A
coordenadora do Jardim de Infância Costa Nunes considera que a grande maioria
das famílias chineses optam por este modo porque olham para o português como
uma vantagem futura. Bárbara Maria Carmo explicou à Lusa que a instituição tem
cerca de dois terços de crianças chinesas no pré-escolar, porque “o
conhecimento do português pode ser um valor acrescentado no futuro” “A maioria dos
pais não nativos de língua portuguesa procura na nossa escola uma educação
baseada numa aprendizagem mais lúdica, numa perspetiva mais criativa e com
maior liberdade de expressão”, acrescentou.
Para
Bárbara Carmo, há muitos desafios no ensino de estudantes não nativos de língua
portuguesa, mas o maior deles é a barreira linguística. “Temos muitas famílias
que não falam português ou inglês, pelo que por vezes pode ser muito desafiante
e temos de usar muitos recursos para nos fazer compreender”, indicou. A
responsável do Costa Nunes, com 287 alunos de várias nacionalidades, notou que
“as diferenças culturais também podem ser um desafio, mas a fusão de duas
culturas é muito enriquecedora”. Em contraste, na Escola Primária Luso-Chinesa
da Flora, apenas perto de 10% dos alunos portugueses estão inscritos nas
secções bilingue e chinesa, contra mais de 90% dos alunos portugueses estão
inscritos na secção portuguesa, de acordo com uma resposta escrita do
estabelecimento de ensino enviada à Lusa.
A
escola tem 80 alunos de nacionalidade portuguesa. A Direcção dos Serviços de
Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) referiu à Lusa que para os
falantes nativos de português, o estudo da língua chinesa é mais difícil ao
nível da escrita e da leitura. “Ao longo dos anos, alunos de diferentes línguas
maternas têm sido matriculados em escolas do setor público. A experiência
mostra que os estudantes cuja língua materna não é o chinês têm mais
dificuldade em aprender chinês na leitura e na escrita do que em ouvir e
falar”, indicou fonte da DSEDJ. Bárbara Carmo explicou que as diferenças na
cultura e nos sons das línguas são tantas que a adaptação leva muito tempo. “É
muito comum que as crianças passem uma fase de silêncio e apenas alguns meses
depois comecem a dizer algumas palavras em português”, sublinhou. “Podemos ver
uma melhoria diariamente, porque podemos observar que as crianças compreendem
as frases de comando sem necessidade de as repetir em inglês. Dia após dia,
podemos ver que as crianças estão mais à vontade com a língua portuguesa e é aí
que o processo começa”, acrescentou. In “Ponto Final” - Macau
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