Utilizar
na escrita o nh é uma tomada de postura por um galego mais nosso e mais irmão
do português, frente ao ñ de Espanha, que assimila o galego ao castelhano. Mas
há uma palavra fundamental que me parece um verdadeiro símbolo da identidade do
galego e dos galegos: Galiza.
Segue
a manter-se o debate sobre qual é a forma correta do nome da nossa nação:
Galiza ou Galicia. Eu mesmo tive que padecer em tempos a imposição da segunda
em algumas das minhas publicações, apesar de ter assinado o apoio à primeira. A
decisão salomónica dos últimos tempos é que ambas as formas são “galegas”,
corretas e legítimas. Mas isto não faz verdadeira justiça ao nome.
De
novo, a postura defendida por A. López Carreira num trabalho recente semelha
clara: “En canto ao nome do país, de entre as varias grafías xa existentes
impúxose, por propia evolución, a de ‘Galicia’, e así se recoñecía como nosa en
toda parte” (“Máis Galicia”, Sermos Galiza).
Contrariamente,
como bem diz Martinho Montero Santalha num artigo de há mais de dez anos:
“Galiza é a forma [galego-]portuguesa, mantida em Portugal desde os inícios da
língua escrita (s. XIII) até hoje; enquanto Galicia é a forma atual castelhana,
usual também na fala da Galiza desde há tempo… A oposição Galiza / Galicia é só
um caso particular do confronto geral entre duas conceções da língua da Galiza
e do seu futuro”; ou integrar-se com o português ou uma submissão ao castelhano
(“O nome da Galiza”, Boletim da Academia Galega da Língua Portuguesa). No seu
trabalho defende-se que Galiza é a forma que deve ser normativa: a) porque –com
argumentos filológicos– Galiza é a forma genuína da nossa língua, enquanto
Galicia é um castelhanismo difundido em tempos modernos; b) porque Galiza é a
forma que se emprega no restante âmbito internacional da língua.
Galiza
–como escreviam Castelao, Viqueira e as Irmandades– é a forma genuína do nome
do país na nossa língua, Galicia é um castelhanismo. Não é só uma questão
linguística e histórica, mas política. Não é de estranhar que o último slogan
do PP fora: “Galicia, Galicia, Galicia”… Victorino Prieto – Galiza in “Portal
Galego da Língua”
Victorino Pérez Prieto - (Hospital de Órbigo-León, 1954) é professor de
universidade reformado, escritor, teólogo e pensador. Especialista em temas de
cultura galega; em particular na Geraçom "Nós" e Prisciliano. Também
em Raimon Panikkar, sobre quem fez as Teses de Doutoramento em Filosofia (USC)
e Teologia (UPSA). Colaborador habitual em jornais (atualmente em Nós Diario) e
revistas galegas (Encrucillada, Grial, A Nosa Terra...) e internacionais
(Iglesia viva, Dialogal, Theologica Xaveriana, CIRPIT review, Complessitá...).
Publicou mais de vinte livros individuais (A geraçom "Nós", Do teu
verdor cinguido, Contra a síndrome N.N.A.Unha aposta pola esperanza, Más allá
de la fragmentación de la teología el saber y la vida. Raimon Panikkar,
Prisciliano na cultura galega, Prisciliano. Um cristâo livre, La búsqueda de la
armonía en la diversidad...). E mais de cinquenta em colaboraçom (Diccionario
Enciclopedia do Pensamento Galego, O Pensamento Luso-Galaico-Brasileiro
1850-2000, Galegos Universais...).
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