Joaquim Coelho Ramos disse ao Jornal Tribuna de Macau que, nesta altura, a gestão de recursos humanos no IPOR “é muito complexa”, uma vez que muitos docentes estão a abandonar o território devido às restrições de viagem. O director cessante do IPOR adiantou que está a decorrer um concurso mas não se sabe se haverá candidatos. Ainda assim, tem esperança de que esta questão seja ultrapassada em conjunto com as autoridades. “O nosso objectivo último é, afinal, bastante transversal a toda a sociedade: contribuir para o desenvolvimento comunitário e para os esforços de formação contínua que a RAEM tem incentivado de forma constante e motivada”, sublinhou
A
questão dos recursos humanos no Instituto Português do Oriente (IPOR) continua
a ser “um problema grave”, sublinhou Joaquim Coelho Ramos ao Jornal Tribuna de Macau, apontando que não há forma de substituir os professores que estão a
abandonar o território. “Muitos docentes estão a deixar Macau, uma vez que têm
familiares que precisam de apoio em Portugal e as actuais condições de viagem
tornam essa dinâmica muito difícil ou impossível – tínhamos docentes com
ascendentes idosos que não iam a Portugal há três anos – e não há forma de os
substituir”, afirmou o director cessante da instituição.
O
corpo docente do IPOR é composto por professores de Portugal, do Interior da
China e de Macau, “todos altamente qualificados e com um nível académico mínimo
de mestrado (alguns com cursos complementares e a desenvolver estudos
conducentes ao doutoramento), mas neste momento já não há mais docentes
qualificados disponíveis na RAEM”, prosseguiu.
Joaquim
Coelho Ramos adiantou ainda que está a decorrer um concurso, mas é incerto se
haverá candidatos. “A gestão de recursos humanos é, nesta fase, muito complexa,
até porque temos responsabilidades de carácter pedagógico a cumprir junto de
instituições públicas, mas temos esperança de que, em conjunto com as
autoridades, seja possível ultrapassar esta questão. O nosso objectivo último
é, afinal, bastante transversal a toda a sociedade: contribuir para o
desenvolvimento comunitário e para os esforços de formação contínua que a RAEM
tem incentivado de forma constante e motivada”, acrescentou.
Sobre
se há novos planos a serem pensados para 2022, nomeadamente noutras
jurisdições, o director cessante do IPOR apontou que as indicações que há são
de continuação de medidas de contingência muito fortes no âmbito do combate à
covid-19: “Naturalmente que isso afecta o trabalho que o IPOR tem relativamente
a outras instituições fora de Macau”.
Joaquim
Coelho Ramos sublinhou depois que a instituição procura seguir “com muita
atenção” as orientações apontadas anualmente nas Linhas de Acção Governativa do
Executivo da RAEM, e que é sua “forte convicção” de que instituição tem
oportunidade de contribuir para o crescimento e diversificação socioeconómica de
Macau através do trabalho na área educativa, nomeadamente através da exportação
de projectos de formação pedagógica e linguística para outros países,
presencialmente ou à distância.
“Quando
o IPOR organiza uma acção de formação, quer no Interior da China, quer noutros
países da região, é claro que Macau vai sempre integrado no plano de trabalho,
quer através da utilização de imagens icónicas, quer através do recurso a
textos de autores locais, quer ainda divulgando iniciativas de carácter
cultural próprias da RAEM, que despertam sempre muito interesse nos formandos –
o que, indirectamente, acaba por ser um factor de atracção secundária para
projectos de turismo dos nossos formandos, individualmente, em família ou em
grupo”, explicou.
Assim,
prosseguiu, apesar de a planificação feita para 2022 ser “ainda cautelosa” em
termos de projectos externos, Joaquim Coelho Ramos está certo de que a evolução
da pandemia a nível internacional e o aumento das taxas de vacinação “vão
permitir uma normalização da vida a curto prazo, o que trará um ajustamento do
nosso trabalho à nova realidade, em benefício de todos”.
2021 findou com 4000 formandos
Segundo
o mesmo responsável, os dados relativos ao final de 2021 indicam que havia
cerca de 4000 formandos nos diversos cursos oferecidos. Destes, cerca de 1500
frequentam o Curso Geral de Língua Portuguesa, tendo havido um ligeiro aumento
em relação a 2020, de cerca de 15 formandos. Seguem-se as oficinas para
crianças e jovens, com cerca de 140 inscritos no ano passado.
Joaquim
Coelho Ramos deu ainda conta de que os cursos intensivos, que normalmente
decorrem durante o Verão, tiveram também “uma procura interessante” em 2021,
com mais de uma centena de inscritos. Os restantes alunos dividem-se entre
cursos para fins específicos, cursos intensivos, e cursos de actualização
científico-pedagógica para docentes.
Os
números mostram ainda que houve um crescimento pela procura de exames de
certificação disponibilizados pelo CAPLE/Universidade de Lisboa, de que o IPOR
é centro de aplicação de teses, que passou de 314 exames aplicados em 2020 para
408 em 2021.
Já
em relação aos cursos online, notou-se também uma tendência de crescimento,
concretamente nos cursos individuais ou direccionados a grupos muito pequenos.
Em 2020 esta modalidade teve uma procura de cerca de 980 horas, número que em
2021 subiu para mais de 1200 horas lectivas. Em regime exclusivamente online,
em tutorias individuais personalizadas, houve 23 alunos. Catarina Pereira –
Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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