Mesmo que o impacto da pandemia continue a fazer-se sentir na mobilidade, o 10.º Festival Literário de Macau – Rota de Letras conseguiu um resultado “bastante satisfeito”, afirmou a diretora executiva Alice Kok
Terminou
a 10.ª edição do Festival Literário de Macau – Rota das Letras, depois de três
dias de livros, música e espectáculos. Este é o terceiro ano de Alice Kok na
organização do festival, sendo ela a única mulher na direcção. Ao Ponto Final,
a directora executiva confessou que a edição deste ano tentou, sobretudo,
adoptar mais ferramentas de videoconferência, organizando palestras através a
transmissão online ao vivo de Zoom. Isto devido aos impedimentos de viagem
causados pela pandemia. A responsável da organização assinalou também que esta
edição pôde ter um programa mais “diversificado”, em comparação com o ano
passado.
Devido
à pandemia, as restrições da organização ainda permanecem. A directora
executiva lembrou que o Festival Literário de Macau – Rota das Letras era
suposto acontecer em Outubro, e, após ter sofrido vários adiamentos, acabou por
realizar-se agora. Ainda assim, Alice Kok afirmou que o evento “alcançou
absolutamente as expectativas”. A organizadora ficou feliz por ver que o evento
conseguiu reunir “muitos excelentes escritores, ‘performers’, músicos e
dramaturgos da comunidade chinesa e portuguesa”.
Esta
edição é a décima edição do Festival Literário de Macau – Rota das Letras. A
inauguração aconteceu na sexta-feira passada, mas o programa começou ainda
antes da inauguração. Realizaram-se espetáculos pré-eventos inseridos no
programa desta edição, como: “Por confirmar”, pelo grupo artista local Step
Out, e “Não querer Saber de Nunca Saber para Onde ir”, pelo artista português
Ezaak Ez.
A
directora notou o “feedback positivo” logo desde o início do evento: “Recebemos
‘feedbacks’ muito bons logo nos pré-eventos. Os bilhetes do espetáculo ‘Por
Confirmar’ estiveram esgotados nas seis sessões realizadas. E era suposto
realizarmos apenas duas sessões do espetáculo ‘Não Querer Saber de Nunca Saber
para Onde ir’, do Ezzak Ez, no Macau Art Garden, mas, tendo recebido tanto
entusiasmo e a calorosa reacção do público, resolvemos adicionar mais uma
sessão extra no fim do último dia, após os programas agendados. Temos todo o
prazer em ver que o público gostou”.
A
Alice Kok frisou que, graças à tradução e interpretação, constatou que
diferentes culturas podem ser transmitidas e compreendidas entre as comunidades
através da superação da barreira linguística. “Apesar de falarmos línguas
diferentes, podemos encontrar um ‘ponto comum’, permitindo partilharmos o
sentimento de envolvimento e ressonância”, refere a responsável.
Com
a realização do espetáculo de teatro “Deolinda da Conceição e as mulheres
desfavorecidas”, adaptado de uma obra literária dos anos 60 da escritora
macaense Deolinda da Conceição, “Cheong-Sam: A Cabaia”, criado pelo dramaturgo
local Luciano Ho, Alice Kok disse acreditar que é importante preservar, a cada
geração, a nossa história e tradição, que constituem essenciais elementos da
identidade de Macau. A directora executiva recordou: “Tivemos a sorte de poder
convidar António Conceição Júnior, filho de Deolinda da Conceição. Através da
plataforma Zoom, pudemos ter uma preciosa oportunidade de contacto para a
interação e intercâmbio”.
Alice
Kok ainda sublinhou que o Festival Literário tem o firme objectivo que
“promover e preservar obras literárias sublimes, com o intuito de obras
literárias clássicas não ficarem desaparecidas e esquecidas no tempo, podendo
continuar a estar vivas noutra época, para servirem às novas gerações de
inspiração para criar novas obras”.
A
directora executiva frisou que o Festival Literário de Macau – Rota das Letras
já tem um público fiel na comunidade portuguesa, no entanto, para a comunidade
chinesa, “ainda existe uma grande margem de trabalho [para conseguir isso]”.
Macau, como uma cidade com diferentes grupos culturais, como o oriental e o
ocidental, a organização pretende atrair mais espectadores e leitores chineses.
Assim, para alcançar a finalidade de “promoção da literatura” ao público, Alice
Kok indicou que teve a especial intenção de organizar mais sessões de interesse
para a comunidade chinesa, fazendo a ligação ao mundo literário chinês.
“É
bom notarmos mais a atenção da comunidade chinesa. O nosso outro subdiretor da
organização do evento, Yao Jingming, professor catedrático da Universidade de
Macau, ajuda-nos a sensibilizar mais a atmosfera e actualidade da esfera
literária na China, através do contacto com mais escritores chineses no
interior da China, podemos perceber melhor o outro mundo”. Além do cosmos
literário chinês da China, Alice sublinhou a importância de conhecer e promover
a literatura local de Macau, de matriz chinesa, esperando que futuramente o
“Festival Literário de Macau possa criar um Festival Literário que pertença à
população de Macau”. Dinis Chan – Macau in “Ponto
Final”
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