A inteligência artificial está a ajudar os médicos do IPO do Porto a detetarem pólipos de vários tamanhos e formas em colonoscopias a doentes com síndrome de Lynch, a causa mais frequente de cancro colorretal. O estudo acaba de receber um prémio europeu
O Instituto
Português de Oncologia (IPO) do Porto foi um dos oito premiados a nível europeu
e único em Portugal com o Prémio de Pesquisa ESGE Medtronic.
A
distinção foi anunciada no mês de sensibilização contra o cancro do intestino.
O
estudo “Accuracy of Artificial Intelligence-based Colonoscopy in Lynch
Syndrome: when you should never miss an adenoma” é mais um exemplo de como a inteligência
artificial pode ser útil na Medicina, ajudando a detetar o que escapa ao olho
humano e permitindo diagnósticos mais precoces.
A
investigação visa determinar a sensibilidade da colonoscopia assistida por
inteligência artificial em doentes com síndrome de Lynch.
Para
realizar o estudo, a unidade recebeu dois sistemas de inteligência artificial
que detetam automaticamente e em tempo real pólipos de vários tamanhos, formas
e morfologias.
“É
com muito orgulho que recebemos esta distinção que vem destacar o papel do IPO
do Porto enquanto instituição de saúde que investe em métodos de diagnóstico
mais precisos, de forma a diagnosticar doenças neoplásicas em fases mais
precoces e assim conseguir tratar com mais eficácia”, afirma Mário Dinis
Ribeiro, diretor do Serviço de Gastrenterologia do IPO Porto, citado em
comunicado de imprensa.
O
estudo incidiu sobre a Síndrome de Lynch, doença causada por mutações nos genes
de reparação do ADN que é a causa mais frequente de cancro colorretal
hereditário.
Nestes
doentes, os pólipos (adenomas) têm uma maior probabilidade de apresentarem
características de alto risco e representam uma progressão mais rápida para cancro.
Por isso, é importante minimizar os pólipos potencialmente não identificados na
colonoscopia de rastreio.
“O
estudo, que foi iniciado em fevereiro de 2021 e tem o fim previsto para o final
do ano de 2022, inclui cerca de 65 doentes. Neste grupo de doentes, os sistemas
baseados em inteligência artificial podem ser particularmente úteis em diminuir
os missings da colonoscopia e consequentemente diminuir as neoplasias de
intervalo”, explica Cláudia Pinto, autora do estudo, no mesmo comunicado.
De
acordo com a nota de imprensa, o sistema de diagnóstico utilizado no estudo é o
primeiro e único sistema de deteção computadorizado disponível no mercado que utiliza
a inteligência artificial para identificar adenomas durante a colonoscopia de rotina.
“É
treinado pela revisão de mais de 13 milhões de imagens de pólipos de várias formas
e tamanhos”, refere a instituição, explicando que “funciona como um segundo par
de olhos especializados, que não se distraem nem são afetados pelo cansaço, contribuindo
de forma significativa para o aumento do número de lesões detetadas durante a
colonoscopia”.
Todos
os anos, são diagnosticados mais de 10 mil casos de cancro do intestino e
registam-se mais de 4200 mortes associadas a esta patologia. E estima-se que a
pandemia de covid-19 tenha atrasado o diagnóstico de cancro colorretal para 83
mil doentes europeus.
Em
2020, a Sociedade Europeia de Endoscopia Gastrointestinal e a empresa de tecnologia
médica Medtronic lançaram o “AI Research Award”, de forma a apoiar a aplicação
da inteligência artificial no campo da colonoscopia e ajudar os países europeus
num momento crítico devido à pandemia.
Foram
premiadas oito candidaturas de seis países europeus, entre as quais se destaca
a do IPO do Porto. In “Milénio Stadium” – Canadá com “JN”
Sem comentários:
Enviar um comentário