As obras do artista são-tomense radicado em Portugal estarão patentes no território a convite da 10 Marias Associação Cultural. Trata-se de uma mostra de 16 obras, três das quais feitas expressamente a pensar em Macau. “’Rostos expressivos’ é a minha forma de misturar Malangatana com Salvador Dalí e Picasso”, confessou o pintor. Para a associação, o futuro passa, assim que a pandemia permitir, levar os artistas locais aos países de língua portuguesa
O
pintor são-tomense Valdemar Dória revela a sua exposição “Rostos Expressivos”
na galeria da Livraria Portuguesa até ao dia 11 de Janeiro. A inauguração da
mostra, promovida pela 10 Marias Associação Cultural (10MAC), aconteceu hoje.
“Sinto um aperto no estômago, e ao mesmo tempo confiança da qualidade do meu
trabalho e uma felicidade imensa de estar a viajar pelo mundo. Sinto-me muito
bem. É a primeira vez que irei expor em Macau, mas acho que não vai ser a
única”, começou por dizer o autor ao Ponto Final.
O
autor explicou que “Rostos Expressivos” é o resultado de um trabalho que foi
executado em dois continentes diferentes para ser exibido num terceiro
continente. “Comecei em Lisboa, na Europa, continuei em São Tomé e Príncipe, em
África, onde fui assistir ao casamento da minha mãe, uma mulher de armas. Aos
70 anos casou pela segunda vez”, revelou Valdemar Dória, com esse apontamento
familiar.
A
10MAC também se mostra bastante contente por poder mostrar o trabalho do pintor
africano no território. “Esperemos que o público abrace e aprecie esta
exposição e que seja possível ver a obra de Valdemar espalhada pelas casas de
Macau, instituições, bancos, entre outros”, referiu ao Ponto Final Mónica
Coteriano, uma das responsáveis da associação local.
O
artista africano, actualmente radicado em Portugal, vai ter 16 obras expostas
na parede da galeria da livraria, três das quais desenhadas e inspiradas na
cidade de Macau, na construção de um novo lugar baseado na geografia
euro-asiática. “Conheço a obra de Valdemar há muitos anos, representa e bem a
contemporaneidade de São Tomé e Príncipe. É um artista que se inspira no mundo
ao seu redor, conversas, pessoas, viagens que transpõe na sua obra”, afirmou a
responsável da 10MAC.
O
artista traçou assim o caminho onde experimenta, em discurso plástico,
comunicar valores inerentes à sociedade contemporânea numa perspectiva
universal sem esquecer a sua origem cultural. “São histórias em que se deve
olhar mais do uma vez. ‘Rostos expressivos’ é a minha forma de misturar Malangatana
com Salvador Dalí e Picasso”, referiu ainda o autor ao Ponto Final numa
conversa mantida nas redes sociais.
De
acordo com a nota de imprensa divulgada pela 10MAC, Valdemar Dória “tem a
capacidade de descrever as cidades com a sua arte peculiar”. A organização
revelou que o público verá uma exposição que mostra o olhar do artista no mundo
e a sua breve interacção com Macau, que se realizou através do som e das
imagens, transpostas depois na tela. “Acreditámos que seria interessante ver
essa fusão com Macau, foi um desafio que lhe propusemos e ele aceitou. O
Valdemar teve que ler, ouvir e sentir Macau”, admitiu Mónica Coteriano.
Valdemar,
que nasceu em África, em 1974, mas cedo emigrou para Portugal com a mãe, expõe
com alguma regularidade desde 1994, tendo em 2011 e 2012 participado na Bienal
de Arte e Cultura de São Tomé e Príncipe, em 2013 na Galeria Quadras Soltas, no
Porto e na Casa Internacional de São Tomé e Príncipe, em Lisboa em 2013 e 2014
na “Africa Mostra-se, 2016″ e “BudoBudo” (ind.) – Clube do Bacalhau, em 2017.
“Um artista talentosamente compulsivo e nato que brota uma cascata de talento
expressivo. E o desenho é o seu forte mecanismo de comunicação”, pode ler-se na
página de apresentação do autor no seu site oficial.
O
artista africano é ainda membro fundador da Plataforma Cafuka: Associação de
artistas plásticos naturais de São Tomé e Príncipe, que divulga e promove as
artes e artistas do país, bem como de toda a lusofonia.
O
projecto da 10 MAC não é para ficar por aqui. A ideia, no futuro, revela Mónica
Coteriano, passa por levar os artistas de Macau aos países de língua
portuguesa. “Macau é a plataforma ideal para se ligar a cultura dos países de
língua portuguesa e a cultura chinesa, não só a nível económico, mas também tem
de passar pela cultura. Voltando tudo à normalidade seria interessante expor
artistas locais nos países de língua portuguesa, ou mesmo haver parcerias entre
os artistas das diferentes nacionalidades. Aguardamos o que o futuro nos
reserva”. Gonçalo Pinheiro – Macau in “Ponto
Final”
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