Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Tailândia - Indústria de orquídeas prejudicada pela pandemia e guerra


Os orquidófilos da Tailândia, já cansados ​​após dois anos de serem atingidos pela pandemia, preparam-se para nova baixa nos rendimentos à medida que a guerra na Ucrânia e as mudanças nos padrões climáticos obscurecem ainda mais o seu futuro.

Outrora considerado um passatempo popular entre a elite da Tailândia, o cultivo de orquídeas transformou-se numa indústria multimilionária, e o reino é o maior produtor e exportador mundial de orquídeas cortadas. A pandemia, porém, viu recentemente, uma em cada cinco quintas fechadas, de acordo com a Associação Tailandesa de Exportadores de Orquídeas.

“Ninguém tem coragem de comprar flores, e o transporte é muito complicado”, disse Somchai Lerdrungwitayachai, enquanto olhava desesperado para o mar de púrpura na sua fazenda de orquídeas a oeste de Banguecoque.

Ele cultiva orquídeas Dendrobium Sonia – uma variedade híbrida com delicadas pétalas brancas e roxas. Populares no Japão, China e EUA, são utilizadas ​​em variados eventos, desde cerimónias religiosas até formaturas universitárias.

Na sua propriedade de 20 hectares, os trabalhadores tratam as flores com uma solução especial antes de cortar os caules e colocá-los num pequeno frasco contendo vitaminas e nutrientes, para preservar a sua aparência fresca até duas semanas.

Mas os tempos estão difíceis. Há dois anos que Somchai está a usar as suas economias para continuar a pagar aos seus 50 funcionários. A covid-19 e a invasão da Ucrânia pela Rússia elevaram os preços dos fertilizantes e pesticidas em 30%, explicou.

Somando-se a estes problemas, as vendas estão em queda dramática: a China pré-pandemia comprava habitualmente 270 milhões de orquídeas anualmente da Tailândia e no ano passado, o número caiu para apenas 170 milhões. O prejuízo veio dos centros urbanos chineses que antes, eram responsáveis por 80% da receita de exportação de Somchai.

Os confinamentos devido aos coronavírus em várias grandes cidades são considerados responsáveis pelas quebras das encomendas, mas também houve problemas com o transporte rodoviário das orquídeas. Onde demorava apenas três dias, o mesmo trajecto pode agora pode levar entre oito a 10 dias.

No negócio das flores, tempo é dinheiro, e orquídeas murchas são frequentemente descartadas antes que possam chegar à casa de um cliente.

Enquanto Somchai entrega os seus produtos directamente no exterior, a maioria dos cultivadores de orquídeas na Tailândia usa grandes exportadores baseados em Banguecoque. Os custos do frete aéreo triplicaram ou quadruplicaram nos últimos meses, dependendo do destino, disse Wuthichai Pipatmanomai, vice-presidente da Associação Tailandesa de Exportadores de Orquídeas e co-proprietário da Sun International Flower, uma grande exportadora.

Antes da pandemia, a empresa entregava 3,6 milhões de orquídeas por mês para China, Japão, Vietname e EUA. Agora, apenas 1,2 milhão de flores saem do depósito e ele teve de demitir metade da sua equipa. “Pedimos apoio financeiro às autoridades, mas não recebemos nada”, disse Wuthichai. “O tempo está a esgotar-se”.

Aumentar o preço de venda em 20% fez com que vários importadores – principalmente os da Europa – o abandonassem para se concentrar em mais flores locais. A única esperança é que as vendas para o Japão permaneçam estáveis ​​e as habituais para os EUA aumentem com o início da temporada de casamentos, referiu.

A longo prazo, porém, as mudanças nos padrões climáticos também são preocupantes para os produtores. “Estamos a experimentar cada vez mais os efeitos das alterações climáticas”, disse Wutachai, apontando para uma recente onda de frio surpresa no início de Abril, quando a temperatura caiu acentuadamente de 36°C para 21°C em apenas 24 horas, afectando a produção de orquídeas.

“Estamos preocupados que essas situações ocorram cada vez com mais frequência”, salientou.

Fortunas murchas

As restrições no país, por causa das infecções por coronavírus também atingiram as vendas domésticas – a falta de turistas fez com que restaurantes e hotéis reduzissem os pedidos, e as proibições de reuniões afectaram as cerimónias budistas tailandesas. E apesar da reabertura internacional do reino, a procura local ainda continua morna.

É certo que o maior mercado de flores de Banguecoque continua a parecer frenético, com os retalhistas a correr carregados de grandes cestos contendo flores. Os vendedores, contudo, contam uma história diferente. Than Tha Win, na sua barraca de orquídeas aguarda pacientemente por clientes, e diz que as suas vendas caíram 70%. “Todos ainda têm medo de vir ao mercado por causa do covid-19”, disse o jovem de 21 anos.

A vendedora Waew, de 45 anos, disse que agora tem diariamente, cerca de 600 orquídeas não vendidas e tenta conter as perdas arrancando as pétalas e vendendo-as como um produto separado.

“Parar de trabalhar com orquídeas? Impossível, não sei fazer outra coisa”, reconhece. In “Jornal Tribuna de Macau” – Macau com “Agências Internacionais”


 

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