O responsável das Nações Unidas em Timor-Leste apelou ontem a que os timorenses participem massivamente nas eleições presidenciais de 19 de Março, destacando o elevado número de jovens eleitores
“Independentemente
das opiniões que cada um tenha, é importante que quem for elegível para votar o
faça. No exercício do direito democrático de voto, é igualmente importante que
respeitem os direitos uns dos outros e as opiniões diversas”, disse Roy Trivedy
num artigo publicado. “As eleições pacíficas são vitais para a
democracia. E, qualquer que seja o resultado final, é evidente que qualquer
candidato que ganhe, desempenhará um papel vital na formação da próxima fase do
desenvolvimento do país”, sublinhou.
O
artigo foi publicado dias antes do arranque da campanha para as presidenciais
mais concorridas de sempre, com 16 candidatos, entre os quais os mais jovens de
sempre. Destacando a “emoção crescente” que se sente no país em torno ao voto,
Trivedy recordou que o voto ocorre no contexto de pandemia e no ano em que
Timor-Leste celebra o 20º aniversário desde a restauração da independência.
Trivedy saudou a tradição de “organização de eleições bem geridas, livres e
justas” que Timor-Leste construi nas últimas duas décadas com o país a manter o
compromisso de “eleições transparentes e inclusivas”.
Além
da pandemia, Trivedy referiu-se ao potencial impacto que a época das chuvas e
os danos em infraestruturas possam ter na participação de eleitores. E destacou
ainda aspectos “interessantes” do voto deste ano, nomeadamente a entrada nos
cadernos eleitorais de “cerca de 200 mil jovens” que vão votar pela primeira
vez
“Com
muitos mulheres e homens jovens a votar desta vez, como vão escolher votar?
Será que os eleitores procurarão votar em candidatos que possam responder às
preocupações da sua geração, como a educação e o emprego? Como é que os meios
de comunicação social, incluindo as redes sociais, influenciarão os eleitores
pela primeira vez?”, questionou. Trivedy referiu-se ainda à participação de
mulheres, com quatro mulheres entre os 16 candidatos, o maior número de sempre.
O
impacto de filiações partidárias nos padrões de votação, experiência anterior
de alguns candidatos e as possíveis divisões geográficas dos votos são,
escreveu, outros aspetos “interessantes” a considerar. A campanha eleitoral
começa na quarta-feira e as eleições ocorrem a 19 de Março.
Candidatos e representantes assinam pacto antes das
presidenciais
Os
candidatos às eleições presidenciais timorenses, e em alguns casos
representantes, assinaram ontem um pacto em que se comprometem a realizar
eleições pacificas e a promover a paz e a unidade no país. O pacto, promovido
pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), compromete os 16 candidatos às
eleições, as mais concorridas de sempre, a cumprir a Constituição e as leis e a
“respeitar os principais universais” da campanha, que arranca na quarta-feira.
“Promover
os direitos humanos e a igualdade de género” e “promover o diálogo em prol da
paz, estabilidade e unidade nacional para o desenvolvimento” do país, são
outros compromissos assumidos. Finalmente, os candidatos comprometeram-se a respeitar
o resultado das eleições, cuja primeira volta decorre a 19 de março.
A
assinatura ocorreu depois de uma cerimónia com chefes tradicionais de todos os
municípios do país e da Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno
(RAEOA), da qual estiveram ausentes seis dos 16 candidatos. Já na recta final e
minutos antes da assinatura chegaram dois candidatos, Lere Anan Timur e José
Ramos-Horta.
Três
candidatos estiveram representados na cerimónia e na assinatura, nomeadamente
Isabel Ferreira, Armanda Berta dos Santos e Mariano Assanami Sabino, estando
ausente Antero Benedito da Silva, que não enviou representante. Os candidatos
ou os representantes juraram, em voz alta, cumprir o pacto, antes de assinarem
o documento que foi igualmente assinado pelo presidente da CNE, José Belo.
“Alguns
candidatos disseram que não podiam estar presentes devido a outras questões
urgentes”, disse à Lusa José Belo, que saudou o compromisso dos candidatos numa
eleição pacífica.
Antes
do pacto, teve lugar uma cerimónia com os ‘lian nain’ [os tradicionais ‘donos
da palavra’] de todos os municípios e da RAEOA, na sede da CNE, em Díli, depois
de cerimónias idênticas, em maior ou menor escala em todo o país.
As
cerimónias decorreram no salão Lalini-Lariguto, com o mesmo nome da zona na
região de Viqueque, na ponta leste de Timor-Leste, com um significado especial
na história da resistência. Ali, a resistência, liderada por Xanana Gusmão, e
os ocupantes indonésios realizaram negociações, que levaram ao cessar-fogo de
1993. In “Ponto Final” - Macau
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