Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 21 de maio de 2022

Já lá vão 20 anos da Restauração da Independência de Timor-Leste

Já lá vão vinte anos que a independência de Timor-Leste foi restaurada com cânticos de alegria. Já lá vão vinte anos que o povo de Timor de diversas cores estava a festejar a vitória alcançada. Já lá vão vinte anos que o povo de Timor começou a sentir-se livre, abraçando a sua pátria libertada com lágrimas felizardas. Já lá vão vinte anos que o povo de Timor fez uma marcha de liberdade pela memória de luta dos heróis martirizados.

Já lá vão vinte anos que o sistema governativo foi montado ou criado, mas está longe de ser consolidado, pois cada patrão não governava com o agir do senso comum, pois estava sempre com o senso pessoal, grupal e partidário. O sistema governativo estava longe de ser consolidado, porque todos queriam pescar os peixes dourados lá dentro…., que dentro é esse?, Não sei, pergunte ao sol do dia, talvez ele sabe, ou pergunte a lua da noite, talvez ela pode dar uma pista, … afinal nem o sol e nem a lua podem dizer sobre o que lá está dentro. Porém, o que precisamos acreditar é, amanhã será o novo dia, para a gente dialogar, para a gente cantar o hino de união e de fraternidade humana em prol de valorização da condição social do povo timorense e do desenvolvimento da nação, assentado na política de diálogo e de mútuo entendimento.

Já lá vão vinte anos que nós timorenses andávamos sempre com o pó das estradas de terra batida, o buraco de cada estrada fazia-nos mergulhar nas ondas do mar da terra. É por isso que está na hora de refletir e consciencializar a nossa mente sobre o que vamos fazer hoje, amanhã e depois de amanhã. Pensar em unir a força para tirar o pó das estradas de terra batida e transformá-lo em caminho fino.

Já lá vão vinte anos que o sistema de educação timorense foi estabelecido, mas está longe de ser consolidado, porque ainda há falta de professores em todas as áreas de atuação, ou de disciplinas, a miséria de infraestruturas escolares, falta de manuais didáticos, falta de bibliotecas escolares, falta de laboratórios escolares, e a questão do currículo também continua a ser um problema que tem de ser resolvido de imediato.

Já lá vão vinte anos que o sistema de saúde timorense foi estabelecido, mas está longe de ser consolidado e longe de ser classificado de excelente, porque os hospitais continuam a não ter condições necessárias para atender os pacientes, médicos especialistas ainda insuficientes, a precária infraestrutura hospitalar, falta de descentralização do pessoal de saúde aos centros de saúde comunitária em todo o território.

Já lá vão vinte anos que a independência de Timor-Leste foi restaurada com canções da terra, mas a valorização e a prosperidade do povo e da nação não estão tratadas ainda de forma igual para todos. Por isso o ambiente social e económico estão a caminhar lentamente sem oferecer nenhuma garantia de prosperidade e de melhoramento desejado para todo o timorense, porque não está a dar a máxima atenção ao setor da educação, não está a dar a máxima atenção ao sistema de saúde, não está a dar a máxima atenção ao setor agrícola e ao setor de turismo, e isso implica a qualidade de vida do povo e a sustentabilidade económica da nação. Mesmo assim acreditamos que tudo fique resolvido com o grande entendimento no plano estratégico de desenvolvimento, se a alma daqueles que governam é grande para fazer mudanças.

Já lá vão vinte anos que a questão da língua portuguesa cresce e se consolida em Timor-Leste, particularmente no ensino, no funcionalismo público, nos média e na igreja, incluindo nos setores privados e nas sociedades civis. Mesmo assim, não vemos uma política responsável por parte do estado e do governo sobre as línguas de ensino, e isso faz com que os nossos estudantes sofram de uma grande deficiência no domínio das línguas oficiais como instrumento de aprendizagem. Todavia, o mais importante é que continuamos a sonhar por uma mudança que nos acorde daqui a alguns dias, alguns meses, alguns anos, portanto o mais importante é que dentro de cada um de nós haja sempre uma luz de esperança.

Já lá vão vinte anos que a independência de Timor-Leste foi restaurada com hino da pátria, mas os lugares de preservação do património cultural não estavam construídos. Não havia casa da cultura construída, nem que tenha existido o museu nacional, a biblioteca nacional, as bibliotecas municipais, incluindo outras casas de cultura; será que vai haver mesmo depois de amanhã, não sabemos quando, mas vamos sonhando com uma pequena luz de esperança.

Finalmente, já lá vão vinte anos, o passado já foi, muitas coisas foram feitas, algumas delas de grande qualidade, algumas delas também de qualidade suficiente, outras também de qualidade insuficiente e até de mísera qualidade. E agora, o que vamos fazer é ter esperança para conquistar o tesouro dourado no fundo do mar, ou buscar as estrelas do céu para enfeitar o nosso olhar à educação, à vida saudável com seguro de saúde assegurado, à sustentabilidade económica e ao desenvolvimento das infraestruturas. Pensar numa educação de qualidade, pensar numa paz plena, pensar numa economia sustentável, pensar numa política de diálogo, pensar numa sociedade justa que respeite os princípios dos valores universais da humanidade. Portanto, tudo é pensar para um Timor-Leste melhor e para um povo próspero.

Viva Timor-Leste pelo seu vigésimo aniversário da Restauração da Independência de Timor-Leste! Vicente Paulino – Timor-Leste in “Tatoli”    

 

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