Díli
– O Presidente do Tribunal de Recurso, Deolindo dos Santos, realçou que, após a
independência de Timor-Leste, todos os operadores judiciários têm obrigação de
aprender e falar português.
A
necessidade de aprender o idioma em causa é uma realidade, porque as leis
aprovadas pelo Parlamento Nacional estão em Língua Portuguesa.
“Para
mim, o português é uma ferramenta fundamental na minha vida profissional. É uma
língua útil e sinto-me bem quando a falo”, informou Deolindo dos Santos à
Tatoli, à margem de uma entrevista exclusiva sobre a importância da língua
portuguesa no setor da justiça.
O
dirigente salientou que a utilização da língua nos tribunais é uma prática
recorrente “que não envolve apenas conversa de circunstância, mas envolve linguagem
mais técnica e profunda, pois os acórdãos, despachos e sentenças são escritas e
lidas em português”.
“Aprendemos
uma língua, mas se não a praticarmos ela morre. E, por isso, é que o contacto com
a língua portuguesa traz cada vez mais benefícios na nossa relação profissional”,
afirmou.
Para
melhorar a língua portuguesa em Timor-Leste, segundo Deolindo, deve haver um
investimento precoce, especialmente no ensino básico. “Não conseguimos aprender
língua portuguesa em termos legais, enquanto não tivermos uma base linguística
sólida, pois os termos técnicos são complexos”, revelou.
O
Presidente do Tribunal de Recurso mostra-se preocupado com o nível proficiência
em Língua Portuguesa.
“Apesar
de os juízes, procuradores, advogados e defensores terem frequentado várias formações
de português, esta língua nem sempre é falada em casa, pelo que pode perder o
seu significado”.
De
acordo com Deolindo dos Santos, uma forma de aprender português pode passar
pelo estudo no estrangeiro para que os jovens tenham contacto direto com
falantes portugueses.
O
responsável sublinhou ainda que se pudesse, voltaria a Portugal porque o
sistema de justiça timorense é semelhante ao português.
Deolindo
dos Santos começou a estudar português em 2000, frequentando uma formação
organizada pelo Conselho Nacional da Resistência Timorense (CNRT). Após a
conclusão do curso, foi nomeado juiz do Tribunal Distrital de Baucau.
Em
2003, frequentou um curso intensivo de língua portuguesa no antigo Centro de Estudos
da Judiciária, em Díli.
No
mesmo ano, especializou-se no Centro de Estudos Judiciários de Portugal e
estagiou em tribunais portugueses.
Frequentou
também uma formação em Língua Portuguesa no Instituto de Camões, em Lisboa,
Portugal. Afonso do Rosário – Timor-Leste in “Tatoli”
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