Organismo debate-se para recuperar 63 viaturas «encostadas» há três anos num parque no Morro Bento. Angola tem 220 ambulâncias para atender a 33 milhões de habitantes
Quase
dois anos depois de uma reportagem do Novo Jornal ter denunciado que o parque
do Instituto Nacional de Emergências Médicas de Angola (INEMA) tinha 71
ambulâncias abandonadas, aquele organismo responsável, entre outros aspectos,
pelo transporte de pacientes em estado grave, continua sem verbas para pôr os
veículos a andar. De lá para cá, passaram exactos 20 meses, o INEMA até mudou
de director, mas as viaturas continuam sem sair do "cemitério" para
que foram atiradas. Aliás, apurou o NJ, das 71 ambulâncias, apenas restaram 63,
mas a actual gestão desconhece o destino dado às oito em falta.
Azevedo
Ekumba, director-geral do INEMA, em declarações ao NJ, refere apenas que o novo
levantamento permitiu cadastrar 63 meios de locomoção avariados, num trabalho
que permitiu, igualmente, concluir que algumas viaturas "já não têm
recuperação". Aliás, prossegue o responsável, "mesmo recuperadas, já
não serviriam para transportar pacientes, mas, sim, como alternativa para o
apoio do pessoal técnico".
Na
base da não-reparação dos meios está a falta de verbas. Em Setembro de 2020,
quando o INEMA ainda era dirigido pelo cardiologista Mário Fernandes, a então
gestão, baseando-se num suposto estudo, referiu que seriam necessários 90
milhões de kwanzas para se reparar, pelo menos, 30 viaturas, uma vez que as
restantes 41 estavam num estado de degradação que desaconselhava o seu envio
para o "mecânico".
Em
contrapartida, hoje, quase dois anos depois, o actual director do INEMA reforça
a ideia de que nem todas as viaturas podem ser reparadas, mas recusa-se, por
outro lado, a revelar quanto custaria a reparação.
"Os
veículos nunca foram abandonados. O que se passa é que nos debatemos com falta
de financiamento. Precisamos de verba específica para executar o plano que
temos em relação àqueles meios, que passam pela recuperação daqueles que têm
avarias mínimas ou transformar em dadores de peças para a recuperação de outros
carros", explicou o responsável, sem precisar os valores a serem
desembolsados.
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