Bissau
– O Presidente do Conselho de administração dos Armazéns do Povo SARL, Alfredo (Duca)
Miranda, em declarações a Lusa, disse ser “estranha e ilegal”, a decisão do
Governo guineense de nacionalizar esta empresa.
O
Governo da Guiné-Bissau decidiu no último Conselho de Ministros, nacionalizar a
empresa Armazéns do Povo, detida maioritariamente por capitais portugueses.
Os
Armazéns do Povo, conglomerado de edifícios públicos, segundo Duca Miranda,
foram vendidos pelo Estado guineense em 1992 e o grupo português Interfina
comprou 55% das ações da empresa, a que se juntam mais participações de outros
grupos lusos, perfazendo cerca de 96% de capitais portugueses.
O
Estado guineense detém um total de cerca de 3% do capital da empresa, observou
Miranda que não compreende a decisão do Governo do país em nacionalizar o
grupo.
“Nós
fomos surpreendidos pela aprovação de um decreto-lei, na última reunião do
Conselho de Ministros, que teve lugar na quinta-feira passada, em que,
efetivamente, pelo teor do decreto, o Estado decidiu nacionalizar a empresa
Armazéns do Povo SARL”, afirmou Alfredo Miranda.
O
presidente do conselho de administração precisou ainda que a empresa Armazéns
do Povo investiu, nos últimos anos, mais de sete milhões de euros na
modernização dos imóveis e ainda emprega, de forma direta, mais de 200
trabalhadores guineenses.
“A
empresa Armazéns do Povo SARL é uma empresa de capitais portugueses, mais de
95% do capital é português”, observou Alfredo Miranda, para quem, talvez, seja
pelo facto de a empresa se ter modernizado é que poderá suscitar “algum
interesse de certas forças”.
O
presidente da administração da Armazéns do Povo “não compreende” como é que se
decide pela nacionalização de uma empresa privada “de capital maioritário
estrangeiro”, e que representa cerca de 15% das exportações de Portugal para a
Guiné-Bissau.
O grupo
Armazéns do Povo, que se dedica ao comércio de produtos diversos de Portugal
para a Guiné-Bissau, está, segundo Alfredo Miranda “em cumprimento de todas as
normas” do país e até hoje não foi informado pelas autoridades da decisão da
suposta nacionalização.
“O
que a empresa pensa fazer é que se faça a justiça, que se cumpra a lei. Todos
os documentos da empresa estão em dia, apresentamos o balanço regularmente”,
afirmou Alfredo Miranda, realçando que a empresa faz reuniões regulares onde o
Estado guineense pode participar como sócio que é.
Miranda
notou ainda que o Estado guineense tem um representante permanente no conselho
de administração da empresa Armazéns do Povo e que pode facultar todos os
documentos, se for o caso, disse.
O
presidente da administração também considerou estranho o facto de o Ministério
da Justiça e dos Direitos Humanos “não cumprir com a lei” ao não pagar uma
indemnização fixada pelo tribunal guineense e ainda mandar invadir as
instalações da empresa.
Alfredo
Miranda referia-se a um caso em que o Ministério da Justiça e dos Direitos
Humanos foi condenado, “com a sentença transitada em julgada”, por ocupação
ilegal das instalações da empresa.
“Estranhamente,
a ministra da Justiça e dos Direitos Humanos rebentou os nossos cadeados e
ocupou as nossas instalações. Pôs lá uma segurança privada. Isso foi na
quinta-feira da semana anterior e nesta quinta-feira nós fomos surpreendidos
com a decisão do Conselho de Ministros de nacionalizar a empresa”, sublinhou
Alfredo Miranda.
Está
no horizonte do grupo Armazéns do Povo, que abastece o mercado guineense, entre
outros, com produtos de construção civil, eletrodomésticos, produtos
alimentares, expandir-se para os países da sub-região africana onde a
Guiné-Bissau está inserida, adiantou Miranda.
“E
de repente surpreendem-nos com esta decisão que não sabemos como é que podemos
posicionar sobre isto”, disse Alfredo Miranda notando, contudo, que a empresa
poderá recorrer aos tribunais “se tiver de ser”.
O
presidente da administração dos Armazéns do Povo considerou ser “muito mau”
para a imagem do país o que se está a passar com a empresa.
Em
declarações à RDP-África, o Embaixador de Portugal enalteceu o contributo da
empresa Armazéns do Povo para o desenvolvimento económico da Guiné-Bissau
através do emprego que proporciona sobretudo num importante sector da
distribuição dos produtos.
José
Rui Velez Caroço disse que o governo guineense decidiu nacionalizar a empresa
Armazéns do Povo, numa altura em que tanto insistiram de que as relações luso
guineenses conhecem o momento de melhoria da sua própria excelência em que se
pretende, obviamente num salutar ambiente de negócios, continuar a investir.
O
diplomata português, disse que, obviamente esse papel está a cargo dos
empreendedores, dos investidores e da
iniciativa privada, os quais querem, como a título de exemplo dos Armazéns do
Povo e de muitos outros que gostaram e estimularam e que possam investir no
mercado da Guiné-Bissau. In “Agência de Notícias da Guiné” – Guiné-Bissau com “Lusa”
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