Andreia Martins, professora do ensino básico, escreveu “Uma Casa com Asas” a pensar numa menina que brincava na rua e que, de repente, se viu obrigada a ficar em casa. Até que um dia a máscara lhe permite voltar a fazer a vida normal. A obra, dedicada aos filhos e alunos de Andreia Martins, é apresentada na sexta-feira no Café Oriente, no IPOR, e integra o cartaz oficial das celebrações do 10 de Junho
Não
é um livro que fale directamente sobre a existência de um vírus, mas a história
da protagonista acaba por remeter para o período especial que o mundo vive. Na
sexta-feira, o Café Oriente, no Instituto Português do Oriente (IPOR), recebe o
lançamento de “Uma Casa com Asas”, da autoria de Andreia Martins, docente do
ensino básico na Escola Portuguesa de Macau (EPM), com ilustrações de Catarina
Vieira.
O
projecto nasceu no início da pandemia, quando Andreia Martins teve de começar a
dar aulas online a partir de casa e, ao mesmo tempo, a tomar conta dos três
filhos. “Numa dessas noites em que preparava as aulas para os meus alunos olhei
para um desenho que a minha filha tinha feito, uma casa com umas asas, e
escrevi sobre o que estávamos a passar”, contou ao HM.
Surgiu
então a história de uma menina “que gostava muito de brincar na rua e, de
repente, não pôde sair mais”. “Não falo de um vírus específico mas a história
marca uma mudança de registo e de liberdade. Um dia a menina descobre uma coisa
rectangular que mete nas orelhas com cuidado e que permite que volte a sair e a
fazer algumas das coisas que fazia antes, que é a máscara. Este foi um livro
escrito numa altura em que toda a Europa rejeitava o uso de máscara, ao
contrário do que se passava aqui, o que é uma coisa cultural. Foi ver a
possibilidade que a máscara nos deu [de fazer uma vida relativamente normal]”,
adiantou a docente.
“Uma
Casa com Asas” é uma obra dedicada aos filhos e alunos de Andreia Martins, bem
como “para todas as crianças que têm de viver com a nova realidade”.
“A
história é sobre o que cada criança experienciou e sobre o que elas
inicialmente não puderam fazer, pois ficaram em casa, e de como a máscara
possibilitou um regresso às rotinas. Acabo a história com a ideia de que ‘não
pode tocar em tudo, mas aprendeu a esperar e a ter esperança’. Marca uma
viragem e como professora penso que faz sentido, porque as crianças passaram a
ver as pessoas de outra forma.”
No YouTube
Andreia
Martins revela uma enorme paixão por contar histórias e acabou por recorrer ao
YouTube para esse fim. Nos vídeos apenas se ouve a voz e se vêem as ilustrações
do livro que se lê, um elemento que acabou por influenciar a escolha das
ilustrações para “Uma Casa com Asas”.
“Fiz
questão de descrever intensamente as minhas ilustrações à ilustradora para ela
poder captar a realidade de Macau, e este canal de YouTube possibilitou aos
meus alunos a continuar a ouvir as histórias. A mim possibilitou-me uma maior
aprendizagem”, apontou.
“Uma
Casa com Asas” esteve na gaveta durante muito tempo devido a contratempos com a
selecção da editora. A escolha do trabalho de Catarina Vieira surgiu através de
uma amiga. “Foi feito depois um trabalho de descrição, porque há muitos
pormenores de histórias que leio que fui retendo e que gostaria de ver no meu
livro.”
Acima
de tudo, “esta história foi imaginada com o traço da Catarina, mas tudo o que
está na história foi pensado e definido por mim”. “A minha experiência como
professora e mãe faz com que perceba o que eles [filhos e alunos] gostam. Esta
história é para eles, tem uma menina suja, descalça, que brinca com materiais
de cartão. Há detalhes que quis que ficassem na história para segundas
leituras”, concluiu Andreia Martins, para quem lançar um livro acabou por se
revelar uma surpresa. Andreia Silva – Macau in “Hoje
Macau”
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