Inspirados nos `tuk-tuk`, mas adaptados à realidade angolana, os triciclos Baza Baza circulam desde 2021 em alguns países africanos e podem vir, em breve, a percorrer as estradas portuguesas, transportando turistas no Algarve
Bruno
Pegado, o fundador da marca, estudou gestão empresarial mas assume-se como um
apaixonado por motores e foi nesta indústria que quis concretizar os seus
sonhos, tendo desenvolvido já vários modelos de veículos, entre os quais os Baza
Baza.
"Cruzei
indústria com os motores, não podia dar melhor", disse à Lusa o empresário
que criou a Pegado Motors em 2008.
Associado
a parceiros chineses, começou por produzir bicicletas, motociclos e carros de
praia e, em 2014, quis avançar com a produção de automóveis ligeiros de
passageiros, um projecto que ficou parado por falta de financiamento e levou o
empreendedor em busca de novos caminhos, que o levaram ao Baza Baza.
Os
triciclos são montados em Angola, numa pequena unidade nos arredores de Luanda,
e Bruno Pegado espera com este projecto atender a dois problemas: resolver a
falta de mobilidade dos angolanos, devido à insuficiência de transportes
públicos, e contribuir para a criação de emprego.
Estes
equipamentos automotivos, explica, foram concebidos para ajudar na mobilidade,
transporte de passageiros e de mercadoria, e foram adaptados à realidade
angolana com reforços extra em termos de suspensão, refrigeração e um motor de
250 centímetros cúbicos para poder suportar o peso de oito passageiros.
"O
nosso foco é o auto-emprego em Angola", garante Bruno Pegado, salientando
que o produto permite flexibilidade, já que o chassis foi alargado e desenhado
para se adaptar a 12 modelos.
Assim,
os Baza Baza podem transportar até oito passageiros, mercadorias, frescos e
servir de loja móvel ou apoio a profissionais que prestem serviço ao domicílio,
como por exemplo técnicos de ar condicionado, mecânicos e canalizadores, ou ser
convertidos em mini-ambulâncias.
"A
grande vantagem é que conseguimos ser criativos, se nos pedirem um determinado
veículo nós desenvolvemos", reforça.
Com
vendas iniciadas no ano passado na República Democrática do Congo e na
Tanzânia, e um contentor pronto a partir para o Uganda, o empresário espera ver
os Baza Baza a circularem já no próximo mês em Angola, estando apenas a
aguardar as matrículas para disponibilizar os primeiros ‘test driv’.
Embora
estejam direccionados para responder à procura dos mercados africanos - e não
só angolanos - Bruno Pegado acredita também no potencial do veículo para os
países europeus e tem estado a dialogar com um investidor português.
"Fomos
contactados através das redes sociais por um cidadão português que mostrou
bastante interesse em poder ter o Baza Baza na zona turística do Algarve e
igualmente ter uma linha de montagem no Algarve, com possibilidade para
fornecer outros países da Europa", declarou à Lusa.
"Estamos
a trabalhar sobre esta oportunidade e acreditamos que nos próprios meses
teremos novidade neste quesito", adiantou.
O
empresário, no entanto, não quer revelar o nome do potencial parceiro do sector
turístico, que pode abrir portas para outros mercados.
"Sabemos
que o Algarve é uma das áreas mais turísticas de Portugal e acredito que boa
parte da Europa vai poder andar num Baza Baza", sugere.
Todo
o material é proveniente da China e cada veículo demora entre quatro a cinco
horas para ser montado em Angola, num processo quase artesanal.
"Trazemos
tudo desmontado e fazemos a fase final da montagem aqui em Angola. Cada Baza
Baza custa cerca de 3500 dólares [3100 euros] até chegar ao porto de Luanda e,
pelo menos, mais mil [888 euros] até ficar pronto a entregar", revela
Bruno Pegado, na fábrica onde investiu já 380 mil dólares (338 mil euros).
A
unidade emprega 12 pessoas e tem uma capacidade de montagem de dois veículos
por dia, mas o empresário tem objectivos mais ambiciosos:
"Esperamos,
até ao próximo ano, com as vendas, que possamos crescer e tornar a nossa linha
de montagem cada vez mais automatizada, no sentido de aumentar a nossa
capacidade de produção".
Se
houver necessidade de responder a uma grande encomenda, Bruno Pegado afirma
estar preparado, com ajuda dos fornecedores chineses, mas o objectivo é
produzir e exportar a partir de Angola, onde o empreendedor espera conseguir
acesso ao crédito que lhe permita aumentar a capacidade da linha de montagem
para 40 unidades.
No
Waco Kungo (Cuanza Sul) tem também já disponível um terreno com alvará
industrial onde espera desenvolver, no futuro, um polo industrial com uma linha
automatizada que permita produzir 500 triciclos por dia.
"Os
parceiros que tenho na China valorizam as ideias e põem em prática, nós, aqui
em África, é complicado", desabafa, a propósito das dificuldades que tem
encontrado para obtenção de financiamento.
"Um
dos factores era ser um jovem angolano e não ter robustez financeira",
justifica, garantindo empenho na "luta para mostrar à banca e aos investidores"
a sua real capacidade e poder dar o passo seguinte.
Para
já, o objectivo é chegar ao final do ano com 500 Baza Baza a circular em todo o
país. In “Novo Jornal” - Angola
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