Mindelo
– O grupo Serenata Produções realiza hoje, sábado, 28 de maio, no Mindelo, um
espectáculo para assinalar os 70 anos de carreira do cantor cabo-verdiano
Djosinha, que considera já ter uma vida a cantar Cabo Verde e o mundo.
O
“Serenata Produções”, conforme o produtor Kicas Silva avançou à Inforpress, não
poderia deixar passar a oportunidade de se associar à comemoração de uma “data
tão importante” como os 70 anos de carreira de uma figura como Djosinha, que
“deu e continua a dar um grande contributo para a música cabo-verdiana”.
Por
isso, segundo a mesma fonte, o grupo o convenceu a deixar a ideia inicial de
fazer o espectáculo primeiramente nos Estados Unidos da América (EUA), onde o
cantor reside actualmente, e vir viver este “marco” com o povo da sua terra
natal, São Vicente, que pode estar com o cantor, que, mesmo com 88 anos
completos na última quarta-feira, 25, “ainda está em condições de deliciar o
público com as suas músicas e com a sua forma de estar no palco, tão peculiar”,
assinalou.
Kicas
Silva escolheu um leque de artistas numa “mistura de experiência e juventude”,
que também vão abrilhantar a noite e no qual constam nomes como Constantino
Cardoso, Edson Oliveira, Carmen Silva, Samantha Aniger, Milanka e ainda Chico
Serra e Jorge Sousa, que foram dois contemporâneos de Djosinha no grupo Voz de
Cabo Verde.
Para
já, escolhas que caíram no agrado de Djosinha, de nome próprio José Vieira
Duarte, que, como explicou à Inforpress, tem “muitas coisas” para contar destas
sete décadas e uma vida a cantar Cabo Verde e o mundo.
O
cantor disse que foi aos sete anos que pisou um palco pela primeira vez, no
cinema Éden Park, no Mindelo, e por volta dos 13-14 anos, acredita ter
protagonizado, juntamente com a falecida Titina Rodrigues, o “primeiro dueto
cabo-verdiano” no teatro do Castilho.
Djosinha
relembrou o quão ficou em “alvoroço” a cidade do Mindelo depois que
apresentaram uma versão de uma música brasileira chamada “Quase certo”, que
aprenderam em apenas um dia, depois de o pai de Titina Rodrigues, que era
piloto da Baía do Porto Grande, o ter conseguido num disco tocado em 78
rotações através de oficiais de um barco estrangeiro.
“Eu
e a Titina formávamos uma bela dupla, e depois da nossa primeira actuação
acabámos por fazer várias outras, inclusive em Portugal de norte a sul, e aqui
em Cabo Verde até para receber o então ministro de Ultramar, o Adriano
Moreira”, explicou, saudoso da sua “amiga” falecida recentemente, no dia 06 de
Maio último.
Contudo,
asseverou, a sua carreira começou a sério aos 18 anos, época em que conciliava
as suas actuações musicais, com o futebol e ainda com teatro, em São Vicente, e
depois nas suas viagens para o estrangeiro, como marítimo e também como
emigrante.
Um
dos pontos alto da sua trajectória foi a entrada para o grupo Voz de Cabo
Verde, em 1965/1966, com qual viajou o mundo juntamente com colegas como Luís
Morais, Frank Cavaquinho, Morgadinho, Jon da Lomba e outros.
“Nesta
altura, eu acabei por levar para o grupo ritmos como cumbia e bolero, porque
vinha da Argentina onde conheci os reis destes ritmos, e acredito que estas
mudanças permitiram que Voz de Cabo Verde desse um grande salto”, sublinhou,
referenciando o idílico conjunto cabo-verdiano, que fez história em Cabo Verde,
Senegal e países da Europa.
Por
outro lado, Djosinha lamenta o facto de o grupo só ter tido “cerca de seis anos
de actividade oficial”, e com outros momentos feitos somente através de
“reencontros” dos elementos.
No
entanto, ele construiu uma carreira a solo, como cantor radicado na diáspora,
maior parte nos Estados Unidos, onde também se destacou por 42 anos como
radialista.
O
mesmo país que o acolheu e onde pretendia organizar primeiramente o espectáculo
de comemoração dos 70 anos de carreira, mas que decidiu reprogramar para
acontecer entre Outubro e Novembro próximos.
Por
agora, o cantor quer comemorar com a sua gente neste sábado, num dos hotéis do
Mindelo, e assegurou apresentar-se com a “mesma energia” e com o “Djosinha de
sempre”, que quando sobe ao palco, até se esquece das dores de joelhos, que o
tem fustigado por causa da idade.
No
espectáculo, Djosinha também promete surpresas, como de reviver com uma jovem
cantora o dueto feito em tempos idos com Titina Rodrigues.
Sendo
assim, não é por agora que pretende pendurar o microfone, até porque tem planos
para lançar brevemente um novo disco, ainda para assinalar os 70 anos de
carreira, no qual já trabalha juntamente com o produtor Kim Alves.
“O
CD deverá ter oito mornas em rapsódia, boleros e três ou quatro coladeiras, que
abordam situações sociais como os nossos ‘titios’, que temos por cá”,
concretizou. In “Inforpress” – Cabo Verde
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