo, no âmbito das celebrações do Dia internacional da língua Materna, assinalado a 21 de Fevereiro.

Segundo o Jornal Notícias, a obra, da autoria dos académicos moçambicanos, Armindo Ngunga, Carlos Manuel, David Langa, Inês Machung e Crisófita da Câmara, baseia-se no estudo de 19 línguas nacionais e é fruto de relatório do IV Seminário de Pesquisa de Línguas Moçambicanas.

Segundo o académico Armindo Ngunga, nas escolas usa-se as línguas moçambicanas de forma não padronizada, tal como acontece nas igrejas, nos órgãos de comunicação social, entre outros actores.

“Isso não nos permite traduzir, por exemplo, um instrumento legal como a Constituição da República, daí que o ideal é padronizar a forma de escrita para que os professores possam saber ensinar da melhor forma”, disse.

Acrescentou que “como cientistas fizemos a nossa parte. Cabe agora ao governo e à Assembleia da República produzirem os instrumentos legais para que se possa padronizar a ortografia das línguas nacionais”.

Já para a co-autora Inês Machungo, a obra é fruto de um seminário realizado em 2018, tendo para o efeito sido compilada informação contida nos relatórios parciais produzidos pelos grupos de língua que participaram no evento. In “Moz Entretenimento” - Moçambique


 

Ouvi dizer


 









Vamos aprender português, cantando

 

Ouvi dizer

 

Ouvi dizer que a noite tudo lava

fiquei p’ra ver mas eu cá não vi nada

fiquei até à madrugada

 

Da noite passou p’ra dia e eu que tanto queria começar outra vez

já nem sei quem me dizia mas sei que é mentira

 

Ouvi dizer que nada dura muito

quis ver p’ra crer não fosse ser injusto

quis ver até virar desgosto

 

De dia passou a ano eu virei oceano e deixei-me perder

já nem sei qual era o plano mas sei que é insano

 

Ouvi dizer que a noite tudo lava

fiquei p’ra ver mas eu cá não vi nada

fiquei até à madrugada

 

Maro – Portugal



Vamos recordar, cantando

O que será de ti

sábado, 25 de fevereiro de 2023

Internacional Democrática do Centro IDC .África realizou primeira conferência na sede da UCCLA sob o título “Democracia em África”


A IDC - Internacional Democrática do Centro, Associação Internacional que tem mais de cem partidos filiados, atualmente presidida pelo ex-Presidente da República da Colômbia, Andrés Pastrana, e que esteve presente, e com uma estrutura para África denominada IDC.África, esta presidida pelo líder do MpD - Movimento para a Democracia de Cabo Verde, Ulisses Correia Silva, realizou dia 24 de fevereiro, uma conferência na sede da UCCLA-União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa, em Lisboa, que decorreu durante todo o dia e teve por título “Democracia em África”.

Estiveram ainda presentes partidos associados à IDC.África de todos os países africanos de língua oficial portuguesa e ainda do Burkina Faso, Madagáscar e Somália, e ainda da Hungria, para além de especialistas qualificados nos domínios das áreas do tema da conferência.

Entre participantes diretos e convidados estiveram presentes cerca de cem personalidades.

Permitimo-nos anexar o programa que serviu de base à Ordem de Trabalhos.

A UCCLA, enquanto associação intermunicipal internacional, em que todos os corpos gerentes são eleitos pela Assembleia Geral e atualmente presidida na Comissão Executiva pela cidade de Lisboa, que na conferência produziu uma intervenção do presidente Carlos Moedas, não podia deixar de corresponder à solicitação feita pelo presidente para África da IDC, Ulisses Correia Silva, atual Primeiro-ministro de Cabo Verde e líder do MpD para que a conferência tivesse lugar na sede da UCCLA, tanto mais que, para além do tema a tratar, o presidente do MpD quando foi presidente da Câmara da cidade da Praia representou este município como presidente da Comissão Executiva da UCCLA.

Os trabalhos desenvolveram-se com grande dinamismo e participação concluindo-se pela apresentação da Declaração de Lisboa.

Para além do programa anexam-se fotografias da conferência e a Declaração de Lisboa com que se encerraram os trabalhos.

Programa e Declaração de Lisboa aqui. UCCLA


 

Portugal - De Britto regressa, após quase dois anos, com "This is us"!

Depois do lançamento dos singles Vamos Fazer Barulho, Vais Voltar, Teus Lábios e Make Some Noise, este último com a participação do ícone colombiano Reykon e do rapper americano Twista, De Britto apresentou o seu álbum, intitulado “This Is Us”, que chegou a todas as plataformas digitais, assim como às lojas em formato físico, encontrando-se disponível nas principais lojas FNAC.

“This Is Us” tornou-se, no ano do seu lançamento, um dos álbuns nacionais com maior crescimento junto dos consumidores do Spotify e os seus temas rodaram em diversas rádios nacionais e internacionais.

Com um grande sucesso alcançado e após um período mais afastado da música, De Britto regressa agora para nos apresentar o videoclipe do tema que deu nome ao seu álbum, “This Is Us”. Assente num jogo de luzes e na dualidade luz e escuro, este trabalho pretende realçar a importância do ser-se fiel a si próprio e de sermos o que somos, sem filtros ou máscaras. Com vista a novos projetos, o artista surge para brindar o seu público com este trabalho e que antecederá o lançamento de outro projeto, no qual surge como convidado.

 O regresso de De Britto promete! A não perder! Leegend - Portugal 

Portugal – Cabo-verdiano Nhaba Kébra apresenta “Ecos da noite – delírios, devaneios e a própria loucura”

Lisboa – O autor do livro “Ecos da noite – delírios, devaneios e a própria loucura”, Nhaba Kébra, apresentou a obra esta sexta-feira, 24, em Lisboa, contando ainda com um recital poético e performance musical.

De acordo com o convite, a apresentação esteve a cargo de Carlos Mourão, Apolo de Carvalho e Neidy Cardoso, aconteceu no Centro Cultural de Cabo Verde (CCCV) e o recital poético e performance musical teve a presença de Nanny Lima, Heloisa Monteiro, Susana Ribeiro e Charlie Mourão, acompanhados por Bilocas e Tonecas.

“Ecos da noite – delírios, devaneios e a própria loucura”, conforme a organização, é o segundo de um par de livro “distintos, lavrados, contudo, no mesmo chão uterino”, fruto do “alter ego, Nhaba Kébra, um dissociado, luzógrafu de manifestação sonâmbula e inspiração sethânica”.

Segundo a mesma fonte, essa obra, tal como “Solitudi noturnu”, em Kabuverdianu, é a materialização em versos dos “noctívagos delírios do autor”, através de um conjunto de textos poéticos, onde as imagens, o ritmo e a cadência se fundem.

“Nhaba Kébra é uma irreverente segunda personalidade, de manifestação sonâmbula, expressão luzógrafu e inspiração sethânica que, na contramão, qual síndrome de Estocolmo, escreve na mesma língua cujos efeitos traumáticos de um seu ensino forçado, e à força, a terá originado”, explicou a organização.

O autor tem dois dos seus poemas publicados no Jornal Artiletra Nº 140, sendo que o “Ecos da noite – delírios, devaneios e a própria loucura”, é uma coletânea dos seus “desabafos, num teor combativo certo, porém na língua errada”.

Combate esse pela língua cabo-verdiana, pela cultura/identidade cabo-verdiana e africana, em suma, “pela libertação da indelével negrura” da alma”. In “Inforpress” – Cabo Verde

Biografia

Nascido das catacumbas das imposições coloniais na alma ferida da criança inocente que, cada vez mais conscientemente, se sentiria agredida e humilhada por estas mesmas imposições – neocoloniais no pós independência – Nhaba Kébra, um dissociado, ainda por exorcizar, recorre, por escrito, à língua portuguesa para manifestar-se – sua única e contraditória forma de expressão. Uma expressão que só se revelaria com o seu despertar nos primórdios da segunda década deste terceiro milénio, quiçá catapultada nos ciclos de momentos conturbados vividos pelo Djuntamon Afrikanu nesse mesmo período...

Com dois dos seus poemas publicados no Jornal Artilétra Nº 140, agora deu-se a estampa Ecos da Noite, uma coletânea dos seus desabafos, num teor combativo certo, porém na língua errada. Combate esse pela nossa língua de facto, a Língua Kabuverdianu, pela nossa cultura/identidade cabo-verdiana e africana, em suma, “pela libertação da indelével negrura da nossa alma”, que no seu acreditar deve deslanchar-se, ad aeternum, de todas as dependências neocoloniais, quais amarras, "o fator maior dos nossos atrasos".



Cabo Verde – Município do Sal contemplado com mais de uma centena de instrumentos musicais

 


Espargos – O município do Sal foi contemplado hoje com mais de uma centena de instrumentos musicais, fruto de uma parceria entre a Câmara Municipal do Sal e a Associação de Músicos Solidários sem Fronteiras, oriunda de Espanha.

A entrega formal do contentor de 20 pés, com cerca de 120 instrumentos de música, novos e usados, 20 partituras, 20 livros e 20 cadernos para ensino da música, aconteceu esta tarde, no Anfiteatro José Cabral, nos Espargos.

Recebida pela vereadora da Cultura da Câmara Municipal do Sal, Maria João Brito, dos instrumentos musicais, calculados em mais de três mil contos, destacam-se trompetes, trombones, violinos, violão, violoncelos, saxes, flautas, clarinetes, teclados, baterias, amplificadores, guitarras, entre outros tipos de instrumentos.

“A Associação de Músicos Solidários sem Fronteiras de Espanha realizou uma visita ao Sal, tendo gostado da ilha, e do que se tem feito a nível das escolas de música, nesta matéria, prontificaram-se em ajudar, apoiar no desenvolvimento dos projectos do ensino da música local”, conta a vereadora.

Segundo a responsável camarária, esta oferta resultou de recolhas de instrumentos musicais na Cidade de Vitória, em Espanha, favorecendo esse contentor de 20 pés, só em instrumentos musicais.

Maria João Brito disse que esta dádiva vai ser utilizada para o ensino da música, tanto na Escola de Arte Tututa como na Banda Municipal, mas também apoiar no ensino da música nas associações, escolas básicas e secundárias da ilha.

“Esta oferta é de extrema importância. Vai ser uma mais-valia, permitindo aumentar e diversificar muito mais o que já dispomos aqui na ilha. Há uma franja considerável de jovens interessados no ensino/aprendizagem da música, daí que esta oferta é, com certeza, de muita valia”, enfatizou. In “Inforpress” – Cabo Verde