Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

domingo, 13 de março de 2022

Luísa


 







Vamos aprender português, cantando

 

Luísa

 

Leva flores do Huambo na camisa

kilapanga na mão, não improvisa

sincroniza o seu peito com a batida

sem makas, ela dança sozinha

quando há escolhas ela fica indecisa

faz sentido como a história que pisa

não precisa de coro nem avisa

quando vence, ela dança sozinha

 

Tem nome de canção: Luísa

voz de voo de pensamento quando pousa no chão

essa voz que utilizas pra inventar

 

Nem te ocorra mudar

o que em ti é inquieto

o que em ti é falho e é belo porque é remendado

e o que é remendado nasceu

outra vez e nunca tem fim

nossa história é assim

voa que eu vou

 

Já contei que ela dança sozinha?

Amiga das plantas e da cozinha

não vacila, ela não poupa na estiga

sem makas, mas não curte uma briga

inventora de haikus e teorias

colecciona frascos de maresia

semeia uma pergunta por dia

colhe meia resposta vazia

 

Tem nome de canção: Luísa

voz de voo de pensamento quando pousa no chão

essa voz que utilizas pra inventar

 

Nem te ocorra mudar

o que em ti é inquieto

o que em ti é falho e é belo porque é remendado

e o que é remendado nasceu

outra vez e nunca tem fim

nossa história é assim

 

Nem te ocorra mudar

o que em ti é inquieto

o que em ti é falho e é belo porque é remendado

e o que é remendado nasceu

outra vez e nunca tem fim

nossa história é assim

voa que eu vou,

voa que eu vou, Luísa

 

Porque quando tu voas, Luísa

meu abismo se suaviza

e quando tu escreves, Luísa

meu corpo cicatriza

quando tu falas, Luísa

meu segredo se banaliza

é da tua palavra

que este mundo precisa.

 

Aline Frazão - Angola


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