Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 7 de maio de 2022

Angola – Sem boas infraestruturas escolares não há desenvolvimento

Das 38 escolas criadas por decreto desde 2018, no município de Quimbele, na província do Uíge, quantas têm telhado, paredes, carteiras? A julgar pelas informações que chegaram ao Novo Jornal, poucas ou nenhumas


O Governo criou administrativamente no município de Quimbele, no Uíge, 38 novas escolas, mas, a julgar pelas fotografias e informações que chegaram ao Novo Jornal, apesar de no papel tudo estar perfeito, no terreno a situação é bem diferente.

No colégio Kimefoto, até há um mês mais de 600 crianças da escola do primeiro ciclo do ensino secundário estudavam debaixo de árvores, algumas delas, entretanto destruídas pelas chuvas de Abril, o que levou à interrupção das aulas. Como solução, a Direcção da Educação do município do Quimbele construiu três barracas que agora vão passar a servir de novas salas de aulas.

O colégio Kimefoto, no município de Quimbele, província do Uíge, é um dos que foram criados administrativamente em 2018, no dia 1 de Outubro, através de um decreto executivo conjunto assinado pelo ministro da Administração do Território e Reforma do Estado, Adão de Almeida, e pela então ministra da Educação, Maria Cândida Teixeira.

No decreto 384/18, Adão de Almeida e Maria Cândida Teixeira instituíam no município de Quimbele, a par do Kimefoto, os colégios de Icoca, Wamba, Marimba, D. António, Kuange, Kibocolo, Cassanda e Kipassa.

Estavam previstas, no papel, sete salas de aulas, com capacidade para 504 alunos divididos por 14 turmas, a funcionar em dois turnos, e a frequentar a 7ª, 8ª e 9ª classes do I Ciclo do Ensino Secundário.

O quadro de pessoal prevê um director, um subdirector pedagógico, um subdirector administrativo, além de um coordenador de educação física e desporto escolar, um coordenador de círculos de interesse e extra-escolar, um coordenador psico-pedagógico, 12 coordenadores de disciplina e um chefe de secretaria. Estão ainda previstos no quadro de pessoal, aprovado pelo decreto 384/18, 14 professores do II Ciclo do Ensino Secundário e 16 professores do I Ciclo do Secundário, além de 11 administrativos e seis operários.

A ter em conta o Diário da República de 1 de Outubro de 2018, foram criadas mais 10 escolas. No total, e no papel, são 153 novas salas de aulas a "nascer", só nesse dia.

Mas o Governo não se ficou por aqui. No mesmo mês, mas no dia 10 ,foi criado administrativamente o colégio de Kimbele Bairro, com 12 salas.

A seguir, no dia 12, Adão de Almeida e Cândida Teixeira criaram as escolas primárias de Kilembiquisse, Mbanza Kisse, Kimembo, Kipano, Kipembe, Kimuamba, Kipolo, Kinguiambundi e 927 de Kimidi, com sete salas de aulas, assim como a escola primária 701 de Marimba, com dez.

Três dias depois, a 15 de Outubro, foram instituídas mais oito escolas no mesmo município. Uma delas, a 195, com 18 salas de aulas. As restantes, com um total de 65 salas.

Três anos se passaram e entretanto a ministra da Educação mudou. Em Outubro, mas de 2021, Maria Luísa Grilo, cria, administrativamente, através do decreto executivo 536/21, a Escola do II Ciclo do Ensino secundário Geral, denominada Liceu de Icoca, com capacidade para 864 alunos em regime de externato.

O Novo Jornal continua a tentar ouvir o director municipal da educação de Quimbele, Afonso Bernardo Bakwanguindo, mas sem sucesso. Para já, tem apenas as palavras dos professores que trabalham no terreno: "A direcção de cada escola manda os seus alunos cortarem paus e juncos, e depois de arrumarem todo o material necessário, os alunos constroem a escola e põem lá paus para se sentarem. A única coisa que a direcção municipal dá às escolas são os quais quadros e giz que servem para escrever". In “Novo Jornal” - Angola

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