O militar
e investigador Luís Bernardino afirmou que a China está a aumentar a sua
presença na defesa e segurança em África, com “uma estratégia muito mais activa
e dinâmica”, actuando a nível bilateral, mas também das organizações.
“Há
uma combinação de factores que nos levam a considerar que há uma estratégia
mais activa para a presença chinesa em África na área da segurança e da
defesa”, disse Luís Bernardino na 2.ª sessão das Conferências de Primavera
2022, promovida pelo Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), evento
dedicado à China, que decorre presencialmente e via ‘online’.
Esta
estratégia que se desenvolve a nível bilateral e multilateral, ou seja, através
de parcerias com os países, mas também “de uma maior intervenção ao nível das
organizações, “nomeadamente dos Fóruns de Segurança da União Africana” e também
da “presença em missões das Nações Unidas com maior visibilidade e maior
impacto” nos países de África, na opinião do investigador do Centro de Estudos
Internacionais (CEI) do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa já está a
produzir os seus efeitos.
Deste
modo, “é uma estratégia de baixo custo, baixo risco e alto rendimento, mas num
quadro maior, com outras dinâmicas e outras dimensões, projetando aquilo que
são os interesses chineses em África e como actor global”, reforçou.
Aposta no Djibuti
Luís
Bernardino recordou que “em termos de segurança, a primeira base militar fora
do espaço chinês com alguma relevância global foi [criada] no Djibuti”, mas
hoje essa base “tem uma dinâmica crescente significativa e é a partir daí que
se projecta o poder e influência [da China] para todo o resto do continente
africano”.
Para
o especialista em defesa, há um factor determinante para esta “mudança
significativa”, é que os interesses económicos chineses, “essencialmente
ligados à exploração dos minérios no continente africano”, cuja segurança era
feita através dos países africanos onde estavam instalados “começou a correr
mal, isto é, começaram a acontecer raptos e incidentes”.
“Começamos
a ver uma presença maior militar chinesa, não só em termos da defesa dos
interesses chineses, actuando muito à força de ‘companhias privadas’, porque
são patrocinadas pela China, e inclusivamente grande parte dos militares que
participam nestas empresas são das forças Armadas chinesas, que passaram à
reserva, – porque [o país] tem reservas na ordem dos 10 a 12 milhões de
militares – e que são destacados para estas operações, nomeadamente no
continente africano”, acrescentou.
Através
destas empresas de segurança, a China garante não só a segurança das suas
explorações dos recursos no continente africano, mas também consegue
“incrementar uma economia de Defesa”. In “Hoje Macau” - Macau
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