Bissau
– O líder da Plataforma dos Movimentos Sociais da Guiné-Bissau, espaço que
reagrupa 15 organizações, questionou o papel da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP) e de Portugal “perante a crise política” no país.
Em
conferência de imprensa, no largo dos Mártires de Pindjiguiti, em Bissau,
Germilde Malaca questionou se a organização lusófona e Portugal “vão continuar
sem dizer nada” perante o que afirmou serem “ondas de raptos, espancamentos e
proibições” no país.
Ladeado
por líderes de organizações que compõem a Plataforma de Movimentos Sociais,
Germilde Malaca defendeu que a Guiné-Bissau, sendo parte da CPLP, não pode ser
vista “como uma ilha” no cumprimento de normas internacionais, observou.
“Esta
comunidade é regida por um conjunto de princípios, valores e regras que vigoram
num Estado de Direito democrático. Então não podem ficar aí a assistir a essas
barbaridades que estão a acontecer no nosso país como se nada fosse”, afirmou
Malaca.
O
activista considerou ainda que a CPLP deve condenar os espancamentos, raptos de
cidadãos, bem como a proibição de liberdade de reunião por parte de partidos
políticos, sob pena de ser rotulada de incoerente.
“Tem
de intervir porque nós pertencemos a essa comunidade, falamos a mesma língua,
porque uma comunidade, no conceito mais amplo, é onde as pessoas partilham a
mesma comunicação, partilham o mesmo sentimento e se o país continuar nesse
ritmo então nós vamos chamar à responsabilidade a comunidade internacional pela
sua incoerência, pela sua passividade em assistir a atrocidades, raptos,
espancamentos de cidadãos à luz do dia sem a mínima intervenção e condenação”,
disse Germilde Malaca.
O
líder da PMS questionou também se Portugal “vai continuar com a sua
passividade” perante o que diz serem ilegalidades na Guiné-Bissau ou vai tomar
uma posição “como tem feito nos outros países”.
Questionado
sobre se Portugal pode fazer algo no actual cenário político da Guiné-Bissau,
sem ser acusado de ingerência nos assuntos internos, Germilde Malaca disse que
os portugueses “são vizinhos” dos guineenses e antiga colónia.
“Portugal
como é um país a que nós pertencemos em termos da colonização pode fazer algo.
Não pode continuar a ficar equidistante a usar uma política, entre aspas,
obscura, digo entre aspas, até com possibilidade de apadrinhar certas atitudes
que não correspondem com a legalidade”, observou Malaca.
A
nível interno, o activista instou as autoridades, nomeadamente Polícia
Judiciária e Ministério Público e o Ministério do Interior (que coordena as
polícias) a pararem com as ondas de raptos e espancamentos de cidadãos e ainda
a descobrirem os atores daqueles actos.
Nos
últimos dias, pelo menos dois activistas políticos foram raptados e espancados
por pessoas desconhecidas.
Os
dois activistas, Sana Cante e Simão Seidi, são ligados ao Partido Africano da
Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) que tem a sua sede ocupada pela
polícia, impedindo a entrada de militantes, na sequência de uma ordem judicial
que o partido diz ser ilegal. In “Inforpress” – Cabo Verde com “Lusa”
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