Um grupo de escuteiros portugueses em Joanesburgo resgatou um Padrão dos Descobrimentos com 40 anos, abandonado num jardim municipal, devido à elevada insegurança e degradação que afeta o bairro de La Rochelle, mas as autoridades negam ter conhecimento da iniciativa
“Aconteceu
porque está abandonado e desprezado, e desde 2012 nós temos estado em conversas
com o City Council [Câmara Municipal] para removê-lo, e deram-nos a autorização
agora e mudámo-lo”, declarou à Lusa Amândio Cordeiro, presidente do 1º Grupo de
Escuteiros de São Jorge.
“O
Padrão vai ser renovado, vamos repor as placas e vamos pô-lo lá nas nossas
instalações onde está bem guardado”, vincou.
Amândio
Cordeiro explicou à Lusa que a estrutura está agora na sede dos escuteiros na
coletividade Luso África, em Germiston, a cerca de 20 quilómetros do parque
municipal onde foi erguido pela comunidade em 1982.
A
mesma fonte referiu que a remoção do monumento histórico, considerado pela
imprensa comunitária local como “o símbolo de portugalidade na Cidade do Ouro”,
foi autorizada por escrito “há duas semanas” pela autarquia de Joanesburgo, sem
avançar mais detalhes.
“Nós
falamos com o consulado [Consulado-Geral de Portugal em Joanesburgo] há anos e
nada foi feito”, frisou ainda o líder dos escuteiros lusodescendente,
acrescentando que “o consulado disse que era melhor removê-lo para lugar mais
seguro, mas acabou aí, nada mais foi feito e nada mais foi dito”.
Desde
2012, referiu Amândio Cordeiro, os escuteiros “têm tentado remover o Padrão,
obter as autorizações do Governo”, acrescentando: “Falámos com vários clubes,
com os líderes lusos, com muita gente, tudo isto começou com o meu antecessor”.
Segundo
Amândio Cordeiro, a “única” pessoa que zelava pelo Padrão no parque municipal
em La Rochelle “era o senhor Braga, que o colocou, e que já faleceu”.
“Nós
falámos com o filho do senhor Braga e ele deu-nos a autorização de removê-lo. O
nome dele era Miguel e faleceu há dois anos”, adiantou.
Questionado
pela Lusa se a direção do Luso África autorizou receber o monumento histórico
no seu recinto, o líder dos escuteiros salientou: “Isso foi pedido, mas a
direção não sabe quando é que o padrão foi retirado”.
Todavia,
à Lusa, o dirigente associativo do Luso África, Joaquim Melo, escusou-se a
comentar a iniciativa dos escuteiros, afirmando: “Para mim também é notícia”.
A
cônsul-geral, Graça Fonseca, referiu à Lusa que “o Consulado-Geral em
Joanesburgo não deu autorização ao agrupamento de escuteiros 1 São Jorge para
remover a dita réplica do Padrão dos Descobrimentos que se encontrava no Parque
Portugal, em La Rochelle”, sem avançar detalhes.
Contactada
pela Lusa, a Câmara Municipal de Joanesburgo mostrou-se surpreendida com a
mudança do Padrão português do parque municipal de La Rochelle.
“É
a primeira vez que ouvimos sobre a mudança do monumento”, disse o diretor
adjunto do departamento das Artes, Cultura e Património da autarquia
sul-africana, Eric Itzkin, em reposta a um pedido de esclarecimento da Lusa.
“Não
foi recebido um pedido de realocação do 1º Grupo Escuteiros de São Jorge, e a
mudança não foi aprovada ou autorizada pelo nosso departamento”, salientou.
Eric
Itzkin, que é o responsável pelo Património Imovível no município de
Joanesburgo, a capital económica do país, sublinhou que “também não foi
concedida autorização pelo Johannesburg City Parks [entidade responsável pela
manutenção dos jardins e parques públicos]”.
Por
seu lado, o conselheiro português na área consular de Joanesburgo, Vasco Pinto
de Abreu, referiu à Lusa que a iniciativa dos escuteiros reflete a necessidade
“urgente” de a comunidade portuguesa salvaguardar a memória coletiva e o seu
património na África do Sul. In “Bom dia Europa” – Luxemburgo com “Lusa”
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