Mindelo
– O ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, assegurou
hoje que a cantora Titina Rodrigues, falecida em Lisboa, “ajudou a construir os
contornos da grandeza da morna”.
O
governante, que falou à imprensa na ilha Brava, onde está de visita, disse ter
recebido a notícia com “consternação e tristeza” por ser Titina Rodrigues uma
das caras da morna de Cabo Verde.
Abraão
Vicente, considerou, que, sem dúvida, quem acompanhou a carreira de cantora,
inclusive no tempo em que a rádio tinha mais presença que a televisão, viu que
a cantora “ajudou a construir os contornos da grandeza da morna”.
A
morna, segundo a mesma fonte, é antiga, mas, quem a consolidou e a tornou
património da humanidade foi a geração dos anos 60 aos anos 90 e a diáspora,
onde Titina Rodrigues se enquadrou, incorporando a saudade.
“Titina
é muito mais que uma personagem da morna, da música e da cultura cabo-verdiana,
é uma das caras da identidade crioula como diáspora”, sublinhou o ministro,
para quem a perda é uma “notícia má e triste” para Cabo Verde.
Abraão
Vicente regozijou-se por a cantora ter recebido “todas as homenagens e
condecorações em vida”, mas, ainda assim, é um “momento de luto nacional”.
Titina
Rodrigues faleceu, aos 75 anos, em Lisboa, vítima de doença prolongada.
A
cantora natural de São Vicente e cujo verdadeiro nome era Albertina Alice dos
Santos Rodrigues Oliveira de Almeida, tinha agora 75 anos, mas, desde cedo começou
a cantar e considerava que Deus lhe deu uma oportunidade e uma felicidade de
poder cantar e aprender com B. Léza, “um dos maiores compositores do género da
morna no País”.
Titina
Rodrigues fez estas declarações à Inforpress por ocasião da sua passagem pela
Cidade da Praia, em 2018, onde foi homenageada pela Sociedade Cabo-verdiana de
Autores (SOCA), pelo contributo que deu à música cabo-verdiana.
A
“menininha de B. Léza”, como era tratada carinhosamente pelo compositor,
recorda que aos seis anos de idade frequentava a casa do B. Léza para aprender
a ler, mas aos poucos ganhou paixão pela música, tendo feito a sua primeira
actuação em público aos 12 anos.
Em
finais da década de 1970, gravou um EP com acompanhamento do grupo Voz de Cabo
Verde e arranjos de Paulino Vieira. E, cerca de uma década depois, saiu o EP
“Titina Canta B. Léza”, em que a cantora interpretava unicamente músicas deste
compositor. Este álbum foi reeditado em LP e depois mais duas vezes em CD.
A
cantora participou ainda nos discos “Cabo Verde canta a CPLP”, “Músicas de
Intervenção Cabo-verdiana e Lisboa nos Cantares Cabo-verdianos”, projectos
temáticos de Alberto Rui Machado que, em 2008, produziu o CD que Titina lançou
com o título “Destino Cruel”.
Em
1991, a cantora fez uma participação na série televisiva “Por Mares nunca
dantes navegados”, do realizador Carlos Avilez para a RTP. Participou ainda no
programa “A língua viva” (2001) da RTP, dirigido aos PALOP com o objectivo de
ensinar a língua portuguesa.
No teatro, em 1996, participou em “O Último baile do Império” uma produção da companhia portuguesa A Barraca, com encenação de Maria do Céu Guerra, a parte de texto do brasileiro Josué Montello. In “Inforpress” – Cabo Verde
Sem comentários:
Enviar um comentário