Já
lá vão vinte anos que a independência de Timor-Leste foi restaurada com
cânticos de alegria. Já lá vão vinte anos que o povo de Timor de diversas cores
estava a festejar a vitória alcançada. Já lá vão vinte anos que o povo de Timor
começou a sentir-se livre, abraçando a sua pátria libertada com lágrimas
felizardas. Já lá vão vinte anos que o povo de Timor fez uma marcha de
liberdade pela memória de luta dos heróis martirizados.
Já
lá vão vinte anos que o sistema governativo foi montado ou criado, mas está
longe de ser consolidado, pois cada patrão não governava com o agir do senso
comum, pois estava sempre com o senso pessoal, grupal e partidário. O sistema
governativo estava longe de ser consolidado, porque todos queriam pescar os
peixes dourados lá dentro…., que dentro é esse?, Não sei, pergunte ao sol do
dia, talvez ele sabe, ou pergunte a lua da noite, talvez ela pode dar uma
pista, … afinal nem o sol e nem a lua podem dizer sobre o que lá está dentro.
Porém, o que precisamos acreditar é, amanhã será o novo dia, para a gente
dialogar, para a gente cantar o hino de união e de fraternidade humana em prol
de valorização da condição social do povo timorense e do desenvolvimento da
nação, assentado na política de diálogo e de mútuo entendimento.
Já
lá vão vinte anos que nós timorenses andávamos sempre com o pó das estradas de
terra batida, o buraco de cada estrada fazia-nos mergulhar nas ondas do mar da
terra. É por isso que está na hora de refletir e consciencializar a nossa mente
sobre o que vamos fazer hoje, amanhã e depois de amanhã. Pensar em unir a força
para tirar o pó das estradas de terra batida e transformá-lo em caminho fino.
Já
lá vão vinte anos que o sistema de educação timorense foi estabelecido, mas
está longe de ser consolidado, porque ainda há falta de professores em todas as
áreas de atuação, ou de disciplinas, a miséria de infraestruturas escolares,
falta de manuais didáticos, falta de bibliotecas escolares, falta de
laboratórios escolares, e a questão do currículo também continua a ser um
problema que tem de ser resolvido de imediato.
Já
lá vão vinte anos que o sistema de saúde timorense foi estabelecido, mas está
longe de ser consolidado e longe de ser classificado de excelente, porque os
hospitais continuam a não ter condições necessárias para atender os pacientes,
médicos especialistas ainda insuficientes, a precária infraestrutura
hospitalar, falta de descentralização do pessoal de saúde aos centros de saúde
comunitária em todo o território.
Já
lá vão vinte anos que a independência de Timor-Leste foi restaurada com canções
da terra, mas a valorização e a prosperidade do povo e da nação não estão
tratadas ainda de forma igual para todos. Por isso o ambiente social e
económico estão a caminhar lentamente sem oferecer nenhuma garantia de
prosperidade e de melhoramento desejado para todo o timorense, porque não está
a dar a máxima atenção ao setor da educação, não está a dar a máxima atenção ao
sistema de saúde, não está a dar a máxima atenção ao setor agrícola e ao setor
de turismo, e isso implica a qualidade de vida do povo e a sustentabilidade
económica da nação. Mesmo assim acreditamos que tudo fique resolvido com o
grande entendimento no plano estratégico de desenvolvimento, se a alma daqueles
que governam é grande para fazer mudanças.
Já
lá vão vinte anos que a questão da língua portuguesa cresce e se consolida em
Timor-Leste, particularmente no ensino, no funcionalismo público, nos média e
na igreja, incluindo nos setores privados e nas sociedades civis. Mesmo assim,
não vemos uma política responsável por parte do estado e do governo sobre as línguas
de ensino, e isso faz com que os nossos estudantes sofram de uma grande
deficiência no domínio das línguas oficiais como instrumento de aprendizagem.
Todavia, o mais importante é que continuamos a sonhar por uma mudança que nos
acorde daqui a alguns dias, alguns meses, alguns anos, portanto o mais
importante é que dentro de cada um de nós haja sempre uma luz de esperança.
Já
lá vão vinte anos que a independência de Timor-Leste foi restaurada com hino da
pátria, mas os lugares de preservação do património cultural não estavam
construídos. Não havia casa da cultura construída, nem que tenha existido o
museu nacional, a biblioteca nacional, as bibliotecas municipais, incluindo
outras casas de cultura; será que vai haver mesmo depois de amanhã, não sabemos
quando, mas vamos sonhando com uma pequena luz de esperança.
Finalmente,
já lá vão vinte anos, o passado já foi, muitas coisas foram feitas, algumas
delas de grande qualidade, algumas delas também de qualidade suficiente, outras
também de qualidade insuficiente e até de mísera qualidade. E agora, o que
vamos fazer é ter esperança para conquistar o tesouro dourado no fundo do mar,
ou buscar as estrelas do céu para enfeitar o nosso olhar à educação, à vida
saudável com seguro de saúde assegurado, à sustentabilidade económica e ao
desenvolvimento das infraestruturas. Pensar numa educação de qualidade, pensar
numa paz plena, pensar numa economia sustentável, pensar numa política de
diálogo, pensar numa sociedade justa que respeite os princípios dos valores
universais da humanidade. Portanto, tudo é pensar para um Timor-Leste melhor e
para um povo próspero.
Viva
Timor-Leste pelo seu vigésimo aniversário da Restauração da Independência de
Timor-Leste! Vicente Paulino – Timor-Leste in “Tatoli”
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