A
terceira edição do Dia Mundial da Língua Portuguesa, esta quinta-feira, será
assinalada através de 135 ações em 50 países, com Angola e o Brasil a assumirem
os principais destaques, segundo o presidente do instituto Camões.
“Neste
momento, temos 135 ações registadas em 50 países em todo o mundo para assinalar
o Dia Mundial da Língua Portuguesa, uma boa parte delas em cooperação com os
países da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa]”, disse João
Ribeiro de Almeida, presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua,
à Lusa.
Este
dia, proclamado pela 40.ª Conferência Geral da Organização das Nações Unidas
para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em novembro de 2019, comemora-se
este ano, pela primeira vez, de forma “mais ou menos normalizada”, assinalou o
diplomata.
As
edições anteriores do Dia Mundial da Língua Portuguesa “estiveram muito
limitadas pela emergência sanitária decorrente [da pandemia] da covid-19,
portanto, à base de muita coisa virtual, de conteúdos digitais”, recordou.
“Esta
terceira edição é [assinalada] já com alguma normalidade”, ainda que “não
absoluta”, explicou Ribeiro de Almeida, notando que a China voltou a impor
recentemente algumas restrições em termos de mobilidade.
Do
ponto de vista do Camões, a quem cabe por Portugal coordenar as comemorações,
“esse é um desígnio da CPLP”, afirmou.
“Aliás,
a CPLP existe porque temos uma língua em comum e, portanto, temos que cooperar
cada vez mais, também para o Dia Mundial da Língua Portuguesa”, frisou o
presidente do organismo, remetendo para o evento que está a ser preparado por
Luanda, que assume atualmente a presidência rotativa da comunidade de países
lusófonos.
“As
comemorações que a CPLP está a fazer em Angola, com a presença do nosso
ministro da Cultura [Pedro Adão e Silva], vão ser muito importantes e
contribuir bastante para o Dia Mundial da Língua Portuguesa esta quinta-feira,
dia 05”, sublinhou o embaixador.
Além
do evento em Angola, João Ribeiro de Almeida fez questão de distinguir a cerimónia
de lançamento de uma cátedra de português, a 61.ª em todo o mundo, na
Universidade do Paraná, no Brasil, que dá expressão a uma das prioridades do
instituto.
“Tenho
pugnado muito no Camões pela criação de cátedras a nível do ensino superior.
Porque isso é que faz com que a língua portuguesa se diferencie como língua de
conhecimento, de investigação, de inovação”, salientou.
“Vai
ser um momento bonito, porque estaremos a assinalar o Dia Mundial da Língua
Portuguesa e as celebrações do centenário [do nascimento] de José Saramago.
Assinalava esse como um ponto alto [das comemorações]. Aliás, o senhor
presidente da Assembleia da República, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros,
estará no Paraná, na inauguração da cátedra”, que receberá o nome do Nobel da
Literatura português, avançou.
A
criação de cátedras, “numa altura em que as comunicações científicas estão
completamente dominadas pelo inglês”, é uma das vias privilegiadas pelo Camões
para a afirmação do português como língua de ciência, e esse é “um trabalho”
que o presidente do instituto reconheceu que está “por fazer”, ao mesmo tempo
que assinala o desempenho do Brasil nesse esforço.
“Neste
momento o Brasil está realmente numa conjuntura muito interessante quanto às
comunicações científicas porque praticamente as impõe em português. Isso é
ótimo! Isso ajuda muito o trabalho da promoção e divulgação da língua
portuguesa enquanto língua de ciência”, considerou.
O
diplomata sublinhou que este caminho tem que ser percorrido com as
universidades, mas apontou “outro problema” em relação a este desafio: “Temos
muitas universidades no universo da CPLP, não vou nomeá-las, que obrigam os
seus estudantes a fazer comunicações em inglês. Tem que haver aqui maneira de
nos organizarmos, porque isto não faz sentido nenhum”.
“Andamos
a pugnar pelo português e depois são os próprios centros universitários que
obrigam os seus graduados, doutorandos, estudantes, a fazer comunicações em língua
inglesa, porque, realmente, é uma língua franca em todo o mundo. Não temos nada
contra isso, temos é que pugnar… Não é puxar as outras línguas para baixo, é
puxar a nossa para cima”, defendeu.
No
Brasil, o Dia da Língua ainda será marcado em Brasília com programação que
conta com participação da presidente da Fundação José Saramago, Pilar Del Rio,
além da programação do Fórum das Letras que conta com Mia Couto, e do programa
Museu da Língua Portuguesa em São Paulo. In “Mundo
Lusíada” – Brasil com “Lusa”
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