Lisboa
– O retrato da mulher cabo-verdiana na labuta diária e as suas várias facetas é
tema de uma exposição do artista plástico Steve Espírito Santo, patente no Centro Cultural de Cabo Verde (CCCV) em Lisboa,
até 31 de Maio.
A
exposição com o nome “Mulher cabo-verdiana e seus ofícios” foi inaugurada na
noite desta sexta-feira, 25, no âmbito da programação “Março, mês da mulher”
que a CCCV e a Embaixada de Cabo Verde em Portugal organizam anualmente, mais
concretamente no âmbito da celebração do Dia da Mulher Cabo-verdiana, comemorado
a 27 de Março.
Em
declarações à Inforpress, Steve Espírito Santo, natural de Santa Cruz, interior
da ilha de Santiago, agora a residir em Portugal, contou que estava a pensar
nesta exposição desde o início de 2021, com o objectivo de retratar só as mulheres
cabo-verdianas e que depois de bater em várias portas, consegue agora expor no
CCCV.
“Fiz
um plano e agora estou aqui, no dia em que eu queria tanto apresentar o meu
trabalho, retratando as mulheres de Cabo Verde. Trouxe todas as memórias que
vejo na ilha de Santiago, desde mulheres a fazer trabalhos domésticos, mulheres
a divertirem-se, a cantar, ou seja, tudo o que acho que a mulher tem força de
expressão tentei colocar no meu trabalho”, explicou.
A
exposição apresenta uma colecção de 30 esculturas que retratam a mulher
cabo-verdiana na labuta diária, desempenhando inúmeras actividades de cariz
familiar, profissional ou lúdica.
As
várias facetas da mulher de Cabo Verde são esculpidas em materiais invulgares
como a palha de milho e a fibra de bananeira seca, matérias-primas que a
própria natureza oferece ao artista, permitindo-lhe materializar a sua visão da
mulher cabo-verdiana ao longo do tempo.
O
estilo do artista é único, porque quando começou a participar nas feiras de
artesanato constatou que muitos dos trabalhos apresentados eram idênticos,
resolveu então criar uma arte que identificasse o seu estilo e fosse
diferenciadora dos restantes trabalhos artesanais que via nas exposições.
Segundo Steve Espírito Santo, que está em Portugal a tentar fazer um curso de belas artes e criar um atelier para expôr a sua arte e dar formação para partilhar conhecimento, o seu próximo projecto é fazer uma exposição a 01 de Maio, para o Dia do Trabalhador, retratando, desta vez, “os ofícios dos homens”.
Presente
na inauguração da exposição esteve Nha Balila, “personalidade lendária da
cultura tradicional de Cabo Verde”, conforme o CCCV, que esteve à conversa com
Steve Espírito Santo abordando o tema do “papel tradicional da mulher de origem
cabo-verdiana”.
Isidora
Semedo Correia, mais conhecida por Nha Balila, com os seus magníficos 92 anos
de idade e uma mulher de “múltiplas vivências”, chegou a Portugal na sua
primeira viagem ao estrangeiro, sob os cuidados e patrocínio da Associação das
Mulheres Cabo-verdianas na Diáspora em Portugal (AMCDP), para participar nas
comemorações do Dia da Mulher Cabo-verdiana.
“Nha
Balila não vê com os olhos, só com o coração, mas também, seja homem ou mulher,
é o coração que representa uma pessoa, porque é ele que entende, que compreende
e que controla”, disse Nha Balila ao dirigir-se aos presentes, que ao seu
estilo, contou a sua infância e a sua luta, numa conversa que serviu para dar
conselhos tanto aos homens como às mulheres.
À
margem da inauguração da exposição, com “casa cheia” e que esteve também
presente Dino d’Santigo para homenagear Nha Balila, actuaram as batucadeiras do
grupo Freirianas Guerreiras. In “Inforpress” – Cabo Verde
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