Vamos
aprender português, cantando
Ela canta, pobre ceifeira,
julgando-se feliz talvez;
Canta, com a sua voz,
cheia
de alegre e anónima viuvez
Ondula como um canto de
ave
no ar limpo como um
limiar,
e há curvas no enredo
suave
desse som que ela tem para
cantar.
Ouvi-la alegra e
entristece,
na sua voz há o campo e a
lida,
e canta como se ela
tivesse
mais razões para cantar
que a vida.
Ah, canta, canta sem razão!
O que em mim sente está
pensando.
Derrama no meu coração
a tua incerta voz
ondeando!
Pensa tu, sendo eu!
Ter a tua alegre
inconsciência,
e a consciência disso! Ó
céu!
Ó campo! Ó canção! A
ciência
Pesa tanto e a vida é tão
breve!
Entrai por mim dentro!
Tornai
minha alma a vossa sombra
leve!
E depois, levando-me,
passai!
Ela canta, pobre ceifeira,
Julgando-se feliz talvez;
Canta, com a sua voz,
cheia
de alegre e anónima viuvez
Nuno Barroso – Portugal
Dora Maria – Portugal
Os Almonda – Portugal
Composição:
(Letra) Fernando Pessoa –
Portugal
(Música) Nuno Barroso –
Portugal
Vamos recordar,
cantando
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