Patrícia Marques vai publicar em 2022 um segundo romance policial com personagens portuguesas e cuja ação decorre em Portugal, país onde nasceu, apesar de ter crescido no Reino Unido e escrever em língua inglesa
A
publicação está prevista para maio, depois de um primeiro volume, “The Colours
of Death” [As Cores da Morte] lançado em junho deste ano e bem recebido pela
imprensa britânica.
“Cativante
e original, brilha com frescura”, elogiou o crítico literário do The Daily
Mail, enquanto no The Guardian foi adjetivado como “intrigante” e considerado
“uma boa história de detetives”.
Os
dois livros fazem parte de uma série protagonizada pela inspetora Isabel Reis,
uma investigadora com dons sobrenaturais de telepatia e telecinesia que vive e
trabalha em Lisboa.
O
estilo é uma mistura de policial e ficção científica, já que o mundo que
descreve é parcialmente fantástico, onde as pessoas estão divididas entre as
normais e as “sobredotadas” que conseguem ler os pensamentos e mover objetos
com a mente.
Inicialmente,
a história não era situada em Portugal, contou à agência Lusa, mas o resultado
do referendo do ‘Brexit’ em 2016 e a nostalgia que sentiu nas visitas
posteriores à família fê-la mudar o cenário.
“Eu
sei que é de onde eu sou, mas eu não sabia que ia escrever assim sobre
Portugal. Adorei mesmo. Tenho muito carinho pelas personagens e por aqueles
lugares onde sempre fui. Na minha imaginação, estava a passear e a voltar para
casa”, recordou.
Nascida
no Barreiro, Patrícia Marques, de 33 anos, mudou-se aos oito com a família para
Londres, onde continua a viver, no norte da capital britânica.
Tal
como a personagem principal dos seus livros, também tem ascendência
luso-angolana e uma família grande, mas muito unida.
Aliás,
“tia” foi uma das várias palavras que fez questão de manter em português no
texto, bem como certos alimentos, como bolinhos secos, chouriço, bolas de
berlim, pasteis de bacalhau e pataniscas.
A
comida, admite, é um aspeto fundamental da cultura portuguesa, tal como o
“calor” das pessoas no quotidiano.
“Embora
seja um livro sobre um crime com elementos de ficção científica, eu queria uma
componente humana e que os leitores se imergissem e sentissem uma parte daquele
mundo, porque é muito diferente”, explicou.
Enquanto
no primeiro volume descreveu locais que frequenta, como Lisboa e Sesimbra, na
sequela as personagens visitam o Porto, onde a escritora nunca esteve, por isso
teve de recorrer à investigação pela Internet.
“Gostava
de lá ir para conhecer melhor a atmosfera. Tenho que ir a mais sítios em
Portugal porque tenho mais livros planeados e não conheço”, afirma.
Na
sua opinião, o cenário em Portugal dá “outra dimensão, um sabor diferente” ao
livro, e também uma diferenciação de outros policiais em língua inglesa.
O
livro de estreia foi redigido durante um mestrado em Escrita Criativa e foi um
professor que insistiu para que Patrícia Marques contactasse agentes
literários, acabando por conseguir um contrato com uma grande editora
britânica.
O
próximo volume espera que abra as portas ao mercado norte-americano e de outros
países. Mas para ser publicado em Portugal, terá de ser traduzido. “Estou aqui
desde os oito anos”, vinca”, “não consigo escrever em português como escrevo em
inglês”. In “Bom dia Europa” – Luxemburgo com “Lusa”
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