No
ano em que o Brasil completa o bicentenário de sua independência, também é
comemorado o centenário da primeira travessia do Atlântico Sul feita por
hidroavião. Esse feito foi alcançado, em 1922, por dois oficiais da Marinha
portuguesa, o Almirante Gago Coutinho e o Capitão de Mar e Guerra Sacadura Cabral.
O
grupo de velejadores portugueses que decidiu repetir o percurso, visitando os
mesmos pontos da expedição realizada há cem anos, partiu de Lisboa em 3 de
abril, e já passou pelas Ilhas Canárias e Las Palmas, na Espanha, e Cabo Verde
antes de chegar ao Brasil.
“A
Expedição Lusitânia é uma iniciativa nossa, enquanto sociedade civil, para
homenagear a epopeia desses homens, por meio da qual estamos fazendo, pelo mar,
exatamente o mesmo trajeto, parando nos mesmos locais e procurando ser o mais
fiel possível”, contou o Comandante português José Mesquita, no Brasil.
Em
Pernambuco, a expedição passou pelo Arquipélago de São Pedro e São Paulo na
quinta-feira do dia 12, e foi recebida pelo Navio-Patrulha (NPa) “Guaíba” e
pelos residentes da estação científica das ilhas. O navio partiu da Base Naval
de Natal (RN) para apoiar a equipe da estação e receber os velejadores, segundo
a Marinha do Brasil.
Há
cem anos, o arquipélago tornou-se parte importante do itinerário dos oficiais
portugueses, pois, ao serem surpreendidos por condições climáticas adversas no
caminho para Fernando de Noronha, sua aeronave foi avariada e tiveram que
aguardar apoio no arquipélago brasileiro situado no meio do Oceano Atlântico.
O
comandante José Mesquita relatou, em seu diário de bordo, como foi a
experiência de chegar às ilhas. “Às 8h30 chegamos a São Pedro e São Paulo. Ver
o Navio-Patrulha ‘Guaíba’ à nossa espera e a aproximação da frota ao navio foi
um momento de extrema emoção. Depois, durante o dia, as emoções sucederam-se porque
para além de nos terem reabastecido, o comandante do Guaíba veio a bordo do
Anixa 2”.
De
seguida, a expedição “Lusitânia”, composta por 13 pessoas em 6 veleiros, chegou
dia 16 de maio no Arquipélago de Fernando de Noronha (PE), onde promoveu
palestras sobre o centenário da travessia de Coutinho e Cabral e sobre a
preservação dos oceanos.
No
dia 18, o comandante do veleiro Anixa 2 ministrou palestra no Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade, como parte da Ação Cívico-Social
(ACiSo) promovida pela Marinha do Brasil no arquipélago.
Mesquita
declarou que além da recriação da travessia de Coutinho e Cabral, os seis
veleiros carregam em seus cascos a mensagem “Salve os Oceanos – Salve a
Humanidade”. “É uma mensagem de sensibilização ambiental para falar dos
problemas gravíssimos que os Oceanos têm e das práticas de vida que os cidadãos
têm que começar a adotar para termos um planeta no futuro para os nossos filhos
e netos. Pelos lugares onde passamos, procuramos transmitir essa mensagem também
por meio de palestras, como a que estamos realizando em Fernando de Noronha”,
completa.
Após
Fernando de Noronha, a expedição partiu para Recife (PE), e deve passar ainda
em Salvador (BA) e Vitória (ES) antes de chegar ao seu destino final, o Rio de
Janeiro (RJ).
Também
no Recife, a Fundação Joaquim Nabuco e o Gabinete Português de Leitura de
Pernambuco inauguraram a exposição “Travessia – 100 anos
de uma epopeia nos céus do Atlântico Sul”, na última
quinta-feira na sede do Gabinete, para marcar o feito.
Em
30 de março de 1922 deu-se início à primeira travessia aérea do Atlântico Sul,
protagonizada pelo Almirante Gago Coutinho e pelo Comandante Sacadura Cabral a
bordo do hidroavião Fairey III, batizado “Lusitânia”, tendo como destino final
o Rio de Janeiro.
Foi
uma viagem bastante atribulada, na qual foram utilizadas três aeronaves. Depois
de percorridas 4527 milhas em 62 horas e 26 minutos sobre o Oceano, os heroicos
oficiais foram recebidos em festa pela população do Rio de Janeiro, a 17 de
junho de 1922. Mais sobre atividades comemorativas estão aqui.
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