Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Macau - Décima edição do Festival Literário – Rota das Letras termina com sensação de missão cumprida

Mesmo que o impacto da pandemia continue a fazer-se sentir na mobilidade, o 10.º Festival Literário de Macau – Rota de Letras conseguiu um resultado “bastante satisfeito”, afirmou a diretora executiva Alice Kok


Terminou a 10.ª edição do Festival Literário de Macau – Rota das Letras, depois de três dias de livros, música e espectáculos. Este é o terceiro ano de Alice Kok na organização do festival, sendo ela a única mulher na direcção. Ao Ponto Final, a directora executiva confessou que a edição deste ano tentou, sobretudo, adoptar mais ferramentas de videoconferência, organizando palestras através a transmissão online ao vivo de Zoom. Isto devido aos impedimentos de viagem causados pela pandemia. A responsável da organização assinalou também que esta edição pôde ter um programa mais “diversificado”, em comparação com o ano passado.

Devido à pandemia, as restrições da organização ainda permanecem. A directora executiva lembrou que o Festival Literário de Macau – Rota das Letras era suposto acontecer em Outubro, e, após ter sofrido vários adiamentos, acabou por realizar-se agora. Ainda assim, Alice Kok afirmou que o evento “alcançou absolutamente as expectativas”. A organizadora ficou feliz por ver que o evento conseguiu reunir “muitos excelentes escritores, ‘performers’, músicos e dramaturgos da comunidade chinesa e portuguesa”.

Esta edição é a décima edição do Festival Literário de Macau – Rota das Letras. A inauguração aconteceu na sexta-feira passada, mas o programa começou ainda antes da inauguração. Realizaram-se espetáculos pré-eventos inseridos no programa desta edição, como: “Por confirmar”, pelo grupo artista local Step Out, e “Não querer Saber de Nunca Saber para Onde ir”, pelo artista português Ezaak Ez.

A directora notou o “feedback positivo” logo desde o início do evento: “Recebemos ‘feedbacks’ muito bons logo nos pré-eventos. Os bilhetes do espetáculo ‘Por Confirmar’ estiveram esgotados nas seis sessões realizadas. E era suposto realizarmos apenas duas sessões do espetáculo ‘Não Querer Saber de Nunca Saber para Onde ir’, do Ezzak Ez, no Macau Art Garden, mas, tendo recebido tanto entusiasmo e a calorosa reacção do público, resolvemos adicionar mais uma sessão extra no fim do último dia, após os programas agendados. Temos todo o prazer em ver que o público gostou”.

A Alice Kok frisou que, graças à tradução e interpretação, constatou que diferentes culturas podem ser transmitidas e compreendidas entre as comunidades através da superação da barreira linguística. “Apesar de falarmos línguas diferentes, podemos encontrar um ‘ponto comum’, permitindo partilharmos o sentimento de envolvimento e ressonância”, refere a responsável.

Com a realização do espetáculo de teatro “Deolinda da Conceição e as mulheres desfavorecidas”, adaptado de uma obra literária dos anos 60 da escritora macaense Deolinda da Conceição, “Cheong-Sam: A Cabaia”, criado pelo dramaturgo local Luciano Ho, Alice Kok disse acreditar que é importante preservar, a cada geração, a nossa história e tradição, que constituem essenciais elementos da identidade de Macau. A directora executiva recordou: “Tivemos a sorte de poder convidar António Conceição Júnior, filho de Deolinda da Conceição. Através da plataforma Zoom, pudemos ter uma preciosa oportunidade de contacto para a interação e intercâmbio”.

Alice Kok ainda sublinhou que o Festival Literário tem o firme objectivo que “promover e preservar obras literárias sublimes, com o intuito de obras literárias clássicas não ficarem desaparecidas e esquecidas no tempo, podendo continuar a estar vivas noutra época, para servirem às novas gerações de inspiração para criar novas obras”.

A directora executiva frisou que o Festival Literário de Macau – Rota das Letras já tem um público fiel na comunidade portuguesa, no entanto, para a comunidade chinesa, “ainda existe uma grande margem de trabalho [para conseguir isso]”. Macau, como uma cidade com diferentes grupos culturais, como o oriental e o ocidental, a organização pretende atrair mais espectadores e leitores chineses. Assim, para alcançar a finalidade de “promoção da literatura” ao público, Alice Kok indicou que teve a especial intenção de organizar mais sessões de interesse para a comunidade chinesa, fazendo a ligação ao mundo literário chinês.

“É bom notarmos mais a atenção da comunidade chinesa. O nosso outro subdiretor da organização do evento, Yao Jingming, professor catedrático da Universidade de Macau, ajuda-nos a sensibilizar mais a atmosfera e actualidade da esfera literária na China, através do contacto com mais escritores chineses no interior da China, podemos perceber melhor o outro mundo”. Além do cosmos literário chinês da China, Alice sublinhou a importância de conhecer e promover a literatura local de Macau, de matriz chinesa, esperando que futuramente o “Festival Literário de Macau possa criar um Festival Literário que pertença à população de Macau”. Dinis Chan – Macau in “Ponto Final”


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