Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 2 de março de 2022

Timor-Leste - ONU pede participação elevada nas eleições presidenciais

O responsável das Nações Unidas em Timor-Leste apelou ontem a que os timorenses participem massivamente nas eleições presidenciais de 19 de Março, destacando o elevado número de jovens eleitores

“Independentemente das opiniões que cada um tenha, é importante que quem for elegível para votar o faça. No exercício do direito democrático de voto, é igualmente importante que respeitem os direitos uns dos outros e as opiniões diversas”, disse Roy Trivedy num artigo publicado. “As eleições pacíficas são vitais para a democracia. E, qualquer que seja o resultado final, é evidente que qualquer candidato que ganhe, desempenhará um papel vital na formação da próxima fase do desenvolvimento do país”, sublinhou.

O artigo foi publicado dias antes do arranque da campanha para as presidenciais mais concorridas de sempre, com 16 candidatos, entre os quais os mais jovens de sempre. Destacando a “emoção crescente” que se sente no país em torno ao voto, Trivedy recordou que o voto ocorre no contexto de pandemia e no ano em que Timor-Leste celebra o 20º aniversário desde a restauração da independência. Trivedy saudou a tradição de “organização de eleições bem geridas, livres e justas” que Timor-Leste construi nas últimas duas décadas com o país a manter o compromisso de “eleições transparentes e inclusivas”.

Além da pandemia, Trivedy referiu-se ao potencial impacto que a época das chuvas e os danos em infraestruturas possam ter na participação de eleitores. E destacou ainda aspectos “interessantes” do voto deste ano, nomeadamente a entrada nos cadernos eleitorais de “cerca de 200 mil jovens” que vão votar pela primeira vez

“Com muitos mulheres e homens jovens a votar desta vez, como vão escolher votar? Será que os eleitores procurarão votar em candidatos que possam responder às preocupações da sua geração, como a educação e o emprego? Como é que os meios de comunicação social, incluindo as redes sociais, influenciarão os eleitores pela primeira vez?”, questionou. Trivedy referiu-se ainda à participação de mulheres, com quatro mulheres entre os 16 candidatos, o maior número de sempre.

O impacto de filiações partidárias nos padrões de votação, experiência anterior de alguns candidatos e as possíveis divisões geográficas dos votos são, escreveu, outros aspetos “interessantes” a considerar. A campanha eleitoral começa na quarta-feira e as eleições ocorrem a 19 de Março.

Candidatos e representantes assinam pacto antes das presidenciais

Os candidatos às eleições presidenciais timorenses, e em alguns casos representantes, assinaram ontem um pacto em que se comprometem a realizar eleições pacificas e a promover a paz e a unidade no país. O pacto, promovido pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), compromete os 16 candidatos às eleições, as mais concorridas de sempre, a cumprir a Constituição e as leis e a “respeitar os principais universais” da campanha, que arranca na quarta-feira.

“Promover os direitos humanos e a igualdade de género” e “promover o diálogo em prol da paz, estabilidade e unidade nacional para o desenvolvimento” do país, são outros compromissos assumidos. Finalmente, os candidatos comprometeram-se a respeitar o resultado das eleições, cuja primeira volta decorre a 19 de março.

A assinatura ocorreu depois de uma cerimónia com chefes tradicionais de todos os municípios do país e da Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA), da qual estiveram ausentes seis dos 16 candidatos. Já na recta final e minutos antes da assinatura chegaram dois candidatos, Lere Anan Timur e José Ramos-Horta.

Três candidatos estiveram representados na cerimónia e na assinatura, nomeadamente Isabel Ferreira, Armanda Berta dos Santos e Mariano Assanami Sabino, estando ausente Antero Benedito da Silva, que não enviou representante. Os candidatos ou os representantes juraram, em voz alta, cumprir o pacto, antes de assinarem o documento que foi igualmente assinado pelo presidente da CNE, José Belo.

“Alguns candidatos disseram que não podiam estar presentes devido a outras questões urgentes”, disse à Lusa José Belo, que saudou o compromisso dos candidatos numa eleição pacífica.

Antes do pacto, teve lugar uma cerimónia com os ‘lian nain’ [os tradicionais ‘donos da palavra’] de todos os municípios e da RAEOA, na sede da CNE, em Díli, depois de cerimónias idênticas, em maior ou menor escala em todo o país.

As cerimónias decorreram no salão Lalini-Lariguto, com o mesmo nome da zona na região de Viqueque, na ponta leste de Timor-Leste, com um significado especial na história da resistência. Ali, a resistência, liderada por Xanana Gusmão, e os ocupantes indonésios realizaram negociações, que levaram ao cessar-fogo de 1993. In “Ponto Final” - Macau


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