Os incêndios florestais de 2020 no Pantanal, gigantesca área húmida do Brasil, poderão ter causado a morte imediata de até 16,9 milhões de vertebrados, incluindo lagartos, aves e primatas, segundo um estudo publicado na revista Scientific Reports
Os
incêndios florestais no Pantanal ocorreram entre janeiro e novembro de 2020,
causando enormes danos naquela que é maior área húmida tropical do planeta, de
acordo com uma nota da publicação.
Para
chegar a essas conclusões, Walfrido Moraes Tomas, da Embrapa Pantanal (Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária do Pantanal), e Ronaldo Morato, do
Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade de São Paulo, fizeram
uma estimativa das mortes de animais em decorrência dos incêndios florestais a
partir dos cadáveres encontrados nas áreas queimadas.
Nesse
sentido, os investigadores recolheram amostras de esqueletos ao longo de 114,43
quilómetros, imediatamente após o incêndio.
Os
especialistas encontraram um total de 302 cadáveres e, apesar do mau estado de
conservação, conseguiram identificar a espécie da maioria dos casos.
A
partir desses primeiros dados, a equipa fez uma extrapolação dos números para
calcular o total de animais que morreram na área queimada, observando tanto
vertebrados pequenos (com peso corporal inferior a dois quilogramas), quanto
vertebrados médios e grandes (com peso superior a dois quilogramas).
Assim,
a estimativa é que entre 13206700 e 18811300 pequenos vertebrados morreram nos
39030 quilómetros quadrados de área queimada do Pantanal entre janeiro e
novembro de 2020.
Os
pequenos vertebrados incluem pequenos lagartos, pássaros e roedores.
Os
autores também deduziram que entre 691090 e 1196570 vertebrados médios e
grandes morreram imediatamente, incluindo ungulados (divisão de mamíferos que
compreende os animais de casco) e primatas.
No
total, segundo as estimativas, 16952000 vertebrados perderam a vida nos
incêndios, concluíram os cientistas, que alertam que a sua amostragem não
incluiu várias espécies que se sabe que também morreram nos incêndios, como
onças, pumas e antas.
Ressaltaram
ainda que sua estimativa não reflete o impacto total dos incêndios que, além
disso, terão causado a morte de animais devido à perda de ‘habitat’.
Fatores
antropogénicos influenciaram significativamente a frequência, duração e
intensidade da seca meteorológica em muitas regiões do mundo, e o aumento da
frequência de incêndios florestais é uma das consequências mais visíveis das alterações
climáticas induzidas pelo homem, escreveram os cientistas no artigo.
Apesar
do papel que os incêndios desempenham na determinação dos resultados da biodiversidade
em diferentes ecossistemas, os incêndios não controlados podem causar impactos
negativos na vida selvagem.
Este
estudo destaca, dizem os especialistas, “o impacto catastrófico” que os
incêndios florestais de 2020 tiveram sobre a vida selvagem do Pantanal e a
importância de prevenir futuros desastres. In “Sapo 24”
– Portugal com “MadreMedia /
Lusa”
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