A Rússia
abriu uma nova rota ferroviária de mercadorias com a China, através do
Cazaquistão, que permitirá a entrega de contentores em 18 dias, noticiou a
agência oficial russa TASS.
A
nova linha ligará a cidade de São Petersburgo, no Mar Báltico, a Shenzhen, uma
cidade do sul da China adjacente a Hong Kong, que estão separadas por mais de 7500
quilómetros.
“Organizámos
um serviço multimodal terrestre entre a China e a Rússia através do
Cazaquistão. Foi aberta uma nova rota com um tempo de entrega de contentores de
18 dias entre Shenzhen e São Petersburgo”, anunciou a empresa ferroviária
russa, citada pela TASS.
A
agência disse que um primeiro comboio com contentores com bens de consumo
partiu já este mês, sem precisar o dia, passando pelos postos fronteiriços de
Khorgos-Altynkol, entre a China e o Cazaquistão, e Semiglavy Mar-Ozinki, entre
este país e a Rússia.
No
futuro, a empresa pretende assegurar a entrega regular de mercadorias nesta
rota e enviar quatro comboios todos os meses, segundo a TASS.
A
empresa ferroviária russa organizou anteriormente um novo serviço de
contentores entre o terminal de Stupino, na região de Moscovo, e o porto de
Vanino, no território de Khabarovsk, no extremo oriental da Rússia junto à
fronteira com a província chinesa de Heilongjiang (nordeste).
As
infra-estruturas existentes nesta linha permitirão a circulação mensal de até
oito comboios de contentores.
A
TASS não indicou a data em que este serviço começou a funcionar, nem se as
novas rotas com a China vão contribuir para a Rússia enfrentar as sanções que
lhe foram impostas por ter invadido a Ucrânia, em 24 de fevereiro.
A
União Europeia (UE) e países como os Estados Unidos, o Reino Unido, o Japão ou
a Austrália decretaram duras sanções contra interesses russos que afetam
praticamente todos os setores da economia.
Na
segunda-feira, o conselheiro de segurança nacional norte-americano, Jake
Sullivan, advertiu a China de que terá um preço a pagar se ajudar a Rússia a
ultrapassar as sanções.
O
alerta foi transmitido por Sullivan durante uma reunião, em Roma, com uma
delegação chinesa liderada pelo chefe do gabinete do Partido Comunista da China
para os Assuntos Externos, Yang Jiechi.
A
posição ambígua da China em relação à invasão da Ucrânia foi contestada esta
semana pelo académico e analista Hu Wei, que defendeu que Pequim deve “abdicar
da neutralidade e escolher a posição dominante no mundo”.
“A
China só pode salvaguardar os seus próprios interesses ao escolher o menor de
dois males, afastando-se da Rússia o mais rápido possível”, escreveu Hu, que é
vice-presidente do Centro de Pesquisa de Políticas Públicas do Gabinete do
Conselho de Estado.
A
primeira ligação ferroviária para transporte de carga entre a Rússia e a China
foi inaugurada em 2013, com destino final em Almati, a maior cidade do
Cazaquistão.
Nos
últimos anos, novas vias passaram a incluir o resto da Ásia Central, Médio
Oriente e a região do Cáucaso, com paragem final na Alemanha, Polónia, Bélgica
ou Espanha.
O
percurso entre o centro da China e a Europa leva 12 dias a ser percorrido. É um
terço do tempo necessário por via marítima, mas que também acarreta
habitualmente mais custos.
Durante
a pandemia de covid-19, porém, o preço do transporte por navio entre a China e
a Europa quase quadruplicou, devido à escassez de contentores, atingindo
valores recorde.
O
comércio entre a China e a Rússia subiu 35,9%, em 2021, em termos homólogos,
para um valor recorde de 146,9 mil milhões de dólares, segundo dados da
Administração Geral das Alfândegas da China.
A
Rússia é um importante fornecedor de petróleo, gás, carvão e bens agrícolas,
beneficiando de um superavit comercial com a China.
Desde
que sanções contra a Rússia foram impostas, em 2014, depois da anexação da
Crimeia, o comércio bilateral entre Pequim e Moscovo cresceu mais de 50%. A
China tornou-se o maior destino das exportações da Rússia. In “Hoje
Macau” - Macau
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